
Desde a época do Nintendo Wii, a Nintendo tem angariado fama de não possuir lá grande suporte Third Party nos seus consoles de mesa. De fato, o Wii possuía um hardware inferior aos seus contemporâneos, com imagem SD enquanto seus concorrentes possuíam qualidade HD para seus jogos (embora isso não tenha impedido o Wii de ganhar a geração). Generalizando, boa parte dos grandes blockbusters da época simplesmente não era lançado no Wii, ou recebia versões inferiores graficamente falando. Note que a potência de hardware não era fator decisivo para um jogo sair ou não no Wii: o simples fato do console vender muito e um pouco de boa vontade da produtora resultava em adaptações para o console da Nintendo. Guarde esta informação!
Call of Duty: Modern Warfare/Reflex
Com a mudança de geração, agora o Wii U possuía poder equivalente ao Playstation 3 / Xbox 360 (na verdade era até um pouco superior), e isso resultou uma grande leva de ports de jogos Third Party logo no lançamento e decorrer do primeiro ano de vida do console. O problema aqui, é que o Wii U não vingou, simplesmente não vendia, fazendo com que os jogos de terceiros não vendessem também, resultando assim no quase completo abandono do console da Nintendo por parte das empresas terceiras. – cabe ressaltar que muitos desses ports já haviam saído há um, dois anos antes nas plataformas concorrentes, e muitos deles vinham com modos e conteúdo faltando. Um grande exemplo de descaso foi o lançamento de Mass Efect 3: enquanto o Wii U recebia o jogo por $60 dólares, sua concorrência recebia logo a coletânea dos 3 jogos da série pelo mesmo preço. Como atrair jogadores da concorrência, com jogos que eles já jogaram, e pior, com versões inferiores? Pois bem.
Tudo piorou ainda mais com a chegada da nova geração da Sony/Microsoft. Agora com seus consoles com duas, três vezes mais potência que o Wii U, somada a má vontade das produtoras e ainda com o fato de que o console não vendia, por mais que a Nintendo se esforçasse para lançar alguns dos jogos mais bem avaliados daquela geração, tudo parecia estar perdido. Ao final, a Nintendo praticamente carregou o Wii U nas costas sozinha, com pouquíssimos jogos Third Party (como o excelente Rodea The Sky Soldier, alguns jogos Lego e colaborações encomendadas, com jogos como Tokyo Mirage Sessions ou Hyrule Warriors, contando também com alguns jogos indie oferecidos em mídia física, como Terraria, Mighty N°9 e Steamworld Collection) para ajudar a preencher as lacunas, junto aos indies lançados na eShop.
Avançando alguns anos, chegamos em 2017, e o Nintendo Switch foi lançado, vindo com a grande missão de resgatar o período de gloria da Nintendo, publico afastado e recuperar a confiança das desenvolvedoras Third Party. Com o console quebrando todos os recordes de vendas, também vimos diversas desenvolvedoras comemorando seu sucesso na plataforma, tanto indies quanto as Third.
A Nippon Ichi Software viu sucesso com Disgaea 5 Complete, edição que reúne todo o conteúdo do jogo original + DLCs lançados em 2015 para o Playstation 4. Carregando a incrível marca de mais de 200 mil cópias vendidas, a NIS resolveu abraçar de vez o Switch, anunciando diversas localizações e ports para o híbrido. Algo interessante também aconteceu: até então, jogos para as plataformas Nintendo eram adiados em prol de versões para Playstation e Xbox (vimos isso com Rayman Legends e Watch_Dogs na época do Wii U). Agora, as versões de Playstation 4/Vita de jogos estão sofrendo atraso na localização para o ocidente, em prol de versões para Nintendo Switch. Aconteceu com Nights of Azure 2 (da Koei Tecmo, já falaremos sobre isto), Touhou Kobuto V: Burst Battle, The Longest 5 Minutes e Penny Pushing Princess.
A Capcom, embora tenha negligenciado o Switch de forma assombrosa em seu primeiro ano, viu sucesso com Ultra Street FighterII: The Final Challengers, que vendeu mais de 500 mil cópias. O apressado port em HD de Monster Hunter XX também vendeu acima das expectativas, vendendo 350 mil cópias no Japão até novembro de 2017. Bem, após ver todo esse sucesso, a Capcom parece ter acordado, pois logo lançou Resident Evil: Revelations Collections, oferecendo Resident Evil: Revelations 2 pela primeira vez para uma plataforma Nintendo. Também logo anunciou a coletânea de aniversário de 30 anos de Street Fighter e as coleções Megaman Legacy Collection, Megaman Legacy Collection 2, coletânea da série X de Megaman e um inédito Megaman 11, todos marcados para ser lançados em algum momento de 2018.
A Square Enix também apostou no Nintendo Switch e viu bons resultados, chegando a declarar que irá dedicar uma parte de seu time de desenvolvimento apenas para produzir jogos para Switch. Desde o lançamento do console, a Square já nos trouxe I am Setsuna, Spelunker Party!, Seiken Densetsu Collection e Dragon Quest Heroes I & II (estes por enquanto sem localização), Lost Sphear e Romancing SaGa 2, todos em 2017, e para 2018 já temos anunciados Dragon Quest XI, Dragon Quest Builders, Dragon Quest Builders 2, Fear Effect e o recém anunciado The World Ends With You – Final Remix.
Uma das Third Party que apostaram com tudo no Switch, desde o início, porém, foi a Koei Tecmo, que está satisfeita com seu desempenho até agora. Esta tem mostrado total suporte para a plataforma da Nintendo, já tendo disponibilizado em apenas 10 meses: Nobunaga’s Ambition: Sphere of Influence with Power Up Kit, Nobunaga’s Ambition: Taishi, Romance of the Tree Kingdoms XIII Witch Power Up Kit, Champion Jockey Special, Winning Post 8 2017, Warriors Orochi 3, Dynasty Warriors 8 Empires, Samurai Warriors Spirit of Sanada, Nights of Azure 2 (este que teve seu lançamento no PS4/Vita atrasado para receber um port de Switch lançado na mesma data) e Atelier Lydie & Suelle: the Alchemists and the Mysterious Paintings (mesma situação de Nights of Azure 2). Todos esses jogos lançados em 2017! Para 2018 já temos anunciados, dentre eles, Winning Post 8 2018 e Attack on Titan 2.
Ubisoft. Embora tenha começado seu apoio com um tímido Just Dance 2017, durante a E3 daquele ano foi confirmado um grande rumor: de que a Ubisoft teria se juntado à Nintendo para produzir um inesperado crossover que seria Mario+Rabbids: Kingdom Battle. Este que superou todas as expectativas da Ubi e vem surpreendendo a todos que o jogam. Após, veio o lançamento de Rayman Legends Definitive Edition, em setembro, e sem nenhum aviso prévio. Apesar do marketing nulo quanto ao jogo (por que nem sequer mencionaram o andamento do port durante a E3?), o desempenho do jogo vem deixando a desenvolvedora satisfeita, assim como o desempenho de Just Dance 2018, lançado no fim do ano. Falando em E3, durante a feira, a Ubisoft aproveitou para anunciar um novo multiplataforma, que virá também ao Switch e trata-se de Starlink: Battle for Atlas. Ainda sobre a Ubisoft, esta encontrou sucesso tamanho no Switch, que as vendas de jogos referentes ao híbrido representaram 19% de suas vendas totais em jogos, algo que não acontecia desde a época do Wii U. Esse impulsionamento foi graças a todos os jogos lançados até então, mas principalmente foi causado pelo sucesso de Mario+Rabbids.
A Bandai Namco… Esta é um caso a parte. Sua atitude com o Nintendo Switch parecia suspeita de início, esta lançou apenas Namco Museum em formato digital e One Piece Unlimited World Red Deluxe. Sua grande aposta, porém, seria Dragon Ball: Xenoverse 2, jogo esse que iria “testar o termômetro do Switch”. De forma avassaladora, o jogo esgotou todas as cópias enviadas para as lojas japonesas em seu lançamento, fazendo com que sua venda digital aumentasse. O jogo foi ganhando fôlego de tal forma, que em janeiro chegou a ultrapassar as vendas da versão original de Playstation 4, somada com a versão Deluxe do mesmo. No total, até janeiro de 2018 o jogo já havia vendido mais de 500 mil cópias mundialmente, ultrapassando todas as expectativas da Bandai Namco. Logo, One Piece Pirate Warriors 3 foi lançado, obtendo bons resultados, e para 2018 já temos diversos anúncios, como SD Guandam G Generation, Gotouchi Tetsudou, Pac-Man Championship Edition 2 Plus e o poderoso Dark Souls Remastered, da From Software e publicado pela Bandai Namco.
Com extrema má vontade, a EA lançou FIFA 18 para Switch. Mas a má vontade foi tamanha que a produtora parecia esconder a existência do jogo. Entretanto, o mesmo conseguiu vender. A Nintendo por sua vez, veiculou uma propaganda no Japão focada em FIFA 18 para a temporada de fim de ano. De fato, no Japão algo incrível aconteceu: tradicionalmente, jogos FIFA não vendem bem em plataformas Nintendo, porém, FIFA 18 não só vendeu bem, como ultrapassou as vendas da versão de Playstation 4, plataforma que já tem a franquia como tradição.
A Take-Two ficou satisfeita com o lançamento de seu NBA 2K18, tendo declarado que as vendas seguiam muito boas, e lançou WWE 2K18, que parece ter sido feito às pressas, e o resultado não foi bom em termos de desempenho (baixíssima taxa de frames e controles não responsíveis são uns dos problemas), fazendo com que a equipe de desenvolvimento esteja trabalhando constantemente para tentar melhorar a situação. Na verdade, o lançamento deste jogo foi um tanto quanto curioso, pois ele ganhou um anuncio e depois, simplesmente e sem aviso ele foi lançado em dezembro de 2017, dois meses após as versões de Xbox, PS4 e PC. A Rockstar também participou da festa e lançou o remaster de L.A. Noire, fazendo um bom trabalho, que resultou em vendas superiores as do Xbox One (de acordo com o site de estimativas, VGChartz), o que é um excelente sinal. Teremos no horizonte um GTA V? o tempo dirá.
Uma das grandes surpresas do ano de lançamento do Switch foi a participação da Bethesda, que pulou de cabeça e abraçou a causa: logo na revelação do console, ficou evidente que teríamos o lançamento de The Elder Scrolls V: Skyrim. Céticos, claro, disseram que seria a versão de 2011 do jogo, lançado para a geração anterior. Entretanto, quando lançado, descobrimos que se tratava da versão remasterizada lançada para a atual geração, e esta versão de Switch não ficou devendo em nada para suas contrapartes. Porém isso não foi tudo. De surpresa, em uma Nintendo Direct e sem que ninguém previsse (nenhum rumor sequer comentava sobre a possibilidade), foi anunciado DOOM e o mais novo jogo da emprpesa, Wolfenstein II. Lembram que eu disse para guardar a informação de que ports dependiam apenas da boa vontade das produtoras? Então, os céticos, que adoram falar, ficaram espalhando na internet que DOOM jamais rodaria no Switch, pois a plataforma é muito fraca, e todo aquele papo de sempre. Porém o que vimos foi um sólido trabalho, com excelente desempenho para o Switch, que deixou muita gente de queixo caído. Houve diminuições gráficas para que o jogo rodasse no console? Sim. Foram tão impactantes assim? Não. A experiência de jogar DOOM no Switch é exatamente a mesma que jogar em todas as outras plataformas. Na verdade, você só vai perceber a diferença mesmo se ficar comparando as versões lado a lado. Jogando em modo portátil então, essas diferenças entre versões são instantaneamente deixadas de lado. Afinal, jogar um jogo do porte de DOOM on the go, não tem preço (e para todas as outras, Mastercard).
Tá. Mas, e a Actvision? Bom, esta parece que está num universo paralelo. Apenas lançou um port de Skylanders Imaginators junto com o console e nunca mais deu sinal de vida. O que se passa na cede da empresa para ignorar todo esse barulho que o Switch vem causando? vai saber.
Agora, vamos falar um pouco sobre os indies, afinal, eles também são Third Party, mesmo que em menor escala, não é mesmo?
Durante o ano passado vimos diversas declarações de que os jogos estão vendendo muito bem. Kamiko vendeu mais de 160 mil cópias, Voez vendeu mais de 50 mil, Blaster Master Zero moveu mais de 110 mil cópias, Oceanhorn para Switch foi a versão mais vendida do jogo dentre TODAS as plataformas em que foi lançado tendo vendido mais de 100 mil cópias, Blossom Tales também vendeu mais de 100 mil cópias. O detalhe é que este feito foi em apenas algumas semanas!
O jogo que teve seus fundos levantados em campanha coletiva, De Mambo, deixou sua desenvolvedora satisfeita. Inversus Delux vendeu mais no Switch do que na Steam, Wonder Boy: The Dragon’s trap vendeu mais de 100 mil cópias, tendo vendido mais que em todas as outras plataformas combinadas, Steamworld Dig 2 vendeu em seu lançamento 10 vezes mais que na Steam, sendo a estreia de maior sucesso da franquia, e continua vendendo melhor no Switch do que em outras plataformas, Shovel Knight vendeu mais no Switch em seu lançamento do que em todas as outras plataformas, Forma.8 também obteve mais sucesso no Switch do que em outras plataformas, Death Squared vendeu mais no Switch em 3 dias do que em todas as outras plataformas e NeuroVoider vendeu em 1 mês no Switch o mesmo que em 1 ano na Steam.
Também não posso deixar de informar que a Hamster, que tem adaptado clássicos de NEO GEO para a série Arcade Archives, vendeu mais de 1 milhão de jogos, somados todos os lançamentos até agora! Uma incrível marca alcançada.
Enfim, são tantos relatos de sucesso, que o artigo ficaria ainda maior do que já está, se continuássemos. A conclusão desta análise é que, a Nintendo conseguiu enfim dar a volta por cima. A cada dia o Switch recebe mais anúncios de jogos e as produtoras estão se voltando para o console, tentando correr atrás do prejuízo (pois deixar o Switch de lado durante a temporada de fim de ano foi uma tremenda oportunidade perdida).
Após um passado obscuro no Wii U, o futuro do Switch parece brilhante e promissor.