
Desenvolvedora: Game Brew Studio
Publicadora: QUByte Interactive
Data de lançamento: 16 de setembro, 2021
Preço: R$ 19,90
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela QUByte Interactive.
Feito pelo estúdio independente brasileiro Game Brew Studios, Rift Adventure é uma empolgante aventura de ação, plataforma e elementos de RPG com um conceito forte e uma estética para lá de cativante no melhor estilo Pixel Art.
Com um uso simples mas eficaz para as mecânicas de RPG, Rift Adventure consegue expandir a gama de possibilidades da ação em si. Além disso, a obra traz uma forte ideologia que evoca uma reflexão sobre impostos e o senso de comunidade como um todo, o que dá uma cara bastante diferente para o jogo. Isso tudo somado ao fato de termos dois protagonistas com dois estilos de jogabilidade diferente engrandecem e muito a aventura que iremos explorar agora.
A aventura
Nossos protagonistas são uma dupla de aventureiros composta por Aksius, um coelho humanóide espadachim, e Krinis, uma gata humanóide amarela que é atiradora. A aventura começa com Aksius e Krinis caçando tesouros como uma experiência bastante cotidiana — essa que serve de tutorial para o jogador. A busca culmina em uma caverna onde uma espécie de Lich é despertado e sequestra Krinis, fazendo com que Aksius seja obrigado a sair em uma busca por ela.
Fora o fato de que o “Lich” é um rei antigo, que é muito pouco relevante em qualquer ângulo, essa é basicamente toda a lore do jogo. Mas acho que isso é perfeitamente adequado, tendo em vista que não é em lore que se apoia a mensagem desse jogo, mas sim na curiosa experiência da vila que iremos abordar agora.
A vila
Entre uma missão e outra, sempre iremos passar pela vila, que é constituída por uma linha reta com alguns NPC’s. Lá podemos usar os serviços oferecidos para conseguir armas melhores, nos curarmos, comprar suprimentos, entre outros.
A grande sacada aqui é que o jogo tenta criar um senso de comunidade, e como citado anteriormente, levantar uma discussão sobre impostos. Dentre os NPC’s da vila temos o vendedor do mercado negro. Com ele o jogador pode adquirir qualquer item disponível na vila por um preço muito inferior. No entanto isso funciona como uma faca de dois gumes: conforme o jogador investe em itens da vila, ela se fortalece, os NPC’s trarão itens melhores à venda e a qualidade dos serviços públicos irá aumentar. Os serviços públicos no caso são o exército de defesa da cidade e o curandeiro, que por sua vez pode prestar serviços a você uma vez a cada visita que o jogador faz à vila, ou seja, entre uma missão e outra. No entanto, a eficácia da cura depende do nível da vila.
Em suma, conforme você consome na cidade o nível dela aumenta, podendo ser de 1 a 5, e isso reflete diretamente no curandeiro, que irá te curar entre 10 e 50 de vida — o que pode te ajudar muito nas missões e te economizar um bom dinheiros nos alimentos que terão de ser usados para recuperar sua vida caso o curandeiro seja ineficaz. Embora tudo funcione de maneira muito simples, a mensagem é forte, ainda assim gostaria que tivesse sido mais amplamente debatida com um pouco mais de nuances já que a discussão é evocada mas nunca finalizada de certa forma.
Ainda assim acho uma excelente adição para uma criança por exemplo, que embora não vá ter uma noção de impostos, poderá criar um senso de comunidade. Enquanto a minha experiência com essa mensagem… preferi interpretar ela de forma quase literal. Não como elitização de produtos, mas sim como serviço público de qualidade. Como exemplo temos a pauta que não podia ser mais atual, a celebração e luta pela manutenção de nosso serviço popular de cura aqui no Brasil, o SUS.
— Bem antes que isso fique político vamos para a parte aventura da coisa.
Missões
Rift Adventure conta com 20 fases comuns, mais as seções de invasão, onde devemos defender nossa vila de hordas de inimigos. A jogabilidade é bem simples, o jogador pode se mover para os lados, conta com um pulo duplo, um botão para atacar, além de uma habilidade específica de cada um dos aventureiros. Enquanto Aksius carrega uma espada e possui uma avanço que o torna inalvejável no caminho, Krinis possui uma arma de fogo de médio alcance e uma bomba que explode alguns segundos após implantada. A bomba de Krinis possui três utilidades diferentes, destruir partes do cenário, dar dano nos inimigos e impulsionar a personagem a uma distância considerável.
Embora as habilidades sejam simples, o jogo as explora de maneiras bastante criativas. Um dos pontos mais altos dessa aventura é o “level design”, que nunca se torna cansativo de maneira geral. Além disso, você sempre pode encontrar coisas escondidas e caminhos alternativos explorando bem as habilidades dos personagens.
Um incentivo para tal é que o jogo possui um sistema de estrelas. Dependendo dos baús encontrados, moedas coletadas e tempo de percurso o jogador receberá de uma a três estrelas. Isso além de instigar a exploração das fases, aumenta o possível fator replay do jogo. Além disso, quando você completar as 20 fases irá receber um relatório geral, que te dará uma nota para sua performance tanto em fases quanto em relação a vila, o que te incentiva a jogar mais vezes para obter notas melhores.
Agora no que o jogo oferece criatividade constante em relação ao level design, o mesmo não pode ser dito dos cenários. Rift Adventure possui apenas dois “mundos”, o primeiro com tema de caverna e o segundo com tema de lava. Embora os cenários sejam muito bonitos, você passa metade do jogo em cada um deles, o que pode se tornar cansativo. Em compensação o design dos inimigos é sempre muito interessante e é possível sentir o carinho colocado em cada um deles. Não só no design, cada inimigo do jogo tem uma maneira específica de se lidar, o que amplia ainda mais as possibilidades de situação em que o jogo pode te colocar.
Os encantos da aventura
Eu definitivamente recomendo essa aventura, é extremamente notável o quanto de carinho foi colocado nesse jogo. Rift Adventure poderia simplesmente não contar com a mecânica da vila ou com a ideia que ele quer passar, pois já se sustentaria muito bem apenas como um plataformer de ação. Mas ele resolve ir além e trazer uma ideia só sua, além de trazer uma atenção que todo plataformer devia ter ao suas fases.
Além disso o jogo conta com um preço bastante acessível, e mesmo que seja relativamente curto ainda possui um fator replay interessante para os players mais perfeccionistas. A trilha sonora é simples mas agradável e os cenários pouco variados mas com uma direção de arte interessante.
Rift Adventure é no mínimo uma aventura inofensiva e na melhor das hipóteses uma experiência muito divertida, e todos que tiverem a chance deveriam jogá-lo sem exceção.
Prós
- Level desing muito bem feito
- Direção de arte interessante
- Evoca uma discussão interessante
Contras
- Cenários muito repetitivos
- Mais fases com o Aksius sendo que as da Akrinis são mais divertidas
Nota Final:
8
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