Desenvolvedora: MercurySteam
Publicadora: Nintendo
Data de lançamento: 7 de outubro, 2021
Preço: R$ 299,99
Formato: Digital / Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia adquirida pelo redator.
Após um longo hiato desde Metroid Fusion, jogo lançado em 2002 no GBA, a caçadora de recompensas Samus Aran retorna violentamente e em sua melhor forma, do jeitinho que os fãs aguardavam: com poucas palavras, sem rodeios e direto ao ponto. Metroid Dread é o quinto e último capítulo da saga lendária que se iniciou em 1986, lá no Nintendo Entertainment System (NES). Concluindo as aventuras da caçadora de recompensas com mais atitude da galáxia, que lançou tendências de gameplay e criou um novo gênero entre os jogos de exploração e aventura em 2D.
Apesar de contar com um legado e qualidade de respeito absurdo, por alguma razão a franquia foi negligenciada por muitos anos pela própria Nintendo. Felizmente a companhia voltou a dar atenção para Metroid ao perceber que o gênero ganhou bastante força nos últimos anos, principalmente após o lançamento de excelentes jogos como Ori and the Will of the Wisps e Hollow Knight alcançarem êxito com o público.
Então, finalmente chegamos a este momento histórico: uma aventura inédita de Samus após quase vinte anos na geladeira do esquecimento da Nintendo. Controversamente, a saga que deu nome ao Metroidvania retorna com o irônico desafio de não ser apenas mais um título entre tantos outros que são lançados todos os dias dentro desta categoria.
A aventura mais intensa de Samus
Após todos os Metroids e o parasita X terem sido supostamente erradicados em Metroid Fusion, um misterioso vídeo de origem desconhecida indica que o parasita mortal ainda vive livremente na superfície do planeta ZDR. A Federação Galáctica decide investigar a situação enviando para o planeta, que aparentemente é a fonte da transmissão, uma frota com sete robôs EMMI, máquinas de combate implacáveis e praticamente indestrutíveis. Entretanto, logo após chegar ao ZDR, todas as unidades EMMI desaparecem sem deixar nenhum sinal.
Como Samus Aran é a única pessoa imune ao parasita X, a caçadora de recompensas intergalática é enviada para a missão com o objetivo de investigar o que aconteceu. Pouco depois de pousar no planeta, a nossa protagonista é atacada por um poderoso inimigo e perde a consciência. Logo depois de despertar, Samus se vê aprisionada e sem os seus poderes nas profundezas deste mundo perigoso.
Agora, Samus deve caçar ou ser caçada enquanto faz seu caminho para retornar à superfície através de um labirinto cheio de inimigos. Ao mesmo tempo que investiga o que aconteceu com a civilização daquele lugar e recupera as suas habilidades em sua aventura mais intensa.
Exploração de poucas palavras
Rápido, brilhante e direto ao ponto. O gameplay de Metroid Dread herdou todas as novidades de Metroid: Samus Returns (3DS) e elevou tudo a um novo nível no Switch. É a primeira vez que Samus conta com tantos movimentos de forma tão fluida. Nem mesmo em Super Smash Bros. a caçadora de recompensas recebeu um repertório de golpes tão poderosos e fáceis de executar como em Metroid Dread. A MercurySteam criou um novo patamar para a heroína da Nintendo e esperamos ver este padrão nos próximos jogos da saga.
Apesar da sensação de solidão e isolamento estarem presentes durante a aventura, a exploração dos cenários está mais divertida e rápida como nunca antes. Samus pode rebater golpes, nocautear adversários e passar por fendas estreitas com um “carrinho”. Além disso, novidades como escalada e invisibilidade dão um tom de furtividade inédito para a franquia.
Todos sabem que embora o combate com canhão de plasma seja a marca registrada de Samus, Metroid nunca foi uma série de tiro como Doom ou Contra. Os eventuais confrontos que aconteciam eram meramente obstáculos do cenário e muitas vezes opcionais durante a aventura. Apesar disso, a caçadora de recompensas sempre contou com uma vasta variedade de munições que serviam tanto para abrir novas áreas no mapa, quanto para derreter qualquer ser que ousasse cruzar o caminho da caçadora.
Em Metroid Dread não poderia ser diferente. Porém, a veia shooter de Samus está bem mais notável e viciante que no passado, principalmente devido ao ritmo que a narrativa se desenrola e a evolução da protagonista, que acontecem uma velocidade recompensadora o bastante para prender o jogador por horas em frente ao jogo.
Entretanto, o mesmo não pode ser dito dos combates contra os EMMI, aqueles robôs invencíveis que são a marca registrada de Metroid Dread. À primeira vista, o confronto com essas máquinas parece frenético e impetuoso, principalmente porque esses inimigos derrotam Samus com um único golpe. Porém, não demora muito para perceber que essa parte do jogo é absurdamente escriptada, podendo ser até considerada como um quebra-cabeças de furtividade.
Além disso, toda a tensão e terror prometido no próprio título do jogo se perdem ao perceber que os EMMI funcionam apenas dentro de uma determinada área do mapa, ou seja, basta atravessar uma porta para que todo o clima de medo se perca e o jogador possa respirar com segurança. Isso não tornou os encontros com os robôs um ponto baixo do jogo, mas a forma que usaram esses confrontos chega a ser maçante e descartável após o quarto EMMI.
O artifício de combate roteirizado fica ainda mais evidente quando o jogador é pego por uma dessas máquinas, Samus reaparece imediatamente do lado de fora da área de um EMMI, sem nenhum tipo de penalidade ou prejuízo. Não há um terror psicológico real, pois tudo não passa de um mero quebra-cabeça de gato e rato com morte instantânea.
Em contrapartida, os confrontos contra chefes são um dos pontos de maior destaque do jogo, o equilíbrio entre desafio e acessibilidade foi perfeitamente aplicado aqui. Todos os confrontos são intensos e aparentemente impossíveis na primeira tentativa, mas bastam alguns minutos para perceber os padrões de ataques dos adversários e conseguir uma vitória muito satisfatória.
Um cenário fala mais que mil palavras
Não apenas a série Metroid, mas também o sub-gênero Metroidvania como um todo, são conhecidos principalmente pelas poucas linhas de diálogo em suas narrativas. Isso se deve ao fato que esses jogos contam as suas histórias por outros meios, principalmente pelos cenários, ambientação e trilha sonora. É quase como dizer “um cenário fala mais do que mil palavras”.
Metroid Dread está longe de ser um jogo feio, mas deixa a bastante desejar quando se fala em ambientação e trilha sonora. É bem decepcionante que diversas salas de diferentes áreas do jogo lembrem umas às outras. Essa frustração só aumenta quando lembramos do longo legado que Metroid carrega. O tema de Brinstar do primeiro Metroid de NES é memorável até os dias de hoje. Trilha sonora e ambientação são características da saga desde os primórdios, apesar de todas limitações tecnológicas do passado.
Por outro lado, a direção de som merece ser elogiada. Chega a ser bastante imersivo estar em certos locais graças a sonoridade dos passos de Samus ou das gotas da chuva batendo no vidro e no mar. Isso indica que a MercurySteam tem total capacidade de alcançar o nível máximo que a franquia pode oferecer. Resta torcer para que esse ponto possa ser consertado nos próximos jogos.
O fim de uma era
Metroid Dread honra o legado da franquia, mas não entrega tudo o que a série é capaz de oferecer. Apesar de ser um excelente jogo do Nintendo Switch, com um sistema de combate incrível e batalhas memoráveis contra chefes implacáveis, as sessões de furtividade com os EMMI tornam-se repetitivas com o tempo e a ambientação pouco ousada do planeta ZDR fazem com que a nova aventura de Samus Aran deixe um gosto de potencial desperdiçado em certas ocasiões.
Entretanto, apesar destes embaraços, o título é obrigatório para os fãs de jogos de exploração e aventura, também conhecidos como Metroidvania.
Prós
- A melhor jogabilidade da saga;
- Ritmo de progressão e narrativa viciante;
- Desafiador na medida certa;
- Fator replay e exploração de cenários excelentes.
Contras
- Nível de ambientação abaixo do padrão da franquia;
- Trilha sonora esquecível;
- Alguns elementos do gameplay tornam-se repetitivos após um tempo de jogo.
Nota Final:
9,5