Desenvolvedora: Spike Chunsoft
Publicadora: Spike Chunsoft
Data de lançamento: 03 de dezembro, 2021
Preço: R$ 76,45
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela Spike Chunsoft.
Danganronpa V3: Killing Harmony, ou apenas Danganronpa 3 para os mais íntimos, é um dos casos de desconstrução de gênero e padrões estabelecidos mais curiosos da indústria dos jogos. Todos os clichês já estabelecidos nos títulos anteriores são levados as ultimas consequências, as histórias ali contadas parecem mais absurdas do que nunca, deixando o jogador incrédulo por vezes e mais vezes. E quando o jogador começa a estranhar toda a artificialidade da experiência, o game começa a justamente se aproveitar desses paradigmas para criar um meta comentário em algum nível.
Danganronpa V3: Killing Harmony é mais do que um jogo e uma ideia, é também um forte conceito, e ousaria dizer criticas aos sistemas que temos atualmente, tanto em questões de hype e como isso prolonga artificialmente séries e histórias que já deviam ter sido finalizadas a fim de satisfazer uma demanda e fome irracional, quanto no sentido de franquias da indústria com um todo. A ideia de franquia como universo expansivo e compartilhado tudo sendo levado até as últimas consequências, seja com diversos Homem-aranhas no filme mais recente, com o carismático Naruto e o time 7 no Fortnite ou com o fim recente do Super Smash Bros. Ultimate, sem entrar em questões de qualidade objetiva, mas parando para contemplar o que faz essas obras existirem, Danganronpa 3 é um jogo mais atual do que nunca.
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O mundo de Danganronpa 3
Se em Danganronpa: Trigger Happy Havoc somos apresentados ao mundo alienígena dentro da escola da esperança e em Danganronpa 2: Goodbye Despair recebemos um sopro de vida e vivacidade graças ao charme da ilha aonde o jogo se passa, em Danganronpa V3: Killing Harmony o tema já é de certa forma a degradação desde o inicio.
Se passando em uma espécie de escola que parece abandonada há muito tempo, Danganronpa 3 embora pouco inovador, traz lindos e exuberantes cenários principalmente em comparação com seus antecessores. Se antes os designs exagerados nos ajudavam a criar uma relação com os personagens através do carisma, aqui eles parecem justamente impossíveis de se conectar graças a artificialidade de seus designs. Ainda assim os designs estão no topo da franquia sem sombras de dúvidas, os personagens no entanto parecem poder existir apenas no limiar da caricatura e da artificialidade o que acaba de certa forma por ser um dos temas do jogo.
Os locais que vão se abrindo caso após caso como nos jogos anteriores. Aqui se tratam de laboratórios além de outras areas, um para cada estudante que reflete a sua habilidade e paixão. Os temas das habilidades dos personagens também estão mais caricatos do que nunca, o líder de seita maligna que só quer atrapalhar, a Super Maid que tem características sobre humanas e o super antropólogo misterioso que guarda segredos surpreendentes. Tudo é bastante interessante como um todo, mas ao contrário das ultimas entradas que traziam personalidades exageradas, essa parece cruzar a linha por completo e trazer apenas caricaturas.
Novos desafios
— Além dos mini-games que foram trazidos ou reciclados para cá, temos adições bastante interessantes para o repertório.
Uma das coisas mais interessantes nesse título é a possibilidade de atestar uma mentira em diversos momentos. Com essa habilidade em determinados momentos do jogo você pode atestar uma mentira para pular seções do julgamento que você já deduziu cortando diálogos que fariam dar voltas até chegar no mesmo raciocínio. Além de super interessante como fator replay, é uma mecânica que exige um bom nível de lógica para ser aplicada, algo acima de todas as implementações mais ousadas da franquia até aquele momento.
Outro ponto muito positivo no que tange os desafios de Danganronpa V3: Killing Harmony é a adição do Cassino. Para obter especiais para presentear personagens, colecionáveis específicos para completar sua coleção de itens entre outros, o jogo permite que o jogador jogue alguns dos desafios do tribunal no cassino para acumular pontos. Isso é muito útil tanto para deixar as partes cotidianas com mais ação, quanto para ajudar os jogadores que tem mais dificuldade com algum dos novos jogos a se adaptar.
De forma geral os mini-games de Danganronpa V3: Killing Harmony são tudo que devem, ser, não retrocedem independente do angulo que sejam analisados e acrescentam densidade para o tribunal como um todo.
Meu desafio favorito desse jogo é o “Debate Scrum”, aonde se formam naturalmente dois grupos com opiniões opostas e você deve alinhar as opiniões de todos os personagens para que eles possam dar o argumento correto e refutar em absoluto um argumento errado. É bastante divertido poder resolver um mini-game ao lado dos seus amigos do jogo ao invés de sempre contra eles como habitual.
No mais, no que tange as histórias dos tribunais acho Danganronpa V3: Killing Harmony muito competente. A maior parte das mortes são interessantes de alguma forma, alguns casos são mais fáceis que em Danganronpa 2: Goodbye Despair, que ainda considero o ápice nesse quesito, embora Danganronpa 3 também tem seus momentos de brilhar e arremata tudo com o melhor final de um jogo da série.
Climax e Anti Climax
Danganronpa V3: Killing Harmony é o ápice da franquia Danganronpa de forma quase incontestável. Ainda assim sua visão mais critica consigo mesmo pode afastar alguns fãs, eu mesmo estranhei essa abordagem na primeira jogatina. Isso dito, em questão de mini-games e ritmo narrativo sua soberania é sem duvida incontestável. Os mini-games adicionais oferecidos no menu desse game estão muito acima do conteúdo adicional dos jogos anteriores. No entanto, um demérito desse jogo é que muito mais que o segundo, você precisa ter jogado os dois anteriores. Como o foco dele não é exatamente expandir a lore e sim fazer um comentário sobre a fanquia até certo ponto, ele não exatamente explica e conecta os eventos, dependendo da experiência do jogador para funcionar melhor em alguns momentos.
Por fim, a direção de arte de Danganronpa V3: Killing Harmony é impecável, as imagens e cenários estão muito acima dos jogos anteriores que já eram excelentes, e a trilha sonora está simplesmente fora de série de tão cativante. O jogo se sustenta muito bem em todos os sentidos e fecha com chave de ouro essa série muito carismática e ousada que marcou minha infância e com certeza foi de extrema importância para que eu tenha me tornado o gamer e reviewer que sou hoje
Agradeço a Spike Chunsoft pela chance de revisitar esses títulos e recomendo a todos sem exceção, que joguem Danganronpa.
Prós:
- Direção de arte no pico da franquia;
- Comentários interessantes sobre a indústria e formato.
Contras:
- Caricato demais, dificultando a conexão para alguns jogadores;
- Depende dos dois títulos anteriores para ter o impacto necessário.
Nota Final:
10