
Desenvolvedora: HAL Laboratory
Publicadora: Nintendo
Data de lançamento: 25 de março, 2022
Preço: R$ 299,00
Formato: Digital/Físico
Talvez você não saiba, caro leitor, mas Kirby é uma das franquias favoritas. Um dos eventos mais esperados por mim proporcionados pela Nintendo são os novos jogos da bolota rosa. Ainda assim, não fiz questão de esconder minhas inseguranças quando um jogo em 3D foi anunciado para o mascote que vem recebendo jogos com bastante frequência desde o fim da era Wii e principalmente no Nintendo 3DS.
Felizmente a essa altura, posso falar com segurança e alegria que, todas essas inseguranças foram infundadas. Kirby And The Forgotten Land é uma das entradas mais carismáticas da franquia e não deve em nada para seus antecessores, sendo possível argumentar que é até mesmo o melhor da franquia. Sem mais delongas, me acompanhem por essa jornada cheia de aventuras e mistérios.
Expansão da Lore
Um dos primeiros fatos interessantes de Kirby and the Forgotten Land é como ele aborda de certa forma a lore da franquia de uma maneira mais direta pela primeira vez em um jogo, pelo menos nessa intensidade. Embora o jogo em si não se passe em Dreamland – onde a maioria das entradas costumam se passar -, os personagens de Dreamland ainda fazem parte dessa aventura. Com uma personalidade bem definida e abordada temos a presença dos personagens mais icônicos da franquia. Também acho que ficou mais em evidência o clima que a franquia Kirby quer passar, como fundamentos de amor e amizade e uma sensibilidade apaixonante e caricata fazem parte do que é a série.

No entanto, o único ponto que não me encantou nessa construção de cenário foi a adição do novo companheiro de Kirby, o Elfilin, mascote deste novo jogo. Embora exageradamente simpático e fofo, não o achei exatamente encantador ou inovador o suficiente para justificar sua presença; sei que ele faz parte de uma fórmula comum de companheiro/tutorial que os jogos da Nintendo adotam já a algum tempo, mas ainda assim não consegui me apegar a ele. Isso dito, devo ser justo e deixar claro que isso não ATRAPALHA EM NADA a história em si, apenas é um detalhe morno em uma ambientação muito cativante.
Para ser o breve possível, a história de Kirby and the Forgotten Land se passa com Kirby e seus amigos sendo sugados para um novo mundo, basicamente um “Kirby Isekai”. A partir disso nossa bolota rosa deve resgatar seus amigos Waddle Dees e descobrir um caminho para casa.
Jogabilidade
Claro, o mais importante aqui é a jogabilidade, mesmo que Kirby and the Forgotten Land tenha uma boa construção se mundo e Lore, isso não importaria, são só elementos de apoio para a incrível jogabilidade que a aventura nos traz.

Eu particularmente não consigo imaginar uma maneira mais fiel de trazer Kirby ao 3D. Fases lineares que ainda trazem exploração de rotas, uma quantidade muito satisfatória de quebra-cabeças e segredos para desvendar, além de um combate fluido e divertido, as características mais marcantes que fazem de um jogo do Kirby ser um jogo do Kirby.
Os inimigos estão mais fortes, os chefes de mundo mais diferenciados e poderosos que na maioria dos jogos da franquia, e embora o moveset do Kirby em cada modo esteja mais simples, ele possui uma variedade maior principalmente com os upgrades que podem ser feitos durante a jogatina. Os upgrades são variações nos modos já existentes como por exemplo, o modo fofo pode se tornar o modo vulcão e recebe velocidade em troca de dano.

Além de ser um jogo top de linha do Kirby, este título ainda oferece um moveset completo e único no modo cooperativo que traz o amigo de longa data do Kirby, bandana Waddle Dee, à aventura. Com seus próprios golpes e uma variedade bem grande de habilidades, o jogador pode ter uma experiência bem diferente com esse personagem.
Por fim, Kirby and the Forgotten Land ainda conta com uma mecânica nova, a gimmick desse jogo, o que já é tradição sempre trazer na franquia a essa altura. Nesse jogo somos introduzidos ao “modo Mouthful”, que permite ao Kirby engolir objetos de grande porte como Vending Machines ou carros, cada um com seu próprio jeito de jogar e potencial resolução de puzzles únicos. Isso torna a experiência mais única ainda, já que só o Kirby: Planet Robobot (3DS) tinha conseguido trazer à franquia uma gimmick tão interessante antes.

Level design
De nada adianta comandos tão interessantes e intuitivos sem uma aventura a altura para acompanhar. Se em lore e jogabilidade Kirby and the Forgotten Land já se mostrou excelente, a soma do level design das fases leva ele ao nível de obra prima!
Desde que joguei Super Mario 3D World + Bowser’s Fury [leia nossa análise aqui]- um dos meus jogos favoritos disponíveis no Nintendo Switch – não me sentia tão cativado por uma aventura. A mecânica principal das fases é trazer uma série de missões para liberar seus aliados das garras dos inimigos, enquanto algumas missões são reveladas desde o começo, outras precisam ser descobertas na fase para serem feitas de primeira. Com uma série de gimmicks interessantes em cada fase, além de objetivos próprios que devem ser descobertos através da exploração, o cuidado com as fases de Kirby and the Forgotten Land é bastante evidente.

Os quebra-cabeças são sempre muito interessantes e divertidos de se resolverem, mesmo que muitas vezes não sejam tão desafiadores, mas afinal, acho que ninguém esperava um jogo tão desafiador de Kirby. Contudo, o jogo teve a atenção aos detalhe de incluir um modo para veteranos e novatos, uma escolha muito sábia que acredito que toda desenvolvedora moderna deveria ter.
De qualquer forma o level design é progressivo também no que tange a dificuldade, principalmente na questão dos quebra-cabeças e missões que ficam levemente mais difíceis de serem completos de primeira nas últimas sequências de fases do jogo. As lutas contra os chefes exigem mais habilidade que em qualquer entrada mais da série de uma maneira geral tornando essa uma experiência refrescante após o nível mais baixo de desafio do Kirby Star Allies (que se justifica por ser focado no multiplayer e é uma experiência única por si só).
Direção de arte
Eu sei que já estou soando repetitivo, mas isso só reforça minha experiência positiva com esse jogo. Se Kirby and the Forgotten Land imprime uma personalidade maior nos personagens do jogo isso se deve em grande parte a direção de arte.
Você consegue enxergar e distinguir facilmente diferentes tonalidades de tom de pele nos Waddle Dees do jogo, que vão desde um amarelo claro a um vermelho escuro passando pelo laranja. As formas mais selvagens dos inimigos clássicos do Kirby dão uma nova cara para velhos oponentes aumentando ainda mais o carisma universal desses personagens muito amados pelos fãs.

A trilha sonora ostenta genialidade com novos arranjos de músicas antigas e novas faixas, todas encantadoras e captam muito bem o sentimento da franquia enquanto imprimem uma personalidade única dessa aventura. Os gráficos também são dignos dos jogos estilo cartoon mais bonitos da plataforma híbrida e basicamente gritam Kirby. A atenção ao detalhe em Kirby and the Forgotten Land de é salta aos olhos!
Além disso, o jogador possui uma espécie de plaza bastante acolhedora nesse jogo onde Kirby pode interagir com outros personagens entre uma aventura e outra. Esse local, a cidade dos Waddle Dees, cresce e se desenvolve conforme Kirby liberta as criaturinhas, e se expande em benefício do jogador eventualmente.

Liberando cinemáticas, colecionáveis, mini-games, e sendo possível interagir com os amiguinhos de Kirby, essa parte do jogo agrega em muito a aventura que já se sairia muito bem se fosse apenas um platformer clássico e direto ao ponto, mais ou menos como os jogos da Mario da série New ou o 3D.
Uma ótima porta de entrada
Eu considero qualquer porta de entrada boa para Kirby. Sendo honesto, não acho que a franquia deixe a qualidade cair frequentemente e mesmo os títulos mais fracos podem trazer uma primeira experiência fantástica com a franquia. Isso dito, acredito que de modo geral no período atual os jogos de plataforma 3D chamem mais atenção do público geral com exceção dos Metroidvanias. Por isso, caso Kirby and the Forgotten Land tenha chamado a atenção de vocês em qualquer nível, recomendo que deem uma chance.
Os únicos motivos que impedem esse jogo de ser perfeito é sua baixa dificuldade que pode impedir jogadores mais hardcore de aproveitarem e seu curto tempo de duração. E eu sei que Kirby não é um jogo feito para ser difícil e isso não deve ser considerado um defeito nato, mas como o jogo oferece uma seleção dificuldade, uma opção de maior dificuldade teria sido ideal.

Prós
- Level Design excelente;
- Ótima direção de arte;
- Conversão para áreas 3D bem-sucedida;
- Comandos fluídos.
Contras
- Curta duração, podendo concluí-lo em torno de 10 horas;
- Bastante fácil.
Nota Final:
9
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