
Ao longo de seus mais de 100 anos, a gigante japonesa, Nintendo, teve inúmeros acertos para se manter, até hoje, relevante no mercado de jogos. Ainda assim, muitos foram os experimentos realizados pela empresa, e até hoje diversos títulos permanecem ocultos pela sombra de seus grandes sucessos. Pensando em homenagear seus jogos que, por qualquer razão, não são tão comentados pelos fãs da Nintendo, elaboramos uma pequena lista para nos lembrarmos e, talvez, difundir um pouco mais a existência de tais jogos; refletindo ao final sobre como não apenas de grandes sucessos se estabelece um nome.
Logo de início, gostaria de apenas fazer algumas menções. É um pouco difícil pensar em critérios para estabelecer se um jogo é desconhecido ou não, especialmente tratando-se da Nintendo. Pikmin, por exemplo, apesar de ser a franquia favorita de jogos de um de nossos redatores, é subestimada a olhos vistos, mas com certeza não se enquadraria nessa lista, até porque… bem, acredito que todos que leem esse texto conhecem as adoráveis criaturas nem que seja por meio de Super Smash Bros. Aqui, pensamos em reunir títulos realmente esquecidos, com pouquíssimo reconhecimento e, com sorte, com pouquíssimas menções diretas da empresa recentemente.
The Mysterious Murasame Castle

Vamos começar com um título frequentemente citado dentre os esquecidos. The Mysterious Murasame Castle foi lançado para o Famicom, exclusivamente no Japão, e mistura a exploração de The Legend of Zelda original com uma temática do Período-Edo no Japão.
Nele, jogamos como Takamaru, um aprendiz de samurai para lutar contra ninjas e monstros que apareceram subitamente nas terras após a queda de um objeto do espaço, que acabou por dominar quatro castelos regidos por Daimyos, lordes feudais do período. Com uma dificuldade elevada e diversos obstáculos e armadilhas, o jogo acabou não tendo seu nome espalhado exatamente por não ter saído do Japão, com seu primeiro port oficial vindo apenas em 2014, no Nintendo 3DS. Apesar de suas menções em Super Smash Bros. e glossários, a série não engatou em sequências, rendendo-nos apenas um excelente mini-game em Nintendo Land, no Wii U.

Hamtaro!

“Espere um minuto”, você pode estar pensando agora. “Mas eu conheço Hamtaro!”. Claro, afinal quem não conhece a série de adoráveis hamsters que esbanjam fofura por onde passam? A questão, contudo, é: você sabia que a Nintendo não apenas publicou um, mas cinco jogos de Hamtaro espalhados em diferentes gerações de Game Boy? Desde 2000 no Game Boy Color, com Tottoko Hamtaro: Tomodachi Daisakusen Dechu, até 2005 no Game Boy advance, Tottoko Hamtaro Nazo Nazo Q Kumonoue no ? Jou, os títulos são recheados de personalidade, sendo os últimos inclusive produzidos pela AlphaDream, o mesmo estúdio envolvido com a série Mario & Luigi. Eles, inclusive, fariam outros jogos da série para o Nintendo DS, mas publicados pela Marvelous ao invés da Big N.

Snoopy Concert

Dentro dos jogos publicados pela Nintendo de séries conhecidas, temos um jogo exclusivo do Super Famicom: Snoopy Concert. Ao reunir os vários personagens de Snoopy, incluindo Charlie Brown e seus amigos, o jogo apresenta vários desafios exclusivos a cada personagem para reuni-los na conclusão do título. Ao lado da série de jogos Hamtaro, compõe um quadro curioso da história de grandes franquias que trabalharam com a Nintendo, mas que acabaram não se espalhando, por qualquer razão que seja.

Mole Mania

Um título curioso lançado para Game Boy é o Mole Mania, um projeto de Shigeru Miyamoto, o mesmo criador de Mario e The Legend of Zelda, que curiosamente permaneceu nas sombras da história da empresa. Com diversos puzzles a serem resolvidos, jogamos como Muddy Mole, uma topeira que teve sua esposa e filhos sequestrados pelo fazendeiro Jinbe. O jogo tem uma apresentação muito boa, e é realmente curioso ver como mesmo obras produzidas até pelo maior nome da Nintendo estão sujeitas ao esquecimento.

DC Super Hero Girls: Teen Power

Por mais que seja um título recente, não deixa de ser curioso como DC Super Heroes Girls: Teen Power, desenvolvido pela TOYBOX inc. foi escolhido para ser publicado pela Nintendo no Nintendo Switch, inclusive você pode até ler nossa análise do jogo aqui.
DC Super Heroes Girls é uma popular série animada infanto-juvenil focada no público feminino, colocando algumas das mais populares garotas do universo da DC Comics em situações escolares e como dividem sua vida pessoal com seus deveres como super-heroínas ou vilãs. O jogo tem uma gameplay bem simples pelo foco infantil, com algumas seções de plataforma e um combate bem simplificado, além de ter um bom destaque em saber como deixar as personagens no estilo.

The Legendary Starfy

Starfy não é necessariamente um personagem super desconhecido, até tendo aparições em outros jogos como Super Princess Peach e Super Smash Bros. Ultimate como um assist trophy, mas mesmo assim vejo poucas pessoas o reconhecendo por sua franquia, ou então os associando ela como publicada pela Nintendo, por isso vale a menção.
Por sete anos, a franquia ficou exclusiva do Japão e só foi chegar ao ocidente com o quinto título lançado apenas com o nome “The Legendary Starfy”, para o Nintendo DS em 2009. Starfy protagoniza uma série de jogos com foco em plataforma, onde o personagem acaba caindo e se perdendo nos fundos dos mares e deve encontrar uma maneira de voltar ao céu, ajudando outros personagens no caminho e derrotando chefes. O foco nessas quests de baixo da água é o que mais difere o jogo, com alguns até o chamando de “Marine Platformer” pelo grande foco nessas explorações aquáticas. É uma franquia que vale muito a pena dar uma olhada se você for fã de outros jogos de plataforma 2D da Nintendo, pois é tão charmoso e divertido quanto a maioria.

Mickey’s Speedway USA

Que a Rare foi uma enorme parceira da Nintendo na época dos 64bits não é novidade, com incríveis franquias próprias como Banjo-Kazooie e Conker, responsável pelo amado Goldeneye 007 e até tendo autorização da Nintendo para usar a franquia Donkey Kong, criando os títulos Country e Diddy Kong Racing, a empresa inglesa também recebeu a honra de fazer um jogo de corrida de ninguém mais e ninguém menos que o maior mascote da história, Mickey Mouse, para a Nintendo. E apesar de ser um simples jogo, apenas mais uma variação do estilo de jogos de Kart popularizados por Mario, certamente consegue entreter aqueles que não têm muita experiência com o gênero como o público infantil que foi o foco.

Custom Robo

Desenvolvido pela Noise, Custom Robo é uma franquia que originou lá atrás no Nintendo 64, e mesmo que tenha 5 jogos no catálogo, só dois deles chegaram ao ocidente, e mesmo sem serem um enorme sucesso, coletam uma quantidade fiel de fãs que desejam o retorno da série desde seu último jogo no Nintendo DS. A série como o nome indica, é sobre criar e customizar robôs com o objetivo de coloca-los para lutar entre si em arenas, usando armas, bombas, espadas e tudo mais, numa divertida mistura de customização e batalhas desafiadoras.

Marvelous: Mōhitotsu no Takarajima

Também podendo ser traduzido para “Marvelous: Another Treasure Island”, é um curioso jogo que infelizmente ficou preso no Japão, no Super Famicon, e foi o primeiro título dirigido por Eiji Aonuma, que atualmente é um dos maiores responsáveis pelas direções da franquia The Legendo of Zelda. Aqui acompanhamos um grupo de crianças que desembarcam numa ilha, atrás do tesouro do grande pirata Capitão Maverick, o “Marvelous”, protegido por diversas criaturas e armadilhas.
Em Marvelous, já podemos observar a admiração que Aonuma tinha pela franquia Zelda, que eventualmente o levaria a liderar a franquia, com uma gameplay em perspectiva topview como nos jogos do Miyamoto e com eventuais momentos Point and Click com um cursor para conversar com NPCs e coletar itens. Aqui, os jogadores devem explorar esta ilha para descobrir todos seus tesouros. Uma pena nunca ter sido lançado oficialmente por estas terras, mas se puder jogar, certamente é recomendado para fãs de Zelda 2D.

Captain Rainbow

Este é mais um título que infelizmente nunca saiu do Japão, e que é extremamente peculiar. Captain Rainbow saiu para o Wii em 2008, desenvolvido pela Skip Ltd. É um jogo um pouco complicado de explicar até, basicamente controlamos Nick em uma ilha de sonhos e desejos, onde com seu alter-ego como Captain Rainbow deve ajudar diversos NPCs do local pela realização de diversos minigames como boxing, golf e outras aleatoriedades. O que mais marca o jogo é a participação de diversos personagens menos populares da Nintendo da época, como Birdo, Lip ou o famoso caso do Little Mac acima do peso. E quanto mais ajudamos os cidadãos, mais estrelas vamos ganhando, eventualmente possibilitando realizar o desejo de algum dos personagens.
Apesar de uma boa recepção da mídia e um conceito muito interessante, colocando personagens desconhecidos nos holofotes, o jogo foi um fracasso comercial, nunca possibilitando sua saída do mercado oriental, mas certamente marca como uma das experiências mais bizarras da Nintendo com aparências caricatas e diálogos divertidos, com um excelente desenvolvimento de personagens por trás da parte cômica.

Style Savvy

Nessa série contendo quatro títulos, um para o Nintendo DS e outros três para o Nintendo 3DS, somos convidados a um mundo de glamour, moda e sonhos. Produzidos pelos desenvolvedores da Syn Sophia, os jogos reúnem em um sistema de personalização de personagens relacionamentos trabalhados pelos jogadores e aspirações que podem ser conquistadas pelo visual.
O título inicial, lançado em 2008, chama a atenção pelo uso vertical do console portátil de duas telas da Nintendo, dona da franquia e Publisher desses curiosos, embora estilosos, jogos. Curiosamente, Style Savvy possui nomes diferentes quando lançados outras regiões, sendo Style Boutique na Europa e Girls Mode no Japão.

Another Code / Trace Memory

A duologia de point-and-clicks esquecidos no Nintendo DS e no Wii retrata um mistério envolvendo a protagonista, Ashley Mizuki, e seu pai, desaparecido desde que ela completou seus três anos de idade. Após receber uma carta estranha, teoricamente escrita por seu pai, a protagonista se dirige a uma ilha nos Estados Unidos, onde devemos resolver diversos puzzles.
Esse é um tipo de jogo interessantíssimo se víssemos um revival, assim como ocorreu em Famicon Detective Club, outra franquia esquecida que recebeu uma merecida segunda chance. Quem sabe a Nintendo não busca trazer de volta outros de seus títulos mais narrativos?

Em conclusão…
Não é de se surpreender que em uma empresa com tantos jogos de peso como a Nintendo, diversos títulos ficam esquecidos pelo tempo ou escondidos nas sombras de outros, nunca recebendo o devido holofote. Mas mesmo assim é muito divertido saber mais sobre eles, e ver como a maioria ainda conta com a qualidade conhecida pela empresa, até mesmo com alguns tendo uma pequena, mas fiel quantidade de fãs que aguarda ansiosa por seus retornos.
De certa forma, é uma perspectiva interessante colocá-las ao lado de franquias ditas de nicho atualmente, onde a quantidade de vendas de um Xenoblade Chronicles ou um Pikmin já seriam o suficiente para realizar os desejos dos personagens perdidos ao redor de Captain Rainbow. Nele, aliás, vemos uma homenagem interessante à história de altos e baixos da empresa, não apenas para protagonistas, mas dando tons mais profundos a personagens secundários também. Birdo, por exemplo, lida no título com uma interessante questão envolvendo seu gênero, ganhando um aprofundamento encantador, e fazendo-nos apreciar sua inclusão de forma recorrente em novos títulos a partir de então. Em tal relação de jogos “esquecidos”, é importante perceber que, se há algo oculto, há algo para ser descoberto, apreciado e amado.
E você, tem algum jogo ou franquia da Nintendo que conhece, mas não vê o devido reconhecimento? Fique a vontade de compartilhar conosco!
- Review | ONE PIECE ODYSSEY Deluxe Edition - 05/08/2024
- Review | Dokapon Kingdom: Connect - 02/10/2023
- Review | Pups & Purrs Pet Shop - 20/08/2023