
Desenvolvedora: Otomate
Publicadora: Aksys Games
Data de lançamento: 09 de Novembro, 2023
Preço: R$ 249,94
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Aksys Games.
Revisão: Marcos Vinícius
A Morte é tema central em inúmeras narrativas. A impossibilidade de escapar de seus domínios move os fios do destino desde a Tragédia Grega, quando corpos se empilham por desígnio Olímpico, ao mesmo tempo que justifica a corrida pela imortalidade tão presente na ficção científica.
A Morte personificada também surge em diversas ocasiões para consolidar a sutileza de seus caprichos. Em Sandman vemos a Morte como uma figura gentil, encarando o fim de cada um com a compaixão que cada vida merece. Mais comumente, ela adora uma postura tenebrosa e monstruosa, revelando-se como uma entidade que perturba o ritmo natural da vida.
A presente obra busca traçar dois principais paralelos ao redor da Morte. A primeira, e mais presente, dá as caras no fardo e na inconveniência do Fim. A segunda já se apresenta com um ar mais generalista, mas dá pano para muitos diálogos entre interesses conflitantes.
Morte Personificada
Em Virche Evermore ~ErroЯ:Salvation, a história se estrutura a partir de uma personagem que, ao que tudo indica, carrega o fardo e a responsabilidade da morte. Aproxime-se e corra o risco de padecer doente, moribundo, como se tocado pela falange fria da desolação. Frustrada, confusa e descontente, nossa protagonista, Ceres, reserva-se a um lugar de submissão ao deparar-se com a dura realidade que sucumbe todos aqueles que se aproxima de si.
O conceito de uma morte Personificada rende bons frutos aqui. Primeiro, porque nossa protagonista vive em um orfanato, religioso, e a qualidade entre morte e refúgio a faz buscar um lugar de retribuição. Segundo porque, sendo uma história recheada de romance, a impossibilidade de um contato cria uma dificuldade a ser ultrapassada pelo vigor de amantes.

Não apenas por ela, contudo, a morte se apresenta. Nesse universo, o fim é precoce, e encontra o corpo na tenra idade de 23 anos. A curta existência deveria causar certa angústia e apreensão, mas uma forma de preveni-la é possível, ao duplicar a existência em um clone, criando imortalidade por meios artificiais.
O método caro permite sim o prolongamento da vida, mas sendo opcional serve como uma interessante forma de instigar a moralidade do processo, tendo aceitado a inevitabilidade da morte, o que buscamos pelo método? Seria mera vaidade que nos cativaria, ou nossa existência de fato vale à pena mais um ciclo de duas décadas?
O Romance
Particularmente, a trama não me envolveu de forma tão significativa. A premissa toda de Virche Evermore ~ErroЯ:Salvation não justifica as sequências quase intermináveis de diálogos expositivos — principalmente quando não há uma complexidade tão grande envolvida nos sistemas fantásticos —, e o apelo da vida eterna não é tão bem explorado. Sendo quase uma ferramenta garantida, garante alguns questionamentos e dramas, mas a verdade é que muito dessa questão parece existir apenas para justificar designs de personagens mais juvenis.

Pensando em estrutura de jogo, o título não se destaca, mas entrega todos os pontos importantes que devem ser trazidos em VNs: histórico, glossário, time chart, etc. Virche Evermore ~ErroЯ:Salvation conta com dublagem de certos personagens também, em japonês no entanto, porém nada que agarre a atenção.
Ainda assim, o elenco presente no segmento de romance é bem variado, apesar de algumas figurinhas aparentemente repetidas, e suas personalidades servem para se destacar bem um do outro. Por vezes, são utilizados em momentos monótonos, o que é um pouco frustrante, mas certos mistérios nos deixam ansiosos para entender o que podemos descobrir.
Conclusão

Virche Evermore ~ErroЯ:Salvation não é, de forma alguma, uma Otome Visual Novel ruim, mas não propõe nada para se distinguir. Entre uma proposta pouco original e convincente e cenários pouco inspirados, o título vale pelos designs bem elaborados e pelas rotas alternativas, mas não poderia dizer que é a VN do ano. Ainda assim, serve como bom divertimento entre jogatinas e caso o estoque de Otome Games tenha chegado ao fim.
Prós:
- Design de personagens bonitos;
- Amplo acervo de ilustrações para momentos chaves.
Contras:
- Trama pouco inspirada;
- Premissa batida.
Nota final:
7,5
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