
Desenvolvedora: Inti Creates
Publicadora: Inti Creates
Gênero: Ritmo
Data de lançamento: 15 de fevereiro, 2024
Preço: R$ 73,85
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela Inti Creates.
Revisão: Davi Sousa
Gunvolt é uma série de plataforma de ação que surgiu no 3DS como uma forma da Inti Creates aproveitar a sua expertise no gênero, já tendo previamente trabalhado em várias obras da franquia Mega Man (com especial destaque para a quadrilogia Zero e a duologia ZX). Após o lançamento de Azure Striker Gunvolt 3, a empresa já havia anunciado que daria uma pausa na franquia.
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Porém, a Inti ainda queria explorar um pouco mais o universo da série e decidiu lançar um spin-off chamado GUNVOLT RECORDS: Cychronicle. Curiosamente, desta vez temos um estilo de gameplay completamente diferente: trata-se de um jogo rítmico.
Explorando os hinos da franquia

Embora um jogo rítmico para Gunvolt seja algo inédito, a música sempre foi um elemento importante da franquia. No jogo original, o jovem GV contava com o suporte da musa Lumen que usava sua habilidade de canção “Anthem” (Hino, em português) para revivê-lo em momentos de dificuldade. As canções também tomavam conta das áreas quando o jogador conseguia acumular 1000 Kudos (uma moeda especial do jogo que é perdida se o jogador receber dano e faz parte da avaliação de performance das fases).
Esse sistema também foi explorado nos jogos subsequentes com a adição das personagens Lola em Luminous Avenger iX e Luxia em Gunvolt 3, dando à série uma boa quantidade de músicas em estilo J-Pop. Dentre as mais de 40 opções, a Inti Creates selecionou 10 músicas dos três Gunvolts e 4 dos spin-offs Luminous Avenger para o jogo base. Houve também a inclusão de uma trilha inédita chamada Asas Melódicas e cantada pela dubladora de Lumen. Dentre essas, 7 também contam com uma versão “completa”, liberada após concluirmos a menor.

Outras 20 músicas estão disponíveis como DLC, ampliando o repertório para incluir também algumas músicas de álbuns lançados no Japão e do OVA. A lista adicional inclui excelentes faixas dos jogos, como Cianotipo, a música do final verdadeiro do primeiro Gunvolt; e Além da Probabilidade, de Luminous Avenger iX.
A proposta de ter um pacote incompleto como base pode parecer negativa em um primeiro momento, mas é importante destacar que o jogo base é vendido a 15 dólares; ou seja, a ideia é justamente ter uma entrada mais modesta, dando ao jogador a chance de escolher se gostaria de gastar mais em vez de forçar a compra a 35 dólares, que seria o valor total somando os DLCs. Infelizmente, no Brasil, o valor já acaba parecendo mais salgado por conta da conversão do dólar no Switch.
No ritmo da música

A gameplay de GUNVOLT RECORDS: Cychronicle segue a cartilha de jogos de ritmo sem grandes novidades. Precisamos apertar os botões no ritmo da música, acompanhando as notas que são representadas visualmente na tela. Para o Switch, podemos tanto usar os botões do Joy-Con quanto a tela de toque, sendo o segundo esquema mais intuitivo de forma geral por envolver apertar diretamente os elementos gráficos chegando na tela em direção ao jogador.
Para variar a gameplay, temos quatro tipos de notas, com cada um dos quais exigindo um input diferente. Enquanto as notas básicas só precisam ser pressionadas, temos também as que precisam ser apertadas por um tempo; as “direcionadas”, que exigem uma ação de empurrar para um lado; e as notas de deslizar, que são como uma direcionada com tempo. Há também casos nos quais é necessário apertar notas simultaneamente dos dois lados, e eles são indicados por uma linha branca no meio da tela, conectando-as.

O timing de acerto da nota pode ser avaliado como “Errou”, “Ruim”, “Bom”, “Ótimo” e “Perfeito”. Ao acertar várias notas consecutivamente dentro das três melhores marcas, o jogador consegue fazer um combo; do contrário, a barra de vida diminui, o que pode levar a um final prematuro em que nem mesmo passamos pela música toda. As boas avaliações também recuperam essa barra, sendo assim importante que o jogador não tenha um trecho específico da música que ele falha miseravelmente em executar.
Em caso de game over, porém, temos uma opção especial do jogo, que é a de “Retomar”. Ela evoca o uso do Anthem, restaurando totalmente a vida do jogador ao custo da sua pontuação inteira; ou seja, mesmo para um jogador ruim, é possível ir até o final de uma fase, mas a sua avaliação será 0. Isso pode ser útil para estudar partes futuras de uma música, dando um pouco mais de maleabilidade do que os jogos mais exigentes do gênero costumam oferecer.

De modo geral, fãs de jogos de ritmo se sentirão em casa com a gameplay, que faz o que é esperado do gênero sem grandes firulas. Porém, mesmo levando em consideração o Anthem, quem não tem costume com o gênero precisará de bastante dedicação e paciência para não se frustrar com o processo de aprendizado. Ao contrário de alguns títulos mais amigáveis para novatos, como Lyrica, quase todas as músicas são ágeis, exigindo uma boa dose de reflexos mesmo na dificuldade mais fácil. A exceção é Cianotipo, mas é necessário ter o pacote 5 do DLC para jogá-la.
Apesar disso, vale destacar que a diferença entre as dificuldades é bem nítida e lógica. Na dificuldade fácil, temos apenas notas simples e uma tendência à simetria entre as duas mãos, fazendo com que o processo de executar as notas seja mais intuitivo. Ao subir os níveis, não apenas temos mais notas para executar, mas também transições complexas, e as duas mãos passam a ter mais momentos de desarmonia, exigindo muito mais da nossa coordenação motora.
Customização e aspectos técnicos

Outro aspecto que chama a atenção em GUNVOLT RECORDS: Cychronicle é a customização de detalhes técnicos da gameplay. Por exemplo: embora seja possível ver cenas dos jogos e animações 3D das personagens cantando, alguns jogadores podem se sentir distraídos pelo excesso de detalhes no fundo e optar por um fundo estático mais simples no lugar. Outros elementos visuais e sonoros também podem ser ajustados.
Da mesma forma, a capacidade de reação dos jogadores é diferente, com tendências a apertar os botões mais rápido ou mais devagar do que o ideal. Podemos ajustar a velocidade das notas e até fazer com que o seu timing seja um pouco antes ou depois de chegar na marca indicativa. Esses retoques mudam a forma como as notas aparecem, facilitando ou dificultando a execução para alguns jogadores sem efetivamente mudar o ritmo da fase.

O jogo também conta com uma galeria para ver os vídeos e escutar as músicas sem a necessidade de jogar as fases. Para quem quiser aproveitar esses materiais com calma, é uma excelente pedida. Vale destacar que podemos ver os créditos de cada música, incluindo letrista, compositor, arranjo, partitura e os álbuns em CD e jogo original no qual ela tocou. Isso valoriza também as obras anteriores em retrospecto, ajudando o jogador que queira revisitar os jogos a prestar mais atenção nessas músicas.
Apesar desses elementos acertados, gostaria de destacar que a tradução para o português tem alguns erros grosseiros que podem dificultar a navegação nos menus. Um bom exemplo disso é o filtro “Limpar estado”, que na verdade deveria ser uma forma de visualizar apenas as músicas que estão de acordo com um “estado de conclusão” (Clear Status, em inglês). A Inti Creates tradicionalmente traduz seus jogos para o português há um bom tempo, então é uma pena ver erros de tradução literal que não fazem sentido no contexto e poderiam ser facilmente detectados.
As crônicas musicais de Gunvolt

GUNVOLT RECORDS: Cychronicle é um spin-off inusitado, mas uma adição bem vinda à franquia. Poder aproveitar a trilha sonora cativante dos jogos de uma outra forma é uma excelente pedida para os fãs. Porém, para quem se enquadra nesse grupo, mas não tem familiaridade com o gênero, a experiência tende a exigir paciência e dedicação, já que o ritmo ágil das canções faz com que mesmo os níveis mais fáceis sejam exigentes.
Prós:
- Gameplay de ritmo sólido com uma boa seleção de músicas e ainda mais opções via DLC;
- O sistema de dificuldade possui uma progressão lógica do tipo de desafio oferecido;
- Boa variedade de opções para customização de elementos visuais e da gameplay, permitindo ajustes bem técnicos da experiência.
Contras:
- A natureza ágil da trilha sonora faz com que mesmo a dificuldade mais baixa possa ser um pouco exigente para novatos no gênero;
- Alguns elementos dos menus têm traduções erradas, o que pode atrapalhar o entendimento dos ajustes técnicos.