
Desenvolvedora: Evening Star
Publicadora: Private Division
Gênero: Plataforma 3D
Data de lançamento: 15 de fevereiro, 2024
Preço: R$ 146,50
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Private Division.
Revisão: Marcos Vinícius
Penny´s Big Breakaway é um plataforma 3D cinético original criado por alguns desenvolvedores chefes de Sonic Mania, como o muito amado pela comunidade, Christian Whitehead. Contudo, é quase impossível falar desse jogo sem falar de Sonic no fim das contas, e eu como um fã da ATLUS que entende como esse tipo de comparação pode ser chata e reducionista devido ao impacto que Persona 5 teve em seus irmãos, vou tentar me abster ao máximo de fazer isso durante a análise.
Isso dito, farei um breve comentário sobre essas semelhanças agora, para aqueles que chegaram nessa análise com essa expectativa: O jogo pode parecer um pouco lento no começo para os fãs veteranos do ouriço azul, e embora Penny´s Big Breakaway tenha diversas sessões que o jogador deve acumular velocidade e surfar no ioiô, ele ainda tenta usar o conceito do momentum de outras formas. Por isso, a aventura escala de forma frenética e satisfatória sendo fundamentalmente um platformer 3D baseado no supracitado momentum — ele também herda a vibe mais divertida que tínhamos no Sonic Mania em comparação com o mais cool que ouriço pode ter, sendo inclusive bastante engraçado.
Por fim, se você ama Sonic Mania tanto quanto eu, tenho absoluta certeza de que vai adorar Penny´s Big Breakaway, então pode ir sem medo. Enfim, com o elefante branco fora da sala, podemos analisá-lo pelo que ele realmente é.
Fuga frenética
A história de Penny’s Big Breakaway se dá de forma bem dinâmica: pequenos trechos de animação e poucos diálogos garantem ao jogador toda a informação necessária. O jogo se inicia com Penny tentando impressionar o rei com seus truques de ioiô, porém graças a seu ioiô ter adquirido consciência tudo vai errado e o rei decreta prisão a nossa protagonista que agora deve rodar o mundo de Macaroon em fuga contando apenas com as habilidades do seu ioiô especial para ajudar.

É uma história bem dinâmica com algumas mudanças de ritmo e foco com o avanço mas sem perder a energia, e energia o jogo tem de sobra. Os inimigos principais de cada área trazem diálogos breves mas recheados de carisma, somados a estética bem cartoonizada do jogo que trazem bastante vida e diversão para a aventura. Ainda assim, o ponto alto de tudo isso para mim são os NPCs espalhados pelas fases, seja para guiar o caminho, dar sidequests ou só conversar com o jogador; esses personagens falam frases quando o jogador passa perto.

Embora no começo do jogo eles sirvam mais para pequenos elementos de mundo e tutoriais, quanto mais tempo passa mais engraçadas ficam as frases deles. Em algum momento eu realmente ficava antecipando os curtos diálogos que me faziam dar risadas genuínas e me apaixonar pelo clima divertido do jogo.
Estrutura e aventura
Penny´s Big Breakaway usa uma estrutura bem específica para suas fases “comuns”. Nelas existem 6 emblemas para colecionar, sendo 3 coletáveis que você deve encontrar e 3 quests a serem completadas. As quests variam em diversão e qualidade mas são em geral boas, e os colecionáveis em geral recompensam a atenção do jogador e o ímpeto de explorar a fase.
Essa estrutura é o que impede que Penny´s Big Breakaway seja um jogo tão veloz como poderia, pois o jogador precisa se dispor a explorar os lugares em que passa, mas isso permite também que o jogador use de formas mais diversas a densa física do jogo. Uma das quests que encontramos, por exemplo, é a de juntar pontos com as manobras de Penny — isso inicialmente me pareceu meio bobo, já que não é uma tarefa exatamente difícil.

Com o tempo no entanto, eu percebi que isso me incentivou a explorar melhor o sistema de pontuação e moveset, e então comecei a perceber que as áreas em que essas quests aparecem acabam incluindo algumas gimmicks eventualmente para que o jogador aproveite ainda mais o quão legal o moveset do jogo é. Isso dito, ainda acredito que eu me diverti mais interagindo com os elementos que me chamavam atenção do que buscando incansavelmente pelas medalhas, e depois voltando para encontrar as que não apareciam para mim organicamente.
A recompensa de todos esses colecionáveis são moedas que podem ser utilizadas para o desbloqueio de fases especiais que fogem a essa fórmula. Além dessas fases especiais, as principais fases que fogem ao padrão são as que encerram cada zona, sendo ela livre das missões por normalmente se tratar de uma luta contra chefe mas que no caso da primeira zona, trata-se de fugir de uma enorme bola.
Cores e conteúdo
O level design das fases é bem feito e bastante interativo. Muitas das fases contam com alguma espécie de líquido em que você pode surfar e isso age de acordo com a temática do jogo. Na fase de lava por exemplo, o jogador terá muito mais dificuldade em se manter na lava que na fase de água por exemplo, e dependendo da zona a própria água também muda.
No geral, a disposição dos objetos e inimigos nas fases é bem interessante e torna toda a experiência ainda mais ligeira. Embora nas primeiras zonas o jogador se depara apenas com os pinguins da guarda do rei, que são pinguins imperiais, progressivamente mais inimigos são adicionados, mas nenhum é sem propósito, os touros que quando derrotados viram bolas de golf que precisam ser encaçapados para avançar em alguns pontos são ótimos exemplos disso.
Os pinguins que são os inimigos mais comuns precisam se acumular na Penny para tirar a vida do jogador, e para tal, é necessário que o jogador acumule 6 pinguins. Mas acima de toda a genialidade, Penny´s Big Breakaway ainda é visualmente bastante interessante, o desgin dos inimigos chefes e NPCs, tudo é interessante e os visuais de cada fase são absolutamente encantadores.

Ainda assim, a verdadeira cereja no bolo é a trilha sonora que eleva muito a experiência. Na primeira zona eu realmente acreditei que os arranjos seriam pouco impressionante até pela temática do jogo. No entanto, Penny´s Big Breakaway passa longe de ter uma trilha sonora fraca, não devendo em nada para outras trilhas do Tee Lopes, mesmo que ele não seja o único envolvido aqui.
Penny e perigo
Com toda a premissa desse jogo, os fãs de jogos de plataforma no geral já devem estar se perguntando a algum tempo algo essencial para qualquer experiência do gênero: o moveset. E esse é um dos lugares em que Penny´s Big Breakaway mais brilha.
Seja no mar, na terra ou no ar, um jogador habilidoso basicamente não precisa parar por um segundo, com a possibilidade de se balançar no ar, dar dash, correr em cima do ioiô, girar, correr entre outras interações, o jogador tem bastante fluidez. Tudo isso alinhado à física densa do jogo e a enorme quantidade de objetos interativos com as habilidades de Penny, torna a experiência do jogador bastante autônoma.
Embora normalmente tenha uma maneira certa de passar cada sessão, com habilidade é bem fácil corrigir erros e encurtar caminhos o que torna bem prazeroso masterizar esses controles, e como um platformer que valoriza momentum é uma partida importante da experiência a forma que o jogo te recompensar por conservar força e velocidade com uma boa movimentação. Além disso, o ioiô senciente de Penny também pode se alimentar de alguns componentes que dão melhorias a ele, desde quebrar blocos inquebráveis, voar ou navegar no mar mais facilmente tudo é possível.

Corrida e qualidade
Penny’s Big Breakaway é, de certa forma, um platformer que eu sempre sonhei: sempre fiquei pensando como seria se Sonic tivesse uma transição suave para o 3D e essa parece ser a resposta. Brincadeiras a parte, o jogo é bastante divertido e realmente uma excelente nova entrada pelo que ela é, e embora seja impossível desassociar o gênero e as inspirações do ouriço quanto mais jogos como esse tivermos melhor, e esse é um acerto em cheio, como não poderia ser diferente vindo do competente time que veio.
Isso tudo dito, e minha experiência tendo sido praticamente perfeita, eu experienciei alguns bugs, fiquei preso em uma parede uma vez, e a câmera não me acompanhou em cenas importantes uma ou duas vezes. Estou com aproximadamente 30 horas de jogatina, e isso não foi determinante nem constante para minha experiência mas vale o aviso para quem se frustra muito com essas questões no geral.
Por fim recomendo o jogo facilmente para fãs e não fãs do gênero, ele é simplesmente divertido, feito de forma inteligente e esbanja carisma.
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