
Revisão: Paulo Cézar
Os jogos eletrônicos já estão no mercado há décadas, deixando legados de diversão e exploração de novas possibilidades tecnológicas e artísticas. Ao olhar para essa história, nos deparamos com várias obras clássicas e algumas que podem ter passado desapercebidas em sua época e merecem uma nova chance de mostrar o seu valor.
No mercado atual, temos uma grande onda de relançamentos, tentando aproveitar fatores como nostalgia para resgatar obras de qualidade e até mesmo algumas que ficaram infames. Porém, o que vemos é que os termos atribuídos a esses produtos causam confusão nos jogadores, que vez ou outra chamam um tipo de jogo por outra nomenclatura ou tratam os seus significados como algo qualitativo em vez de técnico.
Por conta disso, fizemos uma pequena lista de termos abaixo para explicar as diferenças e tentar elucidar o que realmente significam termos como port, remaster e remake. Já adianto que os sentidos reais são simples e dependem apenas de um entendimento básico do processo de produção dos jogos, mas espero que as explicações abaixo possam deixar as diferenças claras.
Port
O termo port vem do processo de engenharia de software “porting” ou “portabilidade”. Isso nada mais é do que a adaptação de um software para que ele “rode” em outro sistema. Ou seja, quando um título saiu em um sistema (exemplo: PlayStation 4) e depois de alguns meses sai em outro (exemplo: Switch), temos um port.
Quando os jogos são lançados simultaneamente em múltiplos sistemas, é difícil falar de um processo de portabilidade, afinal, todos foram projetados juntos. Nesses casos, o mais natural é tratar cada sistema como uma versão e não utilizar o termo a menos que os desenvolvedores falem claramente de ter feito o jogo para um sistema e depois adaptado para os outros.

O que pode gerar confusão em alguns casos é o fato de que alguns títulos sofrem adições nesses relançamentos. Por exemplo, um jogo pode chegar no sistema já contando com todos os DLCs do original, adicionando elementos cosméticos ou até mesmo história e melhorias de gameplay. Mesmo com isso, o termo correto ainda é port se o principal custo foi a “tradução” de uma plataforma a outra.
Emulação
A emulação é um processo diferente do port em quesitos técnicos. A ideia é que o título relançado roda em um software que roda os processos como se fosse a máquina original. Dessa forma, as instruções da programação do jogo não precisam ser alteradas para rodar no novo sistema.
Para que isso seja possível, o jogo roda em um “emulador”, que é justamente esse programa que traduz as instruções de um sistema para o outro. O custo do projeto gira em torno, então, da eficiência desse processo, já que a “tradução” ocorre em tempo real em vez do código do jogo ter sido adaptado.

A produção ou utilização de um emulador já pronto é geralmente o principal custo de implementação desses projetos. A emulação é um processo custoso e a tendência é que a máquina precise ser mais potente que a original para poder traduzir em tempo real todos os elementos programados nas instruções do jogo.
Remasterização
O termo “remaster” vem do conceito de “master recording“, que é o produto final resultante de uma gravação, seja ela de áudio, vídeo ou jogo. Assim, é como se os produtores reabrissem a caixa-preta do original para fazer ajustes.


No caso dos jogos, a ideia é aproveitar o que for possível e atualizar os gráficos, sons e outros fatores para uma nova versão. Esse processo de ajuste pode ser feito de diversas formas, seja através de filtros ou até mesmo da substituição de modelos por novos assets esculpidos com o original como guia. Tanto a qualidade quanto o custo podem variar bastante dependendo dos métodos utilizados e do capricho da equipe nessa nova etapa de produção.
Remake
Traduzindo do inglês, o termo remake significa “Refazer” e é exatamente essa a sua definição. Um remake é um jogo refeito, utiliza-se o original como referência, mas há todo um novo processo de produção, envolvendo reavaliação de todos os elementos de jogo.
A tendência a avanços tecnológicos na indústria de jogos faz com que a melhoria gráfica seja um aspecto esperado desse produto. Porém, um remake poderia inclusive ser pior graficamente do que o original, o que algumas pessoas chamam de “demake” (como forma de indicar um retrocesso).

A única real necessidade para que um jogo seja um remake é que ele envolva todo o processo de produzir novamente, indo preferencialmente não apenas nos assets como visual e gráfico, mas também na lógica de programação por trás de todo o seu funcionamento. Com isso, um remake pode ser extremamente fiel ao jogo original ou alterar tantas coisas que faça o jogador até se questionar se aquilo não seria um título novo usando apenas os mesmos personagens, eventos e afins.
Reimaginação
O conceito de reimaginação gira em torno do processo de “imaginar novamente”, ou seja, de reprojetar o título. Uma reimaginação pode ser um remake ou um remaster ou algo totalmente diferente, pois no fim das contas não tem a ver com os aspectos técnicos de programação, mas sim com as alterações em relação à obra original.

Reboot
Um reboot é um novo jogo dentro de um universo já utilizado anteriormente com uma condição estrita: os detalhes de continuidade de seus predecessores não se aplicam. O termo vem do conceito de “começar novamente”, indicando que, mesmo que haja elementos semelhantes aos antecessores, não é necessário que a obra respeite lógicas e conceitos pré-estabelecidos.

E isso é tudo por enquanto. Gostaria apenas de destacar que nenhum dos termos dizem respeito a qualidade da obra nem devem ser usados por achismo. Um port ou jogo emulado pode ser mais divertido, rodar melhor e ter um cuidado maior do que alguns remasters. Deixo aqui esta breve explicação e espero que seja clara o suficiente para evitar esses desentendimentos.