Desenvolvedora: Intelligent Systems
Publicadora: Nintendo
Gênero: RPG
Data de lançamento: 23 de maio, 2024
Preço: R$ 299,00
Formato: Digital / Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Nintendo.
Revisão: Marcos Vinícius
Essa já é uma história tão antiga quanto o tempo e você que está lendo esse artigo provavelmente já deve imaginar do que estou falando. Após o sucesso crítico e comercial dos dois primeiros jogos de Paper Mario, lançados para Nintendo 64 e GameCube, respectivamente, não é segredo para ninguém que a franquia, depois deles, se perdeu pelo caminho.
Em um curto período de tempo nós fomos de, dois aclamados JRPGs com personagens singulares, além de um sistema de batalha simples, porém divertido, para um action-RPG bem competente e, depois, disso, três jogos de aventura que, pasmem, eu particularmente acho bem chatos e sem graça.
Após Paper Mario: The Origami King, de 2020, os pedidos para um “retorno” às raízes da série se intensificaram mais e mais. E é satisfatório poder dizer que nós, fãs de Paper Mario, FINALMENTE conseguimos isto! Bem, foi no formato de um remake, mas que se dane, pois foi justamente logo do Paper Mario: The Thousand-Year Door!
O clássico cult do GameCube é muitas vezes considerados não apenas o melhor do que Paper Mario tem a oferecer, mas também um dos melhores jogos do Mario de todos os tempos! Portanto, uma recriação para colocar a série de volta nos eixos foi algo requisitado por muito tempo pelos fãs. Bem, meus amigos, o dia finalmente chegou, e eu fico feliz em dizer que The Thousand-Year Door está no Switch, porém, será que a nova versão dessa jóia de outrora consegue encantar uma nova geração de fãs, enquanto agrada aos antigos? Hora de descobrirmos.
A lendária história da porta dos mil anos
Nossa história começa com a Princesa Peach indo visitar a cidade Rogueport. Lá, ela encontra uma mulher encapuzada que a vende um pequeno (e misterioso) baú que só irá revelar seus conteúdos para as pessoas de coração mais puro; o baú, contudo, se abre imediatamente ao entrar em contato com a princesa dos cogumelos, enquanto descobrimos que dentro dele existe um mapa que leva a um lendário tesouro.
Peach então decide enviar o mapa para Mario, junto de uma carta pedindo que ele vá até Rogueport para que o encanador a ajude a encontrar o tal tesouro — se é que ele existe mesmo. Chegando lá, entretanto, Mario não encontra a princesa. No lugar, vê uma pequena Goomba chamada Goombella em apuros, sendo atacada por um grupo chamado “Os X-Nauts”, que estavam tentando obter informações sobre as lendárias “Crystal Stars”.
Após uma breve luta de tutorial, Goombella explica para Mario que ela também estava atrás do tesouro que o mapa revelaria, e, ao consultar Professor Frankly — um especialista no assunto —, eles descobrem que o mapa, na verdade, está relacionado à lendária “Porta dos Mil Anos” que está localizada no subterrâneo de Rogueport, e que só abrirá com o uso das sete “Crystal Stars” que estão espalhadas pelo mundo.
Pois bem, agora é a missão de Mario encontrar estas Crystal Stars, descobrir o paradeiro da Princesa Peach e impedir seja lá o que os X-Nauts estejam planejando fazer caso encontrem o lendário tesouro que está atrás da porta milenar.
Ufa! Relativamente complicada, não? Claro, não é nenhuma obra Shakespeariana, mas se tratando de um jogo do Mario, TTYD com certeza tem uma das mais complexas e intrigantes narrativas do universo Mario. Um dos medos que eu tinha com este remake era a possibilidade de retirarem muito do que fazia toda a lore dele charmosa: com a “sanitização” de Paper Mario, eu temia que mudariam locais como Rogueport, tal como detalhes nos seus parceiros de aventura, diálogos reescritos e até mesmo o design dos NPCs para deixar todos iguais, como são nos jogos mais recentes!
Eu fico feliz em dizer, no entanto, que Thousand-Year Door está INTACTO: as piadas, personagens, designs… TUDO! Se estava no original, certamente está no remake. A exceção, contudo, vai para alguns detalhes da localização que tiveram que ser modificados, a exemplo da Vivian, uma de suas parceiras de equipe que agora segue mais o roteiro original japonês, sendo explicitamente transexual; um detalhe que na localização original foi censurado. Ou seja, apenas mudanças positivas e pontuais foram feitas, mas o jogo e todo seu encanto de 2004 seguem intocados.
O sucessor de Super Mario RPG
Você sabe: originalmente, Paper Mario se chamaria “Super Mario RPG 2”, uma sequência direta ao clássico de SNES feito pela Square Enix, na época SquareSoft. Mesmo após a mudança de nomes, eu ainda acho este um título muito justo para a série, pois mecanicamente ela evolui muito os conceitos da primeira aventura RPG do encanador.
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Primeiramente, o sistema de Action Commands está de volta, e dessa vez foi lapidado. Ao tentar executar um ataque, caso você aperte o botão no momento certo, o poder desse ataque será potencializado. Só que a grande diferença aqui é que TTYD tem muito mais combinações de botões ao invés de simplesmente “Apertar o A antes do ataque”: o jogo pode pedir para você mover o analógico, apertar uma sequência de botões aleatória, apertar o “A” num timing específico, entre várias outras coisas que sempre deixam o combate dinâmico e divertido, do começo ao fim do game.
Outra contraste com Super Mario RPG é que, ao invés de 2 parceiros de batalha, temos apenas 1 que pode ser trocado a qualquer momento. Por sorte, esses parceiros são tão memoráveis quanto Geno e Mallow foram, e envolvem as mais diversas raças do universo Mario: temos uma Goomba aventureira fofinha; Koopa Tropa medroso que quer se tornar forte; Bob-Omb que serviu à guerra e perdeu sua esposa para uma doença misteriosa, etc. Eles são personagens excelentes por serem profundos e eu garanto que vocês vão se apaixonar por cada um deles.
O Mario, no que diz respeito a sua singularidade, ganha novos ataques, mas não através de níveis, e sim por meio de insígnias que você pode equipar e desequipar livremente. Mas as manuseie bem, pois estas insígnias gastam “Badge Points”, além de que você não poderá usar todas ao mesmo tempo.
Claro, não podemos nos esquecer da exploração do mundo também! Sempre acho impressionante como os RPGs do Mario conseguem mesclar platforming com RPG, e TTYD mantém essa tradição. Você vai se encontrar pulando de plataforma em plataforma de forma quase que constante, como se fosse um jogo tradicional do Mario mesmo. Você também é recompensado por explorar cada cantinho do mapa com Shine Sprites (para melhorar o nível dos seus parceiros), insígnias e pedaços de estrela, que podem ser usados para comprar alguns itens poderosos.
Apresentação renovada!
A mudança mais óbvia que o remake traz fica por parte de seus visuais e músicas. Começando pela trilha sonora, ela foi completamente rearranjada: enquanto o jogo original usava muito sintetizadores como forma de instrumentação para as faixas, o remake, por outro lado, se utiliza bem mais de gravações feitas com instrumentos de verdade, e o resultado, claro, é magistral!
A “vibe” de algumas músicas ficaram um pouco diferentes no processo, mas isso mal é um problema. Todas as faixas têm um toque renovado e moderno, que fazem de TTYD uma experiência muito mais agradável, afinal, quem não gostaria de ficar horas explorando esse belo mundo enquanto escuta algumas dessas músicas maravilhosas? Claro, caso você não tenha gostado dos novos arranjos, ainda existe a opção de utilizar a trilha sonora original que está presente aqui, e é sempre muito bem-vinda em revivals como esse.
Quanto aos visuais, bem, desculpa o exagero mas eles estão DIVINOS! A Intelligent Systems em parceria com a Marza Animation Studios, uma subsidiária da SEGA conhecida pelos CGs da série Sonic e o filme Lupin the Third, criaram um dos sistemas de luz e sombras mais impressionantes que eu já vi para um jogo de Switch. Todos os cenários parecem mais coloridos e vivos que no jogo original, e eu genuinamente acredito que esse seja o Paper Mario mais bonito de todos.
Claro, tamanha beleza gráfica não veio sem um custo: o jogo agora está sendo executado em 30 frames por segundo, ao contrário dos 60 que o original tinha. Por se tratar de um jogo de turnos sem movimentação fluida e rápida, não atrapalha tanto, não. Mas para quem jogou no GameCube, com certeza vai sentir alguma mudança.
Nova vida para uma das melhores aventuras do Mario
O remake de Paper Mario: The Thousand-Year Door traz um novo frescor a o que já era uma das melhores experiências do Mario no âmbito de spin-off. É uma recriação impecável que mantém todo o charme e carisma que o original possuía, mas agora com visuais e músicas completamente revigorados.
Esperamos que agora, com o sucesso dos remakes deste game e de Super Mario RPG, a Nintendo veja como as pessoas amam os RPGs do Mario e tragam não só séries como Mario & Luigi de volta, mas também Paper Mario à sua forma original que todos nós amávamos tanto. É sim um remake singelo, que não oferece muitas mudanças ou adições, mas é um remake necessário que serviu para reviver um dos maiores clássicos do GameCube.