Desenvolvedora: Nuk Games
Publicadora: QUByte Interactive
Data de lançamento: 18 Novembro 2021
Preço: R$ 9,99
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela QUByte Interactive.
Existem vário tipos de jogos. Alguns pretendem apresentar uma experiência profunda por meio de uma narrativa emotiva e bem-estruturada, outros buscam um refinamento tão profundo do sistema ali construído que permitem uma sensação de liberdade sem igual… porém, vez ou outra, queremos saber apenas de atirar para qualquer lado para destruir tudo pela frente.
Shapeshooter não esconde sua simplicidade. De sua descrição nas lojas virtuais, aprendemos tudo o que precisamos saber em um primeiro momento: trata-se de um jogo de tiro com base em trilhos, onde os alvos são formas geométricas diversas e perversas, ameaçando o tanque que apenas pretende cruzar do ponto de partida até seu destino, sem qualquer outra pretensão. Agora, precisamos descobrir se sua simplicidade basta para tornar a jornada verdadeiramente satisfatória.
Andando em círculos
Dividido em quatro mundos, com quatro telas cada, o jogo não se demora em suas regras. Logo na primeira fase aprendemos tudo o que precisamos saber: um trilho nos guiará pelo espaço apresentado, cabendo a nós direcionar o veículo para frente ou para trás, defendendo-nos das formas geométricas que se apresentam ou em laranja ou roxo. Para derrotar os oponentes, basta selecionar a cor da munição e… atirar. Em um primeiro momento, estamos limitados a apenas duas variedades de arma: uma lenta, porém potente, e uma rápida porém fraca. Além disso, conhecemos a primeira armadilha do jogo: um raio laser, ativado a cada determinado período de tempo.

Por fim, a primeira tela de fato se torna acessível. Mesmo desafiadora, é uma tela relativamente fácil, com generosos pontos em que o progresso é salvo, e com inimigos o suficiente para ser possível juntar um pouco da moeda aqui presente. Na tela de seleção de fases, é possível acessar a loja de melhorias permanentes, onde é possível aumentar a vida do veículo, desbloquear armas, tornar o tanque mais veloz, expandir o campo magnético para atrair mais moedas e customizar o carro em si, em uma paleta escassa de variações. De qualquer forma, a curva de dificuldade aumenta com o passar das fases, com alguns momentos de frustração genuína, mas nada muito grave, até o fim da quarta fase, quando o verdadeiro “looping” de Shapeshooter começa, e a experiência se torna bem desgastante.
Teoricamente, para desbloquear uma fase basta chegar ao fim da anterior. Esse elemento cria uma certa tensão no jogador, por fornecer certa liberdade na forma como este pode avançar: de forma cautelosa ou arriscando-se, buscando terminar no menor tempo possível. Na realidade, contudo, o segundo mundo encontra-se trancado até certos critérios serem cumpridos em fases anteriores, em uma espécie de lista de tarefas oculta em um primeiro momento, e que se revela apenas ao término de cada tela. Dessa forma, somos obrigados a repetir de forma enfadonha todas as fases, retirando a liberdade fornecida anteriormente, porque o jogador deve alcançar o fim em um curto período de tempo, além de ser obrigado a derrotar um número certo de inimigos, por vezes maior do que os apresentados naturalmente, criando uma certa espera artificial para novos inimigos surgirem, apenas para aumentar o número na lista de mortes.
Além disso, é necessário alcançar certa pontuação em cada fase, elemento particularmente frustrante por nunca haver um indicador de quando o critério foi alcançado, e existe um outro bônus caso o tanque não seja destruído nenhuma vez durante o trajeto. Quando todos os critérios são, por fim, obedecidos, engrenagens são desbloqueadas, a fim de liberar novas telas. Ah, e é claro que existe uma engrenagem oculta, disponível quando todos os itens listados são obedecidos em uma única tentativa. Em outras palavras, são muitas as vezes em que devemos começar do início por morrermos bem no finalzinho da jornada.

Mentalidade quadrada
Pela própria estrutura do jogo, não se surpreenda de ter desbloqueado todas as melhorias do jogo antes mesmo de entrar no segundo mundo. A verdade é que jogar várias e várias vezes as mesmas telas, ouvindo a mesma música e imerso no mesmo cenário enjoa muito rápido. Por sorte, cada mundo apresenta uma estética distinta, e com armadilhas diferentes. Após os raios lasers, é a vez das serras, que surgem no meio do trilho por vezes estáticas e por vezes em movimento. Em seguida, é a vez de armas que disparam por um sensor de movimento, criando situações bem complicadas ao serem disponibilizadas em curvas fechadas. No último mundo, entretanto, ao invés de sermos apresentados a algo novo vemos as três armadilhas em conjunto, em sequências aterrorizantes.
Ainda assim, Shapeshooter se limita muito pela progressão forçada das engrenagens. Mesmo com o mundo desbloqueado, as fases lá dentro agora precisam ser destravadas a partir do mesmo progresso, excluindo o jogador das novidades logo ali colocadas. Para somar a esse problema, as serras em particular se revelam como algo muito mais desagradável que desafiador, bloqueando os tiros e o campo de visão do tanque, permitindo ataques rasteiros e injustos das formas geométricas. Formas estas que, aliás, também se tornam enjoativas por se repetirem tanto, sem mudar de cor ou de forma, sempre executando os mesmos movimentos em direção ao veículo. Com um número maior de armas no arsenal, cada uma com sua particularidade, um grau de variedade até é perceptível, mas não tarda a cair no mesmo ciclo repetitivo de antes.

E por último, conforme o passar dos desafios, fica gritante a questão da poluição visual em toda a tela. Por vezes, não é possível enxergar para onde os trilhos está nos guiando, e em outras é verdadeiramente impossível entender por onde estamos tomando dano. A dificuldade, assim, parece artificial, sem um design mais aguçado para desenhar os obstáculos.
Direto ao ponto
Mesmo tendo levantado tantas questões, não consigo dizer que Shapeshooter é um jogo ruim. Aliás, muito longe disso. O visual é interessante, a ideia promissora e os desafios bem estruturados. Infelizmente, seus erros transformam aquilo que poderia ser perfeito em uma experiência mediana, mas que com certeza agrada aqueles obstinados e interessados em causar o pandemônio em uma arena caótica.
Prós:
- Variedade de armas;
- Sistema de save generoso.
Contras:
- Poluição visual;
- Progressão bloqueada por uma imposição artificial.
Nota Final:
6
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