Desenvolvedora: Koei Tecmo
Publicadora: Nintendo
Data de lançamento: 24 de Junho, 2022
Preço: R$ 299,00
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela Nintendo.
O spin-off do aclamado RPG tático da Nintendo lançado em 2019, Fire Emblem Warriors: Three Hopes chegou ao Nintendo Switch no dia 24 de Junho. O jogo faz parte do gênero Warriors (ou Musou) adotado pela Koei Tecmo, e é uma nova entrada de certa forma tanto para a série Warriors, quanto para Fire Emblem: Three Houses. No entanto, Fire Emblem Warriors: Three Hopes consiste em uma versão alternativa do título original quando o protagonista Byleth não se torna professor em Garreg Mach Monastery.
Em contra partida, um mercenário chamado Shez, nosso personagem nessa aventura, se torna aluno na casa escolhida. Com o rumo da aventura mudando desde os primeiros momentos, essa história não se sustenta em apenas em alterações suaves, tendo acontecimentos radicalmente diferentes durante os eventos que sucedem. Ainda com sistemas bem polidos que remetem e se relacionam com os sistemas mais clássicos da franquia, Fire Emblem Warriors: Three Hopes vai além do que seria necessário. Desde a estrutura mais específica como os relacionamentos, planejamento e construção de tropas, até os mais simples como um combate bem orientado a estratégia, todas as características são belamente contempladas nesta obra. Sem mais delongas, os convido a desbravar Fódlan mais uma vez!

O continente de Fódlan
Se em Fire Emblem: Three Houses, o continente de Fódlan já é rico e muito bem explorado e estruturado, Three Hopes no entanto, faz questão de explorar e explicitar mais ainda a lore desse mundo. Excelentes diálogos expositivos revistam toda a complexidade geopolítica em que se pauta boa parte dos conflitos da história. Aqui, ainda temos documentos completos sobre os locais mais distantes e variados do continente e do mundo em que se passa a trama. Lugares que antes eram somente citados agora possuem documentos expandindo seus conceitos, isso se estende dos continentes mais distantes ao sul, às terras menos habitadas do norte, e é um prato cheio para os apaixonados pela mitologia e cultura do título original.
No mais, o próprio desenvolvimento da história acaba se pautando mais nisso, muito por conta da natureza territorial que a obra aborda em sua jogabilidade. Como boa parte do jogo constitui de ir ganhando território em pequenas batalhas pelo continente para garantir vantagens estratégicas de guerra, ficou bem fácil de expandir e exemplificar esses conceitos geográficos. O território da Aliança Leicester, por exemplo, é encarado mais do que nunca como um ponto estratégico e vital para os governantes adjacentes. E até mesmo a relevância dos conflitos com Almyra fica mais em evidência para esta rota.
Isso se deve, de certa forma, também ao fato de que a maior parte do jogo se passa fora da escola militar, tornando nossos lordes responsáveis pelo gerenciamento desses problemas, o que reflete de forma bem mais consistente no jogador. De uma maneira geral, essas questões criam um mundo ainda mais rico e recompensa os veteranos de Fire Emblem: Three Houses com o conhecimento adquirido sobre os locais visitados no jogo original.

Ação e estratégia
Se por um lado o gênero Warriors não tem basicamente nada em comum com RPG tático, Three Hopes ultrapassa essa barreira de formas bastante inteligentes. Com um sistema não necessariamente inovador mais bem implementado de conquistas de base, somado a vantagens e desvantagens já presentes nos jogos da franquia Fire Emblem, essa entrada consegue ter um lado estratégico bem sólido. O combate funciona de uma maneira razoavelmente convencional para os jogos do estilo Warriors, no qual o jogador possui um combo que pode divergir com o comando de dois botões, além de acesso a quatro habilidades diferentes. Além disso, o jogador possui uma habilidade suprema que é carregada conforme o combate.

No mais, algumas mecânicas mais específicas de cada classe podem divergir dentro dessas possibilidades, e até mesmo alguns efeitos podem ser ativados ao apertar o “ZR” para algumas classes ou personagens. A cereja no bolo no entanto, é uma transformação que o jogador pode carregar durante o combate e que aumenta muito o potencial da tropa por um curto período. Isso interage principalmente com uma mecânica de quebra que é acumulada de acordo com os golpes do jogador em situação de vulnerabilidade do inimigo, ela escala bem mais rápido contra alvos de desvantagem e quando a guarda do inimigo quebra, o jogador pode executar um poderoso golpe em área.
A junção e gerenciamento desses recursos é muito importante e mais densa do que parece, tendo em vista que o jogador deve gerenciar 4 tropas ativamente e ainda outras mais com comandos simplificados dependendo do mapa. O ótimo balanceamento de tudo isso se aplica também às 4 habilidades especiais que só podem ser usadas até um limite de quebra estabelecido pela arma empunhada. Defensivamente o jogador ainda possui o uso de Vulnery para curar a vida em situações de dificuldade além de classes com potencial curativo.
Fire Emblem Warriors: Three Hopes ainda oferece posições estratégicas permitindo por exemplo, que você unifique duas tropas através de comandos para proteger uma tropa em perigo, já que essa obra também utiliza do clássico permadeath dos jogos Fire Emblem se assim o jogador desejar. Todos esses recursos podem e devem ser administrados além ampliados na parte de planejamento do jogo.

Uma batalha já termina antes de começar
Embora com uma abordagem bem diferente, Three Hopes também carrega o legado de planejamento do jogo que ele se baseia. Enquanto aqui não temos o Monastério como nosso hub, em vez disso temos um campo de batalha com uma variedade de possibilidades tão ampla quanto. Nele, o jogador pode gastar seus recursos como bem entender para executar diversas atividades e melhorias. Pontos podem ser gastos para treinamento, construir suportes, e conquistar renome. Já o dinheiro do jogo pode ser usado para elevar o nível de tropas do jogo, comprar itens, melhorar armas entre outras possibilidades.
O jogador ainda possui diversas tarefas dentro do assentamento, coletar recursos, interagir com os personagens, completar quests e desbloquear novas classes, por exemplo. Antes da batalha, o jogador ainda deve fazer uma boa quantidade de planejamento, podendo visualizar os inimigos e os variados objetivos que devem ser alcançados, além de claro, as fraquezas e resistências de cada tropa, podendo assim montar um time adequado. Além disso, é importante escolher com dedicação as classes que sua tropa pode masterizar, podendo carregar diversas habilidades e magias de uma para outra como era possível no jogo original. Fire Emblem Warrior: Three Hopes também oferece uma gama bem vasta de jogabilidades e possibilidades com os diversos personagens e classes que possuem suas próprias peculiaridades.
Também é preciso relaxar

Como já era esperado, os sistemas sociais estão fortemente presentes em Three Hopes. E como nos jogos originais de Fire Emblem que passaram a adotar essa feature, é possível forjar esses laços através das batalhas, sendo possível inclusive, colocar uma tropa como suporte de outra. Ainda assim, a maior parte dos recursos estão no assentamento, onde o jogador pode dividir uma refeição com seus companheiros, dar um passeio na companhia do mesmo ou realizar tarefas administrativas.
Embora cada uma das atividades recompense o jogador com os pontos de suporte, ainda concedem efeitos extras os quais o jogador deve decidir quais são prioridade. Na refeição, o jogador pode, além de levar duas tropas ao invés de uma fortalecendo o laço entre elas, ganhar um efeito de combate durante o capítulo. Com as expedições, o jogador apenas aumenta a afinidade com alguma tropa e tem uma experiência similar ao Tea Time do jogo original, mas surpreendentemente mais rica, com mais opções de diálogo e possibilidades de descobrir curiosidades sobre seus favoritos. Nas atividades voluntárias, o jogador pode além de ganhar renome, aumentar o laço entre duas tropas como na refeição.
Ainda há a possibilidade de presentear os aliados com itens comprados na loja, ou penas deixadas por uma coruja dada como bônus para aqueles que adquiriram a compra digital. Algo que pode ser considerado um retrocesso no entendo, é a falta de uma opção de casamento, mas como essa é uma opção já explorada nos jogos mainline e acredito que não deve fazer muita falta aqui.
A lenda contada

A história de Fire Emblem Warriors: Three Hopes não deve em nada para nenhum outro título da franquia. As divergências para a história original de Three Houses, que inicialmente parecem mais simples e direto ao ponto, acabam escalando cada vez mais com o decorrer da história. Eu particularmente optei pela rota Golden Wildfire, e pretendo abordar como profundidade em outro texto mais à frente o porque dessa rota ter sido basicamente a rota que sempre sonhei para o jogo.
Em suma, os personagens em Three Hopes estão bem escritos como assim como em Three Houses, e os roteiristas parecem ter aproveitado a chance para dar mais densidade a alguns deles. A título de exemplo, a Leonie, personagem polêmica pela sua obsessão pelo pai de Byleth , acaba por ser muito mais densa e bem trabalhada nessa história do que no próprio jogo base. Claro, entendo que a possibilidade de criar essa versão mais livre desses personagens é, por de forma geral, já termos noção do conceito inicial que eles apresentavam.
Fire Emblem Warriors: Three Hopes também carrega menos obrigação de entrelaçar as histórias e possibilidades como em Fire Emblem: Three Houses, podendo mostrar como seria uma alternativa onde eles não tivessem que lidar com os acontecimentos do jogo original na rota White Clouds e pudessem lidar com a segunda metade de maneira bem diferente. O jogo também por se apoiar na mitologia já previamente exposta, usa isso de pilar para ir além de modo geral. Claro, ele concentra menos conteúdo porque seria muito difícil garantir a quantidade de conteúdo de um TRPG nesse gênero, mas ao mesmo tempo ele não deve nada dentro de suas possibilidades.
Um novo amanhecer
Fire Emblem Warrriors: Three Hopes possui um direção de arte bastante admirável, com excelentes músicas de batalha que derivam em sua maioria das do jogo original. Com a graça de que se lá tínhamos a versão “Thunder” apenas durante o combate, aqui temos a versão mais animada tocando o tempo todo, exceto durante os menus de administração durante a batalha, onde você pode realocar e ordenar suas tropas.
O jogo como um todo carrega com sucesso o legado de seus antecedentes e expande ainda mais um dos mundos de RPG mais bem feitos que já tive o prazer de explorar. Com a história e escrita dos personagens com uma consistência admirável, um ritmo excelente, e uma gameplay complexa e divertida, Fire Emblem Warriors: Three Hopes consegue ir bem além de qualquer expectativa que eu tinha. Ele ainda consegue manter uma taxa de quadros boas em todos os momentos e garantir a qualidade visual de seu irmão mais velho.nÉ uma recomendação bem fácil para fãs do gênero, e também para os fãs de Fire Emblem: Three Houses. E bem, caso você não se adapte a um desses dois requisitos, sugiro que vá jogar Three Houses imediatamente!
Prós
- Excelente combate muito bem executado e desafiador sem abandonar elementos de estratégia;
- Ótimos personagens e história mantendo o nível do original;
- Interações sociais mais abrangentes e cheias de possibilidades;
- História forte que diverge o suficiente da aventura original;
- A Lore de Fódlan é expandida e muito bem aproveitada.
Contras
- —
Nota:
10
