Review | Mario + Rabbids Sparks of Hope

Desenvolvedora: Ubisoft Milan
Publicadora: Ubisoft
Data de lançamento: 20 de Outubro, 2022
Preço: R$ 299,99
Formato: Digital/Físico

Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela Ubisoft.

Revisão: Marcos Vinícius

É estranho pensar que, um dos mais improváveis – e também estranhos – spin-offs da franquia Mario, também seria um dos melhores. Quando Mario + Rabbids Kingdom Battle foi anunciado ainda em 2017, eu devo admitir que não coloquei muita fé no projeto; afinal, não sou um grande fã dos Rabbids e o humor dos coelhinhos nunca particularmente me agradou, embora ideia de um jogo tático da franquia Super Mario Bros. definitivamente era bem interessante e poderia dar certo se feito da maneira correta. Quando Kingdom Battle finalmente foi lançado, ele se revelou uma surpresa bem agradável: engraçado, carismático e, acima de tudo, divertido, mas não isento de problemas. O combate, por exemplo, apesar de simples e intuitivo, com o tempo se tornava bem entediante.

Contudo, Kingdom Battle era no fim das contas, um jogo que transborda paixão, traduzindo em um merecidamente sucesso crítico e comercial o suficiente que no futuro daria a uma sequência. Mario + Rabbids Sparks of Hope era anunciado com a promessa de expandir os conceitos e o escopo de Kingdom Battle e fazer dele algo ainda mais épico. No entanto, será que o talentoso time da Ubisoft Milan conseguiu entregar mais uma grande e divertida aventura do nosso encanador favorito junto dos carismáticos coelhinhos?

Ambiciosa primeira impressão

Mario + Rabbids Sparks of Hope é, desde o início, uma perceptível melhoria geral em relação a seu antecessor, tanto em níveis técnicos quanto no escopo. Mario + Rabbids Kingdom Battle definitivamente era deslumbrante, embora suas áreas fossem mais contidas e sem muita interação. Já em Sparks of Hope, apesar de não apresentar uma taxa de frames tão estável em contraste com Kigdom Battle, ele compensa com uma tentativa de áreas mais abertas com ênfase muito maior na exploração desses locais, e o resultado é de tirar o fôlego, esbanjando cenários lindíssimos com cores vibrantes.

As áreas são muito mais criativas do que no antecessor, usando temas de biomas que vão além de “grama, gelo, deserto, lava” e cada uma destas áreas são visualmente distintas uma das outras, todas elas sempre repletas de NPCs para interagir, inimigos para lutar e missões secundárias para se realizar e ganhar recompensas (algo que o primeiro game tinha bem pouco). A maior ênfase na exploração do mapa para encontrar segredos e apreciar os belos visuais em cada cantinho do mapa definitivamente serviu muito bem ao jogo.

As cutscenes de Kingdom Battle também já eram bem trabalhas e surpreendentemente bem animadas para uma primeira tentativa de crossover, contudo Sparks of Hope eleva isso a outro nível, tendo algumas das melhores animações de toda a franquia Super Mario! Os personagens desta aventura nunca foram tão expressivos e tão cheios de vida, a qualidade das animações realmente é surreal, um ponto bastante positivo no quesito técnico.

Sparks of Hope também tem dublagem para alguns personagens, mais especificamente os Rabbids. Todos eles falam frases completas, o que sinceramente me deixou um pouco desconfortável no começo, embora assim como eu, acredito que com o tempo você se acostuma.

A própria narrativa de Sparks of Hope, por mais que seja simples e fácil de entender (por almejar um publico mais amplo), claramente é muito mais épica e séria do que a apresentada em Kingdom Battle. Na trama atual, uma misteriosa entidade chamada “Malumbra” está sequestrando criaturinhas chamadas “Sparks” — uma mistura entre Lumas e Rabbids — como parte de um plano para dominar o universo. Como supracitado, simples e fácil de entender, embora ainda assim como uma execução épica dentro do game, mas sem remover sua raiz cômica que fez do primeiro jogo tão emblemático. Um novo elenco de personagens foram criados exclusivamente para o título, e o que posso dizer deles é que são incríveis! Edge com certeza vai virar uma personagem favorita dos fãs, enquanto a versão Rabbid da Rosalina é simplesmente excêntrica!

Claro, tamanha ambição tem preço: como previamente citado, algumas quedas na taxa de frames acontecem em Sparks of Hope, embora sinto que não atrapalharem tanto assim. E por algum motivo, o jogo tem loading screens relativamente curtas toda vez que você vai pausar e “despausar”, o que faz essa ação ser bem desprazerosa de se fazer.

No entanto, em geral, todas essas mudanças, melhorias e o aumento no escopo da aventura fazem Mario + Rabbids Sparks of Hope ter uma das melhores apresentações de toda a série Mario. A jornada é muito mais épica e estigante do começo ao fim, e esse é um risco que eu devo elogiar a Ubisoft por ter tomado.

Um sistema de batalha aprimorado

Vocês já entenderam que Sparks of Hope é, sem sombra de dúvidas, uma experiência geral aprimorada em cima de Kingdom Battle, e por isso não posso deixar de dizer que até seu combate se sobressai aqui. Kingdom Battle apresentava um combate tático com um sistema de movimentação por “blocos” nas batalhas, o qual você selecionava um lugar disponível e seu personagem se movia até lá. O sistema definitivamente era divertido, mas eu enjoei bem rápido.

Já Sparks of Hope toma um caminho diferente dentro das características tática. Em vez de selecionar um lugar para alocar seu personagem, ele automaticamente caminha até o lugar — mas por quê não levar o personagem até o lugar desejado, o movendo por conta própria? Foi um risco grande, com potencial de se tornar a experiência tão monótona e enjoativa quanto ao do primeiro jogo.

No entanto, fico feliz em dizer que esse não é o caso (pelo menos para mim). Ouso dizer que Sparks of Hope possui um dos sistemas de batalha mais divertidos que eu já vi em um jogo tático. As mudanças que o título traz em relação ao Kingdom Battle entrega muito mais dinamismo, com um leque maior de possibilidades durante a estratégia. Para o futuro da série, espero que a Ubisoft siga por este caminho.

Mas continuado no combate, uma das principais mecânicas introduzidas aqui é o sistema de Sparks, as pequenas fusões entre Rabbids e Lumas que eu mencionei antes. Você pode equipar até dois deles antes de entrar em batalha e eles tem variados usos, desde dar um efeito de queimadura para seus tiros, até fazer raios cair pelo mapa, causando efeito de eletricidade. Uma adição pequena, mas que tem um impacto enorme em como você luta e forma suas estratégias.

O sistema de combate de Sparks of Hope também adota elementos de RPG, como quando no fim das batalhas, você ganhará pontos de EXP. pra subir de nível, uma mudança notável em cima de Kingdom Battle. Subindo de nível, você aumenta seu HP total e ganha alguns pontos para depositar na árvore de habilidades e deixar seus personagens mais fortes.

Músicas de tirar o fôlego

Alto ponto alto em Sparks of Hope na minha opinião, foi sua maravilhosa trilha sonora. As músicas são em sua grande maioria orquestradas e incluem não só faixas inéditas, mas também alguns remixes que fãs certamente irão reconhecer e amar!

Grant Kirkhope, compositor de grandes clássicos como Banjo-Kazooie e Donkey Kong 64, retorna com suas memoráveis composições para trazer belas melodias ambientais como é de praxe. A lendária Yoko Shimomura também retorna de outros jogos de RPG do Mario para compôr alguns dos temas de batalha de Sparks of Hope. O investimento realmente foi pesado no design de som e o resultado sem sombra de dúvidas é glorioso.

Claro, a lista de compositores em Sparks of Hope é bem maior embora eu tenha destacado somente apenas esses dois. Então, para fazer justiça a todos os envolvidos neste tópico, eu gostaria de convidá-los a ouvir a trilha sonora do jogo já está disponível em serviços de streaming. Aproveite, pois é algo bem raro de ser ver na série Mario.

Uma aventura especial

Mario + Rabbids Sparks of Hope é um jogo especial e feito com amor. Ir de um conceito tão questionado quanto foi na revelação de Kingdom Battle revelação, em 2017, para um dos melhores jogos do Mario da atualidade com tanto empenho por parte dos desenvolvedores, certamente é de se admirar, e o resultado não poderia ser outro do que pura satisfação. Essa é uma daquelas ocasiões onde a sequência é quase perfeita, que pegam tudo que seus antecessores fizeram e melhoram em cima, removendo o que não deu certo.

Apesar de apresentar problemas ocasionais com quedas na taixa de frames e as já mencionadas telas de carregamento entre o pause e o retorno da jogatina, esses são problemas toleráveis diante ao que Sparks of Hope têm a oferecer. Conheço pessoas que ainda olham torto para a série por conta da inclusão dos coelhinhos (que convenhamos não são tão toleráveis se você não é mais uma criança), e para essas pessoas eu digo apenas uma coisa: dêem uma chance para a série, pois ela verdadeiramente é uma das coisas mais especiais a sair da série e vai capturar o coração de qualquer fã das duas franquias.