Atualmente, os sistemas mobile possuem dois apps para jogar o Pokémon TCG, o Live e o recém-lançado Pocket. Mas ambos não são TCG? Então por que as duas versões?
Bem, a resposta direta para isso é que, embora ambos usem o TCG como base, há propostas distintas entre eles. Neste texto, vamos explicar tudo direitinho para você saber qual pegar de acordo com as suas preferêncais.
Pokémon TCG Live: um velho conhecido
Quando se pensa em videogames baseados em Pokémon TCG, infelizmente não temos nenhum lançamento “premium” para consoles desde os dois jogos de Game Boy. Porém, isso não significa que não foram feitas adaptações: durante 12 anos, tivemos o Pokémon TCG Online no PC, com versões posteriores para mobile.
Infelizmente, devido a sua arquitetura defasada, o jogo foi totalmente descontinuado em 2023 e substituído por Pokémon TCG Live. O Live foi uma forma de substituir o jogo online, permitindo que os jogadores passassem parte do que tinham no jogo anterior para o atual.
O que temos aqui é um título bem focado no aspecto da competição, reproduzindo as regras do TCG de forma fiel. Já na entrada temos um botão para as partidas ranqueadas, deixando muito claro que todos os outros aspectos da experiência são secundários.
Por seguir os moldes exatos dos jogos de mesa, as partidas podem demorar tanto quanto uma demoraria na vida real. Outro potencial defeito é que o título é bastante bugado. Já tive que fechar várias partidas porque a tela simplesmente travava em uma animação e me impedia de continuar.
No aspecto de customização, o jogo conta com várias opções para a criação do seu avatar, embora roupas e outros acessórios precisem ser comprados com o dinheiro in-game. O estilo dos personagens segue uma estética ocidental entre o cartunesco e o realista que é bem medíocre, assim como em Pokémon Go, mas poderia ser pior.
Outro elemento que pode ser positivo é o fato de que as cartas são exatamente os mesmos pacotes que existem de verdade. Para quem coleciona as cartas na vida real, é possível conseguir códigos e resgatá-los no sistema.
Pokémon TCG Pocket: colecionismo e agilidade
TCG Pocket é mais um fruto da colaboração entre a Pokémon Company e a DeNa (Pokémon Masters EX). Em comparação com o Live, o jogo é focado em atrair novatos e pessoas que possam se interessar pelo TCG por outros motivos além do elemento das batalhas.
Assim como o Live, o foco do Pocket já está estampado na entrada do aplicativo: o colecionismo. Nossa tela inicial é uma aba minimalista que mostra em destaque os boosters que podemos abrir. A ideia do jogo é que podemos abrir “2 boosters por dia” ou gastar ampulhetas para liberar mais pacotes.
Como usual desse tipo de “gacha”, inicialmente conseguimos uma boa quantidade desses recursos para conseguir várias cartas, mas o jogo logo reduz os ganhos a níveis bem inferiores. Essa estrutura visa incentivar o jogador a pagar o passe especial.
Além das nossas próprias cartas, podemos ver os pacotes que amigos e desconhecidos abriram e usar pontos especiais para tentar conseguir uma das cartas em um sorteio. Isso pode ser uma ótima chance de conseguir algumas cartas mais raras, especialmente se você tiver amigos muito sortudos.
Com o foco na coleção de cartas, temos algumas funcionalidades únicas desse pacote e que até remetem a jogos casuais como Fashion Dreamer. Estou falando das formas de expor nossas cartas para amigos e estranhos online. Temos aqui a possibilidade de criar fichários e “expositores”.
“Expositores” são focados em mostrar uma única carta da nossa coleção. Em geral, veremos aqui as cartas mais raras e aquelas com estilo “Full Art” (cuja arte cobre toda a extensão da carta em vez de apenas o seu retângulo designado). Mas nada impede um jogador de colocar aquele Pokémon pelo qual tem mais apreço ou qualquer outra carta aleatória que já tenha obtido.
Já os “fichários” são o que o nome indica: uma forma de reunir as suas cartas de forma organizada, como alguns colecionadores fariam no mundo real. O jogador não precisa fazer uso desses sistemas se não quiser, mas é recompensado por curtidas que rendem pontos para gastar na loja e também pode fazer essas interações com as que aparecem na sua lista de “vitrines da comunidade”.
A batalha é a quarta aba do jogo, depois do álbum das cartas e do espaço social (onde também estarão as trocas quando liberadas). Nela, temos tanto batalhas contra a CPU no modo “Solo” quanto contra gente de verdade. No mesmo menu é possível alterar baralhos, facilitando consideravelmente o processo.
O modo Solo cobre todos os tipos disponíveis, exceto dragão, que não tem muitas cartas ainda. É importante destacar que a maioria esmagadora das cartas disponíveis são de Pokémon da primeira geração. Há exceções, como Gardevoir, Zebstrika, Greninja, Lilligant e Centiskorch, mas a primeira coleção do jogo, a linha “Dominação Genética” é bem genwunner, com Charizard, Mewtwo e Pikachu no protagonismo.
No modo contra, é possível fazer partidas aleatórias ou criar um lobby privado para jogar com seus amigos. O aleatório começa muito rapidamente a ponto de eu nunca ter esperado mais do que 10 segundos, indicando que o app está tendo uma boa demanda.
As batalhas no TCG Pocket: um enorme diferencial
Nas disputas do Pokémon TCG Pocket, o verdadeiro chamariz é o fato de que temos aqui uma espécie de duelo ágil. Assim como Yu-Gi-Oh! fez com os Rush Duels, temos aqui uma grande simplificação das batalhas do Pokémon TCG. Nosso deck tem apenas 20 cartas e o banco é de 3 criaturas.
Por conta disso, não temos as mesmas cartas do formato normal, mas uma coleção nova: a Dominação Genética. Há alguns aspectos questionáveis, como o excessivo foco em criaturas e personagens de Kanto, mas as cartas são bem pensadas para o formato mais ágil e contam com sinergias interessantes como o combo “Mewtwo ex + Gardevoir”, em que o primeiro queima energias psíquicas e o segundo fornece mais enquanto está no banco.
No que tange ao combate, não temos energias no baralho. Essa mudança é muito grande e importante de se ter em mente, pois o nosso gerenciamento desse recurso muda completamente. Todo turno, recebemos uma energia nova e podemos alocá-la entre os Pokémon da equipe.
Essa mudança faz com que seja muito mais fácil fazer os baralhos “funcionarem” em vez de ter uma partida perdida “porque não veio energia suficiente”. Junte-se a isso o deck reduzido, que traz uma chance maior da carta desejada aparecer, e o resultado é que vivenciamos duelos muito ágeis e fáceis de aproveitar.
Vale destacar que não existe a mecânica de prêmios do TCG comum aqui, se limitando a pontos para a vitória sem o recebimento de cartas adicionais. Basta derrotar três criaturas do seu oponente para vencer, mas as mais poderosas EX rendem dois pontos, potencialmente agilizando o processo se o jogador der conta de eliminá-las, o que pode ser bem difícil.
Uma oportunidade de entrada e uma nova forma de experimentar o TCG
Com tudo isso dito, a minha opinião pessoal é a de que o Pokémon TCG Pocket é um ótimo espaço novo para quem quer adentrar nesse universo e queria uma experiência mais casual e ágil. O novo formato de combate é ótimo, dinâmico e ajuda os jogadores a ver seus baralhos funcionando e o foco no colecionismo consegue valorizar um outro lado do TCG, que são suas belíssimas cartas.
Ainda é cedo para saber como esse jogo evoluirá, mas fica a expectativa de que haja um ótimo espaço para os jogadores que buscam uma nova experiência f2p com as cartinhas de Pokémon no seu bolso.
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