
Revisão: Davi Dumont Farace
Pokémon, uma das franquias mais famosas do mundo, sempre buscou expandir sua presença no dia a dia de diversas maneiras. Além dos jogos e do anime, que ajudou a transformar Pikachu e seus amigos em icônicos, a franquia também marcou presença em outros produtos como mangás, objetos temáticos e seu próprio Trading Card Game.
Criado em conjunto com os jogos, o TCG de Pokémon se tornou um sucesso desde seu lançamento oficial em 1996. Até hoje ele continua firme e forte com novas cartas sendo lançadas baseadas nos novos títulos e torneios importantes ocorrendo anualmente e reunindo pessoas de diversas partes do mundo, incluindo brasileiros.
Apesar de ser algo de sucesso, o TCG pouco interagiu com a parte videogame da franquia. Tirando o recente Pokémon TCG Pocket, que vem fazendo bastante sucesso nos smartphones ao recriar o card game no mundo virtual, o TCG de Pokémon se manteve afastado dos videogames. No início da série, contudo, a Nintendo, junto com a Hudson chegou a tentar unir os dois universos, desenvolvendo dois jogos baseados nas cartas para os donos do Game Boy Color. O primeiro deles, Pokémon Trading Card Game, está disponível no Nintendo Switch Online e é o destaque deste Retroboy.
O coração das cartas de Pokémon

Lançado em 1998 no Japão e chegando ao ocidente dois anos depois, \Pokémon Trading Card Game trazia o TCG para o Game Boy Color em seu formato original. Nada de regras bizarras, ou mudanças para se adequar a um estilo mais gamístico. Temos aqui o típico joguinho de cartas, só que sem papel e com algumas otimizações para não ficar confuso.
A premissa para os duelos é basicamente o enredo de um jogo normal da série, mas adaptado para o mundo das cartinhas. Controlamos um personagem que deseja se tornar o melhor jogador de TCG de todos, e para completar seu objetivo, ele precisa derrotar os 8 Club Masters, adquirir suas medalhas e então desafiar os 4 Grand Masters. Além do nosso personagem, também temos um rival que segue o mesmo caminho, duelando conosco entre nossas conquistas e até mesmo se tornando o campeão que devemos derrotar ao final do jogo. Bem similar a Red & Blue, não acham?

Até mesmo, ao iniciar o jogo, temos a escolha de um deck inicial baseado nos três iniciais de Kanto. O Dr. Mason nos permite escolher nosso baralho, mas diferente dos jogos principais, é possível adquirir as cartas dos outros dois monstrinhos não escolhidos normalmente durante a jogatina.
De fato, Pokémon Trading Card Game é talvez o spin-off mais próximo de um título principal da série sem envolver os monstrinhos diretamente. Seu visual é similar aos primeiros títulos da franquia e sua premissa é quase idêntica. Fica a curiosidade de como a presença da série nos videogames poderia ter sido diferente se eles decidissem lançar futuros títulos do TCG em contraste com os jogos principais, com ambos evoluindo suas fórmulas ao longo dos anos.
Apesar das limitações do Game Boy Color, o TCG foi muito bem adaptado para a plataforma. Isso talvez se deve à simplicidade do card game, especialmente em seus anos iniciais, onde a maior parte dos efeitos de cartas eram simples e podiam ser resolvidos com um cara e coroa. Isso faz com que Pokémon Trading Card Game seja um excelente simulador dos anos iniciais do card game dos monstrinhos, ajudando os treinadores a aprenderem sobre o formato e até mesmo a experimentar combinações que poderiam ser arriscadas na vida real.
Vamos duelar

O Trading Card de Pokémon adapta as regras e mecânicas da série principal para um formato de cartas de fácil aprendizado e dominío. Evoluções, os tipos elementares, efeitos como paralisa, confusão e sono e até mesmo o número máximo de Pokémon permitidos em batalha foram diretamente adaptados para o formato TCG, com algumas pequenas alterações.
O mais óbvio é em relação aos tipos elementares dos Pokémon. Os 16 tipos da série principal aqui são divididos em sete. Cada tipo do TCG cobre mais de um elemento da série principal, reduzindo assim o número de variáveis que possam existir dentro das opções de montagem de um deck. Essa mudança tem vantagens e desvantagens, pois isso também significou uma simplificação para o sistema de fraquezas e resistências que eram parte fundamental do sistema.
Cartas de Pokémon são divididas em estágios, que vão de base até estágio 2, dependendo do monstrinho. É sempre obrigatório começar pelo estágio básico antes de poder utilizar as formas avançadas. Não há um limite para quantos monstros podem existir em um deck, mas um jogador só pode ter 6 Pokémon “ativos” durante o duelo, um na base e cinco no banco.

Na época do lançamento de Pokémon Trading Card Game, existiam apenas 151 Pokémon. Todos estão representados aqui, com todas as cartas do jogo sendo baseadas nas três primeiras expansões do TCG: Base Set, Jungle e Fossil. Com exceção de duas cartas, Base Set Electrode e Fossil Ditto, cujo efeitos eram confusos demais para serem adaptados para o videogame. Cartas exclusivas baseadas neles e em outros monstrinhos marcam presença, fazendo-as serem exclusivas deste jogo.
Cada Pokémon possui seus próprios ataques que requerem o uso de energia. As cartas energias são baseadas nos tipos e podem ser equipadas uma vez por turno. Com exceção da Colorless, que representa o tipo normal, cada energia fornece apenas um tipo específico de energia. Por exemplo, um ataque de fogo requer energias de fogo, mas um que era considerado normal na série principal aqui pode utilizar qualquer tipo de energia.
Por fim, as últimas cartas a serem comentadas, são os Treinadores. Essas são como as magias em Yu-Gi-Oh, permitindo que utilizemos efeitos para nos beneficiar ou atrapalhar os adversários. Os Treinadores foram as cartas que mais sofreram mudanças ao longo dos anos dentro do TCG. No início, elas podiam ser usadas sem limites por turno, mas eventualmente o jogo evoluiu e as dividiu em subtipos que visavam mudar a forma como os jogadores a utilizavam.

As regras do jogo são bem simples. Cada jogador possui um deck de 60 cartas e no início da partida compram sete, colocando em jogo qualquer Pokémon Básico que encontrarem em sua mão. Caso nessas sete cartas não haja Pokémon básicos, embaralham a mão no deck e compram novamente. Após colocarem os Pokémon na mesa, as seis primeiras cartas do deck são separadas e colocadas como prêmios.
Um cara e coroa decide a ordem e ambos os jogadores alternam turnos adicionando energias a seus monstrinhos, usando Treinadores ou simplesmente trazendo novos Pokémon ao campo. Quando um monstrinho é nocauteado, o jogador pega um prêmio. Vence aquele que pegar todos os seus prêmios ou caso o oponente não tenha mais cartas para puxar do deck.
Os duelos são bem diretos com as únicas interrupções sendo a resolução dos efeitos de ataques e habilidades. Um dos maiores problemas com este formato do TCG de Pokémon é o alto número de efeitos que necessitam ser resolvidos com cara e coroa. Parece que quase tudo que você faz aqui requer uma jogada de moeda, especialmente ataques de Pokémon com quase todos os monstrinhos tendo uma opção desse tipo.
Vitórias sobre os oponentes recompensam os jogadores com pacotes de cartas. Esses pacotes não são baseados no formato real da época, mas possuem todas as cartas da vida real. Essa é a única forma de se adquirir novas cartas para o deck, podendo enfrentar os oponentes quantas vezes quiser em busca de grindar certos pacotes.
Os altos e baixos de um TCG virtual

Pokémon Trading Card Game é a melhor representação virtual do início do TCG de Pokémon. O jogo recria perfeitamente o formato de sua época, em suas regras e cartas, o que significa que baralhos famosos como o Haymaker mantém sua efetividade nos duelos contra a CPU. É bem legal ver um jogo de 1998 permitindo uma recriação tão perfeita do card game sem ter que inventar regras malucas para compensar algo.
Por outro lado, a transição para o virtual trouxe alguns problemas especialmente em relação a premissa do título. Como a maior parte dos duelos são contra treinadores que focam em um tipo específico e o número de cartas é bem limitado, temos alguns decks bem esquisitos que não condizem em nada com o que é esperado. Club Masters de um específico elemento usando baralhos com muitos monstros normais, ou então certos NPC’s usando um único monstrinho e suas variantes.
A própria inteligência artificial também não é lá grande coisa. Em alguns momentos os oponentes fazem decisões que podem prejudicá-los em turnos subsequentes, ou então decidem ignorar precaução e partir para o tudo ou nada. O RNG em si é bem ruim, sendo ele fixo e não sendo afetado por opções como o Remind do NSO. É comum você perder partidas bem no início porque puxou uma mão ruim e o RNG não lhe ajuda a conseguir algo melhor.
Tirando isso, ele ainda é um produto bem divertido de sua época e novamente chama a atenção pela recriação do card game no mundo virtual. O título foi lançado para o Game Boy Color, uma plataforma que não era tão poderosa, e podia até mesmo ser utilizado no Game Boy original (algo que a versão de Switch em si não permite). Sem contar as opções adicionais de multiplayer com amigos e até um Card Pop, que utiliza o Infravermelho do Color para recompensar os jogadores com cartas especiais.
O spin-off com potencial

Pokémon Trading Card Game é um excelente spin-off dos monstrinhos de bolso. O título recebeu uma sequência que ficou exclusiva no Japão, mas poderia ter tido algo a mais. O sucesso de Yu-Gi-Oh e outros jogos de cartas virtuais no GBA provou que havia espaço na plataforma e é uma pena que a Pokémon Company e a Nintendo não aproveitaram a oportunidade para expandir a popularidade do TCG para o mundo virtual.
Seja como for, caso você tenha uma assinatura do NSO, Pokémon Trading Card Game é uma ótima pedida. Não apenas ele é divertido e uma ótima recriação do formato original do TCG, também serve como uma ótima opção de jogo com Pikachu e sua turma em um serviço que já deveria ter recebido os games mais famosos da família Game Boy.
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