
Desenvolvedora: Space Colony Studios
Publicadora: Astrolabe Games
Gênero: Adventure, Point-and-Click
Data de lançamento: 20 de Fevereiro de 2025
Preço: R$ 59,99
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Astrolabe Games.
Revisão: Paulo Cézar
Dentre vários jogos, muitos são apaixonados por Visual Novels e Aventuras Textuais, dentre estes, desenvolvedores fora da bolha japonesa – apesar de ser um gênero completamente oriental. “Stories From Sol: The Gun-Dog’, o jogo da vez o qual iremos analisar, se encaixa como um dos gênero feito por ocidentais, o que poderia sair disto? É o que vamos analisar neste artigo.
Bem vindo ao Gun-Dog
O jogo inicia introduzindo-nos ao passado de nosso personagem principal, o qual não possui um nome scriptado pela história, ficando à escolha do jogador. Enquanto seus amigos vão direto de encontro para com a morte, nosso protagonista é salvo pelo fato de seu robô ao melhor modo Mobile Suit Gundam de ser sofrer de uma falha técnica, o que causa uma trauma em nosso protagonista.
Anos após o fim da guerra, nosso personagem é transferido para o Gun-Dog, uma espaçonave em missão de reconhecimento e vigia, a qual está de olhos em alguns sinais estranhos que vem ocorrendo. A partir daí a aventura do game começa e este ADV se desenrola ao longo do tempo, com uma trama cheia de reviravoltas em meio ao elenco da espaçonave.
O jogo visa bastante tirar o jogador de sua zona de conforto ao longo da narrativa, algo que iremos elaborar melhor no decorrer da review. Além disto, apesar de haver alguns elementos de mistério na narrativa, não é nada que fuja muito da questão principal que é homenagear arquétipos de anime(com um toque um pouco ocidental), algo que é recorrente no game, estando em seu núcleo de fato.
Vamos elaborar melhor isto, agora, falando do belíssimo aspecto visual deste título, o qual consegue se encaixar em diversas paletas de cores com sua versátil pixel art.
Estética dos jogos de PC-98 e inspirado em animes Sci-fi dos anos 80s
Antes de qualquer coisa, vamos falar de um aspecto presente no núcleo do game: Sua clara inspiração aos jogos do PC-98 e estética anime de décadas atrás, que por sinal, é muito charmosa!
Assim como os devs dizem no site oficial, Stories From Sol: The Gun-Dog se inspira demais em animes ficção cientifica dos anos 80. Ele faz isso muito bem, principalmente ao reviver traços de animes do período, ainda mais ao compararmos com a leva de obras modernas de shounens de ação e outros gêneros que se popularizam atualmente, apesar de vivermos um boom do animes como um fenômeno mundial nos tempos conteporâneos.

Sem ter como explicar totalmente, este traço retrô típico da época do PC-98 está muito presente, sendo um aspecto que se destaca na questão visual do jogo, principalmente com o tamanho desta bela pixel art, que torna o jogo visualmente muito interessante, aspecto o qual se faz essencial para o gênero escolhido, já que toda a questão de gameplay e exploração do jogo envolve a questão visual de fato.
As cenas de ação conseguem se destacar ainda mais com tamanhas animações incríveis, sem contar o aspecto mais interessante disto: O jogo possui paletas de cores diferentes para os cenários e personagens como opções para o jogador se deleitar a seu bel-prazer, tanto paletas muito similares ao primeiro Game Boy, como também pixel art coloridas assim como em jogos do SNES e Game Boy Advance. Ressalto o fato de como nas versões coloridas o game consegue passar a vibe de animes dos anos 80 por meio de seu elenco, algo que não consegue ser tão evidente em sua paleta esverdeada.

O grande ponto é que, visualmente, o jogo consegue ser acima da média e genuinamente chamar atenção, sendo de longe o ponto mais interessante, o qual, apesar de outros aspectos os quais achei fracos, acredito que este possa ser no mínimo um bom chamariz para atrair fãs deste gênero, no caso, seu público alvo de fato.
Em meio à visões dos deuses, há os sons do inferno…
Do luxo ao lixo, da água ao vinho, é literalmente como posso definir a troca de tópicos a o paradoxo que é a disparidade entre a qualidade da trilha sonora e o aspecto gráfico de Stories From Sol The Gun-Dog.
Como disse anteriormente, o jogo brilha muito artisticamente com uma pixel art tão bem trabalhada, boas animações, diferentes opções de estéticas para experienciar a mesma ideia. Uma história sci-fi de anime dos anos 80, com um traço tão bonito, realmente algo a se apreciar, onde, mesmo sem toda a certeza do mundo, porém, com uma gigante dose da mesma, afirmo com viés pessoal que o aspecto gráfico do game é tão bonito que o adjetivo charmoso se torna apelido, de tão bem executado. Acredito que alguma palavra para se elogiar como algo extremamente incrível se encaixe, embora eu não saiba qual utilizar para uma pixel art tão acima da média assim no que se propõe a fazer.
No entanto, se sua visão consegue ser de anjos passeando no céu, seus ouvidos não irão ouvir uma boa melodia neste jogo, devido à falta de cuidado com a trilha sonora, além de algo que, em minha opinião, não foi uma boa escolha para a questão de um game que lhe fará executar ações similares por uma boa quantidade de horas. As músicas são sim pensadas como um game retrô, porém: suas tonalidades são constantemente irritantes, não se tornando uma das várias trilhas sonoras agradáveis que temos de tempos remotos de games antigos; não necessariamente me refiro apenas à franquias renomadas, mas sim, também a qualquer jogo antigo ao qual este se inspira, o qual conseguiu criar uma trilha sonora, não necessariamente memorável como títulos muito aclamados, mas no mínimo suficientemente agradável.

No início, seu arranjos não são de fato um problema, porém, o fato da mesma não ter algumas variações ou uma variedade durante o tempo em que se gasta na nave Gun-Dog (Maioria do tempo), a mesma consegue tornar sua experiência maçante de tão irritante que consegue ser após sua repetição por muitas horas, estragando um pouco sua diversão como um todo. Acredito que tal problema seria contornado criando pequenas variações e trabalhando melhor na trilha, sem a necessidade de alterações muito drásticas.
Apenas o fato de que muitas vezes a mesma não combina exatamente com o clima atual da história, já que, a mesma costuma tocar em momentos cotidianos como executar uma patrulha pela espaçonave ou os próprios afazeres da história, mudando apenas em cutscenes mais impactantes de fato. O ponto é que resolver os puzzles à longo prazo é extremamente irritante com tamanha monotonia e acredito que muitas vezes a mesma consegue contrastar tanto com a beleza visual do game, que apaga um pouco o aspecto mais brilhando de Stories from Sol The Gun-Dog. Tenho para mim que esta questão se torna muito mais evidente neste gênero de jogo do que em outro de fato.
Uma narrativa bem arritmada
Apesar do contraste dos dois aspectos citados anteriormente, um muito bom e outro abaixo do esperado, Stories from Sol The Gun-Dog funciona muito bem como narrativa, apesar de certos momentos falharem nisso… Pelo menos no arco inicial, o game já consegue tirar a narrativa da zona de conforto e dar fortes indícios para o jogador do que esperar, teorizar enquanto joga, o que é genuinamente interessante.
Há algumas questões entre pontos chaves da história que soam um pouco como enrolação para mim, apesar de não serem o pior a se esperar do game de fato. O ponto é: Em meio à grandes pontos de virada em certos momentos, há algumas questões a serem resolvidas tornando a experiência um pouco maçante, apesar da narrativa do game ser bem feita no geral.
O elenco da espaçonave consegue no mínimo se destacar por ter características que os tornam únicos, o que faz um bom elenco de anime de fato. Nem todos os personagens exalam carisma porém, uma em especial rouba a cena desde o começo: Cassie, a qual consegue ser facilmente gostável, além de personagens conseguirem ser facilmente detestáveis de propósito também, o que sim, no mínimo, significa que os responsáveis pala narrativa conseguiram acertar no tom dos personagens de fato.

Além disto, o fato de um deles seguir um arquétipo conseguiu capturar minha atenção inicialmente. Não houve muitos momentos tão desagradáveis assim no quesito ritmo, apenas certos momentos que levavam aos momentos chave um pouco maçantes talvez.
O ponto é que, apesar de imperfeita e longe de ser das mais memoráveis, só o fato de uma personagem como Cassie me conquistar com carisma facilmente no início do game, e me envolver com pelo menos parte do elenco, já considero um ótimo feito, já que história é um pedaço muito essencial desde gênero, muito mais do que em vários outros de fato.
Um jogo que eu recomendaria a quem?
Dentre altos e baixos, Stories From Sol: The Gun-Dog entrega uma aventura que, apesar de acertada, consegue se tornar uma experiência maçante em certos momentos, onde, ironicamente, não é por causa de sua narrativa, a qual considero boa, apesar de tudo. Sua pixel art linda com tamanhas paletas de cores possíveis é um ótimo chamariz para o jogo, sendo de longe um aspecto que se destaca de fato.
Em meio à alguns defeitos citados anteriormente, considero uma narrativa interessante com um bom ritmo, apesar de que este “bom” não se aplica com tamanha perfeição, um encaixe que passa longe de ser perfeito. Sua trilha sonora foi um aspecto que precisava de maior atenção, se tornando algo que consegue ofuscar a longo prazo as partes em que o título mais acerta, criando uma necessidade de esforço do jogador, algo meio desnecessário.
Agora, e ai, eu recomendaria este título a quem? Eu teria certeza total em relação a isto? A questão que digo é depende, principalmente em algumas questões as quais quero elaborar honestamente neste final. A primeira é que, apesar de não ter sentido um título que beira o incrível aqui, há aspectos dele muito bem executados, então, apesar de certas coisas que disse não gostar acima, acredito que o público-alvo do gênero possa genuinamente se divertir com seu tempo em Gun-Dog, assim como me diverti na maioria do mesmo.
Agora, a questão que acho necessário ser honesto sobre o que escrevi aqui, é o fato de que não tenho tamanha experiência com o gênero para poder atestar sua qualidade em relação à outros do mesmo, já que joguei poucos do mesmo(incluindo este). Sinto que é necessário atestar isso devido ao fato de que sinto que, caso alguém leia uma review de um jogo ao pensar em gastar seu precioso dinheiro com o mesmo, geralmente a pessoa procura ter uma visão de alguém com um gosto parecido, afinal, a opinião de de um reviewer que não consegue achar prazer em um JRPG como muito acontece realmente vai afetar alguém que gosta de títulos deste gênero?
O que quero dizer é que: Sim, gostei de Gun-Dog, acho uma aventura competente em diversos aspectos – embora ofuscada por defeitos gritantes – porém, o que reclamei aqui pode não ser um problema para quem jogou muito mais títulos deste gênero do que eu, então: Caso se interesse, pondere o que disse, aqui, tenha em mente que possui de fato meu viés pessoal e filtre muito bem o que foi escrito, para então decidir.
Com isto em mente, finalizo esta viagem espacial no Gun-Dog, na galáxia Nintendoboy, para então voltar à vida real, e retornar aqui quando necessário, para outras reviews, nesta mesma galáxia…
Pros:
- Direção artística incrível, apresenta uma pixel art de alta qualidade;
- Narrativa bem arritimada, com pequenas ressalvas;
- Estética anime 1980 bem implementada.
Contras:
- Momentos maçantes na história;
- Trilha sonora irritante.
Nota
7