
Desenvolvedora:
Publicadora:
Lançamento:
Preço:
Formato:
Gênero:
Plataformas:
Sting
Idea Factory International
29 de julho, 2025
R$ 279,99
Físico/Digital
Dungeon Crawler| Roguelike
Nintendo Switch, PlayStation 5, PlayStation 4
Desenvolvedora: Sting
Publicadora: Idea Factory International
Gênero: RPG Dungeon Crawler | Roguelike
Data de lançamento: 29 de julho, 2025
Preço: R$ 279,99
Formato: Físico/Digital
Plataformas: Nintendo Switch, PlayStation 5, PlayStation 4
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Idea Factory International.
Revisão: Manuela Feitosa
É sempre uma surpresa quando uma série de jogos bastante antiga é revivida ou recebe uma nova sequência no ponto em que acreditávamos já não ter mais lenha pra queimar. No entanto, existe sempre o risco de uma decisão errada arrastá-lo de volta para o breu do fundo da gaveta. MADO MONOGATARI exemplifica perfeitamente o que quero dizer.
A série de RPGs Wizardry-like não teve a sorte de se destacar em seu nicho, mesmo subvertendo seu estilo de gameplay não uma, nem duas, mas três vezes ao longo de sua história. Contudo, sua obsolencia curiosiosmente não veio através dos fortes rivais noventistas como Shin Megami Tensei ou qualquer outro RPG Dungeon Crawler que lhe venha à mente, mas sim no seu “Calcanhar de Aquiles”: as bolinhas coloridas chamadas “Puyos.”
É neste momento que muito provavelmente um grande ponto de interrogação surge em cima da sua cabeça ao pensar no que a “franquia de puzzles da SEGA” tem a ver com isso. E eu te respondo: tem tudo a ver! Mas antes de prosseguirmos para MADO MONOGATARI: Fia and the Wondrous Academy, que, pasmem, é o cerne deste texto, um pouco de história é requerido para nos situar em relação aos Puyos, que também marcam presença nesta entrada.
Por que diabos há Puyos aqui?
A maior parte dos jogadores conhecem os Puyos graças aos seus títulos de quebra-cabeça com visuais divertidos, contudo, a verdade é que essas criaturinhas fofas, assim como muitos personagens de sua série, são na verdade personagens originais de MADO MONOGATARI, ou melhor dizendo, personagens da antiga versão da franquia.

MADO MONOGATARI é uma franquia iniciada em 1989 pela finada Compile e segue o estilo de RPG Dungeon Crawler, indo do que se inspirou em Wizardry com a exploração e combate em turnos em primeira pessoa até o estilo dos jogos Mystery Dungeon. Tendo seus jogos lançados exclusivamente no Japão, os primeiros títulos da de MADO MONOGATARI seguiam as aventuras de Arle Nadja, uma jovem maga prodígio.
O primeiro jogo lançado para o MSX2 começa com Arle explorando uma torre em busca de adquirir esferas mágicas para se formar no jardim de infância, enquanto as entradas subsequentes seguem a protagonista, agora com 16 anos, em aventuras onde ela conhece muitos outros personagens que marcam presença em Puyo Puyo, como Schezo e Satan.

Os jogos da franquia criados pela Compile apesar da estrutura bastante familiar possuíam uma jogabilidade única, onde não existiam status visíveis, com as reações de Arle, bem animadas na tela, indicando suas condições e status, incluindo HP e nível de magia. Além disso, eles utilizavam bastante dublagem, que era algo bem raro para a época. Por fim, a trilogia original também possuía algumas diferenças dependendo da plataforma, com a versão de PC-9801 sendo a mais conhecida por conter visuais mais grotescos, incluindo uma icônica cena de Arle decapitando Schezo e precisando matar sua cabeça.

Apesar de receber lançamentos contínuos, MADO MONOGATARI nunca foi um grande sucesso para a Compile. Contudo, em 1991, a desenvolvedora criou o primeiro Puyo Puyo, como um spin-off da franquia usando personagens da série e bastante humor. Ele foi um grande sucesso e além de receber sequências, Puyo Puyo também recebeu atenção de outras empresas, como a SEGA, que chegaram a alugar a IP e criar jogos. O sucesso subiu à cabeça da Compile, que decidiu fazer uma rápida expansão, abrindo novos escritórios e aumentando sua força de trabalho.
Infelizmente, outras IPs da desenvolvedora, incluindo MADO MONOGATARI, nunca venderam bem e a desenvolvedora fechou as portas no início dos anos 2000 após lançar seu último MADO MONOGATARI para o SEGA Saturn onde apostou em mudar sua estrutura de jogo para terceira pessoa pela primeira vez. Como uma tentativa de se salvar, a Compile vendeu a IP de Puyo Puyo para a SEGA, mas mesmo isso não foi o bastante. Eventualmente ex-funcionários criaram a Compile Heart, a desenvolvedora de Neptunia, e conseguiram readquirir a IP de MADO MONOGATARI, que estava com a D4.
MADO MONOGATARI: Fia and the Wondrous Academy é mais uma tentativa de reerguer uma franquia fracassada, sendo ele produzido pela Compile Heart em colaboração com a Sting, a SEGA e a D4, por isso alguns personagens de Puyo Puyo marcam presença neste título. Agora, se a contextualização da série MADO MONOGATARI foi minimamente interessante para você, infelizmente não posso dizer o mesmo para o que está por vir.
Antes que esqueça, isto é uma review de “Fia and the Wondrous Academy”
Animes de fantasia com o tema “Escola de Magia” são divertidos pois exploram diversidade de personagens dos mais diversos arquétipos em um ambiente afável, explorando elementos de comédia, slice of life e até mesmo ação. Como se espera deste subgênero, normalmente acompanhamos um protagonista sem talento e que só causa problemas aos outros, constantemente na mira de professores rabugentos. Você deve se lembrar de Little Witch Academia por meio desta descrição, certo? Fia and the Wondrous Academy segue a mesma linha para construir seu roteiro.

Carregando um velho Grimorio e um Carbuncle — seu pet glutão irritante e idiota —, Fia sai de sua cidade natal para se matricular na Ancient Magic Academy a fim de estudar sobre as “Magic Artes” na esperança de se tornar uma “Great Mage”. Ser lembrada por tocar o caos na cerimônia de abertura é o menor dos problemas da garota, já que sua falta de aptidão para magia e dificuldades com os estudos faz dela alvo fácil da rígida vice-diretora que constantemente a ameaça de expulsão — eu juro que não estou falando de Little Witch Academia.
Começando como Aprendiz, Fia deve aprimorar seu Grimorio concluindo Assignments, que vão de sessões de estudo, atividades extracurriculares, provas teóricas e provas práticas em que os alunos formam grupo para explorar dungeons perigosas. Nada se leva tão a sério aqui no entanto. O jogo é muito bem-humarado do início ao fim, porém, ele é mais puxado para um “soft comedy” do que o humor pastelão escrachado com selo Disgaea de qualidade, apostando na vibe de animes de slice of life açucarado de Escola de Magia.

Desprovido de qualquer aprofundamento no que diz respeito à lore, o design narrativo de Fia and the Wondrous Academy é simples e por que não bobo? Eu diria que a narrativa do jogo é sustentada pelo cast e as piadas repletas de clichês que os permeiam. Na verdade, eu diria que me diverti mais com as interações de Fia com seus colegas de classe do que com a história em si, embora eu não ache que a mesma seja algum crime inafiançável.

Mas apesar de eu achar o elenco divertido, sinto que parte da alma deste jogo se perdeu devido a barreira do baixo orçamento, que limitou suas expressões e trouxe defeitos técnicos inconvenientes como transições mal encaixadas e a falta de sincronia entre a caixa de texto e a ação dos modelos 3D in-game. Felizmente, as artes desenhadas e os modelos Live 2D nas sessões de diálogos são muito bem feitos, não deixaram faltar neste aspecto.

Era melhor ter voltado às raízes
Por ser um Dungeon RPG, o andar da carruagem sempre nos levará a subir alguns andares das dungeons do jogo, que são geradas aleatoriamente e seguem o estilo de combate de ação com exploração contida, como andar por corredores estreitos, enquanto fugimos de monstros à espreita e evitamos armadilhas. Novamente, isto entra de acordo com o que eu disse de MADO MONOGATARI se renovar mas ainda estar dentro do conceito de Dungeon Crawler.

Mas vamos combinar: olhando para Sorcery Saga: Curse of the Great Curry God, o último jogo da série lançado em 2013, eu fiquei boquiaerto e até mesmo frustrado com tamanho capricho visual para um jogo de escopo portátil, diferentemente de Fia and the Wondrous Academy cujo assets dos cenários parecem preguiçosos até quando você vê alguma intenção de capricho em algum lugar dele. O quão apertado a Sting estava para trazer algo tão sem vida e low effort em pleno 2025 para consoles que poderiam entregar muito mais? Isto por acaso foi algum esquema de lavagem de dinheiro? Francamente…

Olha, não sou o tipo de pessoa que tem dificuldade de engolir jogos low budget cheio de limitações técnicas — jogá-los é o que mais fiz na minha vida como um jogador ávido de consoles portáteis. Mas não jogo procurando por mediocridades, e sim porque sei que há mais o que eles possam entregar pra compensar a falta de orçamento. Fia and the Wondrous Academy, no entanto, me decepcionou. Os cenários são pouco inspirados, os modelos dos personagens pobres e inconsistentes, e a história é pífia, embora seja o que mais me agradou.

Eu poderia facilmente tolerar tais defeitos se a gameplay do jogo suprisse o resto, afinal, o legal de um Dungeon Crawlers está em quão profundo em mecânicas e desafiador ele é, mas nem isso ele conseguiu. Simplesmente nada é engajante em termos de gameplay: a exploração é monótona, o design de dungeons é pouco variado, até mesmo submecânicas como cultivar, cozinhar e pescar carecem de aprofundamento. “E o combate, pelo menos dá gosto?” Definitivamente não!
Trabalho em grupo é sempre um estresse
Não vou dizer que o combate é ruim, ele até tinha potencial para entregar algo divertido mas é subdesenvolvido demais. Como eu disse anteriormente, ele é mais voltado pra ação se comparado aos clássicos de MADO MONOGATARI, mas também é bastante distinto do Curse of the Great Curry God, que mesmo sendo moldado para a ação, é bem mais o estilo de Pokémon Mystery Dungeon.

Neste caso, se eu puder comparar Fia and the Wondrous Academy eu diria que ele é inspirado no Lord of Magna: Maiden Heaven, da Marvelous, em que devemos mirar nossas golpes de forma estratégica para derrubar os inimigos enquanto aplicamos fraqueza elemental neles como um sistema de pedra-papel-tesoura. A diferença no entanto está em que a ação do personagem e dos inimigos dependem de timeline na tela que dá a vez do ataque ao chegar no fim da régua.

Como eu disse, não é desinteressante, só é subdesenvolvido, e o motivo disso está na falta de aprofundamento deste sistema. Por padrão, Fia estará com uma mira fixa no inimigo após a primeira ação, mas ao tirá-la, o controle independente da mira torna-se desengolaçado e impreciso, por isso, você quase não acertará uma Magic Arte desta forma. Outro problema é o fato que não é possível alternar entre os personagens da party ou mudar manualmente controle de Fia para outro membro da party. Você só controla Fia enquanto a CPU os demais, a única autonomia que o jogo te dá é de escolher se a IA focará em ataque ou suporte.
Sinto muito Fia, mas você foi reprovada

Um orçamento limitadíssimo e ideias mal aplicadas fez com que MADO MONOGATARI: Fia and the Wondrous Academy fosse um retorno desperdiçado a uma franquia que merecia ser cultuada e próspera, e não viver às sombras de um puzzle game. Não há profundidade narrativa, não tem mecânicas interessantes, não é sufocadamente desafiador como se espera do gênero, e ainda consegue fazer de Sorcery Saga: Curse of the Great Curry God um jogo mais atual que este em termos de jogabilidade e beleza visual/gráfica.
Está já é terceira tentativa de reerguer MADO MONOGATARI, algo que muitas IPs que um dia foram muito amadas não tiveram a mesma oportunidade. Mesmo assim, sinto que após esta entrada a série tem altas chances de ser novamente congelada, o que é muito triste. Dói dizer, mas eu sou incapaz de recomendar Fia and the Wondrous Academy para algum fã de MADO MONOGATARI ou para jogadores de DRPGs, vocês certamente não encontrão quase nada de valor neste jogo.
Pros:
- Cast de personagens divertido com uma história bem humorada;
- Ilustrações muito bem feitas.
Contras:
- Design de dungeons monótono e sem criatividade;
- Mecânicas de jogo nada engajantes;
- Limitações técnicas atrapalham em muito o timing cômico e momentos mais dramáticos;
- Cenários pouco inspirados;
- Sistema de combate subutilizado.
Nota
5,5
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