
Desenvolvedora: TearyHand Studio
Publicadora: Kodansha
Gênero: Aventura point-and-click | Resolução de enigmas
Data de lançamento: 24 de julho, 2025
Preço: R$ 16,99
Formato: Digital
Plataformas: Nintendo Switch, PC
Desenvolvedora:
Publicadora:
Lançamento:
Preço:
Formato:
Gênero:
Plataformas:
TearyHand Studio
Kodansha
24 de julho, 2025
R$ 16,99
Digital
Aventura point-and-click | Resolução de enigmas
Nintendo Switch, PC
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Kodansha Creators’ Lab.
Revisão: Ivanir Ignacchitti
and Roger é uma novel interativa emocionante lançada no Nintendo Switch e PC em julho e desenvolvida pela TearyHand Studio, que foca em jogos com puzzles dinâmicos e histórias tocantes. O jogo coloca o jogador na situação de uma protagonista que se encontra, em muitos momentos, confusa e sem saber o que fazer em narrativas desconfortáveis. As coisas não parecem fazer muito sentido e nos pegamos tentando desvendar o que está acontecendo em uma experiência intensa e que nos convida a juntar as peças do que cada coisa significa, despertando curiosidade até pelo título. Afinal de contas, quem é Roger?
Para esta review, eu vou tentar da melhor maneira possível ser concisa por mais que o jogo seja curto, por acreditar que a melhor maneira de viver essa experiência é saber o menos possível sobre ela. É um jogo que pode ser zerado em uma hora, mas eu recomendo que os jogadores levem o seu tempo para perceber o porquê do jogo não comunicar diretamente com quem está jogando o que está acontecendo ou comandar com clareza nas ações o que deve ser feito.
Um caminho torturante

O primeiro capítulo se inicia com nossa protagonista, sem nome ainda, acordando aparentemente confusa e atrasada. Se perguntando por que o pai dela não a acordou e reclamando que vai chegar atrasada na escola, ela se depara com um homem no sofá que não é o pai dela e sim um completo estranho. Sua confusão e medo instantaneamente são passadas para o jogador, que, por meio da gameplay, precisa protegê-la desse homem e fazer com que ela consiga ligar pra polícia ou fugir dali o mais rápido possível.
Dividido em três atos, o jogo começa quase que como uma experiência de terror devido à atmosfera assustadora e misteriosa que recebemos logo de início, mas, ao longo da história, a narrativa se torna mais complexa, mostrando que não só nem tudo é como parece, mas que o que temos aqui é algo que puxa muito mais pro melancólico e sentimental do que pro terror em si. No decorrer da gameplay, descobrimos a identidade do homem misterioso (spoiler: é o Roger do título) e aprendemos que ele na verdade é uma pessoa muito importante na vida da protagonista, conectando as informações aos poucos para que a gente possa entender o que está acontecendo e o motivo de tanta confusão e esquecimento.

Algo que começa com elementos de terror acaba se tornando um mix de tristeza e catarse, fazendo um ótimo trabalho em colocar o jogador nos pés de uma pessoa que está passando por uma experiência bastante específica, porém, infelizmente, muito comum. Entretanto, é importante ressaltar que por mais que esse jogo aborde um tópico sensível e traga sentimentos tristes em sua maioria, também há momentos que aquecem o coração e mostram que, no final, a lição que o jogo tenta passar é de que o amor prevalece acima de qualquer dificuldade. É tipo receber um abraço quentinho depois de ter levado um soco na cara.
O que também pode ser percebido através da história desse jogo é que o sentimento de confusão que ele passa é completamente intencional por parte do desenvolvedor pra gerar desconforto em quem for jogá-lo e fazer com que haja uma enorme frustração das coisas não funcionarem da forma que deveriam, o que destaca a gameplay desse jogo como algo que é fundamental para que esse conflito mental aconteça.
É mais do que só apertar botões

A mecânica desse jogo, apesar de aparentar ser relativamente muito simples — afinal de contas, apertar botões e arrastá-los para lugares específicos através de um cursor não é algo que requer muita habilidade cognitiva — consegue surpreender, pois, em cada ação necessária, essa simples dinâmica consegue sempre ser diferente e inovadora. Em alguns momentos, precisamos memorizar a ordem correta para apertar os botões e fazer o jogo prosseguir, enquanto, em outros, precisamos usar os botões para voltar no tempo e encontrar o ângulo de câmera certo para avançar a cena.
Um aspecto sobre a gameplay que é importante de se apontar é que é perceptível que ele foi projetado para ser jogado com um mouse, o que tornaria o modo mouse do Switch 2 uma ótima ferramenta para ser usada, mas que não foi aproveitado. Nada que influencie tão negativamente a experiência, mas isso torna a gameplay com analógicos algo levemente mais complicado do que deveria ser.

Mesmo dependendo apenas de botões sendo arrastados e apertados, em nenhum momento o jogo torna-se repetitivo com suas dinâmicas. Ações como tentar abrir a porta para sair de casa, cozinhar, aspirar o chão e até engajar em uma conversa são realizadas de maneiras desnorteantes intencionalmente.
O jogo nunca vai te direcionar com facilidade ao que deve ser feito para prosseguir, o que torna muito satisfatório conseguirmos descobrir por conta própria o que fazer, ao mesmo tempo que isso gera um sentimento de tristeza e desconforto quando percebemos o porquê daquela confusão existir nas resoluções. Em muitos momentos me peguei pensando “ah, agora faz sentido por que essa parte foi tão confusa de resolver”.
Em muitos momentos, essas mecânicas me lembraram do jogo Florence, que compartilha similaridades com and Roger não só na gameplay minimalista, mas também no estilo de arte deslumbrante e trilha sonora emotiva.
Olha essa geometria

A arte desse jogo apresenta um estilo simples — porém lindo e adorável — que remete a algo que foi desenhado à mão, transmitindo visualmente muito bem as emoções da protagonista. Pessoalmente, eu amo quando jogos trazem uma arte mais minimalista e com traços 2D onde dá para notar o esforço do desenvolvedor ao desenhar cada cenário.
A trilha sonora varia de músicas com tom melancólico, calmas e românticas a instantes onde os destaques são estática, barulhos altos e sons intensos, evidenciando o que precisa ser feito nesses momentos para que o avanço da história ocorra. Em geral, são músicas que acompanham bem a temática do jogo e usadas adequadamente em todos os momentos.
Porém, o maior destaque aqui vai ser para como o desenvolvedor evidenciou o uso de cores pra mudar o tom da história. A paleta de cores da arte do jogo varia ao longo dos capítulos, começando com tons bem mais escuros, sendo utilizado bastante preto e cobalto, e progredindo então para cores mais claras e vívidas, com uma abundância de tons amarelos e azuis pastéis nos momentos felizes e comoventes da história.
Acima de tudo, o amor

Apesar de ter apenas uma hora de duração, and Roger não precisa mais do que isso pra prender o jogador e fazer com que ele entenda o argumento narrativo da história. O jeito como isso é apresentado e como se usa tanto da gameplay como do estilo de arte pra representar o que a protagonista está passando não é nada menos do que genial.
O jogo nos desafia com mecânicas que não funcionam da forma que deveriam, e isso tudo dá muito certo por conta da maneira única que as interações acontecem e da resolução final do jogo. É um exemplo perfeito que mostra que por mais curto e simples que um jogo seja, é possível despertar sentimentos reais e intensos — nem sempre bons e felizes, mas por muitas vezes necessários de serem sentidos.
Prós:
- Mecânica do jogo é bastante criativa e adiciona à história;
- Estilo de arte único e lindo;
- História forte e emocional contada com delicadeza.
Contras:
- A jogabilidade simples e minimalista do jogo pode ser decepcionante para alguns;
- É um jogo que funciona melhor com mouse e não usufrui dessas funções no Switch 2.
Nota
8,5
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