Desenvolvedora:
Publicadora:
lançamento:
Preço:
Formato:
Gênero:
Plataformas:
Button Factory
CobraTekku Games
07 de agosto, 2025
R$ 159,99
Digital
RPG baseado em turnos | inspirado em retrô
Nintendo Switch, PC
Desenvolvedora: Button Factory Games
Publicadora: CobraTekku Games
Gênero: RPG baseado em turnos | inspirado em retrô
Data de lançamento: 07 de agosto, 2025
Preço: R$ 159,99
Formato: Digital
Plataformas: Nintendo Switch, PC
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela CobraTekku Games.
Revisão: Davi Sousa
A comédia se dá em muitos níveis. O principal elemento que provoca o riso é o contraste: o exagero no drama, a sátira de temas sensíveis, e por aí vai. No fim, ela é composta por alegorias críticas, tornando-se, ela mesma, um reflexo do tema abordado.
The Edge of Allegoria é uma sátira de RPGs clássicos, pegando muita carona em Pokémon, mas não bastando-se nesse título em específico. Seu grande diferencial é seu texto debochado, ácido e um tanto sem noção. A pergunta que fica é se o tom cômico é o suficiente para sustentar um jogo inteiro.
Um mundo a ser explorado
Allegoria é uma terra de muitos mistérios, criada a partir de criaturas cósmicas de poder inimaginável. Mas esse jogo não trata dessa história; na verdade, aqui controlamos um humano qualquer, que um dia decide fazer qualquer coisa da vida, e passa a explorar a terra ao lado de seu cachorro. O que poderia dar errado?

De esquilos meigos e inocentes a centauros bombadões, passando por bruxas, dragões e sujeitos viciados em aposta, nosso protagonista vaga por Allegoria, conhecendo cidades, destronando tiranos e arruinando a economia local. Somos a definição de um agente do caos, não por necessariamente causar um mal desenfreado, mas sim por agir sem ter em conta as consequências de nossas ações. Derrotar um dragão irá vingar uma cidade dilacerada por suas chamas? Ótimo. Matar outro irá causar a destruição da cidade mais rica da região, responsável pela produção de alimentos de todo o continente? Ótimo também.
Afinal, o que importa é explorar cavernas, matar monstros, recolher espólios e dirigir-se à próxima fase. Isso porque o nosso personagem de fato não reflete sobre as lutas em que se coloca, apesar de, por vezes, pensar nos riscos em que se colocou após derrotar seus algozes.
A jornada, então, se faz dessas pequenas desventuras, que, aos poucos, vão se encaixando em uma trama de maior escala. Compreendemos que os monstros são criações de um monstro divino, e conhecemos fadas que atribuem testes de força a nós para conseguirmos derrotar o vilão final. Apesar de ser o objetivo final, não pense que a trama se dá de forma complexa. No fim, somos guiados ao próximo inimigo pela vontade de nosso cão, que nos guia com gestos de afago. É uma relação interessante de controle, bem semelhante à provocação do final do primeiro BioShock.
Um bom RPG
Não é a narrativa que nos dá vontade de jogar por mais meia horinha, mas sim o combate.

Os encontros se dão de forma randômica, bem aos moldes de Pokémon ou Dragon Quest, e o combate em turnos é semelhante ao primeiro. Ao invés de controlarmos várias criaturas, precisamos nós mesmos aprender a lutar. Para isso, precisamos nos equipar com armas que nos darão novas skills, e depois de certo, uso adquirimos maestria na habilidade. A partir disso, podemos usá-la mesmo sem ter a arma equipada. Além disso, ganhamos pontos de status, assim como conseguimos ao equipar armaduras que, após recebermos dano suficiente, nos garantem o bônus permanente.
Assim, não é apenas o level up que nos mantém engajados para a melhora dos atributos. Precisamos periodicamente mudar de arma e equipamento, e a cada nova skill devemos modificar os slots de habilidades para conseguimos os melhores combos no combate. Afinal, uma skill pode envenenar, e outra pode roubar vida de um oponente envenenado. Ou ainda, uma skill pode aumentar a taxa de sucesso para infligir um status ao inimigo, então podemos queimá-lo para, no próximo turno, atacar com uma habilidade que garante acerto crítico a criaturas queimadas.
Com uma variedade incrivelmente alta de habilidades e criaturas, é muito fácil se perder nesse sistema. Passar de nível é relativamente rápido, assim como conseguir maestria nos equipamentos, então o sistema nos faz querer combater o máximo possível ao invés de nos forçar a fugir de batalhas inconvenientes. Ainda assim, não ter um item que permita evitar batalhas por certo tempo é um tanto inconveniente em puzzles de longa duração, já que algumas dungeons podem ser um tanto confusas.

Afinal, o level design desse jogo é, no mínimo, confuso. O mapa da região é bem embaralhado e pouco lógico, apesar da narrativa ter uma estrutura bem linear, já que o cão bloqueia a maior parte das passagens para forçar o jogador a ir aos lugares certos. Não tenho problema com estruturas lineares, mas acredito ser mais interessante abraçar de vez a proposta ao invés de simular um falso mundo integrado.
O mesmo pode ser dito em relação às dungeons. Labirínticas, sem variação de assets e repetitivas, elas enjoam rápido, não sendo mais inconvenientes por serem curtas, e no fim do jogo encontramos dungeons verdadeiramente pavorosas, com puzzles de teleporte que requerem muita paciência pela ausência de um item que bloqueie encontros de inimigos. Por fim, o jogo espalha muitos baús no mapa, mas há uma presença muito grande de mímicos, que se tornam repetitivos (por serem os únicos inimigos presentes em todos os ambientes do jogo, do level 1 ao 90) e bem inconvenientes pela resistência maior.
Mas é engraçado?
Devo confessar, por último, que não fui muito fã do tom cômico do jogo.

Não me entenda mal: acredito que havia sim espaço para piadas com um tom mais jocoso no geral, mas muitos comentários acabam indo para um tom mais escrachado, como se fosse uma versão de “Deu a Louca em Hollywood” de um RPG. É um humor muito pastelão e norte-americano que acaba não me convencendo.
Além disso, mais para o fim do jogo, existem alguns diálogos mais sérios que destoam muito do projeto geral. Ao invés de abraçar a galhofa também a nível de ameaça, o contraste não funciona muito para o redator da presente análise. Entendendo a comédia enquanto teor subjetivo, contudo, é possível que as piadas possam acertar em cheio um público mais específico.
No fim, é fácil recomendar The Edge of Allegoria pelo combate, que é de fato engajante, e são poucos os RPGs que não duram dezenas de horas para se encerrarem. O tom e as falhas de level design, no entanto, reduzem um pouco o brilho das alegorias.
Pros:
- Excelente progressão;
- Combate em turnos interativo e engajante.
Contras:
- Narrativa enfraquecida pelo tom cômico adotado;
- Level design labiríntico e com pouca variedade em um mapa convoluto.
Nota
7,5
- Resident Evil: um equilíbrio perfeito entre terror e galhofa - 29/10/2025
- Review | Two Point Museum - 27/10/2025
- Review | Once Upon A KATAMARI - 22/10/2025
