Desenvolvedora: SUCCESS Corporation
Publicadora: SUCCESS Corporation
Data de lançamento: 25 de maio, 2023
Preço: R$ 63,00
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela SUCCESS Corporation.
Revisão: Marcos Vinícius
Desde quando comecei a acompanhar os lançamentos de visual novels na internet, alguns títulos exclusivamente japoneses me chamavam a atenção. Um deles era Akai Ito, um jogo de PS2 que focava no relacionamento trágico entre garotas com uma atmosfera de mistério e misticismo japonês que pareciam bem interessantes.
Agora, quase 20 anos desde o seu lançamento original, o jogo finalmente chega ao Ocidente pela primeira vez em AKAI ITO HD Remaster. Essa é uma oportunidade que parecia impensável há poucos anos atrás, mostrando como o mercado do gênero está bem aquecido atualmente e as empresas japonesas estão mais abertas a publicações antes vistas como arriscadas.
O fio do destino

Akai Ito conta a história de uma garota chamada Kei Hato. Sem nenhum familiar vivo após a morte da sua mãe, ela decide viajar para a cidadezinha de Hemizuka para conferir as propriedades deixadas para ela na herança. O que ela não podia esperar é que essa pequena viagem para o interior teria um impacto significativo na sua vida.
Hemizuka é na verdade a sua cidade natal e ela parece ter esquecido totalmente de quando morava lá. O que vemos é um lugar que se mantém fiel a muitos traços de cultura e tradição japonesa, sendo este um ponto central da experiência. O próprio nome do jogo “Akai Ito” se refere à lenda de um fio vermelho que conecta o destino de duas pessoas e vários outros termos similares são encontrados ao longo do jogo.

Conforme o jogador vai se aprofundando nessas histórias que possuem grande força nesse vilarejo remoto, Kei descobre que ela possui um sangue especial que pode atrair onis, criaturas sobrenaturais que podem causar males à humanidade. Como resultado, a personagem logo se vê rodeada de segredos, interagindo com o mundo espiritual e entendendo melhor detalhes que antes ela ignorava ou desconhecia.
De forma geral, a trama é interessante, explorando vários elementos culturais e fazendo com que o jogador possa realizar várias decisões com impacto. É possível ter uma ideia das ramificações olhando um fluxograma no menu principal e há mais de 30 finais com a protagonista se aproximando mais de uma garota específica ou sofrendo as consequências de suas escolhas ruins.
A primeira vez no Ocidente

Apesar dos elementos fascinantes de mitologia, assim como a atmosfera de mistério envolvente da obra, o ritmo da história às vezes é estranho. Há vários cortes abruptos e momentos em que os detalhes apresentados poderiam ser melhor esclarecidos. Como uma visual novel, é natural que haja cortes de gasto significativos na apresentação que deixam as transições mais limitadas, mas o jogo acaba deixando esses momentos falhos escancarados ocasionalmente.
Já para aspectos culturais, há um dicionário ordenado de acordo com o alfabeto japonês. Ele é bem detalhado e possui vários verbetes cuja leitura faz uma grande diferença para a experiência. Porém, ele não cobre alguns termos que são mantidos em japonês como a protagonista se referir à gerente do hotel como “Okami-san” no sentido de “Sra. Gerente” enquanto a interface usa “hostess” (com letra minúscula).

Esse nível de inconsistência é na verdade um fator bem presente na tradução da obra como um todo. Esta é a primeira vez que Akai Ito chega ao Ocidente e o que temos infelizmente é uma baixa qualidade. Além da inconsistência de termos, há muitos erros de digitação, conjugação de verbos e concordância e um mau posicionamento de palavras, espaços e símbolos na caixa de diálogo.
Com algum esforço ainda dá para ler e entender o que está sendo dito, mas a leitura engasga em problemas constantes. Na maior parte do tempo, isso parece ser resultado de um esforço de tradução muito literal, tentando preservar ao máximo a escrita original em vez de entender o significado das frases para garantir a qualidade ideal da obra em inglês. O resultado são estruturas gramaticais ilógicas e mal formuladas e um texto que exige esforço de leitura e acaba dificultando o aproveitamento do jogo.
Regressando ao passado

Como uma obra lançada originalmente em 2004 no Japão, Akai Ito é um jogo que representa muito claramente o espírito de sua época. Mesmo com o processo de remasterização para a obra ter uma qualidade maior para interfaces HD, a Success preservou a proporção das ilustrações, utilizando-se de bordas vermelhas temáticas para preencher os espaços vazios.
O visual e a trilha sonora típicos daquele período são uma cápsula do tempo. Jogar Akai Ito é algo nostálgico, mesmo para quem nunca teve a oportunidade de encostar nele antes, com seu estilo de figurino datado, estilo de design de rostos ovais com queixos pontudos e cores simples. Basta ligar o jogo para notar um charme de época difícil de replicar atualmente.

Por fim, gostaria de comentar mais dois pequenos defeitos da edição de Switch. Primeiramente, não é possível usar a tela de toque. Embora não seja um erro grave, isso torna a experiência bem menos conveniente do que o ideal. O segundo problema que enfrentei jogando foi que algumas transições musicais eram muito abruptas. Era possível notar, por exemplo, o salto entre loops da trilha sonora com muita facilidade.
Aquém de seu destino de sucesso

AKAI ITO HD Remaster é uma visual novel yuri de alta relevância dentro de seu gênero e é muito bom finalmente ter a obra no Ocidente. Porém, infelizmente, a edição em inglês fica muito aquém da qualidade ideal e precisa de vários ajustes para brilhar como merece.
Prós
- Trama de mistério envolvente;
- Elementos de cultura e religiosidade regional fascinantes;
- O estilo visual mais antigo continua charmoso.
Contras:
- A tradução para o inglês é muito inconsistente, repleta de erros e oferece uma leitura ruim de modo geral;
- Ritmo da narrativa é estranho, com vários cortes bruscos;
- O log de diálogos é completamente inutilizado por erros de formatação;
- Dicionário de termos acaba deixando de lado palavras importantes;
- Transições musicais bruscas e loops com cortes perceptíveis;
- Não há opção de usar a tela de toque.
Nota Final:
6
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