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Plataformas:
ProbablyMonsters
ProbablyMonsters
9 de dezembro, 2025
R$ 119,90
Digital
Aventura | Ação, Roguelike
Nintendo Switch 2
Desenvolvedora: ProbablyMonsters
Publicadora: ProbablyMonsters
Gênero: Aventura | Ação, Roguelite
Data de lançamento: 9 de dezembro, 2025
Preço: R$ 119,90
Formato: Digital
Plataformas: Nintendo Switch 2
Análise feita no Nintendo Switch 2 com cópia fornecida gentilmente pela ProbablyMonsters.
Revisão: Manuela Feitosa
A minha relação com jogos roguelite ou roguelike é recheada de altos e baixos. Na prática, não sou um fã do gênero e dificilmente vou atrás dos títulos e não me empolgo vendo o anúncio de mais um game nesse estilo. Por outro lado, e em contradição com essa minha expectativa, todas as vezes em que eu decidi dar uma chance para um jogo do gênero me surpreendi com o quanto achei viciante e divertida a experiência.
Storm Lancers me interessou por ser um roguelite que tem como foco a experiência co-op, algo que até então eu ainda não tinha experimentado, mas que não me pareceu uma ideia ruim. O fato de ser um jogo de ação com movimentação bidimensional também é um fator positivo para o meu interesse, inclusive gosto mais desse formato do que a visualização isométrica ou com a câmera vista de cima, como é visto em alguns jogos desse mesmo modelo.
Essa análise é especificamente sobre a versão para Nintendo Switch 2, lançada alguns meses depois da versão para o Switch original, então irei comentar sobre o jogo e algumas das melhorias específicas dessa versão.
Pouca inspiração

Storm Lancers se apresenta como uma aventura em um planeta desconhecido, um grupo de tripulantes tem a sua nave derrubada nesse local e acabam sendo envoltos com forças místicas do planeta que permitem que eles possam reviver constantemente depois de ser derrotado em suas aventuras. Isso tudo é apresentado numa estética que lembra bastante as animações norte-americanas dos anos 80/90, com direito a uma sequência de abertura que realmente lembra os desenhos animados de ação da época.
Isso tudo que descrevi acima é um mero plano de fundo para o game, a história e a apresentação são dois elementos que recebem pouquíssima atenção, o foco realmente é na exploração e na gameplay. Acho uma pena, porque jogos como Hades já provaram que é possível ter personagens e diálogos memoráveis mesmo em um formato roguelike. E nem só de texto estou me referindo, Storm Lancers é pobre em narrativa visual também, os cenários e inimigos em tela parecem simplesmente existir, sem muito contexto ou personalidade que os destaquem, a sensação é de que tudo foi construído para referenciar ideias genéricas do estilo de animação que inspira o game.

Parece besteira reclamar desse tipo de coisa, afinal de contas roguelike é um gênero que normalmente tem o foco em gameplay mesmo. Porém, muitas vezes o que torna o game de fato memorável é o que rodeia a experiência, os detalhes que muitas vezes apresentam algumas das ideias mais criativas e tiram o jogo do senso comum. A apresentação de Storm Lancers se afoga no senso comum e dificilmente traz algo visualmente interessante para tela.
Para não dizer que tudo é negativo em relação ao visual, a versão de Nintendo Switch 2 é um upgrade considerável. O game se mostra na tela com uma resolução nítida e roda a 60 quadros por segundo, o dobro comparado a versão do primeiro Switch. Além disso, há melhorias no tempo de loading e a opção de jogar com amigos via gameshare. Essas melhorias não mudam o que o game é na sua essência, mas garantem uma experiência livre de pequenos engasgos técnicos.
Um competente “feijão com arroz”
Vi em algum lugar a estrutura desse game ser chamada de “Roguevania”, ou seja, uma mistura de “Metroidvania” com “Roguelike”. Apesar de eu achar uma loucura o nível de especificidade do termo, acho que me ajuda a descrever Storm Lancers. Cada fase do game é como um mapa em 2D típico de um Metroid mesmo, sem a complexidade da clássica série da Nintendo, mas tentando recriar uma disposição de elementos semelhante. Diferente de outros jogos roguelike, quando o jogador morre e começa uma nova “run”, o mapa não muda, é o mesmo desenho, ou seja, não há aquela sensação de jogar algo aleatório e novo toda vez que você recomeça. Confesso que achei a dinâmica interessante, na prática, depois de algumas mortes eu já estava bem familiarizado com os mapas e sabia mais ou menos para onde ir para encontrar os baús que eu queria e como avançar mais rápido.

Por um lado, é bem verdade que a experiência fica mais repetitiva, vem aquela sensação de “Putz, vou ter que fazer tudo de novo”, mas por outro lado, essa familiaridade com o cenário deu uma previsibilidade que até que me agradou, me deixou mais confiante em cada “run” e tornou a experiência menos dependente de um algoritmo aleatório. Foi algo que estranhei no início, mas que no fim das contas me agradou.
O funcionamento de tudo é simples: cada fase do jogo possui diversos baús espalhados pelo mapa, esses baús podem conter armas ou cura. Para abrir um baú, você gasta moedas e quanto mais caro for o baú, maiores as chances de vir algo raro que será muito útil na sua aventura. Com esse sistema, existe uma constante avaliação na cabeça do jogador entre risco e recompensa e isso realmente funciona de um jeito bem divertido. Eu sempre me questionava: será que abro esse baú agora ou aguardo para juntar mais dinheiro e abrir um baú melhor? Essa dinâmica deixa o jogador sempre atento e engajado para matar mais inimigos e conseguir mais moedas, ciente de que a recompensa valerá a pena.

Lembra no início do texto que falei como sobre como roguelikes podem ser divertidos e viciantes? Então, Storm Lancers consegue executar a fórmula de maneira eficiente para que isso aconteça aqui. Logo me vi interessado para conseguir as melhores armas, testando a eficiência de cada uma delas e avaliando qual era a mais interessante para o meu estilo de jogo.
Depois de algumas tentativas, há uma real sensação de progresso, o jogador aprende o padrão de movimento dos monstros, decora os cenários e descobre quais armas vale a pena escolher e quais é melhor deixar para lá. A sensação é que Storm Lancers consegue fazer o “arroz com feijão” de um roguelike com muita competência.
Melhorias permanentes
Há o que fazer fora das fases também, apesar de ser pouca coisa, toda vez que o jogador morre, ele retorna para nave base. Aqui, o mais importante é poder trocar um dos colecionáveis do jogo por melhorias permanentes. Isso também é um clássico para jogos desse gênero, há melhorias simples como começar com uma arma específica até algo como reviver com 25% da vida após ser derrotado. Achei tudo muito útil e investi bastante nessa área para facilitar um pouco meu jogo.

Fora as melhorias, é possível falar com alguns dos tripulantes que você resgata durante a sua aventura, trocar de skin e, basicamente, é isso. Mais uma vez Storm Lancers acaba sendo vítima dessa falta de inspiração no departamento “decorativo” do jogo, por assim dizer. Mas não é nada grave também, toda vez que eu retornava a base, fazia o que tinha de fazer com os upgrades e já partia para próxima “run”.
Além das melhorias que podem ser compradas, conforme o jogador avança em novas fases, também é liberado novas habilidades que ficam permanentemente. Isso aqui é essencial e traz aquela sensação bem “Metroidvania” mesmo, porque permite que o jogador explore novas áreas de cada fase. Não é nada absurdo, basicamente temos de deslizar, salto duplo, deslizar no ar e o gancho que permite alcançar novos lugares. Quando todos os upgrades são desbloqueados, a movimentação dentro dos mapas melhora consideravelmente e é bem recompensador essa sensação.

Acessível para um gameplay cooperativo
Já foi uma boa parte da análise e ainda não comentei um dos pontos mais atrativos do marketing do jogo: modo co-op. Mas sabe por quê? Bom, é que na prática, o jogo não muda quase nada. Trazer um segundo jogador é simples e pode ser feito a qualquer momento enquanto uma pessoa está jogando, o que é ótimo porque você pode no mesmo save jogar com um amigo ou sozinho e manter o progresso. Mas nada na estrutura do game muda de fato, o mapa segue com o mesmo desenho, com os mesmos inimigos.

A grande diferença de dinâmica no modo co-op é que cada jogador tem suas moedas separadas, ou seja, você precisa juntar individualmente para abrir um baú, e isso cria uma dinâmica interessante durante as partidas e pode gerar uma certa competitividade, mesmo em um jogo cooperativo. Outro elemento interessante é que quando um jogador morre, o outro pode revivê-lo, porém precisa compartilhar metade da sua vida para isso.

Tive a impressão de que o jogo ficou mais fácil também no modo para dois jogadores, ao menos considerando que duas pessoas relativamente experientes estão jogando. Inimigos morrem mais rápido com duas pessoas batendo e reviver constantemente faz com que cada run dure bem mais. Isso me faz pensar que Storm Lancers é uma ótima escolha para jogar com pessoas menos experientes nesse gênero.
Divertido, mas faltou polimento
Antes de caminhar para uma conclusão, gostaria de comentar um pouco sobre o polimento do jogo, que é algo que acaba se conectando com o que falei no início sobre a preocupação com a apresentação.
Na superfície, a movimentação e o combate de Storm Lancers funcionam bem, os ataques conectam e acertar os inimigos é fácil o suficiente, ainda mais aqui na versão para Nintendo Switch 2 em que o jogo está rodando sem problemas a 60 quadros por segundo. No entanto, há uma sensação de que tudo acontece com certo desleixo ou até um atraso. É um pouco difícil explicar, mas quero dizer que o jogo não tem aquele efeito palpável quando você executa uma ação de ataque.

Para ilustrar melhor o que estou dizendo, se compararmos as animações desse game com algo como Dead Cells, Hades ou Metroid Dread, é notável como aqui algo está errado e as coisas não conectam com tanta eficiência. O resultado é que o game não parece tão satisfatório como poderia ser. E aí, no fim das contas, acho que isso resume a minha experiência com o game.
Cheguei a ficar jogando por horas em uma noite, para tentar finalizar, o gancho da experiência me pegou de jeito e pelas mais ou menos 5 horas que fiquei com o game, saí satisfeito. Porém, não dá para dizer que vou me lembrar de Storm Lancers daqui a 1 semana, entende? Ou mesmo que eu vá sair por ai recomendando o game. Penso que é o tipo de jogo que recebo para análise, consigo curtir o tempo que dediquei ao game mas não me veria jogando se não tivesse de entregar um texto sobre o mesmo.
Prós:
- Estrutura “roguelike” ou “roguevania” executada com competência garante gameplay divertido e viciante;
- Modo cooperativo é simples e funcional, além de acessível para jogadores menos experientes;
- Ritmo de história inteligente não interrompe a gameplay e cumpre seu papel;
- Versão para Nintendo Switch 2 roda com boa resolução e a 60 quadros por segundo.
Contras:
- Apresentação pouco inspirada torna o jogo genérico e esquecível;
- Pouca atenção para desenvolvimento de personagens com diálogos mais interessantes;
- Falta de polimento impede que combate e movimentação do jogo sejam mais satisfatórios.
Nota
7
- Review | Storm Lancers – Nintendo Switch 2 Edition - 21/12/2025
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