
Desenvolvedora: IzanagiGames
Publicadora: NIS America
Data de lançamento: 28 de Maio, 2021
Preço: R$ 203,95
Formato: Digital / Físico
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela NIS America
Para os poucos familiarizados, World’s End Club é um side-scrolling 2D com quebra-cabeças e decisões narrativas tendo em seu desenvolvimento o envolvimento do criador da série Zero Escape, Kotaro Uchikoshi, e direção de Kazutaka Kodaka, de Danganronpa. O título teve seu lançamento original para o Apple Arcade, mas ganhou um lançamento em maio de 2021 para o Nintendo Switch sendo um console-exclusive.
World’s End Club se passa no Japão e tem foco em um grupo de amigos, os integrantes do Go-Getters-Club. Logo no inicio, eles sofrem uma espécie de acidente e acordam sem entender nada do outro lado de um Japão completamente desolado, iniciando uma cruzada para Tokyo, em busca de seu lar e de respostas.

O fim do mundo
Como os mistérios de World’s End Club são a grande parte da experiência, vou evitar spoilers mais específicos durante a análise. De uma maneira geral, no começo da história pouco se sabe sobre os acontecimentos recentes do Japão, mas isso muda rapidamente devido ao frenético ritmo do jogo.
A estrutura de World’s End Club se dá em três tipos diferentes de capítulos: os de ação, que são essencialmente estágios de plataforma 2D; os de acampamento, nos quais você pode conversar com todos os personagens, seguido de um diálogo em grupo; e os de história, cujo foco é, normalmente, o diálogo em grupo que frequentemente culmina em uma escolha.
Embarque nesse tour
Nessas escolhas seu grupo normalmente vai se dividir entre duas opiniões, e você terá que dar o voto decisivo como líder do grupo. Em algumas situações o grupo realmente vai se separar em dois frontes, enquanto em outras você decidirá o destino do grupo todo. Por isso, é importante escolher com bastante calma.
Como os cenários do jogo são cidades e regiões reais do Japão, acaba sendo bastante divertido escolher a rota que vai traçar, podendo escolher, por exemplo, se vai passar por uma metrópole ou por uma cidade do interior com fontes termais.
Embora World’s End Club sempre conte algo simples sobre os lugares, — o que já é bastante rico pros padrões — acho que parte do potencial desse quesito foi desperdiçada, tendo em vista que o jogo poderia dar mais detalhes para o jogador, já que visitar esses lugares é um dos atrativos do jogo, e que parte das decisões da história giram em torno de traçar sua rota. Isso dito, dizer que você simplesmente está criando um caminho seria diminuir a experiência real, pois, normalmente, o motivo dos personagens escolherem um dos destinos é estratégico, tendo em vista a resolução dos mistérios e melhor otimização do trajeto.

Identidade visual
Parte do porque é tão divertido escolher seu destino se dá através dos carismáticos e bem pensados cenários do jogo, mas toda a identidade visual da obra vai muito além disso.
Os personagens de World’s End Club possuem personalidades aparentemente simples e, mesmo assim, conseguem esbanjar carisma através da linguagem visual. Todos os designs são bem pensados e fogem do genérico, sendo ao mesmo tempo muito eficientes em captar a essência e personalidade do personagem em si.

Além da identidade visual, o grupo possui um personalidade que pode ser resumida em poucas linhas, o que inclusive o jogo faz. Existe uma sessão dentro dos menus que te permite ler uma biografia da personalidade de cada um sendo que algumas delas se limitam a ” é tsundere e não gosta de pimenta” – isso no inicio pareceu um grande defeito, no entanto, durante as aventuras, cada um dos personagens expande muito sua personalidade através das suas ações e eventuais motivações e até alguns Flash Backs, mostrando que as descrições eram apenas uma base.
Além das próprias ações do personagem durante as aventuras e posicionamentos nos debates, algo muito bem feito pelo jogo é fazer você criar afeto pelas interações dos personagens com o protagonista. Te colocar em situações extremamente desfavoráveis para sentir na pele a gentileza de algum personagem com você é algo que World’s End Club faz muito bem, e que me remeteu de certa forma a franquia Danganronpa.

O caminho não será fácil
World’s End Club tem como uma de suas proezas controlar muito bem o clima do jogo, mantendo-o alegre e jovial, atrelado a comédia por longos períodos, amplificando impacto nos momentos repentinos de drama que podem te deixar extasiado.
Além dos infortúnios e dilemas que nossos protagonistas tem que enfrentar, existem os quebra-cabeças que o jogador tem que concluir. Em geral, eles não são especialmente difíceis, mas são pensados com muita atenção ao detalhe. Normalmente, após pegar o embalo do jogo, a primeira forma que você pensar para resolver o problema é justamente a correta, e embora isso dê, em alguns momentos, uma leve sensação de que o jogo é fácil. Eu cheguei a conclusão de que ele é na verdade coeso em sua linha de pensamento.

Os quebra-cabeças seguem uma certa lógica que uma vez que você dominar poderá surfar pela maioria deles com facilidade, e ainda assim se sentir recompensando por estar em sincronia com a lógica do jogo. Também tem alguns com dificuldade mais elevada, mas nada em um nível muito além do esperado.
A mecânica principal da estrutura dos desafios é a das Super-habilidades. De maneira geral, em momentos de catarse emocional, cada um dos personagens do Go-Getters-Club passará por uma espécie de ascensão, despertando sua habilidade. O protagonista, por exemplo, ganha a habilidade de arremessar coisas de qualquer peso em qualquer lugar, o que abre toda uma nova possibilidade de resolução de desafios.
Existem também alguns inimigos que devem ser enfrentados com habilidades especificas, mas isso não é problema, visto que você sempre estará com o personagem certo para atravessar a seção corretamente.


Exploração recompensada
World’s End Club não possui exatamente um sistema de conquistas, mas conta com um excelente sistema de selos que podem ser coletados durante a aventura, te incentivando e recompensando a exploração de todos os lugares do jogo. Você irá conquistá-los através de quebra-cabeças, mas alguns serão praticamente entregues a você na rota principal, ou como recompensa apenas por explorar uma pequena parte opcional da área.
De certo modo a coleta dos selos é fácil, mas é mais um reforço positivo e frequente durante a experiência como um todo. Os selos também possuem descrições e em geral representam coisas do universo do próprio jogo, como heróis de um programa fictício que um dos personagens é fã.
Não é o fim do mundo mas…
A experiência de World’s End Club foi quase perfeita de maneira geral, mas ele possui alguns problemas os quais eu não posso evitar de comentar.
Primeiro, e o que mais me incomodou, o jogo possui um persongem gordo, que pasmem, só pensa em comida durante toda a experiência durante toda a história. Toda a sua personalidade, todas suas ações e escolhas são basicamente voltadas para comida de um modo geral, além de ser de péssimo tom e extremamente gordofobico, torna o personagem extremamente chato. Em meio a um elenco carismático e amável, esse personagem é reduzido a apenas um alivio cômico na melhor das hipóteses.

Também senti alguns comentários sexistas diluídos pelo jogo, como o clássico “eu não posso perder para uma mulher” e dai em diante. Além disso, senti algumas pequenas e esporádicas mas persistentes quedas de FPS, o que não prejudica em quase nada a experiência geral, mas é um detalhe grande demais para passar batido por qualquer jogador.

Finalmente Tokyo
Embora World’s End Club não seja perfeito, me diverti muito no geral. O jogo entrega uma experiência intensa sobre amizade e persistência, uma história que, pelo tom, normalmente veríamos algo com teor mais adulto. No entanto ver essas adversidades sendo superadas através do companheirismo é uma combinação única e encantadora que só World’s End Club nos proporciona. Ver a os acontecimentos intensos e a realidade razoavelmente cruel dos acontecimentos do jogo sob a ótica de um grupo de crianças é uma ideia genial e é muito bem executada aqui.
Como dito antes, algumas escolhas durante a rota decidem seu destino e seu grupo, por isso é impossível jogar todos os eventos do jogo em apenas uma jogatina, e esse tipo de fator replay é sempre um belo ponto positivo em qualquer análise.
Enfim, espero que dêem uma chance ao simultaneamente aconchegante e hostil mundo de World’s End Club, o jogo é muito bom e merece atenção.

Prós:
- Elenco extremamente cativante e fácil de se apegar
- Bom ritmo narrativo
- Boa lógica de quebra cabeças
- Bom controle do clima da história
- Legendas em português brasileiro o torna bastante acessível
Contras:
- Leves quedas de performance
- Piadas inconvenientes e eventualmente incomodas.
- Não oferece muita dificuldade para jogadores mais hardcore
NOTA:
8,5
- Review | EVERYBODY’S GOLF HOT SHOTS - 13/09/2025
- Pokémon Worlds 2025 — Final | Gabriel Fernandez perde a invencibilidade; Flutter Mane Tera Stellar surpreende em final do VGC; América Latina se supera no UNITE! - 18/08/2025
- Pokémon Worlds 2025 — Dia 2 | Gabriel Fernandez se classifica para a final no TCG; brasileiros desenham um arco lendário no Pokémon GO; Aegis Flames leva torcida à loucura! - 17/08/2025