Pessoalmente eu gosto muito dos jogos de luta 2D e, evidentemente que jogos como Street Figther e Mortal Kombat tiveram grande impacto na industria e ajudaram a moldar o gênero como ele é hoje. No entanto, eles estão longe de ser os primeiros do gênero, no atari 2600 por exemplo já existiam jogos de luta mesmo que bem longe de ter uma e jogabilidade descente devido às limitações dos hardwares da época. Até mesmo os jogos de NES estão bem atrás de jogos como os primeiros títulos da era 16bits, mas será que esses jogos são inferiores em todos os aspectos?
Pretendo usar como base neste post os jogos de luta 2D desde os 16Bits ate alguns dos mais atuais. Os jogos escolhidos para representar o NES e seus 8bits serão apenas os com jogabilidade 2D onde enfrentamos somente um inimigo, sendo assim, jogos de Boxe e Wrestling, bem como jogos como Kung Fu e Karateka ficaram de fora. Os jogos que eu escolhi foram: Yie Ar Kung-Fu, Urban Champion e Karate Champ.
Primeiras impressões
Urban Champion:
O jogo é bem simples, consegui facilmente derrotar vários adversários só andando pra frente e atacando com o golpe forte assim que o adversário levantava. Foi uma apelação pura e simples mas muito eficiente, mesmo possuindo ataque forte e médio, da pra chegar longe só usando o forte sem muita estratégia.
Yie Ar Kung-Fu:
O primeiro inimigo ser alguém diferente do personagem do jogador é bem legal. Ao contrario dos outros jogos da lista esse é o único que é assim. Este aspecto é uma das coisas mais interessantes desse jogo. O jogo aparentemente tem uma dificuldade muito alta e péssimas caixas de colisão sendo difícil acertar o inimigo. Na verdade, eu acho que só sou muito ruim no jogo.
Karate Champ:
Muito confuso e sem sentido. O jogo não é nada instintivo e o controle parece estar com defeito. No entanto, é possível chegar até a 6ª luta sem dificuldades usando só o botão de soco – isso se o jogador apenas esperar o adversário chegar perto e apertar o botão de soco sem parar vai conseguir marcar ponto. Em caso do inimigo pular, é só usar o chute – que por algum motivo o personagem chuta para trás e não para frente – essa foi a melhor estratégia que pude encontrar.
Jogabilidade
Por incrível que parece esses jogos conseguem ter mecânicas que diferenciam eles dos outros que vieram depois. Mesmo com suas simplicidade eles conseguem exigir estratégia, não só sair apertando botões e esperar ganhar na sorte,
com exceção do Karate Champ.
Em Urban Champion não é possível pular nem se agachar. Em vez disso ele muda a posição afetando o bloqueio e o ataque. Outra coisa incomum é que o personagem sempre esta bloqueando, então para acertar o adversário o golpe deve ser realizado em uma altura diferente da postura do adversário, ou quando ele estiver atacando – que ao invés de uma barra de vida o jogo possuiu um contador de stamina que diminuiu quando se e atacado ou quando ataca, bem similar a alguns dos jogos de UFC.
O objetivo aqui é empurrar o adversário para outra rua, mas também é possível ganhar pelo tempo. Quando o tempo acaba, a policia aparece e leva a pessoa que esta com menos stamina. No modo single player é bem raro e só e mostrado o contador de stamina. Durante a luta, o carro da policia pode aparecer ocasionalmente e quando isso acontece o jogo para. O jogador e o adversário vão para as pontas da rua e a luta recomeça com a stamina restante (o mesmo se aplica se um NPC jogar um vaso de planta das janelas para atrapalhar a luta). Esse é um daqueles jogos infinitos, então depois de cada luta vai começar outra com um pouco mais de dificuldade, mas sempre o mesmo adversário. Isso torna o jogo muito cansativo rapidamente, simplesmente por ser bem repetitivo.
Já Yie Ar Kung-Fu consegue ser o mais próximo dos moldes atuais dos jogos de luta tendo a barra de vida e também adversários diferentes que possuem “magias”. Mas mesmo assim, o iogo consegue ser bem diferente dos que já citei, já que a jogabilidade exige muita precisão nos golpes e acaba sendo difícil mas sem ser injusto. A princípio, o jogo pode parecer ter uma péssima hitbox, mas quando se entende melhor como ela funciona você vê que e bem justo e impossível tomar muitos danos seguidos sem ter chance de se defender.
Normalmente os manuais dos jogos ajudam muito a aprender a jogar e descobri certas coisas nele, só que em alguns casos mesmo ele ensinando tudo do jogo ainda fica péssimo de se jogar e esse com certeza é o caso do Karate Champ. Como se já não bastasse a movimentação péssima dos sprites, o jogo ainda possui um controle bem confuso e nada intuitivo, ainda mais se comparado aos de hoje. ,Sendo bem sincero eu acho que é mais fácil jogar bem esse jogo em um tapete de DDR enquanto esta bêbado do que com um controle normal estando sóbrio.
Sem Combos e Farofa
Em pararelo aos jogos atuais, onde os combos são praticamente obrigatórios, nos jogos antigos ainda não existiam esse conceito então já era de se esperar que os jogos fossem menos dinâmicos. Mas essa falta de combos e dinamismo é compensada pela precisão exigida. Parece estranho falar que essa falta de combos pode ser algo positivo em um jogo de luta mas vamos para explicação:
Quando alguém não sabe como realmente jogar um jogo de luta, por extinto a pessoal normalmente acaba por sair apertando tudo como se a vida dela dependesse disso. Nos jogos atuais ainda é possível a pessoa se sair relativamente bem apenas pela sorte. Se for contra um profissional esse tipo de coisa não daria tão certo, mas contra outros jogadores casuais ou até mesmo contra a CPU, poderia ser muito efetivo. Isso não acontece em Yie Ar Kung-Fu.
Normalmente eu tenho uma postura ofensiva nos jogos de luta, sempre começo pulando pra cima do adversário para tentar já emendar um combo. Mas como combos não existem em Yie Ar Kung-Fu, eu acabo errando o timing dos golpes e sendo punido. Mesmo quando eu acerto um golpe, acabo errando a hora de atacar novamente e acabo sendo atacado. Dominando o timing do jogo é possível acertar o inimigo assim que ele se recupera mas a falta de animações do jogo deixa um pouco difícil de acertar o tempo.
O legado
Mesmo esses jogos sendo inferiores aos de hoje se compararmos as mecânicas, eles ainda influenciaram jogos posteriores como Karate Champ influenciou a Konami na criação de Yie Ar Kung-Fu e, que posteriormente, teve influencias na série Street Figther que popularizou os jogos de luta na época. É possível ver certas semelhanças aqui e alí nos dois jogos como por exemplo Tao e Dhalsim cospirem bolas de fogo, ou Mu e E. Honda se atirarem na vertical. Mesmo que esses jogos estejam bem defasados, eles ainda merecem respeito por terem ajudado a industria de certa forma, influenciando um gênero dos mais conhecidos e que hoje possuem campeonatos gigantes.
Esses jogos que citei ainda apareceram em coletânea das publishers lançadas em consoles futuros ou lançamentos em mídia digital.
Valem a pena?
Comparado aos dias de hoje, esses jogos são totalmente dispensáveis e uma possível perda de tempo, com exceção de Yie Ar Kung-Fu. Este jogo realmente tem um jogabilidade funcional e os diferentes adversários faz que ele não seja tão enjoativo. A mecânica de acertos faz uma baita diferença entre os jogos atuais e pode ser uma boa forma de treinamento pra jogados farofeiros.
Karate Champ até poderia ter relevância se não fosse a jogabilidade péssima. O jogo ficaria bem mais fácil se a movimentação não ‘espelhasse’ totalmente. É claro, a movimentação horizontal deve ser espelhada, mas os botões, não! Isso acaba deixando as coisas ainda mais confusas para o jogador.
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