Desenvolvedora: Visualnoveler
Publicadora: Visualnoveler
Data de lançamento: 13 de janeiro, 2022
Preço: R$ 101,95
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela Visualnoveler
A quem me conhece, sabe que sou um fã de JRPGs e dos seus mais variados subgêneros, fazendo até questão de adquirir fisicamente a maioria dos jogos do gênero. Confesso que esse certo fanatismo me tornou um pouco mais exigente com jogos pertencentes ao gênero, até um pouco chato diria eu. Com isso creio que não venha como surpresa que a natural desconfiança que se existe quando se é apresentado um jogo do gênero, que não faça parte de uma franquia pré existente ou que não tenha pontos de destaque claros, seja consideravelmente ampliada quando um jogo segue esse exato roteiro.
Em minha defesa, creio que essa implicância com os jogos do gênero tem algum fundamento, afinal de contas, fazer um bom JRPG é uma tarefa um tanto quanto complicada. Desenvolver uma história interessante que normalmente tem algumas dezenas de horas de texto, junto de um sistema de combate que seja complexo o suficiente para ter alguma curva de aprendizado que dure as mesmas dezenas de horas e apresente aos poucos ao jogador as novidades que servem para manter o engajamento no sistema, que no fim das coisas não muda muito desde o início do jogo, não parece uma tarefa nada fácil.
Somado as ja tradicionais dificuldades que o desenvolvimento de jogos apresenta, creio que não seja difícil compreender a desconfiança com jogos sem tanto destaque no meio. Eternal Radiance é um desses clássicos casos que ajuda a reforçar meu ponto.
Eternal Radiance: Esse nome te diz algo?
Eternal Radiance a primeira vista parece ser um jogo terrivelmente inofensivo, apesar de eu não acreditar que julgar um livro pela sua capa seja um método acurado, devo admitir que tive minhas convicções contrariadas.
O jogo começa com uma introdução lenta, como a maioria dos JRPGs, mas igualmente tediosa. A história é contada em um estilo semelhante a visual novels, onde existe uma caixa de diálogo, o sprites dos personagens envolvidos na cena, que nesse caso são representados por aquele estilo de anime que já foi tão utilizado por jogos do gênero que a essa altura praticamente se tornou genérico, e por fim o cenário aonde a cena acontece.
Apesar de não ser de meu agrado pelos motivos supracitados, é um fato que a arte do jogo é um dos seus pontos mais altos, tendo até algumas cenas que fogem dos típicos sprites, que são usados ao decorrer da maior parte do jogo. Cenas essas que possuem alguma arte especial retratando o momento da história.
Apesar dos elogios a estética do jogo, o mesmo não pode ser dito sobre a história do jogo, que é terrivelmente medíocre.
A história do jogo inicialmente parece tão inofensiva quanto o pacote inteiro, porém a mesma é elaborada de forma tão medíocre que ajuda a esconder as poucas qualidades que ainda seriam notadas no jogo. A história do jogo acompanha Celeste, que é uma jovem escudeira, que se encaixa perfeitamente no arquétipo da personagem que tenta a todo momento provar o seu valor e suas qualidades, nesse caso, aos seus mentores, e superiores, na ordem que a mesma faz parte.
Não me levem a mal, a maioria dos bons JRPGs tem histórias quase inteiramente baseadas em arquétipos que se repetem a alguns milênios, em especial na jornada do herói, que é um dos arquétipos de história mais conhecidos popularmente, especialmente por se espalhar de livros religiosos até obras populares na contemporaneidade. O problema que essas formas de arquétipos existem para ser usadas como base para a fundação de uma narrativa a partir das mesmas e não como um manual de instruções que deve ser seguido a risca.
O que eu quero dizer com tudo isso é: a história do jogo é terrivelmente básica e genérica, a expressão “barebones” em inglês, que em uma tradução livre significaria algo como “apenas os ossos”, traduz bem os sentimentos que o jogo causou em mim desde seu início. A história do jogo é apenas o esqueleto de um corpo, que precisa de todos os outros órgãos para funcionar como conjunto, coisa que o jogo passa longe.
O cenário de fantasia medieval já foi tão utilizado por tantos jogos, em sua grande maioria de maneira melhor que Eternal Radiance, o que faz história do jogo parecer descartável em meio ao pacote, em especial pelo fato dos personagens que compõe o elenco da história serem tão básicos e sem qualquer carisma quanto o universo apresentado pelo jogo.
Tudo isso somado diálogos gigantescos sem qualquer nuance ou apelo emocional tornam a história do jogo apenas uma gigantesca perda de tempo, o que poderia até ser relevado se o jogo tivesse um excelente sistema de combate, que é algo que o jogo definitivamente não tem.
Eternal Radiance é um Action-RPG que assim como nos outros departamentos é terrivelmente básico e genérico em tudo que se propõe a fazer. O sistema de combate do jogo se assemelha a um musou, com ataques fracos e fortes, porém bem mas lento, ainda contando com elementos que se assemelham com Dark Souls, como as mecânicas de parry e de esquiva, que parecem ser diretamente inspiradas pelo jogo da From Software.
Dito isso, devo confessar que de certar forma é impressionante como o jogo consegue ser abismalmente pior que todas suas prováveis inspirações. O jogo tem controles que beriam o inaceitável para um jogo do gênero, com um combate completamente travado, que é acentuado pelas animações dos inimigos, em especial dos chefes, que são extremamente repentinas e mal pensadas, tornando o jogo muito mais dependente de da sorte do jogador que propriamente de sua habilidade. Tudo isso somado a pequena diversidade do combate do jogo que não é nem um pouco ajudada pela árvore de habilidades consideravelmente reduzida, trazendo pouco menos de uma dúzia de habilidades diferentes, que não tornam o combate nada melhor do que ele seria sem a mesma, tornam o combate do jogo tão dispensável quanto sua história.
Concluindo
É verdade que existem jogos que tentam inovar e acabam sendo ruins, mas, pessoalmente, eu prefiro jogar um jogo ruim que pelo menos tente apresentar uma ideia nova a jogar um jogo que parece reconhecer sua própria mediocridade de tal forma que não tenta ultrapassar quaisquer barreiras pré estabelecidas e consegue ser ruim mesmo assim. Eternal Radiance é um jogo perfeitamente medíocre, que não é bom em nada que se propõem a fazer, já que não se propõem a fazer nada novo, porém não chega a ser abissal em sua ausência de qualidade, tudo isso somada ao excelente catálogo de JRPGs do Nintendo Switch só ajuda a reforçar o que esse jogo realmente é, uma grande perda de tempo.
Prós:
- Direção de arte agradável.
Contras:
- Medíocre em quase todos departamentos possíveis, isso quando não é diretamente ruim, além de não trazer sequer um aspecto que tenha sido realizado algumas dezenas de vezes de maneira melhor por outros jogos.
