Desenvolvedora: Wolf Team, Telenet Japan
Publicadora: Edia
Gênero: Side-scrolling de ação bishoujo
Data de lançamento: 20 de Julho, 2024
Preço: R$ 233,00
Formato: Digital, Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Edia.
Revisão: Davi Sousa
Valis é uma daquelas séries de videogames que tiveram uma recepção um tanto quanto obscura e nichada, com seu primeiro título — de nome homônimo à coletânea desse review — lançado no MSX em 1986, exclusivamente em terras nipônicas. O jogo é exatamente o que se espera de um platformer 2D bishoujo oitentista: bem direto e sem muitas firulas, mas sem deixar de se aproveitar das parafernalhas técnicas que os computadores desfrutavam na época.
Valis: The Fantasm Soldier Collection — A coletânea dos três primeiros títulos da série
A coletânea não foge muito do que já é esperado para lançamentos do tipo: uma emulação de qualidade duvidosa com um conteúdo adicional que é muito interessante para quem é muito fã; e completamente esquecível para todos os outros jogadores. Esse modelo de organização do pacote não surpreende, já que essa coletânea é apenas a primeira de uma trilogia que, em conjunto, reúne todos os jogos da série, com a única exceção de uma visual novel com tons lésbicos lançada em 2006 como comemoração aos 20 anos da série.
Essas três coletâneas só foram possíveis graças a um processo de crowdfunding após falência da empresa responsável por lançar os títulos originalmente em 2007. Em 2009, os direitos foram comprados pela Sunsoft e com eles ficaram perambulando por aí até parar no catálogo da Edia em janeiro de 2020. Agora, cá estamos, com apanhados dos principais títulos da série. Como meu papel aqui é opinar, creio que a opção por separar em três coletâneas com um valor relativamente alto (R$ 116,10 por cada em promoção ou R$ 233,00 normalmente) não é das melhores, especialmente pelo caráter de ser um lançamento feito com financiamento público.
Para além disso, dividir as diferentes versões dos jogos em pacotes separados é extremamente desagradável. A coletânea presente nessa review só tem as versões de TurboGrafx-CD (chamado de PC Engine fora do Ocidente) dos três primeiros títulos da franquia, enquanto as versões restantes estão espalhadas pelos outros dois lançamentos.
Retomando, a coletânea traz três títulos: Valis: The Phantasm Soldier, remake do jogo original para o PC Engine; Valis II; e Valis III. Destaque especial pro primeiro título da lista, que na verdade é um remake do título original. Os jogos são platfomers 2D extremamente simples e lineares, com poucas possibilidads de nuances de como seu jogo vai acontecer. É basicamente andar pra direita e matar uns bichinhos, sem muito mistério.
Nos jogos, você controla primariamente Yuko, uma adolescente que, por motivos que não ficam claros, é escolhida para empunhar a espada que dá nome à série, Valis, que concede poderes mágicos à garota junto do dever de derrotar um monte de inimigos maus que querem fazer maldades com você, dessa forma permitindo que o jogo tenha um plot pra chamar de seu.
O esquema da jogabilidade é bem simples e se repete nos três jogos: é só andar pra direita e no final você vai ter que matar um bicho meio cabuloso. Repita isso vezes o suficiente e boom, acabou o jogo. Sei que estou sendo meio simplista aqui, mas os jogos são basicamente só isso mesmo no que tange à gameplay.
No decorrer das fases, existem alguns power-ups espalhados que modificam o padrão dos projéteis que sua espada pode produzir, trazendo algum grau de diversidade e estratégia, mas que claramente não é o suficiente pra compensar pelas hitboxes estranhíssimas; inimigos que surgem fora da tela e fazem questão de tirar a última barrinha da sua vida; e um level design que não privilegia a habilidade no geral, e sim quase um estilo soulslike não intencional de ficar morrendo até se fazer algum sentido de como prosseguir por determinada parte sem ser massacrado pelos inimigos.
Claro, admito que provavelmente existe um grande skill issue da minha parte, mas acho que é razoável pedir que o jogo não espere que o jogador tenha habilidades esotéricas de vidência, assim sabendo que um inimigo na próxima tela vai pular em você, ceifando seu último cadinho de sua vida. Talvez sabendo disso, foi adicionada (muito porcamente, devo dizer) a opção de rewind em qualquer um dos títulos, onde você pode apertar o ZL no controle do seu Nintendo Switch e voltar uns segundos na gameplay.
O problema é que a unidade de medida é essa ai mesmo: uns segundos, já que não é possível escolher pra que momento você quer retroceder; então, caso você queira rever um momento de uma cutscene ou esquivar do ataque de um boss que te matou vergonhosamente, fica aqui meu conselho: ore, pois você vai ter que dar a sorte de não ser jogado um pouco antes ou um pouco depois desse momento, mas nada que uma paciência adicional não resolva.
Esses pontos citados agora talvez sejam os únicos verdadeiramente fortes do jogo. Os chefes fogem um pouco à regra dos inimigos comuns, já que têm hitboxes e padrões de movimento que verdadeiramente fazem sentido, tornando a experiência de aprender a lutar contra eles genuinamente divertida. Enquanto isso, as cutscenes, apesar de não ter nenhum teor apoteótico, são bem animadas e trazem micromomentos interessantes e até imersivos em seus momentos áureos, especialmente pelo voice acting que está presente em 100% das cenas, o que, devo dar o braço a torcer, é bem bacana.
Os três jogos não são muito diferentes entre si. A principal distinção é estética, já que o último é um título tecnicamente mais complexo que os seus antecessores numerais. Provavelmente por ter sido lançado mais tardiamente, ele tem uma jogabilidade um tanto quanto mais fluida que os outros dois, além de sprites maiores e mais bonitos no geral. Vale destacar que nele é possível controlar mais duas personagens além de Yoko, o que muda um pouco a dinâmica de gameplay.
Conclusão
Valis: The Phantasm Soldier Collection é definitivamente uma das coletâneas já lançadas no Nintendo Switch. Por mais que essa construção de piada seja extremamente batida, é bem claro que esse lançamento se enquadra perfeitamente em seus moldes. Essa coletânea é mais interessante em ideia do que em conteúdo; sua mera existência é de fato algo muito legal, mas o conteúdo apresentado aqui, os três jogos de Valis, não passa muito bem no teste do tempo, já que carregam uma falta de polidez bem, mas bem oitentista mesmo.
É de fato interessante conhecer a franquia e sua história, mas na hora de pegar o controle e jogar os jogos, não sobra muito espaço pra se divertir, com exceção da admiração que adquiri pelas cenas totalmente dubladas e animadas, que são realmente bem bacanas, e também dá para se divertir se você ignorar boa parte do jogo e tentar aprender a derrotar os chefes.
Pelo preço, essa é uma coletânea que entrega muito pouco: por 233 REAIS, você recebe uma emulação extremamente básica, junto dos manuais originais dos jogos e a opção de selecionar cenas para ver ou rever as cutscenes do jogos, mas realmente é só isso. De qualquer forma, espero que esse título tenha encontrado seu lugar no coração dos amantes da série, ou qualquer pessoa que simplesmente goste de explorar um pouquinho franquias que não recebem tanta atenção por aí. Não acho que sua existência seja ruim, mas creio que a execução poderia ser melhor.
Prós
- Cutscenes legais;
- Boss fights bem justas e divertidas.
Contras
- Os jogos ainda carregam os problemas esperados por games lançados nos anos 80;
- Não conta com opções esperadas para uma coletânea que emula títulos antigos;
- Caro demais.
5