
Quando falamos de JRPGs em consoles da Nintendo, muitos fãs do gênero mencionam franquias como Final Fantasy, Dragon Quest, Pokémon e até mesmo Shin Megami Tensei. Contudo, existe outra série de jogos deste estilo que embora sejam mais bem vistos em consoles PlayStation, na verdade teve seu início em um console Nintendo e poucos se lembram, estou falando da franquia Tales Of que comemorou 26 anos em 2021.
O início do conto mágico da Namco

Dragon Quest, o primeiro título lançado em 1986 no Japão para o Famicom (vulgo NES), serviu como o pontapé inicial para o boom dos jogos de RPG eletrônicos no país do sol nascente. Sua popularidade foi tanta que diversas empresas quiseram apostar neste novo mercado. A Square criou o Final Fantasy, aumentando ainda mais a popularidade do gênero, enquanto a Atlus apostava em uma pegada mais niche com Digital Devil Story: Megami Tensei.
Mas se o Famicom recebeu os primeiros títulos do gênero, foi o Super Nintendo que teve a verdadeira época de ouro dos JRPGs. Títulos como, Final Fantasy VI, Chrono Trigger, Secret of Mana, Breath of Fire II e Dragon Quest V, agraciaram o aparelho durante o início dos anos 90s e são até hoje considerados alguns dos melhores do gênero.
Cada um dos títulos mencionados anteriormente chamaram a atenção seja por sua jogabilidade, história ou inovação que trouxe ao gênero. Contudo, entre os grandes clássicos do Super Nintendo, houve um game que passou despercebido e até hoje acaba sendo esquecido nas discussões dos melhores JRPGs do console. Um jogo que foi bastante além das capacidades do console da Nintendo e trouxe inovações que influenciaram diversos outros JRPGs, trata-se de Tales of Phantasia.

Produzido pelo pequeno estúdio Wolf Team em colaboração com a Namco, Tales of Phantasia foi um RPG revolucionário para sua época. Lançado em 1995, apenas no Japão, o título buscava inspiração em games de luta para oferecer um sistema de batalha único, utilizava artes desenhadas por um artista profissional de mangá, similar a Dragon Quest, e vozes digitalizadas.
Apesar de ter sido impressionante quando foi lançado, a produção do game esperava desenvolver algo ainda mais ambicioso. Tales of Phantasia começou sua vida como ‘Tale Phantasia’, uma história desenvolvida por Yoshiharu Gotanda, um programador da Wolf Team. Gotanda havia escrito a narrativa como um livro e após outros funcionários da equipe conferirem seu trabalho, foi decidido transformá-lo em um game.

Originalmente, a narrativa de ‘Tale Phantasia’ era dividida entre três protagonistas: Winona Pickford, Rhea Scarlet e Cress Albane. Com cada um dos heróis tendo seus próprios pontos de vista em relação ao vilão Dhaos, grupos diferentes se reunindo e uma longa jornada através do tempo como palco de fundo, a narrativa de Tale Phantasia era bastante ambiciosa para sua época.
Junto com sua narrativa ambiciosa, estava um estilo de combate 2D similar a jogos de luta e belos cenários desenhados a mão pelos artistas da Wolf Team. Complementando tudo estava uma trilha sonora composta por Motoi Sakuraba, vozes digitalizadas para os personagens, que gritavam os nomes de seus ataques e a excelente canção “Yume Wa Owaranai” (The Dream Will never Die), cantada por Yukari Yoshida.
Era óbvio que nem tudo iria caber em um cartucho de Super Famicom, e o que era para ser um projeto extremamente ambicioso acabou sendo algo ainda surpreendente, mas limitado. Infelizmente, o desenvolvimento de Tale Phantasia sofreu ainda com a interferência da Namco, que obrigava o time a alterar a sua visão para acomodar as mudanças que a empresa queria. As duas principais foram a contratação de Kousuke Fujishima, o autor do mangá de sucesso Ah! My Goddess, como character design e a mudança do nome do título finalmente para Tales of Phantasia, que serviu como a gota final para que Yoshiharu e metade do time decidissem sair da Wolf Team antes do lançamento do título.
Em Tales of Phantasia, os jogadores assumem o comando de Cress Albane que junto com seus amigos precisa viajar pelo passado e futuro para derrotar o vilão Dhaos, um ser de outro planeta que era considerado um Rei Demônio. Apesar de parecer ser uma história simples, Tales of Phantasia surpreendia com sua narrativa intrincada e que levantava várias questões sérias como racismo e desigualdade, culminando com um final que dava um último golpe nos jogadores, com a revelação de que Dhaos só estava tentando salvar o seu próprio planeta.

Apesar de ter sido considerado um RPG ambicioso quando foi lançado, Tales of Phantasia acabou escapando do radar de muitos fãs de JRPG. O título foi lançado no final de 1995 exclusivamente no Japão para o Super Famicom. Com muitos já de olho no PlayStation 1 e gráficos em 3D, a primeira aventura da série Tales of acabou sendo despercebida por aqueles que eram fãs do gênero.
Curiosamente, o título ganhou uma relevância maior ao ser refeito para o PlayStation 1 em 1998. Utilizando melhorias introduzidas em Tales of Destiny, lançado para o PS1 em 1997, a nova versão foi bem recebida e apesar de só ter ficado apenas no Japão, conseguiu atrair a atenção de fãs para a versão de SFC, que logo recebeu uma tradução não oficial, famosa por sua linguagem ofensiva.
Menção especial: O irmão bastardo que viaja pelas estrelas

Tales of Phantasia serviu como origem para a série Tales of, mas, poucos sabem que o jogo da Namco também é o primogênito de uma outra franquia de JRPG. Após sair da Wolf Team e ainda revoltado com a interferência da Namco no seu projeto pessoal, Yoshiharu Gotanda, junto com outros desenvolvedores, abriram um novo estúdio chamado de Tri-Ace, e começaram a trabalhar em um novo projeto que buscava ser, em sua visão, o verdadeiro Tale Phantasia.
Entrando em contato com a Enix, Gotanda conseguiu fazer com que a gigante dos RPGs investisse no projeto e assim a Tri-Ace se tornou uma subsidiária da companhia. Curiosamente, essa não foi a primeira vez que o time procurou a Enix. Antes da Namco se interessar por Tale Phantasia, Gotanda tentou vender a ideia do título para a Enix, mas a desenvolvedora o recusou na época.
Yoshiharu começou a planejar a história para o novo título. O programador reutilizou a ideia de uma viagem pelo tempo como um dos elementos básicos de sua narrativa, mas, para se afastar de Tales of Phantasia, Gotanda adicionou viagens pelo espaço sideral como um adicional. Assim, enquanto seu jogo anterior parecia ser uma história mais simples, o novo título mostrava ser ainda mais ambicioso e mais “radical”.

E ambicioso era uma das palavras chaves da Tri-Ace durante o desenvolvimento do novo título. Para dar o troco na Namco, o time pegou tudo o que já havia sido escolhido para Tales of Phantasia e decidiu simplesmente melhorar ainda mais. Ocupando 48 mbs de um cartucho de SFC, o projeto levou o consoles para o máximo de sua capacidade e acabou superando seu antecessor em questão de visual, sons e jogabilidade.
Em 1996, este projeto finalmente chegou ao Super Famicom. Batizado de Star Ocean, o novo título recebeu bastante comparações com Tales of Phantasia. Sua jogabilidade era uma evolução da criada no game da Namco, utilizando um plano 3D para movimentação em várias direções, mecânicas evoluídas do sistema de comida – que estava presente em Tales of Phantasia – e um sistema chamado de Private Action para expandir ainda mais sua história.
Infelizmente, como foi o caso com o próprio Tales of Phantasia, Star Ocean ficou exclusivo do território Japonês e muitos fãs de RPG não puderam aproveitar a aventura original da série, até seu remake ter sido lançado no PSP posteriormente. Tal remake foi relançado em 2019 em uma nova versão que chegou ao Nintendo Switch, marcando assim o retorno da série a consoles Nintendo. Além dele, o único título que estava disponível era Star Ocean: Blue Sphere, para o Game Boy Color.
A primeira sequência oficial da série, Nakiriri Dungeon

Assim como é o caso com Final Fantasy, cada título da série Tales of é uma aventura independente das outras. Em alguns poucos e raros casos, um título ganha uma sequência direta, como é o caso de Tales of Destiny e Tales of Destiny 2 ou mais recente Tales of Xillia e Tales of Xillia 2. No entanto, o primeiro jogo da franquia a receber uma sequência foi o próprio Tales of Phantasia.
Tales of Phantasia: Narikiri Dungeon é uma sequência da aventura original. Lançado em 2000 para o Game Boy Color, o game é bem diferente dos outros, misturando o tradicional sistema de batalha da série, o chamado Linear Motion Battle System, com um sistema de turnos. A maior novidade no entanto foi a possibilidade de equipar os protagonistas, Dio e Mel, com roupas especiais para transformá-los em diversas classes.

Apesar de ser uma sequência, Narikiri Dungeon focava muito mais nos novos protagonistas, Dio e Mel, do que nos heróis originais. De fato, Cress e seus amigos serviam mais como um objeto de estudo para os novos personagens sobre as consequências de suas ações e que nem toda lenda pode ser considerada o fato verdadeiro daquela história.
Como tal, Tales of Phantasia: Narikiri Dungeon é considerado um spin-off da série e seu relativo sucesso deu origem a uma sub-série que apareceu no GBA, os games Tales of the World: Narikiri Dungeon 2 e 3. Em 2010 o primeiro Tales of Phantasia: Narikiri Dungeon foi refeito para o PSP e lançado junto com Tales of Phantasia X, uma nova versão do clássico, em um pacote que trazia diversas mudanças.
Tales of Phantasia mais tarde retornou para consoles da Nintendo, desta vez para o portátil Game Boy Advance em 2003. Em um relançamento que servia principalmente para ajudar a vender o próximo jogo da franquia que era exclusivo do GameCube e marcava a entrada da série no mundo 3D, Tales of Symphonia.
A introdução da série Tales ao 3D

Desde o seu lançamento em 1995, todos os jogos da série Tales of foram produzidos com gráficos 2D. Tales of Destiny 2, lançado em 2002 para o PlayStation 2, marcou a estreia da série em consoles 128 bits, e apesar de ter vendido 977 mil unidades e ter sido um grande sucesso, muitos queriam saber como seria um jogo da série em três dimensões.
No início dos anos 2000s, a Nintendo, que estava se preparando para lançar o GameCube, procurava desenvolvedoras para lançar títulos de RPG para seu console. Demonstrando interesse em trazer a série de volta para sua casa original, a Namco e a Nintendo firmaram um acordo para produzir o próximo título da série exclusivamente na caixa roxa.
A este ponto é importante explicar algo sobre o desenvolvimento da série. Desde o lançamento de Tales of Destiny em 1997, a Namco havia dividido a Wolf Team em dois grupos menores. Os dois times então alteraram a produção de títulos da série, com o primeiro produzindo Tales of Eternia em 2000 e o segundo, composto por membros da equipe de desenvolvimento de Tales of Destiny, trabalhando em Tales of Destiny 2.
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O time que desenvolveu Tales of Eternia ficou então responsável por trazer a série de volta ao console da Nintendo. A primeira coisa que foi decidido foi retornar à origem da série, com muitos membros do time tendo participado da produção de Tales of Phantasia, um retorno a história original seria a forma ideal de marcar o reencontro de Tales of com o console da Nintendo.
Contudo, diferente de Tales of Destiny 2 que era uma continuação direta de Tales of Destiny, o novo título seria uma prequel distante de Tales of Phantasia. A história não teria nenhuma ligação com o conto original da série, mas, utilizaria diversos elementos narrativos que marcaram presença em Tales of Phantasia, como a abordagem do racismo e vários mundos.
A segunda coisa a ser decidida foi os visuais. O GameCube era um poderoso console, mas, não era conhecido por seus jogos com gráficos 2D. Por isso, foi decidido que o novo título seria em 3D, aproveitando todo o poderio do Cube e servindo como o começo da franquia em três dimensões. O Super Famicom marcou o início da série, o Game Cube marcava outro recomeço.

Assim, em 2003 os donos de GameCube receberam Tales of Symphonia. O título marcou a primeira vez que a série utilizou gráficos em 3D, além do retorno da franquia para consoles da Nintendo. Em Tales of Symphonia, seguimos a história de Lloyd Irving, um humano que é amigo de Colette Brunel e o meio elfo Genis Sage. O mundo em que os personagens vivem, batizado de Sylvarant está sofrendo e um escolhido é selecionado por anjos para ir em uma longa jornada para salvar o mundo. Colette é a mais recente escolhida e Lloyd acaba se juntando a sua aventura ao lado de seus amigos e novos aliados que ele encontra pelo caminho.
A jornada acaba revelando segredos ainda mais obscuros aos heróis, tais como a existência de um segundo mundo, Tethealla e o racismo que meios elfos sofrem. Existem outras revelações ainda mais surpreendentes e a aventura termina de uma maneira bem bacana e preparando o terreno para Tales of Phantasia, mesmo que as narrativas estejam separadas por dezenas de milhares de anos.

Apesar de possuir gráficos 3D, Tales of Symphonia ainda utilizava bastantes elementos presentes nos jogos 2D. O principal é em seu sistema de batalha, intitulado de Multi-Line Linear Motion Battle System, onde o combate era realizado em linhas em planos 2D que podiam ser alternadas com um toque de botão.
A Nintendo apostou pesado em Tales of Symphonia e bancou totalmente a sua localização, com o game chegando ao ocidente em 2004. Como tal, o título se tornou um dos games mais queridos dos fãs da série e de amantes dos JRPGs e se destacou na biblioteca limitada do GameCube. Infelizmente a Namco considerou o título um fracasso de vendas e logo tratou de portá-lo para o PlayStation 2 em uma versão melhorada, algo que seria recorrente no futuro da série.
Curiosamente, a versão de PlayStation 2 de Tales of Symphonia é conhecida por ser inferior ao lançamento original. Os visuais são piores por causa da falta de poder do console, e o título roda à 30 quadros por segundo, diferente dos 60 do GameCube. Para incentivar a compra desta versão ela possui diversos conteúdos adicionais como novos itens, dungeons e chefes extras. Esta é a base para todos os outros relançamentos de Tales of Symphonia.
A boa fantasia retorna a sua casa
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Acompanhando o lançamento de Tales of Symphonia, a Nintendo, junto com a Namco, decidiu também relançar o jogo que iniciou a franquia. Tales of Phantasia chegou ao Game Boy Advance em 2003, alguns dias antes de Tales of Symphonia, e serviu para lembrar os fãs do conto original, além de prepará-los para sua prequel.
A versão de GBA é uma aglomeração das duas versões anteriores do título. Enquanto ela se baseava principalmente no lançamento de Super Famicom, seus visuais, sistema de batalha e sua nova personagem jogável, eram retirados do relançamento de PlayStation 1. Infelizmente, as batalhas extras, summons especiais e sidequests do console da Sony não marcavam presença aqui.

Assim como foi o caso com a versão de Super Famicom, Tales of Phantasia levou o Game Boy Advance ao seu limite. O game manteve a abertura cantada do original, junto com as vozes digitalizadas, além de possuir os visuais do PlayStation 1. Infelizmente, os jogadores tiveram em suas mãos a pior versão possível do título, com muitos slowdows e visuais que acabaram sendo “adaptados” para funcionar na tela escura do GBA.
Surpreendentemente, esta versão de Tales of Phantasia acabou chegando ao ocidente de maneira oficial em 2006. Localizado pela Bowne Global Studios, esta foi a primeira vez que muitos puderam experimentar a aventura original da franquia Tales of (incluindo este que vos escreve). Infelizmente, para aqueles que já estavam acostumados com a série, a versão traduzida de Tales of Phantasia deixou um gosto bem amargo na boca.
Primeiramente teve-se a decisão de utilizar uma dublagem extremamente ruim durante os embates – que gerou um dos momentos mais engraçados com a memorável cena inicial de Tales of Phantasia – acompanhado por uma tradução bagunçada que mudava algumas palavras por outras, como Ragnarok por Kangaroo. Esta última sendo um erro com o programa Word, como revelado pelos tradutores anos depois.
O retorno de Tales of Phantasia também trouxe para o GBA outros spin-offs da série. Além dos já mencionado Narikiri Dungeon 2 e Narikiri Dungeon 3, 2003 também viu o lançamento de Tales of the World: Summoner Lineage, outra sequência para Tales of Phantasia, que dessa vez mudava o estilo de jogo para um RPG de estratégia.
Curiosamente, Tales of the World: Summoner Lineage é um dos mais obscuros spin-offs da franquia e bem esquecido tanto por fãs quanto pela própria Namco. Diferente de Narikiri Dungeon por exemplo, o título não recebeu remake ou remaster e seus personagens não apareceram em nenhum outro spin-off da série.
Pulando para as duas telinhas

Após o lançamento de Tales of Symphonia no GameCube, a Namco decidiu retornar a série para o PlayStation 2 e assim, o console da Nintendo ficou sem ver os próximos lançamentos da franquia. Ainda assim, a desenvolvedora continuou a produzir spin-offs para os portáteis da empresa e com o anúncio do Nintendo DS, a chance de tentar trazer a experiência de um título principal da série para as mãos dos jogadores surgiu.
Contudo, os times de desenvolvimento (que agora eram conhecidos como Team Symphonia e Team Destiny, por conta dos jogos produzidos por eles) estavam bastante ocupados com seus projetos para o PS2, Tales of the Abyss e Tales of Destiny Remake, respectivamente. A Namco decidiu contratar a Dimps – responsável pela série Sonic Advance – para produzir um título da série para o Nintendo DS.

Tales of the Tempest foi o resultado dessa primeira tentativa de colocar a série principal no portátil de duas telas, sendo lançado em 2006. Utilizando gráficos 3D, o game utiliza o mesmo sistema de batalha de Tales of Rebirth com algumas mudanças para deixá-lo único. O título foi muito mal recebido pelos fãs, tanto por sua curta história — apenas 12 horas — e as limitações de um jogo 3D no Nintendo DS. Como tal, a Namco removeu o status de título principal de Tales of Tempest alguns anos após seu lançamento e o considera um spin-off.
A segunda tentativa de produzir um título principal da série veio logo em 2007, com o lançamento de Tales of Innocence. Desenvolvido pela Alfa System, o game ainda era em 3D, utilizava uma mistura dos sistemas de batalhas de Tales of the Abyss e o Remake de Tales of Destiny para oferecer uma experiência bem divertida.

Em Tales of Innocence, os jogadores assumem o comando de um jovem tímido chamado Rucca, que é a reencarnação de Ashura, um ser de outro mundo. Rucca acaba encontrando outras pessoas que são reencarnações de seres que possuem relação com Ashura e juntos precisam se aventurar para salvar o mundo de uma ameaça do passado.
Diferente de Tales of Tempest, Tales of Innocence foi bem recebido pelos fãs, graças a ser bem mais parecido com um jogo principal da série. O sucesso do título fez com que a Namco continuasse a apostar no DS, mas antes, o Wii receberia um spin-off de um dos títulos mais queridos dos fãs.
A forma errada de começar em um novo console

Desde o seu lançamento em 2006, o Wii foi um sucesso estrondoso de vendas. Por isso, não é surpresa que a Namco, agora Bandai Namco, quis trazer a série Tales of para o aparelho. Contudo, durante esta época, a desenvolvedora possuía um acordo com a Microsoft, para a produção do próximo título principal da franquia ser exclusivo para o Xbox 360. Para evitar problemas com a gigante dos computadores, a Bandai Namco decidiu preparar o terreno para o lançamento da série no Wii com um spin-off.
E voltando para um console principal da Nintendo significa rever o universo criado em Tales of Phantasia e Tales of Symphonia. Dessa vez a Bandai Namco decidiu produzir uma sequência do adorado título de GameCube, assim em 2008 o Wii recebeu, Tales of Symphonia: Dawn of the New World.

Tales of Symphonia: Dawn of the New World acontece dois anos após os eventos do título do GameCube. Dessa vez os jogadores assumem o controle de um jovem chamado Emil que tem um ódio mortal por Lloyd. Aparentemente, o herói da aventura anterior foi responsável por um massacre que terminou com a morte dos pais de Emil e o jovem agora quer vingança. Encontrando a misteriosa Martha, Emil acaba se envolvendo em uma trama que revela a verdade por trás do fatídico evento que custou sua família e tem que impedir que o novo mundo, criado a partir do final de Symphonia, seja destruído pela vingança de um espírito sagrado.
Assim como foi o caso com Narikiri Dungeon, Tales of Symphonia: Dawn of the New World é considerado um spin-off da série, mesmo sendo uma sequência. Igual ao título de Game Boy Color, a narrativa do game de Wii foca mais nos novos personagens e utiliza os veteranos mais como uma ferramenta para a análise de suas ações na aventura anterior. O mesmo vale para as batalhas, apesar de oferecer a opção de se utilizar todo o elenco, em Dawn of the New World, os jogadores só podem utilizar Emil e Martha com todo o seu poder máximo. Os protagonistas de Tales of Symphonia original possuem uma trava de nível 50 e não podem ganhar habilidades especiais.

Tales of Symphonia: Dawn of the New World acabou recebendo uma baixa recepção dos fãs. Muitos criticaram o jogo por sua história que não utiliza bem os protagonistas anteriores em sua narrativa, enquanto alguns não gostaram de Emil e Martha. Seu sistema de combate foi bastante criticado, uma vez que a principal mecânica dele, a captura e utilização de monstros, era bastante desequilibrada. Por fim, a utilização do Wii Remote se sentiu um pouco confusa e não ajudava os jogadores a produzir combinações e outras táticas de combate tão facilmente.
Tales of Symphonia: Dawn of the New World também tentou utilizar bastante da nostalgia que os fãs possuem por ambos Tales of Symphonia original e Tales of Phantasia. Algumas músicas de ambos os títulos foram remixadas para aparecer no título e a mecânica de afeição, presente em Tales of Symphonia, recebe uma pequena lembrança aqui também. Ainda assim, as vendas do título foram baixadas e ele acabou por ser o único game da série que marcou presença no ocidente no console. Contudo, antes do próximo capítulo da saga dar as caras no Wii, o DS estava prestes a receber uma jóia rara.
O retorno ao 2D e as duas telinhas

Com o sucesso de Tales of Innocence no Nintendo DS, a Bandai Namco decidiu produzir mais um título para o portátil da Nintendo. Dessa vez, contudo, um novo time composto por membros do Team Destiny e Team Symphonia seria o responsável por seu desenvolvimento, fazendo-o assim a primeira vez que o desenvolvedor principal da série produziria algo que não fosse para um console.
Após dois títulos que utilizavam visuais 3D, o time decidiu apostar em algo diferente, gráficos em 2D. Tendo recém terminado de produzir o remake de Tales of Destiny no PS2, a equipe decidiu portar o estilo de jogabilidade, que foi bem recebido pelos fãs, para o DS e produzir uma aventura bem similar às experiências originais da franquia.
O resultado foi Tales of Hearts, lançado em 2008 para o Nintendo DS. O game estava disponível em duas versões diferentes, uma mais tradicional com cutscenes em anime e outra batizada de CG Edition, com animações em CG ao melhor estilo Final Fantasy. O título também foi bastante ambicioso, com uma aventura ainda maior do que a encontrada nos games anteriores do portátil e uma jogabilidade bastante divertida.

Em Tales of Hearts, controlamos Shing Meteoryte, um jovem que é criado por seu avô e que deseja se tornar um aventureiro. Um dia, o rapaz conhece a dupla de irmãos, Kohaku Hearts e Hisui Hearts, que estão sendo perseguidas por uma “bruxa” chamada de Incarose. Após a vilã matar o avô de Shing e o jovem acidentalmente quebrar a spiria de Kohaku (algo como sua alma), o protagonista parte em uma jornada para restaurar a jovem ao normal.
Tales of Hearts conta uma história de romance com uma boa pitada de mistérios e questões sérias. Sua narrativa é bastante única dentro da franquia, e a jornada é repleta de momentos inesquecíveis. Sua jogabilidade também foi bastante elogiada pelos fãs, se tornando o melhor estilo de combate já produzido para um título portátil quando foi lançado.
Infelizmente, Tales of Hearts, Tales of Innocence e Tales of Tempest ficaram exclusivos no Japão. Dos três, apenas Tempest e Innocence receberam patchs de tradução feitos por fãs. Contudo, Tales of Hearts acabou dando as caras no ocidente através de uma reimaginação lançada para o PS Vita em 2014. Batizada de Tales of Hearts R, o novo jogo é considerado um remake do título de DS, mudando seus visuais para 3D e modificando sua jogabilidade.
Um conto que foi pouco ouvido no Wii

No início da geração Xbox 360, PlayStation 3 e Nintendo Wii, a recém formada Namco Bandai foi aproximada pela Microsoft com uma proposta. A empresa de Bill Gates nunca conseguiu conquistar o público japonês com o seu Xbox. Apesar da ajuda de desenvolvedoras como a SEGA, com títulos exclusivos como Shenmue 2, e a Tecmo, com as fantásticas séries Ninja Gaiden e Dead or Alive, o console americano ainda estava perdendo na terra do sol nascente.
Por isso, a gigante dos computadores decidiu apostar ainda mais em títulos orientais para conseguir chamar a atenção. Conhecendo a fama de JRPGs e o seu sucesso na terra do sol nascente, a empresa de Bill Gates aproximou a Namco Bandai com uma proposta única, o desenvolvimento de um jogo da franquia Tales exclusivamente para o Xbox 360.
Na época, a Namco Bandai estava com dúvidas sobre produzir um título exclusivo da série para o PlayStation 3. Assim, a desenvolvedora aceitou a oferta, produzir e lançar exclusivamente um game da série para o Xbox 360. Em 2008, Tales of Vesperia foi lançado no console da Microsoft.

Contudo, o número de vendas no Xbox 360 acabou sendo abaixo do esperado no Japão. Assim, a Namco chegou a um acordo com a Microsoft e conseguiu lançar uma nova versão do game em 2009 para o PlayStation 3, exclusivamente na terra do sol nascente.
Ainda sem interesse em tentar produzir um jogo exclusivamente no PS3, a Namco Bandai decidiu olhar para o outro console da geração, o Wii. Depois do fracasso de Tales of Symphony: Dawn of the New World, a desenvolvedora decidiu apostar novamente no console e produziu o próximo jogo principal da série, Tales of Graces, que chegou em dezembro de 2009.
Em Tales of Graces, jogadores acompanham a história de Asbel Lhant. Diferente de outros jogos, em Graces, passamos por duas partes da vida do herói, sua infância e depois sua vida adulta. Asbel precisa descobrir os segredos por trás de uma misteriosa garota que ele conheceu em sua infância e que acreditava estar morta.
Tales of Graces foi a primeira tentativa do Team Destiny em produzir um jogo 3D. Como tal, sua jogabilidade é bastante diferente do encontrado em jogos anteriores, como sistema de C,C que estava presentes em Tales of Destiny Remake, retornando aqui.
Outras mudanças encontradas em Tales of Graces são um novo sistema de combinar itens e uma modificação no tradicional sistema de cozinhar da franquia. O game também foi o único da série no Wii que possuía DLC para jogadores comprarem, incluindo uma colaboração com a cantora virtual Hatsune Miku.

Infelizmente, Tales of Graces foi lançado no Wii cheio de bugs, incluindo alguns que congelavam o título, o que fez com que a Namco Bandai tivesse que recolher os discos do game. A situação ficou ainda mais constrangedora quando foi anunciado que uma versão melhorada do game chegaria ao PS3 em 2010. Esta versão, batizada de Tales of Graces F, foi considerada a edição completa do título pela Namco Bandai e acabou sendo localizada em 2012.
Assim, os donos de Wii ficaram sem o seu principal Tales of no ocidente. Depois do lançamento de Tales of Graces F, a Namco Bandai decidiu que iria lançar os jogos da série exclusivamente no PS3, tendo ficado decepcionado com os números de vendas nos consoles anteriores, além dos limites que o hardware mais fraco oferecia.
Menção honrosa: O conto dos sapos

O próximo título não é bem um Tales of em si, porém, ele é considerado por muitos como o quarto jogo da franquia lançado para o Nintendo DS. Em 2010, a Namco Bandai produziu e lançou no portátil o título Keroro RPG: Kishi to Musha to Densetsu no Kaizoku. O game é baseado no anime e mangá Sgt.Frog e foi desenvolvido pelo estúdio Namco Tales, o mesmo responsável por alguns dos jogos da série.
Keroro RPG foi desenvolvido sobre uma versão modificada da engine de Tales of Hearts e como tal, ele é literalmente um jogo da série com uma skin de anime. O seu sistema de batalha é o famoso Linear Motion Battle System, e é até mesmo possível convocar personagens de outros jogos da Namco para auxiliar durante os embates.
Keroro RPG é um divertido game que ficou exclusivo no Japão e encerrou a participação da série Tales of no portátil de maneira divertida.
Os altos e baixos da era 3DS

Com o anúncio do Nintendo 3DS em 2010, a Namco Bandai não perdeu tempo em preparar um título da série para o novo portátil. Seguindo a ideia de outras empresas como a Konami, a desenvolvedora decidiu mostrar que o aparelho da Nintendo era poderoso e anunciou que lançaria um port de Tales of the Abyss, lançado originalmente para o PS2.
Chegando ao mercado ocidental em 2012, Tales of the Abyss trouxe a jornada do garoto rico e mimado Luke fon Fabre para as telinhas do portátil. Luke acaba embarcando em uma jornada sem querer, após ser “sequestrado” por Tear Grants. Juntos eles acabam descobrindo mais sobre o mundo que vivem e um plano para destruir tudo.
Tales of the Abyss foi bastante elogiado na época de seu lançamento original, sendo o segundo título da série em 3D. A versão de 3DS é baseada na americana de PS2, que corrige bugs e adiciona algumas novidades em relação a versão japonesa. O portátil da Nintendo não perde em nada, trazendo uma experiência bem agradável com algumas pequenas modificações para fazer o game rodar sem problemas.

Apesar disso, Tales of the Abyss foi o único jogo da série principal a dar as caras no 3DS. Nos anos 2010s, a Namco Bandai lentamente passou a investir no mercado mobile em vez dos portáteis, e isso afetou ambos 3DS e PS Vita. Contudo, antes de pular totalmente fora da plataforma da Nintendo de duas telas, a desenvolvedora ainda lançou um último título.
Tales of the World: Reve Unitia é um spin off que faz parte da sub-série, Tales of the World. O game é um RPG de estratégia e possui um elenco composto por vários personagens que aparecem nos diferentes títulos da franquia. Lançado exclusivamente no Japão, Reve Unitia é uma expansão de um título mobile chamado Tales of the World: Tactics Union.

Tales of the World: Reve Unitia marcou por um tempo, o adeus da franquia aos consoles e portáteis da Nintendo. Após seu lançamento, a própria franquia lentamente entrou em um processo de descanso. Com lançamentos anuais durante os anos 2000 e a parte inicial dos 2010, a agora Bandai Namco decidiu mudar a forma de produzir jogos da série.
Após a recepção baixa de Tales of Zestiria, lançado em 2015 para o PS3, PS4 e PC, e a saída do produtor Hideo Baba (que estava envolvido na série desde 2008) em 2017, fez com que Tales of entrasse em um período de descanso. O lançamento de Tales of Berseria ainda em 2017 viu um ressurgimento no apoio dos fãs, mas a Bandai decidiu segurar por mais alguns anos o próximo jogo principal da série.
E foi durante esse período de espera, que os fãs tiveram uma das maiores surpresas de suas vidas.
Vesperia e o sonho impossível que foi realizado

Tales of Vesperia é um dos jogos mais queridos dos fãs da série. Lançado originalmente para o Xbox 360 em 2008, o game alcançou um sucesso imediato graças a seus visuais, história, jogabilidade e principalmente seu protagonista, Yuri Lowell que é um dos personagens mais adorados dos fãs até os dias atuais.
Fãs ocidentais se lembram de Vesperia por duas coisas. A primeira é sua excelente dublagem, que contou com atores como Troy Baker, antes de sua fama em The Last of Us, e Michelle Ruff, que nos deu o incrível meme “BLAH BLAH BLAH TIDALL WAVE” (Utilizado pela maga Rita durante a invocação da magia Tidal Wave enquanto ela se encontra no modo Overdrive).
Já a segunda coisa é exatamente a sua localização exclusiva no Xbox 360. Isso porque, Vesperia chegou ao PS3 em uma versão que adicionava bastante conteúdo adicional, que já se encontrava dentro do código do dvd do Xbox 360.
Por anos, a fanbase de Tales implorou a Bandai Namco pela localização de Vesperia de PS3, considerada a versão definitiva do clássico. A desenvolvedora revelou em 2010 que era impossível trazer o jogo para o ocidente, pois a Microsoft pagou pela exclusividade ocidental do título.
Assim, por anos, existiu o meme de que Tales of Vesperia PS3 nunca chegaria ao ocidente. Mesmo assim, os fãs nunca desistiram da esperança.
Eis que durante a E3 2018, na conferência da Microsoft, após as arrepiantes palavras World Premiere, Ring a Bell começou a tocar e a revelação chegou. Tales of Vesperia PS3 finalmente chegaria ao ocidente em uma nova versão. Batizado de Tales of Vesperia: Definitive Edition, o título seria em HD e curiosamente chegaria aos principais consoles do mercado, incluindo o Nintendo Switch.

Tales of Vesperia: Definitive Edition desembarcou no console da Nintendo em 2019. A nova versão do título é baseada na exclusiva de PS3 e conta com conteúdo extra em relação ao seu lançamento original no Xbox 360. As novas adições incluem a pirata Patty e o melhor amigo de Yuri, Flynn, como personagens jogáveis, novas dungeons, itens, armas e bosses secretos.
Além de muito conteúdo adicional, que pode chegar a quase 63 horas de acordo com o site Howlongtobeat, a edição definitiva também conta com visuais em HD. Assim, fãs podem aproveitar um dos mais divertidos jogos da série de uma forma bem atraente e divertida. Infelizmente para os fãs da dublagem, as novas cenas contam com novos dubladores, substituindo alguns dos originais por causa de contrato, e isso acaba causando um certo problemas em algumas cenas que misturam vozes originais com as novas.
Tales of Vesperia: Definitive Edition foi bem recebido pelos fãs, com 1,5 milhão de cópias tendo sido vendidas em relatório revelado pela desenvolvedora em setembro deste ano. O sucesso certamente fez a cabeça dos fãs que logo após o lançamento, começaram a pedir por relançamentos de outros títulos antigos.

O sucesso também contribuiu com a Bandai Namco na questão de adiar o próximo lançamento da franquia. Levando o tempo que fosse necessário para entregar um bom produto, a desenvolvedora esperou até 2021 para lançar, Tales of Arise, o mais novo título da série e que quebrou recorde de vendas em alguns meses.
Infelizmente, Tales of Arise não chegou ao Switch. Tales of Vesperia: Definitive Edition é até o momento o adeus definitivo da franquia aos consoles da Nintendo.
O passado e o futuro se interligam

Apesar de ter feito sucesso em consoles da Sony, a série Tales of nasceu e alcançou suas principais evoluções em consoles Nintendo. É impossível negar o impacto que títulos como Tales of Symphonia tiveram nos fãs e no futuro da franquia. Apesar de a Bandai Namco estar um pouco longe da empresa de Kyoto no momento, é esperado que o futuro traga boas novas para os fãs da série que são donos de um Switch.
Vamos esperar e torcer para que outros títulos acabem aparecendo no console híbrido da companhia, mesmo que eles sejam relançamentos. Caso você não conheça a franquia, Tales of Symphonia e Tales of Vesperia são duas excelentes aventuras que podem ser aproveitadas nas plataformas da companhia, o mesmo vale para a versão 3DS de Tales of the Abyss.