Desenvolvedora: Game Freak
Publicadora: Nintendo
Data de lançamento: 28 de janeiro de 2022
Preço: R$ 299,00
Formato: Físico/Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia adquirida pela redator.
O tão aguardado e comentado novo jogo da franquia Pokémon finalmente chegou, e já coleciona inúmeras opiniões, bate recordes de vendas no mundo todo, e realmente se mostrou inovador. Enquanto a Game Freak estava ocupada com Pokémon Legends: Arceus, os remakes da mesma região foram confiados à ILCA. Será que compensou aliviar o lado da principal desenvolvedora de Pokémon para trazer um resultado melhor? Será que temos um “The Legend of Zelda: Breath of The Wild de monstros de bolso”? E mais importante, ficou bom? Vamos discutir tudo isso aqui e ainda mais!
E no primeiro dia, Arceus criou o mundo
A princípio pelos trailers iniciais, pensávamos que seria algo super no passado, no real início das civilizações de Pokémon etc. Avançando fomos aprendendo mais que na verdade já tínhamos o princípio da cidade de Jubilife, alguns clãs, e toda uma construção política e social já acontecendo. E quem somos nós nesse contexto?

O protagonista é na verdade um escolhido de Arceus, vindo do nosso presente, enviado para o passado para resolver um probleminha: uma fenda no espaço tempo se forma sobre o monte Coronet. Além disso, Pokémon estão fora de controle, e os clãs da Pérola e do Diamante estão em pé de guerra, usando como campo neutro o time Galactic (que se origina aqui como uma equipe de pesquisa e desenvolvimento, associada com o professor local e vistos como guardiões da paz). Imediatamente nos associamos ao time Galactic, e vamos progredindo na história com mais demandas que precisam que nós resolvamos, afinal, Arceus nos escolheu por alguma razão.
Beleza, estamos ambientados, já sabemos o que tá rolando no mundo, vamos ao que interessa!
Depois da introdução do jogo e das primeira missões, não mais que 1 hora de jogo eu diria, já somos agraciados com um fato incrível: a liberdade! Ok que não é “mundo aberto” 100%, pois a região é dividida em algumas sub-áreas, mas elas são tão enormes e ricas que é bem fácil de se perder por ali, mas não tema, isso não é ruim.
Têm TANTA coisa pra fazer em cada mapa, quanto mais você avança, você descobre um novo bioma, novos pokémon selvagens, novos itens etc. Isso somado à aleatoriedade que existe traz uma vida nova que pode ser o que a série precisava. Você não é preso a fazer uma coisa ou outra primeiro, pode explorar as side quests, ou só passear por aí o quanto quiser. A progressão na história realmente te desbloqueia mais áreas, mas fora isso, ela não impede seu progresso livre.

Gameplay
Começaremos com tudo que podemos fazer no jogo. O objetivo principal, é claro, é completar a Pokédex. Os ginásios aqui foram substituídos por batalhas contra monstros enfurecidos, que mistura mecânicas de overworld, dependendo da sua habilidade e agilidade, com batalhas de Pokémon no estilo de turnos, como sempre foi. Isso é bem conduzido pela história, e não fica algo forçado, não parece que você está indo pro próximo líder só pq quer ir pra liga, essa integração foi bem feita, e eu gosto como isso muda o estilo clássico, mas entendo quem discorde.
E ok, para completar a dex, devemos estudar os Pokémon. Pra isso, capturamos vários espécimes de cada um, batalhamos diversas vezes contra eles, assistimos eles usarem determinado ataque, hábitos noturnos ou diurnos, formas diferentes e até mesmo a maneira como eles comem. Isso traz um fator de complecionismo muito divertido, embora você não precise fazer 100% das quests de cada espécie para completar seu registo, então atende a todos os públicos.

Temos toneladas de quests e nem todas são fáceis (ainda não consegui juntar 3 pedaços de madeira e nem o maldito Buizel grande). As principais que conduzem a história são obviamente necessárias pra expandir as áreas que temos acesso e desbloquear novas montarias. Mas as side quests completamente opcionais volta e meia te dão recompensas muito boas, ou só são divertidas de fazer, seja pela historinha, ou por ter um desafio maneiro.
Inclusive, existem minigames. Têm um de montaria em um percurso, têm tiro ao alvo… nada demais, mas é muito legal pra dar aquela espairecida antes de voltar a caçar animais.
Quem controla o alpha, controla tudo
Pokémons alpha apresentam uma caraterística muito similar ao que temos no nosso mundo. O líder de um bando, que defende os seus parceiros e territórios, sendo o mais forte, ou com maior capacidade de liderança ou combate. Os alphas aqui dominam um certo território, são geralmente agressivos quando nos aproximamos ou quando batalhamos ou capturamos seus minions. Notavelmente, eles têm um tamanho desproporcional, sendo realmente enormes, e com olhos rubros. Seu level é geralmente bem acima da média local, e pode destruir seu time tão fácil quanto um palito de dente. Mas são capturáveis! É uma ótima adesão ao time, pois as batalhas aqui são bem difíceis, logo, uma ajuda de peso vem a calhar.

E quanto às batalhas?
Dessa vez eu admito que surpreendi. Claro que já havia passado no trailer como ia funcionar. Mas não esperava que fosse dar tão certo. O estilo de combate de turnos clássico de pokémon, mas com detalhes de velocidade de ataque, interferindo na sequência de quem vai se mover a seguir foi uma inovação bem vinda. Se isso vai ou não pra main line, não sei, nem sei se iria dar certo, mas é divertido.
Não temos mais EVs e IVs, um alívio pra mim, especialmente sobre os IVs, sendo substituídos pelo level de cada status de cada bicho, que você pode melhorar ao seu bel prazer usando itens específicos, dropados por Pokémon e compráveis. Não, os monstrinhos não são fracos, então está mais desafiador sim. Nem sempre os selvagens querem batalhar, às vezes eles só fogem, e também não precisamos batalhar pra capturá-los.
Ah, outra coisa legal é que podemos andar pela cena enquanto a batalha acontece, facilitando uma possível fuga, ou só ver de um ângulo mais legal, especialmente quando uma “horda” decide brigar. Isso mesmo, quando você entra em combate, se mais bichos no entorno estiverem querendo brigar, eles entram no combate, e você que se vire!

Hora da faxina (passando pano?)
Olha, eu gostei do jogo, muito mesmo. Então pra mim vai ser uma review positiva. Vamos tocar nos pontos chave que a internet veio reclamando então, ok?
Primeiramente, aspectos técnicos: gráficos. O estilo de arte adotado em parte foi para compensar essa incapacidade de fazer algo mais rebuscado, mas eu pessoalmente gostei do resultado. Ninguém nega que o Switch têm sim capacidades de hardware inferiores aos concorrentes (não vamos entrar nessa discussão de novo, sejam sensatos, por favor e entendam o que eu estou dizendo da forma que está escrito), mas também há ainda margem pra entregar algo um pouco melhor, o que faltou foi expertise da Game Freak em fazê-lo, afinal, BOTW conseguiu. Mas isso é o de menos. O resultado visual final é bastante agradável, especialmente no modo portátil.
Nesse ponto, o que percebi de ruim foi a queda de framerate para movimentações ao longe (o jogo se concentra no que está perto), e alguns objetos e interações poderiam ser mais em HD, e interações com a água. Dentro dela tudo fica pixelado, e o que está fora fica normal, as vezes na mesma tela. Porém nada que te tire da experiência.

Duas coisas de fato me incomodaram. A primeira faz sentido lógico dentro da lore do game, mas enfim, acho que poderia adotar uma suspensão de descrença aqui e pronto: a mochila não é infinita. E são TANTOS itens novos a cada área que fica muito difícil mesmo lidar com tudo.
A segunda é a falta de otimização. Por exemplo, temos várias tarefas em paralelo acontecendo, certo? Podemos ativá-las e ter o seu ponto marcado no mapa, mas apenas uma por vez. isso atrasa demais na execução delas, fazendo abrir a lista, ativar uma por uma pra ver quais podemos fazer numa mesma área. Isso seria menos problema se a mudança de área fosse mais simples também, mas viajar entre zonas é extremamente demorado e cansativo. Devemos voltar para o acampamento, mostrar os resultados da pesquisa pro professor, ouvir um blablabla sobre como foi incrível, voltar para a cidade, sair da cidade para só então ir pra outra área. Ir direto de uma área pra outra, mesmo com uma load screen entre elas, seria fantástico.
De resto, nada me chamou a atenção negativamente. Quero fazer os 100% do jogo sim, e talvez isso reflita num baixo fator de replay. Sendo umas 50-70 horas para completar o jogo aproveitando o que ele têm a oferecer, é difícil que eu queira refazer essas quests do 0 tudo de novo. Aproveito para dizer que é o mesmo sentimento que tive com Horizon, onde já tenho quase 100 horas de jogo, não está completo, e com toda certeza não refarei tudo, porque perde um pouco do charme da descoberta.

Não podemos fazer muita coisa enquanto na montaria, nem capturar Pokémon, nem iniciar batalha, ou coletar itens que dependem de interação do Pokémon. Isso acaba atrasando um pouco, sendo levemente desagradável. Somente o Basculegion nos permite isso, então só dentro d’água, onde não tem muito o que fazer, nem itens pra coletar. Se era possível de ser feito, não vi motivos pra excluir isso das outras montarias.
Destaques positivos
Além das mecânicas de batalha que já mencionei, algumas coisinhas a mais me encantaram. Inicio com a contrapartida do item anterior, pois mesmo na montaria ou correndo, podemos coletar itens soltos no chão, como frutas, plantas, pedras etc. Se for um simples coletável apertando A, basta ir sem medo que nada pode te parar.
As novas funções e novas pokébolas também são bem divertidas. Uma Heavy Ball agora, e até sua versão melhorada, não depende mais do peso do Pokémon alvo, mas sim se ele foi ou não pego de surpresa, mas em troca, ela é bem mais lenta e não têm um alcance grande (muito pelo contrário, ele é beeeem pequeno). As Feather e Jet balls são muito mais rápidas e leves, alcançando até pássaros, mas é fácil de errar o tiro pois ela segue em linha reta. E por aí vai.

Conclusão
Pokémon Legends: Arceus parece ser o novo caminho que a franquia irá tomar. Com tantas mudanças de peso que pelo visto agradaram o público, acho muito difícil regredirem ao que tínhamos sem levar nada daqui. Não que esquecer mecânicas não seja algo constante em Pokémon né…
De toda forma, eu adorei o jogo, tem muito o que fazer, te dá muita opção, liberdade e é divertido. Se você decidir “Ah hoje quero só capturar Starlys”, você pode, brincar de se esconder, ou então partir pra porrada mesmo. De longe é o melhor jogo de Pokémon que já joguei nos últimos anos, e espero que continue assim.

Prós
- Horas de diversão;
- Dá pra jogar aos pouquinhos;
- Muito a se fazer;
- Liberdade.
Contras
- Trocar de área;
- Gráficos na água;
- Baixo replay.
Nota final
9
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