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Review | TOODEE AND TOPDEE

Um jogo de perspectiva; Toodee and Topdee explora dois gêneros para entregar uma experiência única e a todo instante valiosa.
Lucas Barreto 14/04/2022

Desenvolvedora: diet zribi
Publicadora: diet zribi

Data de lançamento: 14 de Abril, 2022
Preço: R$ 36,99
Formato: Digital

Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela diet zribi.

Unir plataforma e puzzle é uma fórmula clássica e sempre constante no cenário de jogos independentes. Afinal, andar da esquerda para a direita, pulando sobre obstáculos, é o molde intrínseco do jogar, e liberar telas com quebra-cabeças engenhosos e diversos é uma das premissas mais elementares para a criação de jogos.

Nesse sentido, é difícil encontrar algo de original ou minimamente interessante, já que o gênero satura-se cada vez mais. Por vezes, contudo, encontramos aquele jogo com uma ideia capaz de mudar todas as nossas concepções, por mais simples que ela aparente por início, propondo-nos desafios cada vez mais intrigantes e mais sedutores. Toodee and Topdee, então, se mostra com charme próprio em uma obra cheia de momentos mágicos, próprios desse lugar onde ideias simples se transformam em verdadeiras maravilhas.

Puzzle ou Plataforma?

Tudo é uma questão de perspectiva. Quando vemos Sonic correndo pelo esverdeado de Green Hill Zones, podemos imaginar, mas não podemos fazê-lo desviar de seu curso da direita ou da esquerda, fugindo por colinas distantes ao fundo da tela. Essa é a forma como TooDee enxerga seu mundo, como seu nome indica, sempre disposto em um plano X sendo capaz apenas de saltar em uma linha Y. TopDee, por outro lado, acessa apenas um outro campo, Z, limitado ao piso onde seus pés se deslocam, assim como Link observa Hyrule em The Legend of Zelda: A Link to the Past. Claro, nada disso é novo, porém em um momento quando os dois personagens precisam trabalhar juntos, ao jogador é apresentada uma digna e fantástica genial.

Em uma narrativa meta linguística com a criação de um jogo a partir da visão de um programador, somos apresentados a Aleph, uma entidade divina que criou um sistema solar com diferentes mundos, cada um com suas características. Ao fim de sua obra, no entanto, uma de suas criações, temendo ser destruída, rouba o cerne daquele universo: o ponto-e-vírgula (;). Assim, diversos glitches invadem a programação do jogo, fazendo os dois personagens se unirem em uma curiosa missão: resgatar quatro guardiões presos em glitches e encontrar o ponto-e-vírgula para estabelecer ordem novamente no universo.

Uma vez juntos, ambos precisam usar suas habilidades para resolver pequenas telas e cruzarem o portal para o próximo desafio. Assim, Toodee pode pular, e acessar áreas inacessíveis por Topdee, enquanto este pode mover blocos para criar novas plataformas e auxiliar Topdee bloqueando ameaças ou distraindo inimigos. De toda forma, cada perspectiva é utilizada para a resolução de um problema específico, em uma comunhão de esforços para se atingir o fim.

Simplesmente adorável

Uma das maiores forças do título, já que o elemento puzzle por si só pode não ser o suficiente para cativar um potencial jogador, reside em sua apresentação. Suas composições sonoras são, a todo instante, estimulantes e curiosas, com músicas pontuando a temática do mundo onde os desafios se passam e efeitos sonoros dando vida aos personagens e às suas ações. Nesse contexto, o cenário parece vibrar com tantas cores e personalidade impostas em cada segmento, com modelos remodelados a cada perspectiva com uma engenhosa simplicidade, sendo difícil criticar qualquer aspecto quanto à apresentação do jogo.

O humor que dá sedimento à narrativa, também, gera diversos momentos de risos tímidos, verdadeiramente desfrutando da experiência a cada passo. O aspecto metalinguístico, como havia destacado anteriormente, leva a história a lugares inusitados, sempre criativos, e com uma conclusão lógica que rende momentos muito bem desenvolvidos. Os desafios, por outro lado, mesmo simples e fáceis podem render certa dor de cabeça, especialmente por certas “irritações” ao frustra-se ao tentar realizar uma ação que, no fim, acaba não sendo executada da forma como se esperava.

Frustrante ou recompensador?

Esclarecendo: é injusto chamar o título de frustrante. Seus desafios são, realmente, justos e condizentes com o que se é apresentado desde o princípio da jornada. Além disso, o jogo conta com inúmeras opções de acessibilidade, tornando a experiência flexível de acordo com o que se busca, sendo possível inclusive resolver obstáculos de formas diversas com a mera presença de atributos que facilitam a resolução do jogo.

O que me fez ficar com um gosto um pouco amargo na boca, contudo, foram aquelas pequenas inconveniências, como empurrar uma caixa em certo ângulo que, agora, é necessário reiniciar a fase por inteiro para ter o cuidado de não pressionar o direcional com mais insistência. São, novamente, apenas pequenos inconvenientes, e causados por erros de extrema precisão, e que acabam gerando certos suspiros desgostosos. A experiência padrão para jogos desse estilo, eu diria, e que sempre vão valer à pena de serem ultrapassados.

Em uma última nota, preciso destacar um último ponto negativo, e que na verdade não se revela grave. Geralmente, em jogos de plataforma, podemos encontrar pequenos colecionáveis, obtidos por desafios internos das fases, e que podem vir a desbloquear desafios extras. Em Toodee and Topdee, nós também encontramos esse elemento, porém de uma forma muito mal otimizada. Em algumas fases, vemos símbolos de joaninhas piscando na tela, sendo estas os colecionáveis secretos do jogo, vinculados a condições específicas. O problema, no entanto, é que tais condições não são explícitas, rendendo a discussões onlines a função de desvendar tais mistérios. Sinceramente, meu gosto pessoal tem predileção pela explicitação de tais fatores, com listas e caixas de condições em cada fase, mas reconheço o apelo de tal decisão, e sei que dessa forma é possível elevar as discussões do jogo para um ambiente em comum.

Conclusão

De forma simples e direta: Toodee e Topdee é um título recheado de charme, com uma premissa diferenciada e revelando-se valiosíssimo quanto mais se o joga. Para apreciadores do gênero Puzzle-Plataforma, é um acerto em todos os aspectos, com os pontos negativos nem de longe chegando a ofuscar seu brilho. Com porcos e morcegos sanguinários, caixas flutuantes ou afetadas pela gravidade, portais, fogo, lasers e piscinas d’água, é uma recomendação instantânea.

Prós

  • Apresentação sublime;
  • Jogabilidade única e divertida;
  • Resoluções rápidas e satisfatórias.

Contras

  • Sistema de segredos confusa;
  • Certa limitações podem irritar o jogador.

Nota

8,5

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Lucas Barreto
Lucas Barreto
Nintendista e escritor nas horas vagas. Estudante de Letras e fã de visual novel e jogos calminhos.
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