Desenvolvedora: Bandai Namco
Publicadora: Bandai Namco
Data de lançamento: 08 de Julho, 2022
Preço: R$ 249,90
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela Bandai Namco.
A quinta geração de consoles foi um momento importantíssimo para a indústria de jogos. Foi nessa pequena parte da história que ocorreu o que até hoje continua sendo um dos maiores saltos tecnológicos da indústria: a transição do 2D para o 3D. Em uma época onde franquias consolidadas como Mario, Sonic, e até mesmo novatos como Spyro the Dragon tentavam criar grandes e novíssimas experiências 3D utilizando toda a tecnologia disponível, um certo “Viajante dos Sonhos” se destacava.
Klonoa: Door to Phantomile, de 1997, para o PlayStation original com certeza foi, e continua sendo, um dos jogos mais notáveis daquela geração de consoles. Enquanto o game não foi tão bem sucedido comercialmente, ele possuía qualidade mais do que o bastante para não só conquistar uma fanbase que, mesmo que seja pequena, é extremamente fiel e dedicada, mas também garantir spin-offs, um remake para Wii, e até mesmo uma sequência para o PlayStation 2, intitulada Klonoa 2: Lunatea’s Veil.
Contudo, apesar de ter um catálogo cheio de jogos de excelente qualidade, a Klonoa tragicamente nunca teve um bom histórico de vendas, e talvez por isso também o mascote da Namco nunca teve jogos sendo lançados em um ritmo constante como Mario, Sonic e até mesmo Kirby costumam ter, por exemplo. A esperança disso mudar, porém, chegou em forma de uma coletânea remasterizada compilando ps dois primeiros jogos de Klonoa, com KLONOA Phantasy Reverie Series.
Klonoa: Door to Phantomile – A Pérola Esquecida do PS1
Em Klonoa: Door to Phantomile, você toma o controle do protagonista Klonoa, que vem sendo importunado por pesadelos de um avião caindo nas montanhas de Phantomile – o local onde o jogo se passa –. Os pesadelos no entanato, acabam se tornando realidade, e ele, junto de seu amigo Huepow, decidem investigar mais a fundo o que está acontecendo enquanto escalam a dita montanha.
Ao chegar lá, somos introduzidos aos principais vilões do jogos: Joka: uma criatura similar a um macabro palhaço e Ghadius, um misterioso ser cujo o objetivo é envolver Phantomile com todos os tipos de pesadelos. E nosso protagonista, sendo o jovem corajoso que é, decide tentar impedi-los.

Como podem observar, é um plot simples, porém considero muito mais complexo que outros jogos de plataforma de outrora, com o andar da narrativa atingindo seu pico da metade para o fim do game, apresentando diversos momentos tocantes que vão partir o coração de qualquer um. No entanto, onde Klonoa: Door to Phantomile realmente demonstra genialidade na sua estrutura é em sua brilhante gameplay.
Este é um jogo 2.5D, ou seja, um side-scroller com elementos 3D nos cenários e personagens, onde em todos os momentos o game faz questão de utilizar esses elementos das formas mais divertidas possíveis. Os movimentos de Klonoa são como a de um típico side-scroller: sua movimentação é travada para esquerda e para direita, e você pode pular e flutuar brevemente para corrigir pulos errados. O maior diferencial no seu moveset é a mecânica de “inflar” seus inimigos para joga-los em outros, ou até mesmo realizar um “pulo duplo”; esse é o movimento principal do personagem no entanto, equivalente ao giro de Crash Bandicoot ou o Spin Dash de Sonic, por exemplo.

A genialidade por trás desse movimento, porém, é que durante o jogo você irá reparar que tanto o background quanto o foreground possuem itens, e essa é a parte mais brilhante de Klonoa Door to Phantomile, uma que para consegui-los é necessário abusar das mecânicas integradas de Klonoa. Você se encontrará usando a já supracitada mecânica de “inflar” os inimigos para os jogar nos coletáveis que você encontrar no background e foreground para coleta-los; a mecânica também é muito usada para resolver quebra-cabeças.
É um conceito incrível que faz total uso do “2.5D” que o game tanto se orgulha de ter, além de ser a sua mecânica primária, apresentando um excelente level design utilizando-o a todos os momentos. Não apenas isso, mas a câmera é dinâmica e se move para diferentes lugares dependendo dos vários caminhos alternativos que você decidir ir, algo que de certa forma, faz o escopo da aventura sempre parecer muito maior enquanto dá destaque aos belíssimos visuais refeitos do jogo.

Contudo, é impossível falar desse remaster sem mencionar seus deslumbrantes visuais. Apesar de notáveis texturas com baixa resolução, a qualidade gráfica impressiona muito mesmo para um game de 25 anos atrás; desde os modelos dos personagens até os elementos de background, o Klonoa: Door to Phantomile é super colorido e cativante, tudo é repleto de vida e detalhes. Este claramente foi um aspecto no qual o time de desenvolvimento prestou muita atenção e colocou muito amor e carinho.
Além de um visual surpreendente, Klonoa: Door to Phantomile também é dono de uma soundtrack de tirar o fôlego. As faixas sonôras são ambientais, algumas de uma maneira mais feliz e outras de formas mais belas e melancólicas, com o meu exemplo favorito sendo a música “Untamed Heart”, que toca em um dos últimos níveis do jogos. É difícil de explicar com palavras a mera beleza de algumas dessas músicas, então mesmo se alguns de vocês não tiverem interesse no game, eu peço por favor que escutem a soundtrack, pois vale muito a pena.

A curva de dificuldade de Door to Phantomile também é algo a se destacar. O game começa relativamente simples, com puzzles bobos, inimigos fáceis de serem derrotados e desafios simples de platforming. Porém, perto de seu climax, a aventura apresenta uma estrutura de level design mais bem elaborada. Neste tópico de dificuldade, eu também gostaria de apreciar os chefes do game. Além de serem super criativos, eles são pontualmente desafiadores, colocando em teste algumas das habilidades que você aprendeu durante o jogo, fazendo o uso do background e foreground para te atacar e serem atacados.

O único problema que eu consigo pensar neste relançamento aprimorado é que, a maioria dos áudios das cutscenes não foram regravados, e por conta disso, são reusados da versão de PS1, o que os deixa com uma qualidade bem abafada. Mas isso é um detalhe pequeno que não detraí muito da experiência geral, pois Klonoa: Door to Phantomile, apesar de sua curta duração, continua sendo um dos jogos de plataforma mais geniais que eu já tive o prazer de jogar e poder o experienciar novamente é uma sensação inigualável.
Klonoa 2: Lunatea’s Veil – A Ilusiva Sequência Perfeita
Apesar de não ter sido um sucesso comercial tão grande, Klonoa ainda assim conseguiu receber uma sequência, intitulada de Klonoa 2: Lunatea’s Veil, lançado em 2000 para PlayStation 2. Em geral, tudo que eu disse sobre Klonoa: Door to Phantomile, em termos de game design, se encaixa aqui, porém, expandido melhor todo o conceito.
Klonoa 2: Lunatea’s Veil se utiliza das mesmas mecânicas e filosofias de Level Design do seu antecessor, mas tudo parece muito mais refinado e coeso. isso desde a movimentação do personagem que parece menos “escorregadia”, até as próprias fases, que ignoram o estilo mais “labiríntico” que algumas do primeiro jogo tinham.
Este jogo é o que eu gosto de chamar de “sequência perfeita”. Ele mantém tudo que o primeiro game fez de certo, corrigindo seus erros enquanto constrói mais mecânicas em cima de sua base, com uma apresentação muito mais cinematográfica e épica do que o primeiro jogo jamais sonharia em ter; afinal, temos o mérito de estar em uma plataforma bem mais poderosa para tal.
Os visuais no entanto, de alguma forma, são ainda melhores no remaster de Klonoa 2: Lunatea’s Veil. O que quero dizer é que, o primeiro jogo de Klonoa já era lindo no PS1, mas aqui tudo parece muito mais bem trabalhado, desde os personagens, efeitos visuais, backgrounds, até mesmo a interface do game. Lunatea’s Veil dos melhores exemplos de como se refazer os visuais de um jogo antigo; um verdadeiro espetáculo visual.

O Level Design também foi refinado aqui. As visões tem o tamanho perfeito, nem muito longas, nem muito curtas. Além disso, o uso dos quebra-cabeças aumentou drasticamente, mas sem tirar muito o brilho das sessões de platforming que Door to Phantomile é tão conhecido por ter – um meio termo foi atingido neste game em longevidade e estilo dos níveis, e os bosses são ainda melhores que os do primeiro jogo; além de apresentarem um moveset mais criativo, também temos uma quantidade maior deles para enfrentar. Ou seja, Klonoa 2: Lunatea’s Veil é uma evolução natural que se beneficia de uma plataforma poderosa para se tornar mais arrojado.

Como dito anteriormente, Klonoa 2 Lunatea’s Veil é uma sequência perfeita de um jogo que já é essencialmente muito competente. Ele não só pega tudo que o primeiro game fez de errado e corrige, como constrói em cima de tudo que já era bom e transforma em algo magnífico e, em alguns momentos, cinematográfico.
As adições do pacote
KLONOA Phantasy Reverie Series não adiciona muitos conteúdos extras, mas existem sim algumas adições que eu sinto que deveria falar sobre. Primeiramente, as opções de dificuldades foram adicionadas para ambos os jogos: o modo fácil, onde você leva menos dano dos inimigos, possuí mais HP e vidas infinitas, enquanto o modo hard é onde você morre ao levar um só hit. Ambas são adições bem-vindas, não só para deixar o game mais acessível, mas também dar um desafio extra para os jogadores mais ousados.

A segunda – e última – adição de KLONOA Phantasy Reverie Series que eu gostaria de falar sobre são as costumes, as roupinhas alternativas para Klonoa usar em suas aventuras. É algo besta para ser sincero, e que é vendido como DLC de forma separada do game, mas que eu aprecio a inclusão.

Uma Fagulha de Esperança
KLONOA Phantasy Reverie Series é a forma perfeita não só de apresentar esses dois jogos clássicos para novos fãs, mas também de fãs antigos os jogarem novamente de forma mais acessível e polido. São duas remasterizações com um trabalho competente, livres de problemas graves de game design e que representam a esperança da franquia Klonoa de se manter viva. Klonoa representa uma experiência única, que nenhuma outra franquia até hoje teve a capacidade de replicar e que todos com o mínimo de interesse em jogos de plataforma, seja 2D ou 3D, deveriam dar uma chance.
Prós:
- Duas excelentes experiências em um só pacote;
- Visual aprimorados;
- Adição de opções de dificuldades.
Contras:
- Klonoa original apresenta áudio abafado;
- Pouco conteúdo adicional no pacote base, com extras à parte via DLC paga.
Nota Final:
9
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