
Desenvolvedora: Shinyuden
Publicadora: Ratalaika Games
Data de lançamento: 19 de Maio, 2023
Preço: R$ 29,99
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Ratalaika Games.
Revisão: Davi Sousa
O PC-Engine pode ser considerado um filho querido do Japão. Seus três anos de vantagem até a chegada dos dois titãs, o Super Famicom e o SEGA Mega Drive, deram a ele uma biblioteca respeitosa nas terras orientais. O mesmo não pode ser ditoda sua contraparte americana, o TurboGrafx-16, que foi lançado não só durante o grande monopólio americano da Nintendo, mas também um ano antes da chegada do Mega Drive.
Com uma performance inicial fraca e um tempo de vida que estava destinado a falhar, esmagado na guerra entre SNES e Mega Drive, muitos jogos do PC-Engine foram deixados apenas em território nipônico, e é aí que entra nossa vítima em questão: Cyber Citizen Shockman. Lançado originalmente no Japão em 1989, pela primeira vez desde então o jogo original chega aos consoles modernos pela primeira vez no Ocidente. Valeu a pena trazer essa relíquia de mais de 20 anos para cá? Ou teria sido melhor deixá-lo no lugar de onde saiu, no qual uma nostalgia pode justificar sua existência?
Familiar, não era de se esperar
Cyber Citizen Shockman é bem característico de sua época, de seus visuais inspirados em antigos animes de transformação até sua jogatina, baseada no gênero mais popular dos videogames até então, os jogos de plataforma 2D. O jogador tem poucas ações, já que o PC-Engine tem um controle de apenas dois botões de ação, sem contar os direcionais e botões de pausa. Portanto, o jogador fica limitado a um pulo e um golpe com sua espada; com a progressão, é possível liberar um golpe carregado, que se torna a única opção de ataque a distância.
Se as ações são limitadas, então os elementos externos e como o jogador interage com eles são o que vai definir a qualidade do jogo. Cyber Citizen Shockman funciona bem o suficiente para ser um plataforma competente para sua época, mas o que chama a atenção de verdade é o seu sistema de progressão e rotas.
Apertemos logo o start
Começando a aventura, nos é dada uma escolha (puramente estética) entre dois personagens, um garoto e uma garota, e logo somos jogados no mapa de seleção de estágios. Em seguida, o jogo um simples texto: você agora é um ciborgue e precisa derrotar a organização maligna em 18 dias. Essa é a mecânica-chave de Cyber Citizen Shockman, e onde ele mais brilha.

O jogador pode escolher se mover, reparar os danos recebidos durante a última fase e comprar upgrades ou dicas. A graça está na escolha dos mapas, onde o jogador pode traçar sua própria rota até o grande final, e se quiser, pode até fazer todas. Onde está a pegadinha? Lembre-se que o jogo lhe concedeu 18 dias para fazer essa tarefa, e sempre que você terminar uma fase ou morrer, o tempo irá passar, de dia para a noite, e repetindo o ciclo em um novo dia.
É uma mudança interessante em relação ao velho esquema de vidas, muito comum quando Cyber Citizen Shockman foi lançado. Cada fase terminada geralmente oferece uma recompensa, como itens, upgrades de dano, uma licença policial para usar seu laser (deixarei isso em mente caso torne-me um ciborgue) ou uma simples cura, o que torna a opção de reparar seus ferimentos bem redundante na maioria das vezes, já que depois de acumular um grande número de pontos, o jogador recebe um level up, aumentando seu limite de vida e o curando até o máximo.
A tríade rotas, dias e upgrades é o pão com manteiga desse jogo, que, de maneira rudimentar, pode ser uma fusão das mecânicas de Mega Man e, futuramente, Star Fox. Vendo de uma perspectiva mais moderna, este pode ser considerado um avô dos roguelikes.
Mas e o jogo?

Cyber Citizen Shockman é difícil, brutalmente difícil, dono de uma dificuldade que não foi planejada para desafiar, mas para justificar a compra e não deixar o fator replay apenas nas mãos do mapa. O jogo irá te bombardear de inimigos e golpes baixos, que, em mistura com controles não tão precisos, te farão tomar esses golpes, queira você ou não. Padrões de inimigos são facilmente identificáveis, mas desviar deles ainda é um desafio pelos controles pesados; é possível sentir todo o peso do seu corpo de ciborgue, tanto em seus pulos quanto em seus passos.
Em contrapartida, se você conseguir se adaptar ao comportamento dos chefes, verá que ele se repete não só em sprites recoloridas, mas também em seus padrões. Caso você consiga reconhecer o básico e saiba onde conseguir os melhores upgrades, a força bruta não está fora de questão, e isso é um pecado que outros jogos de plataforma da época cometeram.
Conclusão
Apesar de não ser o exemplo máximo do que torna um jogo antigo tão divertido para retornar, Cyber Citizen Shockman consegue entreter o bastante para garantir que o jogador não fique entediado — quem sabe às vezes frustrado, mas nunca o suficiente para fazê-lo abandonar a jogatina.

Respondendo à pergunta feita anteriormente no texto, eu devo lhe pedir desculpas, caro leitor, mas ela era retórica. O Nintendo Switch atualmente é uma plataforma com muitas opções de conteúdo antigo, e sempre ter acesso a essas bibliotecas é uma bênção. Se há uma luta tão grande contra a pirataria retrô, então é necessário que jogos clássicos sempre estejam acessíveis ao consumidor, mesmo que não seja uma gema escondida que irá mudar a vida do jogador.
Mas como avaliar ele? Não é um remaster, nem um remake, apenas um port emulado. Bom, eu digo que fica a decisão do leitor. Cyber Citizen Shockman não é grande coisa, mas não consumirá grande tempo, então o avaliei como ele é, um jogo por si só.
Prós
- O sistema de mapas é muito divertido de explorar;
- Simples, mas tem ideias interessantes;
- Fator replay caso o jogador queira experimentar com as diferentes rotas.
Contras:
- Dificuldade frustrante, às vezes injusta;
- Pouca variedade de inimigos e chefes;
- Controles pesados e não tão satisfatórios de masterizar.
Nota Final:
6
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