Desenvolvedora: Feral Interactive
Publicadora: SEGA
Data de lançamento: 12 de Outubro, 2023
Preço: R$ 59,99
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela SEGA of Europe.
Revisão: Marcos Vinícius
Company of Heroes, famosa franquia de RTS, dá as caras no Nintendo Switch através de um port preparado pela equipe da Feral Interactive. Trazendo o jogo original e suas duas expansões, Company of Heroes Collection é um pacote cheio para quem curte jogos de estratégia e mostra o porque a série é uma das mais respeitadas de seu gênero.
Estratégia de alta qualidade

A franquia Company of Heroes teve seu início em 2006, com o lançamento do seu primeiro título para o PC. Desenvolvido pela Relic Entertainment, o jogo continuava uma tradição dentro da companhia, oferecendo uma experiência de estratégia em tempo real de alta qualidade.
Tirando alguns casos especiais, títulos de estratégia em tempo real acabam ficando exclusivos no PC. O poder de processamento da plataforma e a facilidade de utilizar um mouse e teclado para explorar todo o mapa e agir rapidamente, são duas vantagens que tornam difíceis adaptar estes tipos de jogos para consoles e outras plataformas.
No passado, algumas famosas séries de RTS (Real Time Strategy), chegaram a dar as caras nos consoles e até mesmo em plataformas da Nintendo. No caso, os jogos eram transformados em jogos de estratégia por turnos ou mantinham sua jogabilidade original que trazia consigo alguns problemas.

Company of Heroes Collection chega ao Switch trazendo a jogabilidade original, mas adaptada para ser jogado com um controle convencional. A facilidade de ter o jogo rodando sem problemas no híbrido, e com uma UI que agrada aos olhos e de fácil acesso, é graças a Feral Interactive se baseando na versão do título disponível para aparelhos mobiles, que também foi portado pela desenvolvedora em 2020.
O trabalho da Feral Interactive, que já tem experiência em portar outros títulos mobile para o Switch, foi muito bem feito. Tirando alguns pequenos problemas de resolução, falta de explicações de algumas coisas e de algumas adições que podem ajudar a navegar melhor no título — como uma navegação mais rápida de pontos e unidades de interesse no mapa —, temos aqui toda a experiência original, incluindo a jogabilidade premiada e que destaca a série como uma das principais de seu gênero. Além disso, temos o conteúdo das duas expansões do título: “Opposing Fronts” e “Tales of Valor”, que adicionam campanhas, unidades e algumas melhorias ao título original.
A Segunda Guerra Mundial de uma forma diferente

A Segunda Guerra Mundial é talvez um dos períodos históricos mais utilizados como base para contar histórias na cultura pop. Filmes, séries e principalmente jogos, já utilizaram tal período como backdrop para suas narrativas. No mundo virtual no entanto, a guerra sempre foi um prato cheio para oferecer aos jogadores experiências diversas, seja no mundo dos jogos de tiro ou em outros estilos.
Company of Heroes como o próprio nome sugere, segue uma companhia de “verdadeiros heróis” durante a Segunda Guerra Mundial. No jogo base, o grupo escolhido são os americanos, com o jogador assumindo o comando da Companhia Able e seus aliados durante os eventos do Dia D — uma das mais importantes datas que serviu como o início da reviravolta na guerra —, e as operações seguintes, que vêem o esquadrão enfrentando uma das unidades de elite de Tanques Alemães.
As expansões adicionam campanhas que seguem os britânicos, outro esquadrão americano e até mesmo os alemães. Apesar de apenas algumas partes da narrativa ter base em missões reais, a história em Company of Heroes é bem mais pé no chão do que pode ser encontrada em outros títulos que utilizam a Segunda Guerra Mundial como parte de sua narrativa. Não vemos uma propaganda mais focada nos americanos como uma força a ser temida, ou altos exageros nas ações realizadas. As coisas são bem mais realistas, mostrando os altos e baixos de cada grupo de uma maneira que não demonstra favoritos.

A experiência de vivenciar a Segunda Guerra Mundial por um jogo de estratégia em tempo real, onde pensamento rápido e tomada de decisões são a chave, pode ser um pouco estranho para o jogador comum. Estamos tão acostumados com a representação da guerra sendo de explosões e chuvas de balas vindo de todas as direções, que uma outra olhada pode acabar sendo estranha. Felizmente, Company of Heroes contém uma apresentação sonora muito bem feita que ajuda a imergir o jogador no calor da guerra sem exageros.
Apesar dos visuais já datados de um jogo de 2006, o título possui bons efeitos visuais de tiros e explosões e todas as cutscenes são feitas com a engine do jogo, resultando em transições suaves para a gameplay. O que chama a atenção, são os efeitos sonoros, com Company of Heroes utilizando muito bem som para complementar sua atmosfera.
Além de tiros, bombas, tanques e outros veículos, os soldados são dublados, com eles gritando palavrões quando estão sob fogo inimigo, calmos fora de combate e até gemidos de dor quando estão morrendo. Essa é uma parte fantástica do título, que ajuda a chamar atenção do jogador durante os embates e principalmente não romantiza este momento tão trágico e violento de nossa história.
Está nas suas mãos, comandante

Sendo um jogo de estratégia em tempo real, Company of Heroes coloca o jogador na posição de comandante da Able Company. Todas as decisões que envolvem o campo de batalha, como recrutamento de novas tropas, combate contra inimigos, tomada de pontos de interesse e defesa, devem ser tomadas em tempo real pelo jogador, que precisa se adaptar bem para o campo de batalha que está sempre em constante mudança.
Primeiramente, Company of Heroes Collection oferece modos de campanha, skirmishs (duelos rápidos contra a CPU) e treinamento. Inicialmente, é recomendado começar pelo treinamento, que vai lhe ensinar não apenas o básico de como jogar o título, explicando mecânicas importantes, como também vai ensinar os controles do jogo.
A jogabilidade de Company of Heroes é bem tradicional no quesito de jogos de estratégia em tempo real. Jogadores têm a sua disposição unidades, cada uma com classes específicas como soldados de infantaria, especialistas em morteiros e metralhadoras e precisam utilizá-los em conjunto para completar os objetivos. Para conseguir novas unidades, ou recuperar soldados perdidos, é necessário recursos, que podem ser adquiridos ao conquistar pontos específicos que estão espalhados pelo mapa.

Uma das vantagens dos RTS no PC é a combinação de mouse e keyboard, que oferece uma grande vantagem em utilizar ações rapidamente e explorar o mapa sem precisar abrir menus adicionais. No Switch, a Feral Interactive adaptou bem a jogabilidade para as “limitações” da plataforma. Os botões realizam as principais ações como selecionar tropas e movimenta-las, enquanto ações adicionais como o uso de habilidades podem ser acessadas através da Roda de Ações, acessada via um toque de ZR, que pausa a ação e oferece as principais habilidades ao jogador na palma de sua mão. Também há alguns atalhos com os direcionais – baixo para a base principal e cima para algo que requer sua atenção no momento – além de um botão de pause que permite que o jogador pause a ação e der ordens tranquilamente.
Cada unidade possui suas vantagens e desvantagens, que o jogador deve utilizar a seu favor para conseguir a vitória na batalha. Infantaria são versáteis e bons para combates, engenheiros podem construir partes da base que ajudam a recrutar unidades melhores e especialistas em morteiros podem bombardear uma área, ajudando seus aliados a atacar seus inimigos mais facilmente.
Ao guiar as unidades pelo mapa é possível utilizar coberturas espalhadas pelo mapa, como paredes, para proteger suas unidades, também sendo possível construir algumas pequenas. Casas e prédios abandonados também podem ser invadidos por aliados e inimigos, se transformando em fortificações muito úteis que podem proteger ou se tornar um problema sério.
Encontrar oponentes no campo resulta em duelos que ocorrem entre as unidades. Apesar de ser possível utilizar algumas habilidades, em troca de recursos, os duelos são automatizados com algumas pequenas coisas afetando o resultado. Cada unidade ganha experiência, que resulta em um sistema de veteranos – de 1 até 3 estrelas acima da unidade – com os mais veteranos geralmente tendo uma vantagem maior ao realizar ações.

O combate possui um quê de estratégia com a forma como é apresentado. Bater de frente com o inimigo não é uma boa pedida, pois as unidades podem sofrer de ser pega em fogo cruzado, o que pode impedi-las de realizar ações e se tornar alvo fácil. O jogador é incentivado a utilizar todas as suas unidades com cuidado, usando suas vantagens e estratégias como atacar inimigos por seus lados menos protegidos e por aí vai. Eliminando inimigos também preencher uma barra que concede ao jogador pontos que podem ser trocados por habilidades especiais como bombardeios sempre que precisar e tropas especiais.
Além das unidades de campo, também é possível comandar veículos como tanques e caminhões para transportar suas tropas. Antes de utilizá-los, contudo, é necessário construir suas montadoras a partir da base principal e seus altos custos de recursos devem ser calculados. Os veículos possuem pontos fracos, como partes de seu corpo sendo fracos, mas eles tem bastante utilidades e podem ser trunfos quando é necessário ter um poder de fogo extra.
Estratégia muito boa no seu console

Company of Heroes Collection traz uma das melhores opções do gênero de RTS para o Nintendo Switch muito bem adaptado para a plataforma. O título possui alguns problemas, como as cutscenes rodando a poucos frames, a falta de opções de controle por toque – que só funcionam nos menus – e algumas pequenas limitações. Contudo, o pacote traz um incrível jogo e duas expansões recheadas de conteúdo, com uma jogabilidade bem adaptada e viciante, que incentiva o jogador a se esforçar e descobrir novas formas de completar os objetivos.
No momento, o título só pode ser aproveitado em single player, mas a Feral Interactive já anunciou que vai trazer o multiplayer em uma atualização. As opções aqui presentes já são mais do que satisfatórias para os amantes de RTS, e para aqueles que nunca jogaram um título deste gênero, bem, Company of Heroes Collection é uma boa introdução ao mesmo. Com uma campanha densa e desafiadora e uma viciante jogabilidade que vai lhe entreter bastante, o título prova que o Switch é uma boa casa para o gênero florescer e encontrar espaço longe de sua plataforma principal.
Prós
- Jogabilidade muito bem adaptada para o Switch;
- Campanha densa e bastante desafiadora;
- Jogo roda sem problemas no modo portátil e dock;
- Apresentação e efeitos sonoros ajudam bastante a dar o tom da guerra.
Contras:
- Falta de controles por toques fora dos menus;
- Tutorial deixa algumas coisas de fora.
Nota Final:
8,5
