
A era Switch foi polêmica para jogos Pokémon: “Dexit”, jogos mal acabados, descaso por parte da empresa mãe e por incrível que pareça, acertos. Dentre altos e baixos, a franquia dos monstros de bolso sempre esteve entre os jogos mais vendidos do console híbrido, o que não deixou de se repetir em seus últimos lançamentos.
Pokémon Scarlet e Violet vieram com a proposta ousada de serem games de mundo aberto, algo há muito tempo pedido pelos jogadores, um subgênero em alta na indústria atual, ainda mais com tantos produtos do tipo com tamanha qualidade no mesmo aparelho como The Legend of Zelda: Breath of the Wild.
Com a chegada do pacote de expansão – The Hidden Treasure of Area Zero – para as mais recentes entradas da franquia, como poderíamos avaliar a nona geração de Pokémon após todo este tempo para digerir a experiência como um todo? Seria ela boa? Seria ela ruim? Vamos analisar.
Uma gameplay extremamente divertida
O jogo tem muitas falhas que vão além de bugs e glitches mas, como alguém que jogou, tenho que admitir uma coisa: O jogo é extremamente divertido.
A fórmula de Pokémon já é viciante por si só, mas há uma química neste mundo aberto que é inexplicável: explorar, capturar monstrinhos e tornar a vida do treinador mais fácil utilizando mecânicas como auto-battle é muito prazeroso, criando um loop de gameplay muito gostoso de se envolver.

É impressionante como mesmo com problemas de performance tão grotescos ao usá-la, você naturalmente sente vontade de continuar repetindo o processo, o que te dá mais e mais vontade de ir testando combinações e torna extremamente possível ignorar a história e mesmo assim continuar a se entreter.
A sensação de que você pode construir uma equipe ao seu gosto com maior facilidade e grinding na medida certa é sensacional. Muito bom poder testar os monstros sem se preocupar com ter que upar membro por membro, estas melhorias são muito bem-vindas.
Tera Raids mal otimizadas, mas com bons desafios
A ideia de que as raids fossem mais dinâmicas era realmente boa mas, não foi muito bem executada no produto final, infelizmente. Em Sword e Shield, as mesmas eram por turnos, na maior tradição JRPG possível, o que agradava meu gosto pessoal, apesar de estarem longe de serem perfeitas.
Com diversas quedas e brechas para jogadores ficarem inativos e outras questões, conseguiam mesmo assim ser agradáveis na medida do possível, o que não acontece muito em Scarlet e Violet. Há situações onde coisas do tipo atrapalham totalmente a experiência, animações tomando mais tempo que o necessário do timer, chegando até a te fazer perder batalhas ganhas por bugs nesta feature, que foi o que de fato me afastou de continuar no pós-game após 100 horas jogadas.

Apesar de tantos problemas neste aspecto em específico, os eventos especiais oferecem um desafio muito interessante, que seriam muito mais agradáveis se não fosse a péssima execução. A primeira raid especial de Charizard, assim como a dos Pokémon paradoxo Walking Wake e Iron Leaves fazem o jogador ter que pensar em uma estratégia para enfrentar estes formidáveis oponentes, algo que que me surpreende no design atual de Pokémon, que prioriza o fato de ser um RPG amigável com crianças, pelo menos em seu núcleo.

Liberdade nos objetivos?
Uma das propostas de jogos de mundo aberto é a de poder concluir os objetivos na ordem que quiser, o que é uma ideia interessante para a franquia em questão mas, não senti que houve este planejamento por aqui. Não há um sistema para escalonar níveis conforme o jogador progride pois, há uma chance considerável de que, se o treinador em questão explorou bastante por vontade própria, vá se deparar com uma destas duas possibilidades:
- Um líder de ginásio muito mais fraco que o mesmo;
- Um líder de ginásio muito mais forte que o mesmo.
O que soa um pouco desbalanceado, pelo menos para quem vos escreve.
Sinto que apesar do foco da franquia não serem os adultos, acredito que não deixaria de ser amigável para iniciantes se houvesse um trabalho para equilibrar este aspecto do jogo. Há maneiras de manusear esta dificuldade, sem que se torne muito punitivo para quem não é familiarizado com Pokémon no geral.

Lore é a melhor parte do jogo
Diante de tantos problemas com este lançamento, gosto da ideia de que a lore está longe de ser um deles. Mesmo que desconexa em certos pontos, a história de Paldea no geral é muito interessante, cheia de ideias boas, que acredito terem tido potencial para fazerem de Scarlet e Violet parte das melhores entradas na franquia se não fossem por tantos problemas no game.

Por trás daquele familiar ambiente escolar, há muitas coisas extremamente interessantes que vão sendo reveladas ao longo das três histórias que o jogador se envolve, as quais realmente me encantaram os olhos de ver que houve uma tentativa de fazer algo acima do que os jogos de Pokémon oferecem neste quesito em específico.
Boa parte da história da região ganhou uma expansão interessante com The Teal Mask e The Indigo Disk, mas nada que aprofundasse de maneira muito maior, embora entregue coisas interessantes ao jogador, as quais não vou entrar em detalhes por não querer estragar a experiência de quem pretende jogar o jogo base e as DLCs futuramente.
O tão pedido mundo aberto veio com sacrifícios
Talvez a parte que eu mais vá ser criticado mas, acredito que mundo aberto para o bem ou para o mal, não foi a escolha certa para Pokémon.
Sinto que com essa expansão, muitas das cidades e locais perderam um pouco daquela alma para dar orçamento à tantos espaços. Quase não é mais possível entrar em casas, não há muitas pessoas com diálogos interessantes sobre lore da cidade — o que de fato me decepcionou, já que todo o fator história da região está preso à história principal.

Com um mundo tão gigante, comecei a perder o estímulo a lutar contra treinadores agora que são opcionais, o que faz com que faça muito mais sentido para o jogador priorizar os Pokémon selvagens para progredir e ficar mais forte, uma outra visão de design para a saga core, há quem prefira isso à tradição, uma questão de gosto pessoal.
Sinto que poderiam equilibrar isso nos próximos jogos, fazendo uma grande área menor e dando mais vida às cidades novamente, é possível chegar em um consenso sobre isso.
Uma introdução ao VGC em Indigo Disk
Apesar de muitas críticas por parte da comunidade, gostei de Indigo Disk. Além de criar conexões interessantes com a região de Unova – local o qual Blueberry Academy está localizada – a expansão funciona como um pós-game com a intenção de introduzir novos jogadores ao formato VGC, de longe a melhor ideia do conteúdo novo.
Há uma certa dificuldade se você joga com monstros locais em níveis balanceados, falo por experiência própria do desafio que foi enfrentar Lacey, Elite 4 do tipo fada, especificamente. Mesmo treinadores aleatórios do mapa oferecem uma dificuldade boa(poucos, para ser sincero) o que é um ponto muito positivo.
Para quem quer aprender mais sobre o formato oficial de competições da Pokémon Company, esta é uma ótima oportunidade, sendo possível por meio do próprio game.

Saldo negativo ou positivo?
Estourando a bolha, com muitos bugs em seu lançamento e soluções muito mal pensadas para seus problemas de performance, – que apenas foram amenizados, não consertados – Pokémon Scarlet e Violet possui uma carga de pontos positivos, com muitas ideias boas. Sinto que faltou um bom tempo para a execução e ai é que entramos no grande problema atual da franquia: Não dá para fazer um produto deste escopo mantendo o ritmo de lançamentos anuais.
Uma empresa do porte da The Pokémon Company poderia envolver outros estúdios para fazer jogos mainline de meia geração (remakes, por exemplo) e assim dar mais tempo para que Game Freak possa trabalhar para entregar um jogo core completo com o mínimo de polimento, pois o que estamos recebendo é uma beta, sem tirar nem por. Acredito que os monstrinhos de bolso tenham muito potencial para criar experiências excepcionais, apenas faltando seu devido desenvolvimento para que tudo se ajuste.
E você, o que acha? Comente ai em baixo.
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