Desenvolvedora: OPERA HOUSE, Liber Entertainment
Publicadora: PQube
Gênero: Música, Simulação
Data de lançamento: 3 de outubro, 2024
Preço: R$ 169,84
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela PQube.
Revisão: Davi Sousa
Infelizmente, versões offline de gacha games são uma coisa rara de se ver. Nem todos os desenvolvedores sentem que vale a pena publicar uma versão offline custando um preço fixo para os fãs aproveitarem.
Porém, talvez algo que seja ainda mais raro é ver tais ports serem localizados, mas a PQube anunciou I★CHU: Chibi Edition. E já dou um spoiler aqui: essa review talvez entrará na história do NintendoBoy com a menor nota na história, ou quem sabe nos últimos anos.
Um port offline de um jogo mobile
Primeiro de tudo, é melhor explicar o que seria I★CHU. Em junho de 2015, foi lançado o aplicativo I★CHU pela Liber Entertainment para dispositivos iOS e Android. Ele foi seguido de I★CHU Étoile Stage em abril de 2020, com o jogo original sendo descontinuado três meses depois, em julho de 2020. Étoile Stage sofreu esse mesmo destino, sendo descontinuado em 2021.

Porém, em Novembro de 2022, a Liber, em cooperação com a OPERA HOUSE, anunciou que iria trazer o I★CHU original como um port offline para Nintendo Switch, sem microtransações. Basicamente, trata-se de uma versão offline do gacha game original, com todas as histórias que foram lançadas durante seus cinco anos. Parecia que esse jogo nunca sairia do Japão…até que a PQube, em meio aos seus diversos anúncios, revelou que ele seria lançado no Ocidente.
Produzindo um grupo de rapazes
A história nossa começa na Étoile Vie School, onde pessoas talentosas treinam para ser ídolos. Dentro dessa escola, eles são conhecidos como “iChu”, ou seja, idols em treinamento. O elenco de I★CHU é composto por nove units: F∞F, Twinkle Bell, i♥B e ArS compondo o grupo da terceira geração, e POP’N STAR, Lancelot, RE:BERSERK, Tenjyou Tenge e Alchemist compondo a primeira e segunda gerações.

Cada banda possui um grupo bem único. Por exemplo: na i♥B, todo mundo vem de um outro país, enquanto que na ArS temos vários “artistas” no sentido literal, como um escultor de gelo e até mesmo um mangaká; e RE:BERSERK possui vários…er… chuunis, por assim dizer.
Para compensar a falta de um servidor, I★CHU: Chibi Edition opera na base do sistema de “temporadas”, ou seasons. À medida que você vai lendo mais da história principal e atingindo a meta de pontos dos eventos de uma determinada temporada, você irá liberar banners de gacha, novos eventos e muito mais. Até onde pude perceber, são dezenas de temporadas no total, o que faz sentido, já que o gacha game esteve ativo por cinco anos.

Uma gameplay loop repetitiva e frustrante
Para liberar os capítulos da história principal, é necessário passar por um loop que sinceramente é muito repetitivo e chato. Primeiro, precisamos completar as músicas no EASY, e tem que ser nessa dificuldade, pois fazendo no NORMAL ou no HARD, não conta. Depois, você lê um pedaçinho curto da história. Em seguida, o jogo te pede pra fazer uma outra música, que então te faz voltar pra aba de história e repetir o mesmo processo até que finalmente você libere todos os capítulos. Ufa. Que luta!
Além disso, os capítulos da história principal possuem apenas vozes parciais, o que tira bastante a imersão. É possível você ter uma foto da producer no canto inferior esquerdo, mas não existe como customizar a aparência dela, e olha que ela é bem genérica. Além disso, em termos de personalidade, ela é praticamente uma planta, e muitas das vezes você só estará vendo pela perspectiva dos outros rapazes.

3, 2, 1, música!
Um dos pontos principais de I★CHU é o seu jogo de ritmo, e para o Nintendo Switch foi feita uma adaptação dos botões de touch para os Joy-Cons. Você pode mapear qualquer um dos quatro pedaços da tela para o botão que você desejar. Também é possível utilizar a touch screen, como se o Switch fosse um tablet gigante, mas eu recomendo remover os Joy-Cons, pois não fica ergonômico.

Cada live é dividida nas dificuldades EASY, NORMAL, HARD, EXPERT e NIGHTMARE. Ao final de cada uma, você obtém uma nota de C a S, e se conseguir fazer um Full Combo sem errar nenhuma das notas, o jogo libera o modo MANIAC para aquela dificuldade, onde você pode refazer a música, só que adicionando desafios como limitar skills que recuperam seu HP, espelhar as notas ou até mesmo perder vida, a menos que você faça um PERFECT.

Uma versão amputada em comparação ao original
OK, não vou enrolar mais o assunto: incrielmente, I★CHU: Chibi Edition não possui todo o conteúdo da versão japonesa. Sim, isso mesmo: todas as histórias românticas e as histórias de evento que estavam presentes no original foram simplesmente removidas nessa versão, algo que é um total absurdo. Além disso, as histórias de evento também foram excluídas, e a aba de história, apesar de ironicamente conter um ícone de um coração, só te deixa ver a história principal, composta de 3 partes.

Não preciso dizer que isso é uma mudança estúpida, pois altera completamente o gênero do jogo, tornando-o apenas um mero jogo de ritmo e coleção. Considerando que o gacha game original tinha o objetivo de liberar momentos românticos com seu rapaz favorito, essa remoção é totalmente sem sentido.
Ah, e além disso, na versão japonesa você podia tocar e interagir com o ídolo que está como líder na sua equipe, mas nessa versão, ele nada mais é que uma imagem pra você ficar olhando. O mais engraçado é que, ao começar o jogo, ele te pede para colocar sua data de aniversário, pois “os iChus irão celebrar com algo”, mas isso é uma mentira descarada. Não acontece nada.

Colete seus idols em JPEG 144p!
Ao completar as lives e a história principal, I★CHU: Chibi Edition te dá discos, que são utilizados para fazer os pulls no scout, e então colecionar seus personagens favoritos. Tais scouts são divididos em categorias, e ao gastar 50 deles, você pode tentar o gacha como nos velhos tempos. São mais de 2500 ídolos espalhados por várias raridades: de R até LE, e pegando dois LE, você consegue liberar o GR, ou God Rare.

O grind pelos CDs não é tão cansativo, sendo possível pegar 60 CDs fazendo 3 lives no EXPERT (e nem precisa do full combo, basta completar). Porém, todas as imagens dos LEs, que são as cartas com a raridade mais alta que podem ser obtidas pelo gacha, parecem ter passado por um moedor de carne. A qualidade delas é muito baixa, e após diversos testes, descobri que essa má qualidade é algo presente apenas nesta versão. Se a ideia era você colecionar seus favoritos, eu não sei como que coletar um JPEG vai te deixar feliz.
Além disso, apesar de não possuir microtransações, você ainda vira refém das porcentagens do gacha como elas são no mobile game. Existe um Bias Scout, em que você utiliza coroas para recrutar qualquer personagem, mas, para conseguir essas coroas, você precisa deletar suas cartas: quanto mais rara, mais coroas você ganha. Então, caso queira colecionar todas as 2565 cartas, espero que você tenha a próxima década livre. Ou muita sorte e paciência.

A pior tradução que eu já vi na história
Eu já vi muita tradução ruim. De verdade. Mas a de I★CHU absolutamente merece um prêmio pelo quão baixa a qualidade do texto é. Desde frases sem pé nem cabeça que são fruto de uma tentativa falha de traduzir literalmente da língua japonesa, até partes do jogo que não estão com legendas ou sequer traduzidas, às vezes parece que alguém pegou o Google Tradutor e colou em cima. Não tem cabimento.

Como eu sou semi-fluente em japonês, consigo até ver de onde vieram esse erros, e 90% dos erros de tradução que eu vi na interface se devem a como a gramática japonesa é estruturada, que é sujeito-objeto-verbo, ao invés do sujeito-verbo-objeto que é mais comum no português ou no inglês, e os “tradutores” pegaram só as palavras individuais e traduziram elas isoladas, sem saber a frase como um todo.
E como se já não bastasse, o diálogo da história aumenta e diminui de tamanho espontaneamente. E a melhor (ou pior?) parte: o jogo definitivamente não foi otimizado. Já tive problemas em que o jogo simplesmente fechou, e até mesmo um bug que fez uma carta sumir do meu inventário. Foi só uma carta R, mas eu temo pela pessoa que faz um grind absurdo por um God Rare só pra perder ela pra esse bug.

I★CHU: Chibi (pequeno) Effort Edition
Eu honestamente ainda estou sem palavras com o quão RUIM é I★CHU: Chibi Edition. Se eu fosse chamar isso de uma experiência definitiva, acho que minhas amigas de otome games pensariam que eu estava doido. Não sei a quem devo atribuir a culpa, se é a PQube ou a Opera House, mas pelo seu preço de R$ 150, prefiro muito gastar isso com outro jogo sem ser esse. Não vale a pena MESMO.
Se você tem qualquer interesse ou sente uma nostalgia pelo I★CHU original para rejogar as suas músicas favoritas, então faça um favor a si mesmo e adquira a versão japonesa, que irá te oferecer uma quantidade ainda mais ampla de conteúdo.
