
Desenvolvedora: BattleBrew Productions
Publicadora: XSEED Games
Gênero: Simulação, Dungeon Crawler, Cozy Game
Data de lançamento: 27 de janeiro de 2025
Preço: R$ 109,95
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela XSEED Games.
Revisão: Paulo Cézar
Em Cuisineer, da BattleBrew Productions, você assume o papel de Pom, uma jovem que herda o restaurante “Palácio da Batata”. Após seus pais venderem tudo para financiar uma viagem de aposentadoria ao redor do mundo, Pom precisa reconstruir o negócio do zero enquanto lida com dívidas que nem são suas.
A trama do jogo equilibra cinismo e leveza, abordando as dificuldades típicas de um millennial e criando uma narrativa que se encaixa perfeitamente em um “cozy game”, mas sem parecer totalmente fantasiosa ou desconectada da realidade.
Entre masmorras e receitas
Essa mistura combina com o dinamismo da jogabilidade, que une um dungeon crawler roguelike a um simulador de negócios. Você explora calabouços repletos de monstros, que se transformam em ingredientes para receitas, enquanto gerencia o restaurante e atende os moradores da vila.
Esse ciclo de “lutar para cozinhar e cozinhar para lutar” é o coração do jogo, oferecendo uma experiência temática única e bem integrada. A narrativa inusitada reforça essa dinâmica, como se o jogo quisesse dizer: “até gerenciar um restaurante em uma cidade pequena hoje em dia exige navegar por masmorras e enfrentar monstros”.

Os personagens da vila, animais antropomórficos, adicionam charme e profundidade à ambientação. Cada NPC tem uma personalidade única, com missões e preferências gastronômicas que influenciam a gestão do restaurante. Destaque para as bodes gêmeas que gerenciam a loja de milkshakes e o garoto pobre que pede ajuda para conquistar a menina rica da cidade.
No entanto, nem todos os personagens são igualmente bem trabalhados. O único personagem de pele escura na vila é um vendedor de temperos misterioso, cujo design reforça estereótipos de exotificação e sexualização. Apesar disso, de forma geral, as interações com os NPCs enriquecem a narrativa e recompensam o jogador com novas receitas e habilidades, conectando o progresso do restaurante ao desenvolvimento da comunidade.
Um mundo vivo e Aconchegante
Além das aventuras nas masmorras, Cuisineer oferece momentos tranquilos na cidade principal. Durante certas épocas do ano, você pode colher itens especiais espalhados pelo cenário, como cocos nas palmeiras durante festivais, graças ao sistema de calendário. Esses eventos sazonais não só adicionam charme ao mundo do jogo, mas também incentivam o jogador a explorar e planejar com base no ciclo anual e nas festividades locais.

Outro ponto positivo é a simplicidade do jogo. A criação de pratos é direta: você coleta ingredientes nas masmorras e usa estações de produção para prepará-los, sem precisar criar subprodutos ou gerenciar múltiplos pratos em uma mesma estação. Essa abordagem enxuta torna o fluxo de jogo mais ágil e acessível, permitindo que os jogadores se concentrem na administração e na exploração, sem ficarem presos a sistemas excessivamente detalhados.
Um mundo vivo, para o bem ou para o mal
Um detalhe interessante é a movimentação dos moradores da vila, que mudam de lugar diariamente, dando a sensação de uma cidade viva e dinâmica. Essa mecânica contribui para a imersão, já que os NPCs não ficam presos aos mesmos locais.
No entanto, ela também pode gerar frustração, especialmente no caso do marceneiro. A marcenaria, uma das lojas mais importantes do jogo, frequentemente está fechada, já que o marceneiro passa muitos dias fora. Isso dificulta o acesso a itens e melhorias essenciais, impactando o ritmo do progresso e frustrando os jogadores que dependem da loja.

Apesar da possibilidade de personalizar o restaurante para otimizar sua funcionalidade, há limitações no design. Por exemplo, a caixinha de gorjetas tem um posicionamento fixo próximo à porta, restringindo as opções de organização.
Outro ponto que merece crítica é a frequência das telas de carregamento. Embora sejam curtas, elas aparecem com frequência, até mesmo para ações triviais, como subir as escadas para o quarto de Pom. Se os loads já incomodam dentro da casa de Pom, nas transições entre as masmorras – que são quatro ao todo – podem ser ainda mais irritantes.
Herança e dívidas
Cuisineer é um jogo que conquista pelo charme de sua ambientação, pela mistura criativa de dungeon crawler e simulador de negócios e por sua abordagem simples e acessível às mecânicas de gerenciamento e exploração. A narrativa, que reflete de forma leve e irônica os desafios da vida moderna, complementa bem a jogabilidade e cria uma experiência envolvente e divertida.
No entanto, o jogo apresenta algumas falhas que podem afetar a experiência do jogador, como a limitação na personalização do restaurante e as telas de carregamento excessivas. Além disso, há momentos em que o jogo sofre com quedas de framerate, especialmente em áreas mais movimentadas ou durante combates intensos, o que prejudica a fluidez da experiência.
Apesar desses problemas, Cuisineer continua sendo uma proposta encantadora, ideal para quem busca uma mistura de ação, estratégia e um toque de humor em um “cozy game”.
Prós
- Loop de Gameplay satisfatório;
- Simplicidade acolhedora;
- Ambientação charmosa;
- Disponível em Português.
Contras:
- Quedas de fps frequentes;
- Muitas telas de carregamento;
- Restrições na personalização do restaurante.
Nota Final:
7
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