Desenvolvedora:
Publicadora:
lançamento:
Preço:
Formato:
Gênero:
Plataformas:
Ancient Corporation
Limited Run Games
31 de julho, 2025
R$ 110,99
Físico (Limited Run Games)/Digital
Shoot ‘em up | Retrô
Nintendo Switch, PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series, PC, SEGA Mega Drive
Desenvolvedora: Ancient Corporation
Publicadora: Limited Run Games
Gênero: Shoot ‘em up | Retrô
Data de lançamento: 31 de julho, 2025
Preço: R$ 110,99
Formato: Físico (Limited Run Games)/Digital
Plataformas: Nintendo Switch, PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series, PC, SEGA Mega Drive
Análise feita no PC com cópia fornecida gentilmente pela Limited Run Games.
Revisão: Lucas Barreto
Algumas vezes o ego pode lhe subir à cabeça, fazer você pensar que você de fato é bom em videogames, que você não é o mesmo que era quando começou no hobby, mas sempre voltamos ao começo, à gênese. Nesses momentos você vai lembrar que não é nada além de um peão, e é o jogo que está sob controle de você, e não o contrário.
O drama chamou à atenção? Espero que sim, eu tinha que fazer o trocadilho de Genesis pelo menos uma vez, agora vamos respeitar o legado da Tec Toy e chamá-lo como ele realmente merece ser chamado: SEGA Mega Drive.
Pessoalmente eu imaginava que o cenário retro dos consoles 16-bits já estava sendo superado pela nostalgia dos 32-bits e 128-bits. Talvez eu tenha subestimado o quanto o mundo ama os velhos consoles da SEGA, como brasileiro, eu já deveria saber disso. Sim, estamos falando de um jogo desenvolvido para o Mega Drive, lançado no futurista ano de 2025, para todos os consoles modernos, e claro, para o velho console da SEGA, também.
E eu digo da forma mais positiva possível, este Earthion pode muito bem lhe enganar como uma gema da própria SEGA dos anos 90, mas nem tudo é o que parece, ele é um novo tipo de velho.

Arroz com feijão
Naves no espaço são uma das formas mais rudimentares de videogame que já existiu. Eu poderia entrar em uma toca gigante e explicar o quanto a ficção científica era grande nos anos 70 e deixou alguns de seus traços com o passar da evolução do hobbie, mas quase todos que interagem com a história geral sabem o quão grandiosos foram Space Invaders, Galaga, as dezenas de jogos produzidos pela Konami e Capcom (até Earth Defense Force começou como um jogo de tiro horizontal de naves antes de se tornar o ápice do absurdismo), e claro, não podemos esquecer da própria Sega nesse gênero, que sempre tentou inovar com sua tentativa de perspectivas 3D, mas principalmente por trazer espaço aos jogos de fliperama em versões mais verossimilhantes aos consoles, antes mesmo da própria Nintendo.
É um gênero fácil de começar e jogar. O objetivo é simples: destruir as naves em seu caminho. Sua direção é para frente e não há nada além de obstáculos, inimigos e coletáveis. Acerte eles e não seja acertado. Se o jogo é balanceado o suficiente entre dificuldade e tempo, o jogador entra no ritmo desejado rapidamente.
Earthion não reinventa a roda, ele a coloca em uma colina e a deixa ganhar velocidade. Todas as armas, inimigos e obstáculos presentes são daqueles que podem ser vistos em jogos similares. Mas eles são bem montados e posicionados de forma que o jogador sempre tem a chance de estar com a arma correta para o inimigo correto. Após algumas jogatinas é menos sobre terminar o jogo em si e se torna uma tentativa de superar o próprio placar. Para aqueles que sentem prazer em otimizar o próprio placar, você consegue ter seus resultados em média 1h à 1h30, isso é, se você for bom o suficiente para não zerar seus créditos e começar do zero.
Não significa que ele não tenha suas próprias mecânicas que fazem dele um jogo espetacular de jogar. Posso dar destaque ao sistema de escudos, um design moderno comparado aos seus antepassados do século XX, onde o jogador, ao invés de morrer com apenas um tiro, possuí um escudo que caí com os golpes recebidos, e ao ser zerado a nave não pode mais ser atingida, do contrário explodirá. Infelizmente ele acabou sendo noventista demais, e colocou uma voz irritante que repete “warning!” até seus escudos regenerarem pelo menos uma barra. Já é irritante por si só, mas se torna mais quando essa voz sobrepõe avisos sonoros de golpes de inimigos.

Manter os escudos ativos não é o único motivo para não levar golpes! As armas que o jogador pode equipar durante as fases, assim como a arma base da nave, evoluem coletando gemas, largadas por inimigos destruídos, e diminuem de nível com o jogador tomando dano. Se receberem dano até chegarem em um nível negativo elas são destruídas. Jogue mal o suficiente e ficará apenas com seu tiro padrão. Em mais de uma forma, o jogo recompensa o jogador por ter uma boa performance.
Processamento explosivo!
Quando comecei esse jogo, havia pequenos detalhes em que eu dizia a mim mesmo “Esse jogo não foi feito em consoles velhos, ele não me engana!” E eu estava apenas meio certo, ele me enganou, sim. Ele foi feito, nativamente, para o antigo console da SEGA, e isso vem da sua paleta de cores icônica do velho sistema até o chip de som icônico que produzia músicas reconhecidas por serem puramente SEGA Mega Drive. Então por que eu assumi que era apenas uma jogada e que o jogo não poderia ter sido lançado em um videogame como aquele?
Earthion eleva o que pode ser feito para o SEGA Mega Drive. Ele provavelmente não conseguiria ser feito na época do videogame sem muito tempo e uma equipe grande. O jogo possuí muitos elementos no cenário e no plano de jogo em si, usando a paleta do de forma em que o espaço e os inimigos se contrastem tão bem entre si que demonstra que quem fez essa pérola sabia muito bem como usar todo o potencial do console.

Não estou só falando do potencial gráfico do sistema, o som também. O SEGA Mega Drive ficou icônico pelo seu chip sonoro. Comparado com seu rival, o Super Nintendo, ele era bem limitado, não conseguindo simular tão bem os instrumentos. Por consequência, seu som eletrônico acabou associado a ele mesmo, e escutar algumas de suas músicas era o suficiente para identificar qual versão de um jogo se tratava. Esse som techno combina bastante com um jogo de batalha espacial frenético, e as músicas das fases são bem variadas, dependendo do cenário onde o jogo está se passando. Um dos pontos mais altos do jogo com certeza.
O tempo de um tempo passado
Apesar de ser um jogo bem rejogável só pelo desejo de alcançar placares maiores, isso não é um atrativo para todo tipo de jogador. Seria presunçoso assumir que todos que dêem uma chance a um jogo novo de 2025 vão ter esse desejo, principalmente com as mudanças que a mídia como um todo teve em todos esses anos.
Infelizmente temos pouco jogo aqui, o que torna a experiência mais como um aperitivo do que uma refeição completa. Não dizendo que o jogo parece estar incompleto, longe disso, mas por sua qualidade, ao terminá-lo o jogador ficará com vontade de mais, e a para isso sua única opção é tentar novamente em dificuldades mais altas – que me destruíram brutalmente e colocaram-me em meu lugar.

Infelizmente, ao fazer um produto que se encaixasse na época do SEGA Mega Drive, o extensor de tempo do jogo acaba sendo a própria dificuldade e um sistema de vidas propositalmente arcaico. Isso não é um problema que afetará a experiência do jogador de forma grave, mas na hora de fechar uma compra é bom saber por quanto conteúdo o jogador está pagando e se é dessa forma que ele quer gastar seu dinheiro. Na época, Earthion seria um roubo, um dos produtos de maior qualidade de toda a biblioteca do SEGA Mega Drive, mas hoje ele é composto de 8 fases, pouco comparado com muitos jogos modernos, apesar da alta qualidade.
Encerramento
O simples bem feito sempre será agradável, nem sempre será necessário rever como os conceitos de videogame são apresentados para os jogadores para que seja uma experiência agradável. Earthion é a prova de que começar um jogo que engaja o jogador logo de cara pode ser uma experiência que um jogador precisa uma vez ou outra.
Algo que te introduz a um novo universo rápido, sem precisar pensar muito, até que ele te desafia pela primeira vez, lhe força a colocar sua mente para trabalhar e quando você menos espera, já acabou. Aperitivo ou sobremesa, defina-o como quiser, mas você terminará querendo mais.

Foi prometido aos jogadores um novo jogo de SEGA Mega Drive, e foi exatamente isso que foi entregue, por bem e por mal. Tão curto, mas tão charmoso, se tornou um dos meus jogos favoritos do velho 16-bits da Sega, e apesar de não poder ser considerado um clássico por ter saído na semana que estou escrevendo isso, pra mim ele já é.
Pros:
- Eleva o SEGA Mega Drive ao seu máximo;
- Simplesmente bom, simples e bom;
- Trilha sonora maravilhosa pelo lendário Yuzo Koshiro.
Contras:
- Muito curto.
Nota
9
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