Revisão: Manuela Feitosa
Não é nenhum absurdo comentar que, apesar do Mario ter um segmento majestoso de jogos em 3D, RPGs e spin-offs de esporte, a maneira possivelmente mais icônica de jogar as aventuras do bigodudo é nos jogos 2D, afinal, foram o primeiro pontapé para tornar a franquia o que ela é hoje, com Super Mario Bros., do NES, sendo não só um marco para a Nintendo, mas para a indústria dos videogames como um todo. Portanto, ter um jogo novo após tantos anos nesse formato seria algo maravilhoso, certo?
Bem… neste novo ArchiveBoy, falarei aqui da série “New” de Super Mario Bros. e sua evolução, embora talvez “evolução” seja uma palavra bem forte para se referir a franquia, e toda história tem seu começo.
O REALMENTE “New” Super Mario Bros.

No ano de 2006, o Nintendo DS receberia o seu jogo 2D inédito mascote principal da Nintendo, New Super Mario Bros., o que foi uma ótima notícia para os fãs, afinal de contas, o último jogo deste segmento tinha sido o Super Mario Land 2: 6 Golden Coins, lançado quase 15 anos antes, fazendo com que jogos desse formato do bigodudo estivessem em falta.
E o jogo realmente foi bom, sério! Isso se refletiu em um estouro comercial, tendo vendido mais de 30 milhões de cópias no portátil de duas telas, e sendo tudo aquilo que se esperava em um jogo tradicional 2D do Mario, com novidades que justificavam uma nova aventura com um toque saudosista que o tornou o que ela é, um jogo certeiro, dado todo o contexto.
New Super Mario Bros. Wii — O inimigo agora é o mesmo da outra vez

Em 2009, lança o New Super Mario Bros. Wii, o novo jogo de plataforma 2D do bigodudo, contando com novidades notáveis como o multiplayer para 4 jogadores simultâneos, com os jogadores podendo controlar os irrelevantes Mario e Luigi, junto aos 2 personagens mais icônicos de toda a franquia, Toad Amarelo e Toad Azul (tá, parei). Além disso, mais novidades esperadas de um novo plataforma 2D do Mario: power-ups novos, fases novas e coisas do tipo.
Apesar do jogo notavelmente bom, somado ao fato de ter sido lançado no fenômeno Wii, o jogo foi criticado pelos fãs por não ter tantas novidades em relação ao seu antecessor. E, apesar de serem críticas válidas, estava tudo ok por ali: uma versão alternativa daquele jogo do portátil em um console de mesa, por que não? Um sucesso mais que notável, diga-se de passagem, com números de venda semelhantes ao jogo de DS, sendo um dos jogos mais vendidos daquele console. Entretanto, a Nintendo, vendo isso, começou a deixar as coisas um pouco mais… duvidosas?
Ok, agora tá estranho…
2012 era o ano: O fracassado Wii U e o icônico 3DS recebiam cada um seu jogo da série New, o New Super Mario Bros. U e o New Super Mario Bros. 2, respectivamente. A Nintendo possivelmente fez isso porque além das ótimas vendas dos outros dois títulos New, deve-se ter seguido a lógica de um “New” para console de mesa e outro para um portátil. Mas o problema se intensifica quando é notável que os jogos se mantiveram bastante similares com muitos elementos reaproveitados.
Mesmo tendo diferenças aqui e ali, não são o bastante para justificar novos lançamentos, certo? Considerando que seis anos antes uma geração de consoles atrás já tinha um jogo extremamente semelhante. New Super Mario Bros. 2, no entanto, se baseia inteiramente num esquema de estímulo de coletar moedas (Nintendo prevendo a geração dopamina TikTok), enquanto sua contraparte no Wii U focava no que seria a “edição definitiva” dos jogos New até então, sendo o mais recheado entre eles, tendo até um relançamento para o Nintendo Switch posteriormente (que OBVIAMENTE vendeu mais que a versão de Wii U, com cerca de 18 milhões de unidades vendidas).
E, apesar de cada jogo continuar sendo divertido e funcional, na minha opinião não é desculpa para uma linhagem de jogos 2D do Mario tão preguiçosa. Com tanto tempo “relançando” o mesmo jogo, alguns elementos de game design envelheceram mal, como a movimentação mais escorregadia do que o necessário e os visuais que foram se tornando padronizados demais. O jogo de 3DS, contudo, vendeu um pouco mais de 13 milhões de cópias, enquanto o de Wii U vendeu quase 6 milhões, o que é IMPRESSIONANTE pra um jogo de Wii U, vamos ser honestos.

TUDO é “New” (bah bah)
As consequências não se restringiram apenas a esses jogos de console, mas sim ao fato de que, por serem jogos mais “básicos”, afetaram diretamente a nossa percepção da franquia Mario como um todo!
Os visuais do conjunto New foram usados em peso em materiais promocionais, em vista de um visual em renders e merchandise considerado sem graça em alguns momentos pela tamanha saturação, tendo em vista que o apelo da franquia é justamente esse aspecto colorido, especial e único em cada jogo. Super Mario World é completamente diferente de Super Mario Bros. 3, que é distinto de seus antecessores.

E a coisa ficava mais feia ainda vendo os jogos 3D do bigodudo: o salto de Super Mario 64 para Sunshine, para a duologia Super Mario Galaxy, para Super Mario Odyssey, o que torna cada jogo único e especial. E lembra que eu mencionei que afetou até outras franquias? Pois é, como exemplo mais relevante temos o Yoshi, que, seguindo a linha do Mario, teve o Yoshi’s New Island, considerado um capítulo podre da sequência originada no magnífico Yoshi’s Island de Super Nintendo. Então é, nem mesmo o dinossauro se safou dessa. Mas… existe uma luz no fim do túnel… e ela é maravilhosa!
Super Mario Bros. Wonder, o salvador é “Wonderful” *ba dum tss*
Em 2023, as preces foram ouvidas: o primeiro Mario 2D completamente novo desde 2006 (ano em que nasci, inclusive)! E põe novo nisso, e novo mesmo, sem ser “New”!
O que mudou? Bem, começando pela direção de arte, lembrando MUITO as artworks dos jogos 2D do bigodudo, com animações e carisma que corresponderam às expectativas de um novo grande plataforma 2D do mascote da Nintendo. As mecânicas novas, divertidas, com um gosto novo porém nostálgico, level design repaginado e gameplay cativante… tem até dublagem em PT-BR! Pasmem, vocês podem conferir a review aqui no NintendoBoy escrita pelo Thomas.
É o tipo de jogo que sabíamos que precisávamos e, ao lançar, só confirmou a tese, com seu numéro de vendas se refletindo nisso: mais de 16 milhões de unidades vendidas. Um fenômeno. Super Mario Bros. Wonder representa a Nintendo se livrando das algemas da repetição no rumo 2D do Mario. Sem dúvida alguma, a forma definitiva de jogar o gênero na família Nintendo Switch, sendo um jogo que ousa e executa com perfeição tudo aquilo que fez os fãs amarem jogos icônicos como os supracitados Super Mario 3 e Super Mario World, representando uma virada de chave após um ciclo pacato e duradouro.

Ao que tudo indica, o que podemos esperar do futuro é REALMENTE… “New” dessa vez.
- Review | EA SPORTS FC 26 - 06/10/2025
- Review | Hollow Knight: Silksong – Nintendo Switch 2 Edition - 19/09/2025
- ArchiveBoy — Quando New Super Mario Bros. deixou de ser “New” - 01/09/2025

