
Desenvolvedora:
Publicadora:
lançamento:
Preço:
Formato:
Gênero:
Plataformas:
Rice Games
Rice Games
02 de outubro, 2025
R$ 149,99
Físico/Digital
RPG DungeonCrawler | Educativo
Nintendo Switch, PlayStation 5, PlayStation 4, PC
Desenvolvedora: Rice Games
Publicadora: Rice Games
Gênero: RPG Dungeon Crawler | Educativo
Data de lançamento: 02 de outubro, 2025
Preço: R$ 149,99
Formato: Digital
Plataformas: Nintendo Switch, PlayStation 5, PlayStation 4, PC
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Rice Games.
Revisão: Manuela Feitosa
O uso de jogos para meios educativos não é algo novo, e talvez volte até os primeiros jogos de computadores dos anos 70-80. Geralmente todos com um público alvo muito jovem com lições simplistas que um jogo conseguiria fazer para ensinar alguém de uma forma mais recreativa. Isso não é só algo dos próprios computadores, mas de todo o estudo pedagógico moderno como um todo. Ensinar uma pessoa por meio de jogos funciona, e é um ótimo auxílio nos estudos.
Agora, para quem ficou confuso com esse primeiro parágrafo, sim, estamos falando de um jogo educativo, mas peço uma mente aberta. Nem todo jogo educativo tem como propósito não oferecer uma boa experiência ao jogador em troca de lições baratas que poderiam ser feitas em um livro de estudos, ou se ainda quisermos nos manter no lado digital, um curso online.
O jogo do qual vamos falar aqui é Shujinkou, que tem a proposta de ensinar japonês aos jogadores usando o estilo de gameplay de um dungeon crawler. Uma tarefa ousada, porém muito interessante, que se entrega em um auxílio de estudos divertido para àqueles que aprendem ou têm interesse em aprender japonês, e um RPG dungeon crawler tedioso, que tropeça nas suas tarefas.
Sa~ Hajimemashou
Eu já tinha um esforço prévio próprio de aprender a língua japonesa, nem todos os adventure games japoneses serão traduzidos, e ao invés de esperar uma tradução de fã, poderia fazer eu mesmo e não compartilhar essa alegria com ninguém. Não significa que eu estava em nenhum estágio avançado, e devo conhecer no máximo um kanji. Já que se trata de um jogo de aprendizado de uma língua, achei necessário definir onde eu estava em relação ao meu conhecimento. Esse jogo conseguiu me deixar fluente? Isso seria utópico, mas com certeza me ajudou a progredir nos meus próprios estudos.

Por conta de ser um jogo que mistura os elementos de um RPG de masmorras e o aprendizado de uma língua que para muitos vai ser completamente nova, o progresso tanto no jogo quanto no seu aprendizado vai precisar não só de foco, mas também de energia. Aprender é cansativo por um motivo, e entender o funcionamento de três alfabetos completamente novos, mais a formação de verbo, mais o léxico de centenas de palavras, faz com que seja impossível ver tudo que o jogo tem a oferecer, e por consequência, o suficiente para se considerar fluente em um idioma.
Caso sua experiência com a língua seja zero, o jogo faz um bom trabalho de colocar o jogador no lugar e lentamente ir aprendendo a formação de nomes, caracteres, palavras e até costumes culturais da sociedade japonesa. As palavras em japonês podem ser consultadas com o apertar de um botão quando aparecem, mostrando sua grafia (em kanji, caso sejam escritas com este) e o seu significado. Quando o jogo começa sua primeira masmorra, ele vai lentamente introduzir os caracteres ao jogador, para que ele entenda a separação de kanas.
Eu sou um professor de português e inglês, mas japonês ainda não, então não darei tantos detalhes referentes a língua em si, e irei focar apenas nas partes do jogo. Particularmente falando, ele me deu várias lições interessantes na formação gramatical, só precisarei que confiem em mim quanto à isso.
Vale a pena continuar no japonês?
Quanto ao jogo por si só, Shujinkou é um dungeon RPG bem simplista. Você explora as masmorras em primeira pessoa, marcando o mapa cada vez mais, encontrando tesouros no meio do caminho que te auxiliam na descida em conjunto com a preparação prévia do jogador. Um estilo de jogo velho como o próprio gênero, mas com uma base de jogadores ainda grande o suficiente para valer a pena jogos como esse continuarem a ser produzidos.
Diferente de alguns de seus colegas de gênero, o grupo de personagens presentes no jogo é fixo, não dando a possibilidade do jogador de editar seu grupo para explorar as masmorras de forma mais confortável desde o começo.
Por conta de precisar ensinar suas mecânicas assim como manter sempre em evidência o ensino da língua, as mecânicas são introduzidas de forma bem gradual, demorando horas para introduzir mecânicas que para jogadores veteranos do gênero podem ser esperadas.

O ritmo em geral desacelera mais ainda com uma quantidade alta de diálogos entre os personagens, esperados para qualquer outro gênero de RPG, mas acaba sendo uma exceção nesse sub-gênero. Era de ser esperado muita leitura em um jogo com a premissa dita, mas a exploração das masmorras sofre como consequência.
Além dos encontros usuais que são de se esperar de um jogo do gênero, os labirintos incluem placas explicando a origem morfológica, formação de frases, regras de verbo, etc. Um jogador menos dedicado a premissa do jogo de ensinar japonês pode muito bem ignorar essas placas e seguir em frente, mas caso você tenha um certo interesse em linguística, seu nerd, é uma das partes do texto do jogo do qual nunca me importei em receber mais.

Outros elementos padrões para esse gênero são espaços para se curar (em troca de um pouco de dinheiro, claro), espaços para voltar pra cidade, sempre definida pela dungeon, nunca sendo a última visitada, para isso é necessário um item, e inimigos errantes que são mais poderosos que o usual. Encontros com esses inimigos é morte garantida, a não ser que o jogador consiga fugir, respondendo um quiz referente à língua japonesa ou a lore do jogo, ou estando muito acima do nível da dungeon.
Em um geral, explorar a dungeon não é nada demais. Não é lapidada e rápida o suficiente para ser viciante, mas não é lerda e metódica para ser imersiva, ficando em um meio termo fraco de lerdeza de encontro, tela de carregamento, combate, ações, repetir.

Por consequência das próprias mecânicas do jogo de escrever o nomes dos inimigos usando os kanas presentes no seu inventário, e equipados em seu personagem, acaba surgindo bastante procura dos caracteres corretos para que os inimigos recebam um dano levemente maior. Não define builds diferentes, apenas elementos e caracteres. É sempre satisfatório terminar de escrever o nome de um inimigo por completo, mas a recompensa de dano e de completar os nomes, assim como muitas das mecânicas do jogo, são entregues com bastante lerdeza.
Minha recomendação? Mesmo que tenha experiência com RPGs, recomendo jogar com a dificuldade do combate no baixo, o desafio de cumprir os nomes acaba sendo mais satisfatório de resolver do que realmente vencer os combates. Podem me chamar de casual, eu já joguei RPGs o suficiente pra provar que é verdade.
Hidoi ne
Infelizmente existem elementos em Shujinkou que abaixam muito a sua qualidade. Esse será um trecho completamente dedicado aos três em particular que tenho com esse jogo: O lag no apertar dos botões, a exploração de cidades e os bugs que topei em minha jornada.

Primeiramente a lerdeza de resposta entre apertar o botão e o responder no jogo, que acontece em menus, na exploração de masmorras, nas cidades, etc. É um erro com o qual o jogador pode se acostumar com a jogatina, mas é um erro fácil de ser pego. Não serei prepotente e dizer que pode ser corrigido facilmente, pois não sou um desenvolvedor, mas joguei muitos jogos nessa vida sem essa demora, então posso compará-lo com seus contemporâneos.
Dando sequência a erros fáceis de pegar, a versão que joguei em meu Switch tinha bugs, muitos bugs. Bugs presentes no texto de história do próprio jogo, presentes desde o começo e continuando com o progredir. Algo assim estar presente na versão de análise não é algo do qual relevo. Não sou um playtester do estúdio, e a versão de análise não é um beta. Ter que entrar no log de diálogo porque o texto está invisível em toda nova interação dos personagens era vergonhoso.
Quanto aos bugs, também topei com bugs visuais, do qual não consigo sequer descrever o que aconteceu, e quando tentei tirar print o jogo rejeitou, parando de rodar e fechando por conta própria, mais de uma vez e o texto ao invés de simplesmente não aparecer, apenas demorava alguns segundos para carregar, mesmo sem um botão de explicação vinculado a ele.
Referente ao menor dos males, mas que em uma jogatina longa se acumulou em irritação, as cidades do jogo são péssimas de explorar. Elas são divididas em camadas, com NPCs ficando em camadas específicas. O jogador pode ir apenas para a direita e esquerda, e interage com elementos que o jogo permite, de NPCs até alguns inúteis. A única forma de trocar de camada nas cidades é encontrar a opção da ponte e atravessar ela, para ir e voltar, e sempre que o jogador faz isso tem um curto loading.

Nem sempre essas pontes estão próximas, portanto caso queira mover várias camadas até o fundo da cidade terá que ir uma de cada vez, encontrando-as e prosseguindo. Misture isso com a demora de resposta do controle e a quantidade de missões que envolvem o vai-e-volta dentro de uma cidade e a paciência acumulada na exploração das masmorras some dentro da parte pacífica do jogo.
Kore wa finalização da análise
Não queria parecer tão mal com Shujinkou, a tarefa que ele enfrentou não era uma fácil, e de certa forma ele conseguiu, como material de estudos ele pode ajudar muito àqueles que têm receio ou dificuldade de começar a aprender uma língua nova, apresentando os elementos de forma gradual e pedagogicamente correta.

Porém ele peca muito como jogo, em alguns passos precisando fazer um sacrifício das próprias mecânicas para que consiga atingir sua proposta. Shujinkou se torna, portanto, um jogo excelente para quem tem interesse em começar a aprender a língua japonesa, e caso o jogo seja do seu agrado, fazer o conteúdo extra para ir além no aprendizado, porém fraco para quem procura apenas um novo DRPG para grudar as unhas.
Isso somado aos erros que mencionei, dando destaque aos bugs, que espero não afetar a sua experiência como afetou a minha, e que estejam pelo menos alguns deles removidos no ponto em que estiver lendo essa análise, são razões pela qual não poderei conceder a Shujinkou a maior das notas.
Prós:
- Cumpre a promessa de sua premissa;
- Apesar de lerdo, o loop de gameplay funciona;
- Aprendizado muito customizável.
Contras:
- Muitos bugs;
- Ritmo de jogo lento e cansativo;
- Exploração frustrante.
Nota
6
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