Revisão: Davi Dumont Farace
Ah, Halloween, o dia em que as crianças se fantasiam de criaturas e personagens que amam e saem pelas ruas pedindo doces ou travessuras… bem, em escala maior as do exterior, visto que esse costume não é tão comum no Brasil.
Tendo dito isso, o Halloween é uma data interessante a se analisar, pois vemos uma pequena distorção da inocência infantil para algo mais mórbido e sombrio, mas que incrivelmente ainda mantém essa inocência. E acho que nenhuma franquia da Nintendo consegue flertar tanto com o mórbido e sombrio enquanto permanece puro e inocente como Pokémon.
Desde as supostas origens de certos monstros de bolso, genocídio de nações inteiras ou até mesmo easter eggs escondidos em locais aleatórios, a franquia sempre brincou com o sombrio de alguma maneira. Mas, creio que um aspecto que possa ser mesmo considerado de fato “sombrio” na franquia, são algumas descrições dos monstrinhos que a Pokédex nos dá, por beirar ao absurdo em muitos casos e se basear em lendas dentro de seu respectivo universo.
Várias descrições da Pokédex nos dão um pequeno gostinho de como é aterrorizante coexistir com alguns desses monstrinhos que aparentam ser inofensivos de longe. Por isso, para celebrar o Halloween, nós da equipe da NintendoBoy, que somos amantes (ou no meu caso, um “hater”) de Pokémon, separamos uma descrição pessoal de cada Pokémon na Pokédex que achamos assustadora ou até perigosa para os habitantes desse universo.
Sem mais delongas, nos acompanhe por essa jornada não tão macabra, mas que te faz pensar: “o que eles tinham na cabeça quando escreveram isso”? Vamos lá!

Sendo um Pokémon já um tanto polêmico (Uri Geller que o diga), eu escolho o Kadabra justamente por suas descrições variarem de uma Dex para outra desde a 3ª geração. Antes o que era descrito como um ser de força psíquica surpreendente, é agora na verdade um menino que foi transformado nesse ser.
Imagina o horror de simplesmente se transformar em um Pokémon, sem uma chance conhecida de reverter o efeito! Você se tornou poderoso, sim, mas ao preço de sua humanidade… É até amedrontador de se pensar, não? O que torna isso mais estranho é o fato de Kadabra não ser um Pokémon qualquer, ele é uma evolução intermediária, então teria a sua pré-evolução, Abra, alguma coisa a ver com essa transformação que o garoto passou?

O charme por trás de Mimikyu está exatamente aí: atrás dele.
Solitário e indesejado, é muito fácil se identificar com o sentimento de abandono que o faz buscar uma nova identidade, alheia a si próprio, para poder se apresentar a outros olhos. Procurar, na figura de Pikachu, uma forma de validar sua própria existência, colocando-se sob uma vestimenta desgastada, é de certa forma representação do que nós mesmo fazemos, a cada instante, quando buscamos validação de um grupo que nos vê como estranhos. Ser extremamente fofo em sua tentativa de ser popular ajuda bastante a nos fazer amá-lo.

É um pouco suspeito uma franquia supostamente para crianças ter tanta coisa macabra, não é?
O charme de Froslass está em sua aparência um tanto quanto elegante, mas também melancólica, um detalhe em seu design que mostra um pouco de como foi sua possível origem… Gostaria de saber como a humana que se tornou a Froslass se parecia.

O dito “Pokémon proibido” tem uma história que mistura um pouco da ficção com a realidade:
Spiritomb é um Pokémon formado por 108 almas. A pokédex de Pokémon Pearl diz que ele foi preso à misteriosa pedra por crimes cometidos há 500 anos. Coincidência ou não, o número de almas que contém dentro do Pokémon é o exato número de vezes que monges budistas têm de tocar um sino segundo uma tradição japonesa para livrar o mundo de pecados e desejos ruins. Pokémon Legends: Arceus e até o próprio Pokémon GO tiveram quests que contemplavam isso, onde o jogador teria de fazer encargos relativos ao exato número 108.
Agora, a Pokédex não dá detalhes sobre os tais crimes de Spiritomb. Seu passado, bem como o feitiço que o aprisionou em pedra, encontram-se enevoados em suas almas abarcadas.

Normalmente quando jogo os jogos de Pokémon eu sempre sigo fazendo o mesmo tipo de equipe: o grama inicial, um voador que muitas vezes é o da rota inicial, Houndoom por ser meu Pokémon favorito, e vou pegando monstros que acho bonitos que normalmente são da cor rosa ou do tipo sombrio. Mas uma exceção é o Banette, que mesmo ele sendo macabro por ser um boneco fantasma com uma boca de zíper, eu olho para ele e acabo colocando na categoria de Pokémon fofo
(Nota do redator: Senhoras e senhores, eis alguém que escolhe os Pokémon não por stats ou força, mas pela sua fofura)

O Bewear é assustador de uma maneira diferente da maioria dos Pokémon com entradas macabras na Pokédex.
Na verdade, ele é um Pokémon muito dócil e carinhoso, mas para a infelicidade de todo o resto do mundo Pokémon, o mesmo não sabe controlar seu carinho, e com sua extrema força e aparência enganosa, pode quebrar qualquer um que se aproximar, seja amigo ou inimigo. É um tipo de criatura assustadora das piores, onde a aparência e sua fofura iludem e deixam aqueles que sabem de seu perigo ainda mais arrepiados.

Litwick e Lampent são Pokémon à base de fogo, cujo o combustível é nada menos do que almas. Aí, sua descrição na Pokédex até comenta sobre seu mórbido hábito de rodear hospitais e consumir as almas de quem infelizmente venha a falecer.
Mas esse é o jeito fácil de comer… Já pensou como eles fariam para “caçar”?
Para que serve uma vela, um lampião? Iluminar uma área, nos ajudar a enxergar o desconhecido, e nos guiar. Luzes costumam indicar um ponto seguro… Já entendeu né? Esses carinhas atraem viajantes e desavisados em locais escuros, se passando pela segurança que alguém perdido precisa, sendo literalmente a luz no fim do túnel, mas na verdade, tudo não passava de uma armadilha.

Com uma longa lista de emblemáticas entradas na Dex, Drifblim é um dos mais conhecidos Pokémon com registros bizarros na Pokédex.
A aterrorizante natureza do Pokémon que te carrega para sempre no entardecer, te levando para o pós-vida ou qualquer lugar sempre me fascinou. Assim como quando eu passei dias da minha infância e perdi meu balão de hélio pelos céus, acreditando que talvez tivesse chegado até a Lua.
Em Legends: Arceus isso deu origem a uma das minhas Side Quests favoritas dando um bom destaque para esse tão icônico Pokémon.
Claro muito além da minha fascinação pelo misticismo dessas histórias envolvendo o Pokémon balão, ele também é um favorito meu. A forma de capturá-lo nos jogos de Sinnoh, a participação no time da Fantina que eu considero o time fantasma mais legal da franquia, tudo torna Drifblim um dos mais fascinantes Pokémon assustadores para mim.
Concluindo
Para finalizar, não são essas descrições que tornam Pokémon algo mais sombrio, mas de novo, é algo que combina com a “vibe soft-horror” que o Halloween passa. Esse projeto foi bem divertido de se fazer, e por mais que eu não chegue a comemorar o Halloween de fato, saindo de casa à procura de doces, escrever sobre esse tipo de coisa para o evento é um tanto quanto gratificante.
Tendo dito isso, meus jovens, sejam malvados, comam muito doces, e não deixem os Pokémon tipo fantasma puxarem seu pé a noite. Até logo!
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