Revisão: Lucas Barreto
Estamos em uma geração esquisita de jogos, onde podemos resumir o atual cenário em dois lados: no primeiro você tem jogos novos e interessantes, que saem de estúdios menores e com um orçamento razoável, ao mesmo tempo, do outro, também existem jogos de estúdios gigantes com orçamentos desnecessários e que acabam não sendo impactantes no consumidor (além de custarem o olho da cara, 90% das vezes)…
— A Square Enix é uma tangente que existe em ambos os lados desse espectro.
Não vou passar meu tempo aqui criticando jogos, pois acho que negativismo excessivo não é um bom jeito de começar um texto, mas não seria exagero dizer que os últimos anos não foram gentis com a Square, com eles tendo recentemente comentado sobre alterar todos os seus planos de marketing. Um desses planos foi, para minha tristeza, cancelar diversos projetos menores que eles estavam por trás. Ainda assim, parece que eles não estão parando de fato com jogos menores, e temos uma prova viva com o remake de Romancing SaGa 2!

Por isso, e porque a Square lançou a demo para promover o jogo, como costumam fazer com os seus RPGs menores, eu resolvi separar aqui alguns motivos sobre o porquê deste jogo ser muito importante, e porque você, fã de JRPGs, devia se empolgar por ele.
Antes de tudo… O que é Romancing SaGa?
SaGa é uma franquia de RPGs que começou no Game Boy como uma tentativa de trazer uma gameplay semelhante a Final Fantasy, enquanto mantinha Final Fantasy e suas sequências nos consoles de mesa. Ao menos, essa foi a origem da IP SaGa como um todo.
A série Romancing começou como uma expansão do conceito dos jogos de Game Boy, agora para o mais poderoso Super Famicom; os conceitos de progressão não-linear, mecânicas de morte permanente e um combate por turno bem estratégico agora estavam acompanhados de uma história que foi pensada para prender os jogadores, com bastante “romanticismo” no meio (não pensem que o jogo é algo com opções de romance que nem alguns pensam, isso é errado).
- Para saber um pouco mais de Romancing SaGa, vejam a nossa review do remake do primeiro jogo, feita pelo meu colega redator Pablo Camargo.
Embora a série “Romancing” seja uma trilogia, eu ouso dizer que Romancing SaGa 2 é o mais impactante dos três, não só tendo o maior impacto cultural no meio de outros jogos, sendo influência para muitos outros, mas também por estar junto com Dragon Quest III entre os jogos que realmente definiram o que é um JRPG de fato, por isso um remake dele, na qualidade atual, me chocou um pouco, mas de uma maneira positiva.

Tendo explicado essa complicada SaGa, vamos para os sete motivos pelo qual você, caro jogador, deveria se empolgar por este incrível Remake:
#1 – A subversão de um conceito
Hoje em dia, muitos RPGs já quebraram normas até então estabelecidas por pioneiros do gênero em matéria de storytelling. Uma delas e que são altamente comuns em histórias de fantasia medievais são o conceito de heróis, guerreiros que colocam o bem do povo acima do próprio, se arriscam pela maioria e que apenas fazem o bem…
Porém, com Romancing SaGa 2, uma ideia surgiu na brilhante e distorcida mente de Akitoshi Kawazu – criador e diretor principal da série SaGa: e se os heróis fossem os vilões, e o reino/império fossem os verdadeiros heróis da história? Hoje em dia, esse tipo de subversão de narrativas e métodos de storytelling pode até ser mais comum, mas em 1993, quando esse jogo saiu originalmente, não era.

A ideia por trás dos “Sete Heróis” leva em conta o fato que eles realmente eram heróis no passado, porém para conseguirem derrotar o inimigo que estavam enfrentando, eles alteraram seus corpos com partes de monstros; tal ação fez com que os Anciões, um conselho de magos do continente, selassem os heróis por medo deles se corromper, e na ira dessa traição, foi justamente isto o que ocorreu.
#2 – O remake está em boas mãos

Geralmente, a Square Enix não erra muito com os seus remakes (embora eu até hoje não perdoei aquele remake estranho de Secret of Mana), porém com o histórico que a franquia SaGa tinha de ser bem “Low Budget”, imaginem a minha surpresa quando descubro que o estúdio por trás de Revenge of the Seven é ninguém mais, ninguém menos que a Xeen, o estúdio responsável pelo incrível remake de Trials of Mana.
Esse jogo aparenta ser o SaGa com o maior orçamento até hoje, e não é por menos. Romancing 2 foi impactante demais no Japão, mas falaremos disso em outro tópico
Apesar de eu ter certa afeição por Scarlet Grace e Emerald Beyond, eu não consigo não ficar feliz em ver que estão dando um pouco mais de amor, além de orçamento, para um jogo da franquia.

#3 – Uma SaGa que percorre gerações
— Sim, eu roubei essa do title card da Direct de junho
Uma das mecânicas centrais de Romancing SaGa 2 é que não existe um protagonista exato; você começa a sua gameplay controlando o rei Leon, porém, ainda no começo do jogo, ele fica em um estado entre a vida e a morte e passa uma habilidade para seu filho Gerard chamada “herança”. Com a herança, Gerard ganha as memórias e experiências de combate de seu pai, o último regente até então, e se torna mais poderoso, com ele também aprendendo a habilidade e podendo a passar para quem será o futuro regente.

A história deste jogo perdura séculos, então seria impossível um dos muitos personagens controláveis viver por muito tempo, mas isso é bom porque o jogo incentiva você a usar mais personagens de classes diferentes e usar a herança (que também pode ser passada caso o personagem perca todos os “Life Points”, ativando a mecânica de morte permanente do jogo) para conseguir personagens com as mesmas habilidades, mas stats melhores que o personagem anterior.
Acredito que o único negativo dessa mecânica, ao menos no original, é que o jogo acaba incentivando o jogador a morrer um pouco mais do que deveria. Porém a mecânica de gerações tem outro ponto positivo, que é…
#4 – É sua jornada, faça as suas escolhas
Final Fantasy II foi um passo interessante que a Squaresoft tomou em como fazer RPGs, pois era uma experiência quase sem nenhuma linearidade evidenciada também em gameplay. Porém, a franquia SaGa sempre expandiu este conceito de não-linearidade e com isso temos um dos jogos mais “livres” de toda a franquia com Romancing 2.
Aqui, as suas escolhas de como administrar o seu reino e as relações externas que você faz são cruciais na história ao longo das eras. Se você fizer a escolha errada, você pode não conseguir certas classes, ou talvez até mesmo causar uma guerra futura que irá afetar, de um jeito negativo, o próximo rei / imperador jogável.

Embora eu deva admitir que as escolhas aqui não têm o mesmo peso que as de um RPG com um sistema de bússola moral, ainda é interessante apontar que quanto mais você progredir, mais difícil se torna a tomar certas decisões devido a questões como benefícios a curto e longo prazo que o jogo mesmo oferece. É seu dever como regente de Avalon tomar cuidado com suas ações, pois o impacto vai além da sua luta contra os sete heróis.
#5 – Uma divertida mecânica de combate
Embora todos os jogos principais da série SaGa tenham um combate baseado em turnos, eles geralmente seguiam uma mecânica padrão de combate, com a ordem de ataques alterando pouco entre os personagens e com cada um batendo por vez. Isso mudou com o lançamento de Scarlet Grace, que introduziu a franquia ao que conhecemos como “Timeline Battles” (as vezes chamado de Charge-Turn, popular em jogos como Final Fantasy X, Octopath Traveler ou a franquia Trails, por exemplo).
Com esse jogo saindo no mesmo ano que Emerald Beyond, que refinou ainda mais as Timeline Battles, eu fiquei extático ao ver as mecânicas de volta, e com alguns bônus a mais que a tornam diferente de um jeito fundamental. Estas mecânicas são representadas por: uma linha de ataques, que pode ser alterada ou até mesmo fazer com que estes ataques se conectem a outros, dependo da habilidade específica que fora selecionada!
Apesar do combate não ser o único aspecto do jogo, é um aspecto importante e que você vai ter que prestar atenção por uma boa parte do tempo; então ao usar de mecânicas que facilitam o entendimento do jogador, além de dar espaço para o mesmo abusar das mecânicas se souber o que está fazendo, Revenge of the Seven pega um RPG que hoje em dia pode ser considerado um pouco “cru” e o serve num banquete gourmet, sendo o tipo de jogo que recompensa o jogador por ̶q̶u̶e̶b̶r̶aá-̶l̶o̶ usar bem as suas mecânicas de combate.
E isso me leva a outro ponto positivo do remake, que são suas…
#6 – Opções de dificuldade

Não era incomum o ocidente deixar de receberem jogos por não apelarem para um público não-japonês, ou pelo simples fato de serem jogos mais desafiadores, só olhar para LIVE A LIVE ou Super Mario Bros.: The Lost Levels, respectivamente. Mas Romancing SaGa é um caso interessante, pois esta parte da franquia demorou para vir para o ocidente por esses dois motivos.
A série SaGa em si já tinha aspectos de dificuldade um pouco mais elevados do que sua franquia irmã, Final Fantasy, porém, por estarem no Super Famicom e poderem exagerar um pouco em certos aspectos, Romancing SaGa se tornou um dos RPGs mais difíceis de sua época, e o 2º jogo em particular é o maior culpado, já que ele te incentiva de certa forma a usar o sistema de morte permanente para benefício próprio.
Porém, com as melhorias de qualidade de vida já aparentes pelo primeiro trailer (como poder iniciar o combate com um “Preemptive Strike”, coisa que não era possível no jogo de ’93), somadas às opções de dificuldade “Casual” / “Normal” e “Difícil”, com esta última sendo nomeada de “Clássica”, Revenge of the Seven se tornou o melhor jeito para atrair fãs de outros RPGs para um incrível jogo que é Romancing SaGa 2.

E para irritar o Marcos, vamos concluindo com…
#7 – Um clássico totalmente reimaginado


—Sim, os dois personagens acima são o mesmo.
No fim de tudo, quem gosta de RPGs um pouco mais “nichados” pode sentir uma certa atração por este remake, e eu não os culpo, por tudo que nos foi mostrado até agora. Parece uma forma legítima de se jogar um jogo que, pelo menos para o público japonês, é um clássico que influenciou muitos aspectos do mercado de jogos por lá.
Entre tantas ondas de remakes e remasters que vêm saindo aos montes, e de jogos não tão antigos, me alegra um pouco em ver a Square, no fim desse ano, dando atenção a dois jogos que foram tão influentes e importantes no mercado japonês, e acho que é esse aspecto que me faz querer esse remake mais do que qualquer coisa: experienciar um clássico. Um jogo que, inclusive, já joguei de certa forma, graças ao remaster que a ArtePiazza (também responsáveis pelo Super Mario RPG de 2023) fez em 2017, que é o mesmo jogo, porém com spritework mais polida e menus em HD.

Após anos ver a franquia SaGa receber o tratamento de baixo orçamento, não consigo esconder o sorriso do rosto em ver que prestaram bastante atenção no que precisava ser feito para deixarem esse jogo não apenas bom, mas bonito também.
Enfim… O fim da SaGa
E com isso, encerro os sete motivos pelos quais Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven deveria ser um dos jogos que deveria empolgar mais os fãs de JRPGs, mas também percebo que muito desse texto acabou sendo um reflexo de como adoro esse jogo em particular. Espero que minha empolgação tenha atingido você, caro leitor(a), através deste texto.
A Square já lançou oficialmente a pequena demo com o prólogo do jogo, então se o meu texto por conta própria não te convenceu, joguem a demo e deem uma chance, tenho certeza de que pelo menos intrigados pela premissa vocês irão ficar.

Tendo dito tudo isso, vejo vocês em outro artigo, preciso escolher quem vai ser meu sucessor aqui no site, mas infelizmente não tem ninguém disponível para “herdar” minhas habilidades.
- Desejando para uma estrela cadente: Mega Man Star Force Legacy Collection chega em março de 2026 - 16/12/2025
- Demorou, hein: Mega Man finalmente aprendeu a falar o português brasileiro em Mega Man 11 - 12/12/2025
- Descongelando a franquia! Capcom revela Mega Man: Dual Override para Switch 2 e Switch — O 12° título principal da clássica série Mega Man - 12/12/2025
