
Revisão: Lucas Barreto
É com imensa alegria que estamos trazendo uma entrevista exclusiva com Gabriel Agati, profissional de Pokémon referência no Brasil há anos e que, novamente, se classificou para o Mundial de Pokémon, com a melhor colocação da região na divisão Masters de VGC. Tivemos a feliz oportunidade de entrevistá-lo sobre sua opinião sobre o competitivo, e também perguntar sobre algumas de suas experiências.
Um dos maiores nomes do VGC brasileiro
Em contexto, Gabriel Agati é o jogador mais importante da categoria VGC que já tivemos no Brasil. Ele é o jogador profissional que mais participou de mundiais com 6 participações até hoje, além de o jogador com maior classificação histórica de um brasileiro em um mundial de Pokémon com o Top Cut de 2019.
Além disso, Agati é uma constante nos regionais e nacionais, tendo conquistado 1° lugar mais recentemente no Regional Championships de Joinvile, e tendo outros placements de destaque durante sua carreira como o 2° lugar no EUIC (Pokémon Europe International Championships) 2023, por exemplo.
Sumário

Gabriel Agati
Gabriel Agati é jogador competitivo de Pokémon VGC. Representou o Brasil em diversos torneios internacionais, incluindo o Mundial de Pokémon com mais de 6 participações.

Gabriel Marçal
Redator veterano no NintendoBoy, fã de Pokémon.
Acompanhem agora as ideias e visões de uma das maiores promessas do cenário nacional sobre o competitivo, sua carreira, e o futuro:
Primeiramente, gostaria de agradecer a oportunidade da entrevista. Para todo mundo que participa e acompanha o cenário competitivo, você é um ídolo, herói ou rival, e é uma imensa honra poder estar aqui conversando com você.
Agati: Não, que isso, o prazer é meu. Agradeço o carinho!
Pra começar, eu gostaria de saber: como uma figura proeminente no competitivo há anos, a essa altura o nervosismo ainda é o mesmo da primeira vez?
Agati: Estou bem tranquilo. Me sinto muito bem com pouco nervosismo, surpreendentemente. Eu não sei dizer se é por conta da experiência ou se é porque eu estou tão na correria do trabalho que às vezes nem tenho tempo de pensar no jogo. Mas o fato é que, para esse ano eu tô me sentindo bem tranquilo, bem empolgado, mas também tranquilo em relação ao meu nervosismo; é claro que chegando lá no dia do campeonato vai bater aquele nervosismo, mas no momento, até então, eu tô me sentindo bem tranquilo.

Falando de Pokémon agora, a gente sabe que normalmente essa “Regulation” do terceiro mundial de um jogo [Scarlet e Violet] traz um meta mais pesado e punitivo devido às restrições mais permissivas. Você acha que isso torna esse um torneio mais difícil que os últimos?
Agati: É complicado, porque, se está mais difícil pra todo mundo, não tá mais difícil pra ninguém. Eu gosto de brincar dessa forma, e eu acho que sim, esse é um meta muito difícil e é decido muito rapidamente sim. Muitos jogos eu percebo que depois de 2 ou 3 turnos já dá pra saber quem tá na frente e acho que por isso [a Regulation Set I] é um meta muito agressivo. Eu gosto deste meta, não é meu meta favorito mas eu acho ele divertido, e acho que sim, é um meta difícil, mas no geral, eu gosto de metas difíceis.

Qual sua aposta para o Pokémon que mais vai aparecer nesse Mundial de Pokémon em porcentagem de uso?
Agati: Acho que o top usagem vai ser o Miraidon mesmo. Miraidon tem sido dominante em usagem durante o ano, e também tem o fato de que o Miraidon ganhou o mundial do ano passado, então talvez as pessoas se sintam mais confiantes em relação a ele por conta disso. E para mim, ele [Miraidon] é um dos um dos restritos a ser batidos com certeza, até porque ele comba com muitos restritos diferentes e isso também é um diferencial dele.
Voltando um pouquinho pra sua experiência, qual foi o momento mais emocionante que você já viveu como jogador competitivo?
Agati: Talvez o momento mais emocionante foi quando eu fiz o Top Cut no Mundial de Washington de 2019. Foi na minha partida contra o Christopher Kan da Austrália, eu tava 4-1 e ele também; eu venci ele, e daí quando eu percebi que eu tava 5-1 já tava garantido no top antes da última rodada. Foi um momento de muita felicidade, um momento muito especial pra mim.

Falando um pouco sobre essa partida em si: eu estava com meu Ditto e ele copiou o Primal Groudon dele [Christopher] e eu acertei o Precipice Blades e isso me deu a vitória. Tem outros momentos emocionantes, mas é um dos meus momentos favoritos. Acho que vale citar também minha partida do top 8 do EUIC de 2023 contra Paul Ruiz — essa partida foi muito especial pra mim porque foi um top 8 contra um Campeão Mundial num matchup bastante difícil, e eu acho que joguei muito bem, foi na livestream e tals e é uma das partidas que eu mais tenho orgulho de ter vencido.
Quem foi o Pokémon que marcou esse ano no competitivo na sua opinião.
Agati: Eu vou falar que, pra mim, o Shadow Rider Calyrex foi muito importante, tanto por ser um dos melhores Pokémon do formato, quanto por ser um Pokémon que eu gostei muito de usar ao longo da temporada.

Também acho que vale a pena mencionar a Ogerpon. Eu gosto muito da Ogerpon. Eu acho que ela é um Pokémon que resume muito bem o que tá acontecendo no VGC. É um Pokémon muito forte e também muito versátil que pode ser um suporte, pode ser usada para dar dano, acho que isso é a cara do VGC, como tá hoje em dia, com Pokémon muito fortes, muito versáteis, e ela [Ogerpon] é um Pokémon divertido de usar também. No caso eu usei Orgerpon de água (Wellapring Mask), mas acho que todas tiveram destaque em algum momento.
Entre Terastal, Megaevolução, Z-Move, etc., qual foi a melhor mecânica da franquia para o ambiente competitivo?
Agati: Eu acho que Terastalização teria sido bem ruim em um formato de lista fechada. Felizmente, hoje em dia a gente joga em lista aberta e isso faz com que o Terastal seja muito melhor. Mesmo coisa com Z-Moves. Se os Z-Moves na época tivessem sido usados em lista aberta, teriam sido muito melhores.

Entre as mecânicas, eu diria que talvez a mais balanceada seja a Megaevolução, pelo fato de que você sabe qual Pokémon vai usar Megaevolução. Ela gasta o slot do item, e também pelo fato de que, depois da geração 6, as Megaevoluções que eram muito roubadas foram “nerfadas”, então se você pegar as Megaevoluções pós-nerfs, como por exemplo Mega Kangaskhan e Mega Salamence, que foram nerfadas. Eu acho que talvez as Megaevoluções sejam as mais balanceadas, mas é muito difícil dizer, eu acho que Z-Move num cenário lista aberta seria bem balanceado também.
A pergunta que não pode faltar: Qual é seu pokémon favorito que você já usou e qual é seu favorito fora do competitivo, e se você já teve vontade de usar em um torneio oficial?
Agati: É difícil dizer qual foi meu Pokémon favorito, tem vários que eu gostei muito de usar e tive bastante sucesso. Mas eu acho que vou votar no Ditto, que é um Pokémon muito único, não só pela habilidade dele de se transformar em outros Pokémon, mas também pelo fato de que por conta da habilidade dele — “Imposter” —, ele é o único no jogo onde o lado que ele tá em campo muda a interação. A maioria dos Pokémon não faz diferença nenhuma se você joga com ele na esquerda ou na direita, mas se você tá contra um Ditto ou jogando de Ditto isso muda totalmente, porque ele sempre copia quem tá na frente. Isso faz com que ele seja um Pokémon extremamente versátil e divertido na minha opinião, então meu voto vai pro Ditto.
Meu Pokemon favorito fora do competitivo é o Lucario, que infelizmente é meio ruim, mas eu já usei ele sim em um mid-season em 2017 em um torneio local que, inclusive, eu ganhe,i e o Lucario foi muito bom no campeonato. Eu usava ele de Choice Scarf, com Follow Me e Final Gambit pra setar Trick Room pro meu Snorlax com o Mimikyu. Era um time forte e o Lucario tinha um nicho bem específico. Hoje em dia ele nem tem mais Follow Me, não sei por que tiraram esse golpe dele, acho que não faz sentido nenhum, mas enfim… Lucario é meu Pokemon favorito e Xerneas, que também é um Pokémon que eu usei muito no competitivo. Só que diferente do Lucario ela [Xerneas] é boa.
O que você acha que mudou desde a sua última participação no Worlds, está mais ou menos confiante?
Agati: Eu acho que estou mais maduro e mais tranquilo. Minha preparação pro Mundial de Pokémon no ano passado foi bem melhor do que nesse ano por eu ter mais tempo livre. Até o ano passado eu ainda estava na faculdade e antes do Mundial sempre tive as férias da faculdade, então eu tinha muito tempo pra treinar mesmo estagiando, o que é diferente de trabalhar CLT 8 horas por dia. Então, hoje minha preparação foi pior por falta de tempo mesmo, mas acho que no geral eu sou um jogador melhor, com uma mentalidade melhor. Acredito que eu tô menos nervoso e mais tranquilo.
Tem alguma mudança ou melhoria que você gostaria que acontecesse no cenário competitivo?
Agati: Tem várias mudanças que eu gostaria que acontecessem, tanto pensando no circuito quanto pensando nas mecânicas do jogo. Eu não tenho certeza de pra onde foi direcionada essa pergunta.
Se for sobre as mecânicas do jogo, eu acho que as mecânicas mais irritantes claro que são o Freeze [condição de status], o Sleep [condição de status], o Dire Claw [movimento], o Paralyze [condição de status], e o “double Protect”, essas situações de RNG muito grande.
E também alguns Pokémon que são extremamente quebrados. Hoje em dia alguns Pokémon como Miraidon, Shadow Raider Calyrex, Zamazenta, Urshifu, Smeargle, de uma forma ou de outra são muito injustos, seja por serem simplesmente muito fortes, ou porque são Pokémon com habilidades completamente baseadas em sorte, como no caso do Smeargle com “Moody” tendo o movepool mais extenso do jogo. Também tem o caso do Urshifu sempre “critar” e sempre passar por Protect. É meio injusto, né?
Então acredito que são essas as duas coisas que e irritam um pouco: os Pokémon roubados e RNG pesado. Ao mesmo tempo eu gosto de encarar tudo isso como desafios e tentar enxergar isso da forma mais otimista e competitiva possível, então de certa forma é bom que tenham esses desafios pra gente lidar.
E pensando no circuito, tem algumas coisas que eu gostaria que fossem diferentes, mas no geral eu tô bem feliz com o circuito. Acho que as coisas melhoraram muito de uns anos pra cá. Antigamente não tinha nem Regional aqui no Brasil e hoje em dia a gente tem três Regionais por ano. Temos muito mais campeonatos online também, o que deixa muito mais justo a competição. Então em geral eu tô bem satisfeito com o circuito da forma como ele é atualmente.
Você acha que o futuro do competitivo está no Pokémon Champions? Como você acha que isso vai impactar o cenário? Seja no viés de ficar mais fácil de testar coisas diferentes ou até de facilitar a barreira de entrada e tornar a modalidade ainda mais popular.
Agati: Sim, eu acho que o futuro do jogo tá muito focado no Pokémon Champions. Talvez não só no Champions, eu não sei como vai ser ainda, se vai ser exclusivo no Champions, ou se vai ser metade no Champions metade no main series.

Mas eu acho muito empolgante. O fato de também ser um jogo mobile deixa o jogo muito mais acessível e eu espero que eles facilitem IV Training e obtenção de Pokémon, por exemplo. Seria muito show se o Pokémon Champions ter também replay salvo, modo Espectador, esse tipo de coisa, mas vamos vendo. Eu tô muito empolgado pro Champions, acho que vai ser um novo marco na comunidade e o VGC vai ficar muito mais popular.
Por fim é isso, agradeço a atenção. Sou muito grato pela oportunidade de te entrevistar, confesso que no meu primeiro regional eu me inspirei em um time seu de 2 anos atrás, aquele com Gyarados para-flinch, e mesmo que hoje consiga montar meus próprios times, a admiração só cresce e mais evidente fica sua genialidade em time e análise de jogo.
Agati: Novamente, eu agradeço o carinho.
Com isso encerramos nossa entrevista exclusiva com Gabriel Agati. Assim podemos conhecer um pouco mais os treinadores de alto nível que temos a chance de torcer todo ano no Mundial de Pokémon.
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