Desenvolvedora: Glass Bottom Games
Publicadora: Glass Bottom Games
Data de lançamento: 16 de setembro, 2021
Preço: US $ 19,99
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela Glass Bottom Games.
Quando Tony Hawk Pro Skater foi lançado, no final dos anos 90, ele estabeleceu as bases de como um game de skate deveria ser. De quebra, ainda conseguiu consagrar e popularizar ainda mais o esporte junto aos mais jovens. Vinte anos depois, na E3 de 2019, a Glass Bottom Games, trouxe um curioso jogo que estava sendo desenvolvido, via financiamento coletivo no Kickstarter. SkateBIRD apresentava uma premissa, no mínimo, curiosa, na medida em que substitui skatistas famosos por simpáticos passarinhos.
Na época de seu anúncio, os jogos do gênero estavam passando por certo hiato. Dessa forma, os fãs de skateboarding e órfãos das franquias famosas da Activion (Tony Hawk Pro Skater) e Eletronic Arts (SKATE), passaram a enxergar no carismático jogo uma alternativa promissora para suprir essa lacuna. Afinal, como um jogo de pássaros skatistas poderia dar errado? Passados dois anos desde o seu anúncio, SkateBIRD chegou para o Nintendo Switch, PC e demais consoles, no dia 16 de setembro. Mas, será que a espera valeu a pena? Vamos conferir!
Comparações inevitáveis
Como um produto que teve uma clara inspiração em Tony Hawk Pro Skater, as comparações com o original são inevitáveis. O fato de que nessa janela entre a apresentação e lançamento de SkateBIRD, a Activision tenha colocado no mercado o remaster dos dois primeiros Tony Hawk Pro Skater e que o mesmo foi muito bem em críticas e vendas, aumenta ainda mais a responsabilidade do título. A missão do nosso querido “Tony Pombo”, nesse sentido, é um tanto quanto ingrata, pois precisa mostrar relevância à revelia do sucesso e da nostalgia envolta do jogo da Activision. E posso adiantar que, infelizmente, SkateBIRD não cumpre bem esse papel.
Antes de partirmos para os muitos problemas do jogo, porém, precisamos apontar seu acerto. O principal ponto a se destacar é a originalidade do título que permite ao jogador realizar manobras radicais com charmosos e estilosos pássaros. SkateBIRD possui uma proposta leve e descompromissada, fazendo piada de si mesmo e da situação em que foi concebido, apresentando um ou outro easter egg divertido, (como a possibilidade de controlarmos o pequeno falcão Tiny Hawk) ou diálogos bem humorados (como a conversa afiada sobre a falta de técnica dos seres humanos sob o skate).
Uma boa variedade de aves skatistas e modos de jogo escassos
O título conta com uma boa variedade de aves skatistas à nossa disposição (mais de trinta) e podemos customizá-las à vontade, desde adornos para a cabeça e face (com chapéus e óculos) ao próprio skate. Para quem já jogou Tony Hawk Pro Skater ou algum jogo da franquia SKATE, sabe que os status de cada skatista acaba por influenciar em menor ou maior escala na performance na pista, alterando um pouco a jogabilidade. Em SkateBIRD, no entanto, a escolha de personagens é perfumaria puramente estética, não havendo diferenciação das habilidades das pequenas aves.
Outro problema é a escassez de modos de jogo. Por mais que se trate de um jogo indie, isso é algo injustificável. Em SkateBIRD não há nem mesmo um competitivo local ou online. E essa possibilidade de disputar uma partida com um amigo é uma das coisas mais divertidas em jogos de skate. Aqui temos, basicamente, apenas um único modo de jogo: skateboarding. Neste modo temos cinco pistas à nossa disposição. Os cenários são variados – apresentando ambientes que vão desde o interior de uma residência ao telhado de um prédio – e eles só são desbloqueados conforme avançamos pelas missões que nos são destacadas.
As pistas funcionam como uma espécie de HUB onde a movimentação pelo cenário é livre. Dá para explorar bem os locais para se familiarizar bem com eles antes de partir para as missões. Estas são atribuídas por excêntricos passarinhos que ficam em um ponto fixo no cenário. Geralmente, os detalhes dos nossos objetivos são acompanhados de algum texto sarcástico. É somente quando iniciamos a missão que o cronômetro é ativado. Salvo isso, existem outras tarefas a cumprir sem tempo cronometrado, como encontrar fitas, rodas e meias pelas pistas.
Visual datado e melodias pouco marcantes
No Nintendo Switch, SkateBIRD possui um visual datado, com uma resolução baixa, sem nenhum efeito de luz e sombra, contando com muitos serrilhados e um irritante desfoque do horizonte usado como artifício para suavizar os problemas de resolução. O game também apresenta problemas com a taxa de framerate, que em jogos do gênero acaba atrapalhando a realização das manobras.
Se no jogo do “Toninho Falcão” as composições acabaram por ajudar na construção do gosto musical de uma geração, em SkateBIRD as coisas são bem mais singelas. É óbvio que seria pedir demais – dada a questão orçamentária de um jogo indie – a presença de melodias licenciadas de bandas famosas. A equipe da Glass Bottom Games optou por inserir no jogo composições originais. São mais de vinte melodias compostas por Nate Madsen e que combinam elementos de hip hop, soul, funk e diversos outros ritmos. Algumas composições, no entanto, apesar dos esforços da equipe e de não comprometerem a experiência, não casaram muito bem com o gameplay e, obviamente, não possuem o mesmo impacto das de THPS.
Controles falhos e experiência frustrante
As mecânicas de SkateBIRD são muito parecidas com as de Tony Hawk Pro Skater. Podemos saltar num ollie, executar grind, fliptrick e manuais, mas nada funciona como deveria. Nesse sentido, o real problema do jogo está nos controles. As manobras, devido à imprecisão dos comandos, são difíceis de serem executadas e quase sempre terminam em queda. Os controles falhos tornam frustrante a nossa experiência com o jogo. Assim, completar certas tarefas que nos são passadas acabam se tornando – além de chatas – mais difíceis do que deveriam.
A física estranha do jogo também não ajuda e causa situações inusitadas, como quando o nosso “Tony Pombo” da vez toma um tombo e sai rolando e quicando como uma bola dente de leite. A câmera é outro problema, na medida em que aquelas situações de dificuldade de enquadramento no personagem, típicos dos jogos do início da geração 3D, dão as caras aqui. E olha que nem mesmo o Tony Hawk Pro Skater original, de 1999, passa por esse problema.
Boa premissa, péssima execução
A premissa de ser um Tony Hawk Pro Skater com pássaros ficou só no conceito e no design. Pois, todo o resto, infelizmente, é muito mal executado. Faltou mais modos de jogo, o título não conta com localização para o nosso idioma, é mal polido, a física é estranha e os controles não funcionam como deveriam. Particularmente, esperava muito mais da SkateBIRD. O jogo foi um banho de água fria numa manhã de inverno com temperatura negativa. Uma pena (sem trocadilhos)!
Prós:
- Boa variedade de pássaros;
- Melodias originais.
Contras:
- Visual mal polido;
- Poucos modos de jogo;
- Controles ruins;
- Sem multiplayer local ou online
NOTA FINAL:
4
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