Review | Shadow Corridor

Desenvolvedor: Kazuki Shiroma
Publicadora: Nis America
Data de lançamento: 26 de outubro, 2021
Preço: R$ 75,45
Formato: Digital

Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela NIS America.

Jogos de terror — e honestamente qualquer outra mídia do gênero — sempre foram para mim uma espécie de objeto de fascínio pessoal. Ora, porque nós (seres humanos) nos submeteriamos a uma situação desconfortável propositalmente? Esse pensamento obviamente não é exclusividade de minha cabeça, muito pelo contrário, é, na verdade, quase uma espécie de postulado na cabeça de pessoas que não conseguem compreender — ou simplesmente não gostam — o apelo das obras de terror na indústria de entretenimento.

No terror, pode se dizer que o objetivo principal é sempre despertar sentimentos negativos em quem está consumindo a obra, seja através de medos despertados por tópicos sobrenaturais, ou até através dos mais comuns tópicos cotidianos. A verdade é que o terror é percebido de maneiras diferentes por cada pessoa, o que acaba tornando cada obra extremamente subjetiva, e as vezes até pessoal.

Com isso é importante ressaltar o quão o terror no mundo dos videogames são um tópico difícil para se retratar, já que boa parte da experiência oferecida é definida por como o jogador percebe o jogo, e Shadow Corridor, um survival horror procedural em terceira pessoa, é um bom exemplo disso.

Jogabilidade e Estética

Antes de tudo, Shadow Corridor é um daqueles jogos cujo todo trabalho é feito por uma unica pessoa, neste caso pelo japonês Kazuki Shiroma. O game foi disponibilizado originalmente para PC em 2019, sendo ele fruto de um experimento de um jogo gratuito chamado “Shadow Corridor-“, de 2017. Em essência, Shadow Corridor é um survival horror, ou seja um jogo com o foco no próprio terror e no gerenciamento de recursos, que são usados de alguma forma pelo jogador.

Shadow Corridor tem uma estética visual certamente datada e simplista para os padrões atuais, porém deixando de lado o choque inicial causado pelos visuais o jogo tem um certo “charme” de jogo independente, afinal estamos falando de um projeto solo. O jogo usa excessivamente visuais com contraste alto, o que inicialmente causa certo desconforto, o que é bom, já que condiz com a ideia de um jogo de terror.

O game também tem muito de sua estrutura baseada na simbologia e no folclore japonês, que é provavelmente uma das culturas menos exploradas pelos grandes jogos deste gênero, estes que costumam ter uma estética europeia, quando não completamente americanizados.

Quanto a jogabilidade, Shadow Corridor não foge muito do padrão dos jogos de terror: determinado item ajuda você a escapar de inimigos, vasculhe móveis, ache chaves para progredir no jogo, isso sem deixar os clássicos jump scares de lado. O nome do jogo (Shadow Corridor) não é dado atoa, cada fase, apesar de terem partes únicas, tem uma série de corredores proceduralmente gerados, onde se encontram desafios e alguns puzzles básicos, sendo essa a parte mais perturbadora do jogo (encare isso como um elogio).

Um ponto de destaque também são os efeitos sonoros, que apesar de não serem da mais alta qualidade, contribuem consideravelmente pra atmosfera de “jogo de terror que dificilmente seria lançando para um console depois do Wii” que o jogo tem.

Conclusão

Shadow Corridor é um jogo consideravelmente modesto em quase todos seus aspectos, seus controles definitivamente não são dos melhores e seus visuais as vezes são datados ao ponto de ser difícil argumentar que estão seguindo apenas um estilo de arte. Apesar de tudo isso, assim como Deadly Premonition de Hidetaka Suehiro, o jogo tem uma espécie de aura que lembra filmes de terror trash, com a única diferença que em Shadow Corridor sustos são bem comuns.

No geral, considerando o fato de ser um trabalho de um homem só, Shadow Corridor é surpreendentemente competente como uma experiência de terror apesar dos seus muitos problemas. E para não dizer que o game é feito de apenas uma proposta, caso esteja enjoado de sua premissa, há um modo chamado “Apparition Defenders” que inverte o papel do jogadoe colocando-o na pele de um dos espíritos da amaldiçoada máscara Noh.