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Para além do efeito Nintendo

Da revolução industrial a atualidade: a perpetuação de práticas abusivas na indústria dos jogos ao custo da humanidade de seus funcionários. Estaria a Nintendo alheia ao que parece ser uma tendência da indústria?
Wendel Barbosa 27/04/2022

O desenvolvimento da sociedade industrial capitalista modificou as estruturas do mundo dos trabalhos. Para o historiador Eric Hobsbawm, “as pessoas raramente exigem direitos, lutam por eles ou se preocupam com eles, a não ser que não desfrutem suficientemente” deles (HOBSBAWM, p. 418). Antes expostos a péssimas condições de trabalho, esse novo mundo demandou, portanto, a criação de direitos que pudessem regular de forma minimamente justa a jornada dos trabalhadores. Mais de dois séculos após o início do movimento trabalhista ter surgido, infelizmente, ainda vivemos numa sociedade onde empresas desrespeitam os direitos dos trabalhadores.

Já há alguns anos, políticas abusivas de certas empresas da indústria de games vêm ganhando notoriedade na imprensa especializada e é bastante discutida pela comunidade. Como braço do mundo capitalista, essa indústria também está inserida nessa realidade. Até porque quem trabalha nesse meio é um trabalhador. No livro Marx no Fliperama, Jamie Woodcock alerta que “em linhas gerais, há longas e intensas jornadas de trabalho, com o borrar de fronteiras entre lazer e trabalho” que glamouriza a atuação na área e naturaliza situações como o trabalho não pago de modders e testadores e a predominância masculina nas empresas (WOODCOCK, pp. 10-11).

A produção de jogos esconde, no coração dessas empresas, condições de trabalho que desrespeitam o limite do tolerável. São casos de violência moral, diferenciação salarial entre homens e mulheres, jornadas de trabalho abusivas e por aí vai. Por ser algo que não atinge diretamente o consumidor, essas práticas – que parecem remontar às condições dos trabalhadores britânicos no início da Revolução Industrial – demoram para chamar a atenção. São questões internas, guardadas sob sigilo de contratos muito bem redigidos.

O jornalista da Bloomberg, Jason Schreier (@jasonschreier) parece ter se tornado uma espécie de porta-voz na luta contra essas práticas abusivas. No livro Sangue, suor e pixels, em que narra algumas histórias acerca do desenvolvimento de jogos, ele aponta o clima de pressão imposta pelos diretores de certos estúdios à sua equipe. É do jornalista também, matéria que denuncia a prática de Crunch, envolvendo o conturbado trabalho dos profissionais da CD Projekt Red, no jogo Cyberpunk 2077, em 2020.

Um caso que ganhou bastante espaço nas mídias sociais foi o processo que o governo da Califórnia, nos Estados Unidos, abriu contra a Activision-Blizzard, a partir do relato de mais de quarenta funcionários, que acusam a empresa de assédio sexual e moral. No final do ano passado, uma ação judicial movida por oito mulheres, acusou a Sony de assédio e discriminação. Mas, essa dinâmica da indústria, no entanto, não é novidade. Em 2015, a Microsoft foi alvo de uma ação coletiva que acusava a empresa de que sua política de desempenho de funcionários gerava discriminação contra mulheres. 

Microsoft, Sony, CD Projekt Red, Activision-Bilzzard, Naughty Dog e tantas outras empresas foram (e são) alvos de denúncias e ações trabalhistas. Em contrapartida, a Nintendo parece fazer um movimento que contradiz essa “cultura”, por assim dizer. Os principais pontos de crítica a gigante japonesa se dá em sua política com o consumidor. Não me refiro, obviamente, à qualidade de seus jogos. Acredito ser consenso geral o esmero da Nintendo com suas franquias. Os problemas se encontram em alguns detalhes, principalmente no que se refere à precificação de seus jogos, serviços e – aqui no Brasil – a ausência de localização para o nosso idioma.

A Nintendo of America como muitas outras empresas, seja do segmento de jogos ou não, costumam terceirizar parte de seus serviços. No processo, eles contratam uma empresa que cede – através de um contrato específico – a mão de obra para o trabalho no desenvolvimento e testes de jogos, atendimento ao cliente e outros departamentos. É uma forma de baratear os custos de compromissos trabalhistas e se blindar de possíveis ações contra a empresa. No início de abril, segundo matéria do portal Axios, um ex-funcionário, que prestava serviço terceirizado à Nintendo of America – através da empresa Aston Carter – apresentou uma queixa ao Conselho Nacional de Relações Trabalhistas dos Estados Unidos, acusando as empresas de coação para impedi-los de ingressar em sindicatos.

A Nintendo veio a público dizer que o motivo da demissão do funcionário se deu por vazamentos de informações confidenciais. Duas semanas depois, a Kotaku, foi atrás de funcionários e ex-funcionários da gigante japonesa e publicou uma longa matéria em que os entrevistados não só reforçam as denúncias expostas pelo site Axios como contradizem a nota oficial da Nintendo. Já que, segundo os funcionários ouvidos, não é essa a política da empresa com contratados que vazam informações: são advertidos, não demitidos. 

Além disso, a matéria escancara situações trabalhistas que colocam a gigante japonesa em pé de igualdade com tantas outras empresas envolta a escândalos. É o oposto do meme “efeito Nintendo”. A matéria denuncia tratamento diferenciado aos trabalhadores temporários em relação aos fixos da empresa, os chamados “crachás vermelhos”. Estes estariam sofrendo assédio moral, demissões injustas, crunch e baixos salários, tudo com a anuência da Nintendo do Japão, que priorizaria os jogos em relação as pessoas. E como esses trabalhadores terceirizados se sentem dissuadidos da ideia de discutir suas condições por medo de punições (tem sempre outras pessoas querendo ser contratadas), essas práticas acabam se cristalizando.

Essas denúncias escancaram uma lógica muito difundida nas empresas, seja da indústria dos jogos ou não: a lógica do lucro acima de tudo! O desenvolvimento da sociedade liberal capitalista – por mais que use a ideia de igualdade e liberdade como retórica – promoveu o aumento das disparidades sociais e a desumanização das pessoas. Onde o trabalhador é rebaixado a uma mera ferramenta ou uma engrenagem dentro do processo produtivo. Mais do que curtir os produtos dessas empresas, é importante compreender as etapas de seu desenvolvimento. E, principalmente, cobrar que os direitos das pessoas envolvidas sejam respeitados. 

HOBSBAWM, Eric J. Mundos do Trabalho. Novos Estudos sobre História Operária. 5 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008.

WOODCOCK, Jamie. Marx no Fliperama: Videogames e luta de classes. São Paulo: Autonomia Literária, 2020.

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Professor de História e entusiasta de joguinhos eletrônicos desde 1984.
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