Desenvolvedora: FuRyu Corporation
Publicadora: NIS America
Gênero: RPG
Data de lançamento: 12 de março de 2019
Preço na eShop (US): $49,99
Formato: Digital / Versão física
Geral
Para esta avaliação, resolvi escrever basicamente duas partes, uma geral, com minhas impressões gerais do jogo, e outra detalhando cada aspecto (gráficos, trilha sonora, história, combate).
The Caligula Effect é um jogo desenvolvido e publicado pela FuRyu Corporation, a FuRyu, originalmente no PS Vita em 2016 e localizado pela Atlus, com a versão “Overdose”, que basicamente é um remake do jogo sendo lançado em 2018 no Japão com sua localização agora realizada pela NIS America, que também incluiu uma versão para o Nintendo Switch.
Em relação à versão original, Overdose foi completamente refeito na Unreal Engine, adicionando novos elementos, visuais e conteúdo, além de arrumar os diversos problemas de desempenho que a versão anterior tinha, portanto, já adianto que para quem jogou o jogo antes, esta versão já vale a pena só por este motivo.
O jogo faz algo que eu pessoalmente não gosto: apresenta a história em 5 a 10 minutos de forma superficial e joga você direto em uma dungeon de cerca de quatro horas de duração ou mais dependendo da sua paciência. The Caligula Effect também é um jogo muito otaku, cheio de nomes extremamente japoneses (está certo que o jogo é japonês, mas normalmente são usados nomes simples de 2 a 4 sílabas, enquanto aqui eles usam nome e sobrenome) e muitos san, sama, kun e chan pra cima e pra baixo. Eu sei um pouco de língua japonesa pelo tanto de tempo que tenho contato com a cultura japonesa e por um curso que fiz anos atrás, então estou acostumado, mas se para quem está habituado com estes termos, nomes e tratamentos isso já torna o jogo um tanto maçante, imagino pra quem é leigo no assunto.
Não estou dizendo que a história é ruim, muito pelo contrário, com o avançar do jogo você vai descobrindo um enredo extremamente complexo e interessante e, algo que achei interessante são os fragmentos contados nos bilhetes espalhados pelo jogo, mas para chegar em tal ponto você deverá passar por partes inacabáveis de lutas demoradas, uma trilha sonora que pode ou não irritar, e até mesmo temas um tanto quanto bobos demais, como querer ser a menina mais fofa do shopping na festa secreta do chá. Há ainda a cereja do bolo para mim, que foi o personagem Shogo, típico personagem arrogante e metido a saber tudo, que foi o personagem que eu logo peguei implicância, e pra finalizar, eu não simpatizei com nenhum dos protagonistas. Eu preferia que o jogo gastasse um pouco mais de tempo explicando para o jogador um pouco do enredo e apresentando os personagens, do que simplesmente entregar 30 personagens (exagero meu) de uma vez sem dizer exatamente quem é quem.
Sobre a jogabilidade, eu senti como se tivesse jogando um dungeon crawler (exemplo mais famoso: Etrian Odyssey), que é aquele estilo de RPG em primeira pessoa que se passa em labirintos. A diferença é que aqui você vê seus personagens e os NPCs na tela, sendo assim, em terceira pessoa.
História
Nesta avaliação, não vou entrar em nenhum detalhe profundo da trama do jogo para não entregar spoilers, já que o mesmo é um RPG e a história conta como um dos grandes trunfos do título. Em The Caligula Effect Overdose, você é um novato, e pode ser menino ou menina, a escolher no início do jogo (uma novidade em relação a versão original), e se encontra numa formatura em um colégio. Em um dado momento, você percebe que algo está errado, e a cabeça das pessoas começa a apresentar um “bug”, fazendo com que o/a protagonista, em desespero, tente escapar dali. Tudo isso acontece em uma cena de anime de incrível qualidade (novamente, a versão original não tinha essa animação).
Logo você descobre que está preso em uma espécie de realidade virtual chamada “Mobius”, que foi criado pela vocalid μ, e é apresentado a um clube do colégio chamado Go Home, formado por estudantes que perceberam que estão presos nesta realidade virtual e querem encontrar uma forma de ir para casa. Em Mobius, o grupo Go Home é visto pelo grupo de músicos conhecidos como “Ostinato” como traidores por se opor a μ e assim é dado o conflito.
Mas a história é muito mais profunda do que isto. Temas como a vida ideal, o medo da vida adulta, depressão e baixa auto-estima são tratados na trama, o que a torna muito mais complexa do que aparenta logo de início.
Trilha sonora
Aqui temos uma faca de dois gumes. As músicas de eventos, com um tom mais sombrio e/ou misterioso por exemplo, me agradaram. Já a trilha sonora do jogo mesmo, pode tanto agradar quanto afastar. Basicamente você tem uma música pop que fica tocando como pano de fundo das dungeons, sendo que fica em versão instrumental enquanto você está andando pelos corredores, e passa a ser cantada durante as batalhas. Confesso que de cara a primeira música começou a me irritar depois de quatro horas ouvindo seguidamente.
Gráficos
Graficamente falando, o jogo é muito bonito e dá a impressão de você estar controlando um anime mesmo. Em comparação com a versão original, é realmente outro jogo, de tão diferente (pra melhor) que ficou. Quanto a resolução, aí temos um problema: em modo dock, a imagem dos objetos renderizados em 3D fica um pouco borrada quando comparado ao HUD (informações na tela), que são nítidos. Um tempo olhando porém, e você acostuma. É em modo portátil que a coisa fica complicada. A resolução fica muito abaixo da resolução nativa do console (720p) e com o anti-anti-aliasing utilizado faz com que a imagem tome um aspecto estranho. Com o tempo você se acostuma, mas não deveria ser assim, especialmente quando, novamente, comparado com o HUD (que fica na resolução nativa).
Um detalhe que vale ressaltar, é que no menu de equipar, os personagens são renderizados em 3D e nesta tela a resolução fica nativa do console, resultando num modelo muito bonito. Imagino que isso aconteça por neste momento o modelo ser a única coisa renderizada na tela, mas isto não justifica, já que os cenários do jogo não são tão grandes e a quantidade de coisas presentes na tela durante o jogo não são tão elevadas. Talvez tenha faltado um pouco de otimização e pode ser que mais pra frente um patch resolva.
Combate
As lutas do jogo são o ponto alto – ou deveriam ser. Explico: o combate em The Caligula Effect ocorre em turno e permite que você selecione até três movimentos de uma vez, sendo que em cada movimento, você pode simular a ação para tentar prever o resultado daquele turno, podendo inclusive alterar o momento em que a ação será executada para sua tática ser otimizada.
Apesar de inovar, isso também faz com que a batalha fique extremamente longa, e sua tática pode ir por água abaixo se o personagem errar o golpe por exemplo. Outra coisa que achei ruim foi que o fato de você poder selecionar três movimentos de uma vez faz com que perca muito tempo numa batalha que só irá durar alguns segundos (dependendo do que você irá comandar) durante a ação.
Outra coisa que também não gostei foi que você logo de cara já pode selecionar quatro membros para o seu grupo principal, e isso faz com que o jogo fique extremamente fácil. E o pior é que quantos mais personagens você tiver, mais tempo perderá selecionando golpes. Teve um momento que eu me peguei simplesmente apertando o botão “A” 12 vezes sem nem olhar pra tela para terminar logo o combate. E sim, é possível fazer isso e você ainda irá vencer.
Os momentos onde há maior dificuldade são nas batalhas contra os chefes. Neste momento é em que o jogo realmente brilha, pois aí sim, você deverá prestar atenção e decidir seus movimentos com cuidado.
Conclusão
Se você é amante de RPGs e gosta de cultura japonesa, e está familiarizado com animes e mangas, vale a pena jogar este jogo, e nenhum dos problemas técnicos apresentados por mim irão fazer tanta diferença durante o gameplay, já que a maioria deles, o mais “grave”, a resolução, você se acostuma com o passar do tempo, caso contrário, apenas espere por uma boa promoção se a curiosidade for muita.
AVALIAÇÃO: 5
*Jogo avaliado no Nintendo Switch com o código fornecido gentilmente pela NIS America*