Desenvolvedora: Draw Me A Pixel
Publicadora: Draw Me A Pixel
Data de lançamento: 14 de abril 2021
Preço: R$ 66,25
Formato: Digital
Análise feita com chave fornecida gentilmente pela Draw Me A Pixel.
Você pode fazer outra coisa em vez de não jogar, afinal, isso não é um jogo. A Draw Me A Pixel conseguiu uma façanha incrível ao não entregar um não-jogo que simplesmente foi a melhor não-experiência com point-and-click que tenho em muito tempo. There Is No Game foi anunciado na Indie World, no mês de abril, e me chamou atenção logo de cara.
Não-Premissa
Ok, fora todas essas piadinha (que depois veremos que fazem sim sentido no contexto), There is no Game entrega tudo o que promete no trailer, e muito mais (menos um jogo, é claro). Sendo a proposta de um adventure game point-and-click com toneladas de puzzles, muito similar a jogos que cresci jogando, tais como Ilha dos Macacos – que estou rejogando agora, por coincidência, mas que teve um título para Nintendo Wii – tudo aqui precisa que usemos a criatividade de formas realmente inesperadas. Improviso é a palavra de lei aqui: trabalhe com o que você pode encontrar, aproveite trocadilhos, e extrapole qualquer barreira que puder pensar.
There Is No Game é dividido em 6 capítulos principais, com um final alternativo. Cada um deles exploramos um gênero diferente de jogo, tal como investigação com Sherlock Holmes, uma não-paródia de Zelda, e uma paródia da não-paródia de Zelda, transformada em um clicker free to play. Isso sem sairmos do universo point-and-click, tipo um “sonho dentro de um sonho” de “Inception“, e sempre trabalhando o humor em cada um, e criando soluções novas fora da caixa.
In-Experiência Cômica e Carismática
Primeira coisa, ignore a 4ª parede, ela foi demolida completamente e fizeram uma varanda com o que sobrou. A ideia é que somos um usuário, um jogador, que tenta jogar o que achamos ser um jogo. Mas ele (sim, o Jogo) tenta te convencer a não faze-lo, pois, afinal, ele não é um jogo. Ganhamos na insistência, fazendo de tudo para conseguir acessar o botão de START, desde tirar desaparafusar engrenagens usando uma moeda até decifrar códigos baseado em fotos de placa-mãe de lingerie (yep, vc leu certo).
Na verdade, o Jogo se torna um personagem muito divertido, realmente nosso companheiro durante a aventura lotada de comédia. Muito graças a ele mesmo, todo seu humor meio triste e impaciente, junto com a urgência de resolver o problema que explorar o não-jogo causou. Isso tudo junto às artes maravilhosamente bem feitas (um 3D pixel art plano) e a o jogo quase inteiramente dublado (em inglês, mas com legendas localizadas em português) entregam uma experiência completa.
Nenhum dos Aspectos de um Point-and-Click
A narrativa em si tem bastantes plot-twists. A história é linear, e temos algumas horas de conteúdo muito bem aproveitas que realmente te prendem. Vamos progredindo ao desvendar os puzzles de cada cenário para avançar com ela. Também descobrimos mais sobre o Jogo, o porquê dele ser não ser um jogo, e até temos uma ajuda “externa”, por assim dizer. Novamente, é um jogo e tanto. Ou melhor, não é.
Agora temos um ponto que acho importante ressaltar. There Is No Game é multiplataforma, incluindo PC, celular e Switch. Por que? Pois ele é feito, foi todo construído em volta da ideia de jogar com o touch screen, ou no caso o mouse, o que importa é apontar e clicar. Então, para o console Nintendista, isso não é um problema ao jogar no modo handheld/portátil. Inclusive, é ainda melhor do que nos outros, pois temos os botões físicos também. Usei muito L e R por ser mais prático do que clicar na setinha.
Mas jogar na TV não é tão… funcional. Controlar cursor no analógico é bem chato, ainda mais quando precisamos ser rápidos. Digo de novo que a proposta do não-jogo não é essa mesmo, não foi feito para jogar na TV da sala, e considerando que é o único console atual que é capaz de rodar There Is No Game da maneira correta, não temos do que reclamar.
Desconsiderações Finais
Eu poderia citar toneladas de exemplos de como achei tal e tal coisa maravilhosas e geniais no jogo, especialmente porque a equipe desenvolvedora não é grande, mas tudo viraria spoiler, e a graça do jogo é você mesmo tentar descobrir como diabos arrumar neve no meio do verão, ou no máximo usando as dicas do próprio jogo.
Honestamente eu não tenho essa experiência há muito tempo. E eu frequentemente jogo point-and-clicks, são um gênero que eu adoro. Tive a mesma sensação de jogar Deponia, ou mesmo Monkey Island, torrando neurônios para pensar em usar fluído de bateria como taurina pois, afinal, é um “líquido energético”, sabe? É o tipo de ideia que sempre cativa, sempre impressiona, e ainda gera uma risada quando é bem feita como There is no Game: Wrong Dimension fez.
Prós:
- É Hilário e super divertido;
- Sacadas geniais;
- Entrega MAIS do que promete;
- Legendas localizadas em português.
Contras:
- Não é feito para jogar no Dock
Nota Final
10