
Grand Theft Auto, o famoso ‘GTA’, é uma série de jogos de mundo aberto feita pela saudosa Rockstar Games extremamente famosa mundialmente, especialmente aqui no Brasil. A franquia sempre foi bastante controversa, com seus jogos atraindo a atenção de pessoas que viam a violência apresentada nos games como algo que corrompia a juventude.
Apesar de existir desde os anos 90s, GTA estourou em si nos anos 2000s com o lançamento de Grand Theft Auto III em 2001. Durante 2001 até 2006, a franquia lançou games que fizeram bastante sucesso no PlayStation 2, Xbox e PC. Com o GameCube, ficando de fora da diversão proporcionada pelos títulos, muitos fãs da Nintendo nunca conseguiram experimentar a era de ouro de Grand Theft Auto.
O Nintendo Switch no entanto recentemente recebeu a coletânea Grand Theft Auto: The Trilogy — The Definitive Edition, que reúne os três principais títulos que colocaram a série no mapa. Contudo, esta não foi a primeira vez que a série deu as caras em videogames produzidos pela Nintendo. Desde o lançamento do primeiro GTA, temos ports e lançamentos inéditos da franquia nas plataformas da casa de Mario. Vamos conferir a seguir, a história de Grand Theft Auto e a Nintendo!
A era 2D de Grand Theft Auto: GTA e GTA 2 para o Game Boy Color

Antes de falarmos sobre os lançamentos de GTA nas plataformas da Nintendo, é preciso explicar a história da criação da série. Apesar de hoje em dia a Rockstar Games ser mais associada aos consoles da marca PlayStation e Xbox, nos anos 90s a desenvolvedora, ainda batizada de DMA, era figura carimbada no Super Nintendo.
Sendo uma das poucas desenvolvedoras ocidentais desenvolvendo games para o console, a DMA era um estúdio britânico que foi responsável por títulos de sucesso como Lemmings e Uniracers. O sucesso dos games da DMA no Super Nintendo era tão grande, que a desenvolvedora foi convidada pela Nintendo para ser uma das principais produtoras de jogos para o então Ultra 64, que viria a se tornar o Nintendo 64.
Um título que a desenvolvedora estava produzindo para lançar no console da Nintendo, e em seus rivais, era Race’n’Chase. Um jogo de polícia e ladrão, onde os jogadores assumiriam o comando de um dos dois lados e deveria: ou prender os criminosos ou fugir dos tiras. Utilizando obviamente veículos, o game tinha elementos de mundo aberto e aconteceria em múltiplas cidades diferentes.
Contudo, durante o desenvolvimento do game, um bug foi encontrado onde a AI dos policiais agia extremamente agressiva contra os jogadores. Ao invés de simplesmente parar-los, como era programado, os policiais tentavam de toda a maneira jogar o carro dos jogadores para fora da pista.

Ao invés de corrigir esse problema, os desenvolvedores acabaram gostando bastante do erro e assim reprogramaram completamente o game ao redor disso. Decidindo apostar na onda de sucesso de jogos mais violentos como Mortal Kombat, foi decidido adicionar elementos mais adultos como palavrões e gore, e junto com o time de marketing da DMA, foi decidido apostar nestes elementos na hora de vender o título.
Assim, em 1997, Grand Theft Auto chegou ao DOS e depois foi portado para o PlayStation 1. Uma suposta versão do título para o Nintendo 64 foi cancelada, porém, em 1999 o jogo deu as caras no Game Boy Color.

Em um port bem impressionante para a plataforma, todos os mapas da versão PC foram portados perfeitamente para o Game Boy Color. Assim, os jogadores têm três enormes cidades, Liberty City, Vice City e San Andreas, para explorar sem limitação. Contudo, alguns sacrifícios foram feitos para que o game funcionasse sem problemas na plataforma. Existem poucos pedestres nas ruas e a AI dos policiais é extremamente ruim. Os controles também são bem ruins de se utilizar e controlar os veículos acaba sendo pior que na versão de PlayStation 1.
Contudo, a versão de Game Boy Color tem seus exclusivos em relação aos lançamentos anteriores. Existem 15 novos personagens secretos para se escolher e donos do Game Boy original podem jogá-lo em sua plataforma sem problemas. Por fim, como é de se esperado, o game é censurado de acordo com a audiência da plataforma
Um ano depois, Grand Theft Auto 2 também deu as caras no Game Boy Color. A continuação, que havia sido lançada em 1999 para o PlayStation 1, PC e Dreamcast, chegou ao portátil oferecendo o mesmo estilo de gameplay, com algumas mudanças.

Diferente da versão original que possuía apenas um protagonista, Claude Speed, a versão de Game Boy Color permitia que jogadores escolhessem um entre seis opções diferentes. A jogabilidade também recebeu melhorias em relação ao lançamento anterior no portátil, assim como visuais e sons melhorados.
Os dois primeiros títulos de Grand Theft Auto são completamente diferentes do que nos tornamos acostumados com GTA III. Os dois games são mais arcades, com o jogador completando missões diferentes em busca de pontos para habilitar a próxima cidade. Os jogadores possuem um número limitado de vidas e ao receber um game over é preciso começar do início.
Apesar de não possuir um grande foco em sua história, os dois títulos tinham momentos bem “dark” se comparados aos jogos pós GTA III. Não existia ainda o humor debochado que sacaneia a cultura americana, mas existem coisas medonhas aqui como capturar pessoas inocentes para serem transformadas em carne para cachorros quentes e explodir trens cheios de pessoas.
Body Harvest: o jogo que foi importante para o futuro de GTA

O próximo título de nosso texto não é um GTA, mas ainda assim é importante de se mencionar. Body Harvest foi um jogo 3D desenvolvido pela DMA e lançado exclusivamente no Nintendo 64 em 1998. O game é de extrema importância para a franquia GTA, isso porque ele foi o primeiro jogo de “mundo aberto” em 3D desenvolvido pela desenvolvedora.
Em Body Harvest, o jogador assume o controle de Adam Drake, um soldado que precisa batalhar contra aliens que estão tentando raptar humanos para seus próprios propósitos. Oferecendo diversas eras diferentes do tempo e um mapa aberto, o game permite que os players explorem o mapa e aproxime dos objetivos da forma que quiserem.
Muitos dos elementos que viriam a marcar presença em GTA III e que ajudariam o título a se destacar entre os lançamentos de 2001, apareciam aqui em Body Harvest. Jogadores podiam explorar os cenários aberto, utilizar armas e veículos diferentes, além de cumprir missões principais para avançar na história e secundárias para recompensas extras.
O game fez um moderado sucesso, contudo, a relação entre a Nintendo e a DMA durante o desenvolvimento do título não foi das melhores. Com dificuldades de comunicação entre os dois grupos marcando o período, a DMA decidiu apostar na Sony na próxima geração e assim eventualmente acabou lançando GTA III para o PlayStation 2, atingindo um sucesso não esperado com o título que revolucionou os videogames.
A era de ouro de GTA na palma das mãos dos Nintendistas: GTA Advance

Grand Theft Auto III foi lançado em 2001 para o PlayStation e se tornou o título mais vendido do console naquele ano. O sucesso alavancou a então recente criada Rockstar para o patamar de um dos estúdios mais respeitados do mundo dos games.
O game deu início a segunda era da franquia, batizada de era 3D. Todos os títulos lançados entre 2001 e 2006 faziam parte deste período da franquia, com histórias que possuíam alguma ligação, mesmo que pequena, entre si, além de trazer pequenas referências umas às outras. Vale mencionar que mesmo que as três eras da franquia reutilizem as mesmas cidades, todas são modificadas entre jogos e a história de uma era não tem nenhuma ligação com outra, servindo como soft reboot a cada nova “sequência de games”.
Apesar de GTA III ter sido portado um ano depois para o PC e o Xbox, o game não chegou ao Game Cube. Verdade seja dita, houve apenas um título da Rockstar lançado para o console, Smuggler’s Run 2, que vendeu muito pouco na plataforma. Contudo, planos para portá-lo, junto com Vice City, existiam, mas, ambos foram cancelados sem muita explicação.
Entretanto, Grand Theft Auto III quase recebeu uma versão para o Game Boy Advance. Inicialmente desenvolvido pela Destination Software, que obteve a licença ainda em 2001, o game passou para as mãos da Crawfish Entertainment, onde problemas no desenvolvimento fizeram com que a ideia inicial de um port fosse cancelada. No seu lugar, foi decidido criar uma história original para o game, contudo, por causa dos problemas financeiros da Crawfish, a Digital Eclipse foi quem acabou sendo responsável pela produção final.

O resultado final foi Grand Theft Auto Advance, lançado em 2004 exclusivamente para o Game Boy Advance. O game acontece em 2000, um ano antes dos eventos de GTA 3, com os jogadores assumindo o controle de Mike, um criminoso que pretende escapar de Liberty City com seu amigo Vinnie. Contudo, Vinnie acaba morrendo em uma explosão e Mike começa uma jornada de vingança em busca dos assassinos.
GTA Advance segue o mesmo estilo dos games originais da franquia, com visão de topo e gráficos 2D. Entretanto, o jogo apresenta diversas novidades introduzidas na geração 3D da série, como armas, missões secundárias, um foco na história e diversos elementos visuais similares ao de seu irmão mais velho. Curiosamente, o título também reutilizou música dos dois primeiros jogos da série, em versões adaptadas para as capacidades do portátil.
GTA Advance também possuía elementos narrativos mais “dark” do que nos jogos desta era, se parecendo muito como um GTA clássico no estilo dos mais modernos. As limitações do próprio aparelho também influenciaram no design de missões e na jogabilidade do game, forçando os desenvolvedores a ter que utilizar de sua criatividade para recriar o feel do PS2 na telinha.
Infelizmente, os fãs não curtiram tais decisões. GTA Advance se tornou um dos títulos menos adorados pela crítica. O título acabou vendendo bem menos do que o esperado pela Rockstar. Também contribuiu ao seu péssimo rendimento ter sido lançado no mesmo dia que o superior Grand Theft Auto: San Andreas.
A era HD: Grand Theft Auto: Chinatown Wars e a última tentativa de um título original da Rockstar Games na Nintendo

Em 2009, Grand Theft Auto retornou aos portáteis da Nintendo. Grand Theft Auto: Chinatown Wars foi um título lançado originalmente para o Nintendo DS que depois recebeu ports para o PlayStation Portable e aparelhos mobiles.
O game era baseado na era HD da franquia, que teve início em 2008 com o lançamento de Grand Theft Auto 4 para o PlayStation 3, Xbox 360 e PC. Apesar disso, GTA Chinatown Wars ainda era bastante similar às outras experiências portáteis da série nas plataformas da Nintendo, um game com visão de topo mas que utilizava as novidades introduzidas nos títulos mais recentes.

Desta vez, os jogadores assumem o controle de Huang, o filho de um Triad que foi morto. Huang vêm para Liberty City, dessa vez ainda mais inspirada em Nova Iorque do que nos títulos anteriores, para encontrar seu tio e entregá-lo uma espada que está nas mãos de sua família há anos. Contudo, ao chegar na cidade, o jovem é emboscado, perde o item e agora precisa descobrir quem ordenou isso e recuperar a arma.
Por ser baseado em jogos lançados para o PS3, Xbox 360 e PC, Chinatown Wars é bem maior que os títulos anteriores. A cidade de Liberty City foi transportada quase perfeitamente para as telas do DS, com algumas limitações por causa do poder do portátil.

Tirando algumas poucas adições ao gameplay introduzidas em GTA IV, todo o resto da jogabilidade tradicional de GTA se encontra aqui. Os jogadores podem nadar, roubar veículos, utilizar armas, pegar táxis e até utilizar rifles de alta precisão.
Por ser um jogo de DS, os desenvolvedores obviamente implementaram as funções exclusivas do portátil no game. Existem minigames exclusivos que utilizam a tela de toque a seu favor, como roubar carros ou preencher garrafas com combustível para criar coquetéis. Por fim, também existe um viciante minigame de venda de drogas que serve tanto como uma forma de dinheiro extra quanto de exploração da cidade.
Apesar disso, GTA Chinatown Wars vendeu muito pouco se comparado a outros games da franquia. Esta “falha” acabou por influenciar decisões futuras da Rockstar em relação a plataformas da Nintendo. Além de portar o game para outras plataformas, a desenvolvedora também se segurou de produzir conteúdo novo para consoles da Big N, com apenas relançamentos de títulos passados aparecendo de vez em quando.
Conclusão final

Com o lançamento de Grand Theft Auto The Tirlogy – The Definitive Edition, a franquia de roubar carros da Rockstar finalmente volta a dar as caras nas plataformas da Nintendo. Os jogadores finalmente podem apreciar alguns dos melhores jogos da série. Contudo, é sempre bom lembrar dos games passados e perceber que a Rockstar Games sempre quis fazer com que a franquia tivesse uma presença marcante na Nintendo. Vamos torcer para que esta coletânea tenha sucesso no Switch e que isso seja o início de mais games da desenvolvedora.