Desenvolvedora: Witch Beam
Publicadora: Humble Games
Data de lançamento: 02 de Novembro, 2021
Preço: R$ 82,50
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela Humble Games.
Quão bem um objeto pode contar uma história e o quão importante ele pode ser para essa história? Por mais vaga que essa pergunta possa ser, Unpacking é a mais pura e direta resposta em forma de jogo.
Se o anel do senhor dos anéis é o centro do maior épico de fantasia do século passado, Unpacking aborda as coisas de uma maneira um pouco diferente. Veja bem, nesse caso o Anel em si quase nem mesmo importa, ele é apenas o Mcguffin que faz a história andar. Por outro lado em Hora de Aventura — um clássico instantâneo da década passada que tive o prazer de crescer assistindo — , a relação do casal mais amado de toda a trama é contado em partes através dos objetos simbólicos que não só são recheados de sentidos e insinuações, mas também fazem a história andar. E se esses como tantos outros clássicos utilizam de diferentes formas o poder do simbolismo dos objetos, Unpacking resolve então levar até a ultima consequência, o minimalismo, a abstração e a força de contar uma história SOMENTE, através dos itens.
No fim das contas o sentido intrínseco das coisas é o resultado mais imediato do sentimento de união da raça humana, uma vez que nossas vidas se curvam a um misero pedaço de papel, que todos nós concordamos em fingir que tem valor.
Conheça Unpacking
Para aqueles que não conhecem ou nunca sequer ouviram falar, Unpacking é um jogo indie desenvolver pela Witch Beam e lançado para as principais plataformas em novembro de 2021.
O jogo acompanha a vida de uma misteriosa protagonista, da qual apenas conhecemos através das mudanças de sua vida. Seja quando a personagem adentra um relacionamento ou quando vai para a faculdade, as diversas mudanças de endereço da protagonista nos levam a diferentes casas as quais temos o objetivo de decorar com os itens pré estabelecidos que nos são disponibilizados. Quais itens continuam e quais simplesmente desaparecem, as necessidades, gostos e vontades das protagonista, tudo isso nos é apresentado através da sua mobília pensada nos mínimos detalhes.
É possível reconhecer os consoles que a protagonista já teve, sua profissão, seus gostos e suas fases, suas prioridades em absoluto. Quanto mais atenção se presta, mais Unpacking demonstra como aquele pequeno universo, um lar, demonstra tudo que sua curiosidade te permitir descobrir sobre aquela personagem. Para completar o intimismo que Unpacking oferece, ao completar a decoração de uma casa o jogador pode concluir a arrumação em qualquer um dos cômodos da casa. Ao concluir uma foto daquele ambiente ficara registrado no álbum de fotos (menu de seleção de fases do jogo). De acordo com o cômodo selecionado em questão, a protagonista do jogo escreverá uma frase no álbum, que por vezes esclarecerá algum trecho da história caso o jogador não tenha entendido. Assim, com o mínimo de texto possível, Unpacking conta sua lenta mas consistente história.
Decorar, decorar e decorar mais um pouco
Como já é de se imaginar, a mecânica principal de Unpacking vem através da organização e decoração das casas pelas quais a protagonista passa. Se de certa forma essa atividade pode se tornar estressante na vida real (pelo menos para mim, alguém não tão fã de arrumar o quarto) Unpacking traz a tona o melhor dessa experiência.
Cada objeto que sai da caixa é uma pequena surpresa, desde um console que claramente é um GameCube, até uma coleção de galinhas de pelúcia um notebook ou um par de sapatos que é a sua cara. O jogo consegue manter a atenção do jogador firme através de um dos instintos mais selvagens e insaciáveis da raça humana, a curiosidade. Se nas primeiras casas a atenção fica voltada para descobrir os gostos e desejos da protagonista, mais pro meio do jogo a atenção se volta ao que ela resolveu levar, que gostos ela manteve e quais mudaram, se ela conseguiu segue firme na coleção de galinhas e se parou de jogar video game portátil, como essa pessoa tão carismática e amável está se saindo no seu amadurecimento.
A grande sacada da forte identificação de Unpacking é que no fim os gostos da pessoa estão nas suas mãos. Se você assim como eu nunca gostou de brincar de carrinho (em parte por causa das expectativas do patriarcado cof cof) você pode enfiar ele no fundo do armário e colocar o video game no lugar de destaque da sala. Assim você constrói os gostos da protagonista e se pega na metade da experiência pensando “Wow ela é tão parecida comigo”… Bem não dá para discordar né?
Do it yourself de decoração
—Se idealmente a arrumação do jogo é uma parte legal… Na prática também é.
Unpacking tem todo um cuidado em não frustrar o jogador, se você pensou em um esquema de arrumação provavelmente irá funcionar, se você acha que um objeto que foi originalmente pensado para um lugar funcionará em outro você também deve estar certo. Embora no fim da arrumação geral da casa o jogo te indique quais objetos não podem ficar em quais espaços, o jogo é bem liberal de forma geral pegando no pé em apenas alguns casos.
Se tem uma planta na sala igual a uma na cozinha você pode rearranjar as duas para a sala, se você acha que um cesto de lixo combina melhor com seu quarto do que com o banheiro provavelmente algum desenvolvedor também achou pois é permitido. Caso deseje empilhar os livros com uma pilha horizontal, está tudo bem. Prefere vertical? Ótimo também, se arrumação e decoração é a premissa, Unpacking entrega isso muito bem! Com limitações o suficiente somente para que o jogo tenha algum grau de desafio — que por vezes vem em forma “esse item não é desse cômodo” mas que na maior parte das vezes vem de “é muito grande, não vai caber tudo”, principalmente nos malditos banheiros, digo, tem cabimento uma prancha de cabelo ocupar uma gaveta inteira?
Bem isso dito, o jogo também é bem justo nesse lado e desde que você se mantenha razoavelmente organizado tem espaço para tudo sim.
O toque final
Se Unpacking entrega bem dentro da proposta criativa de contar uma história e também garanta a qualidade da jogatina, ele não fica nem um pouco atrás na direção de arte e na trilha sonora.
As musicas são extremamente relaxantes sem ser de nenhuma maneira enjoativas, fundindo um violão simples e cativantes com sons típicos de videogames Unpacking é uma experiência sonora muito imersiva e foi a primeira coisa que me chamou anteção no jogo. Isso somado a uma extremamente carismática e bem elaborada Pixel Art torna essa obra uma das mais charmosas e cheias de vida que entre em contato esse ano. Os designs dos objetos e a atenção aos detalhes na hora de retratar referencias são a cereja do bolo que tornam Unpacking uma experiência imperdível e inesquecível.
Tudo isso é arrematado no fim da experiência com uma linda imagem que com certeza vai virar meu wallpaper e uma belíssima música de encerramento para os créditos que me deixou muito perto de derrubar uma lagrima, eu me apaixonei por Unpacking. Isso dito, não vou entrar em muitos detalhes sobre já que é essencialmente mágica a descoberta do jogador, a recompensa sutil por ter acompanhado a pouca ostensiva jornada de nossa protagonista.
No mais o jogo oferece uma série de extras interessantes. Ordenar objetos de maneiras especificas, encontrar objetos escondidos entre outras pequenas tarefas desbloqueiam adesivos especiais que podem usar no modo foto e constituem uma espécie de sistema de conquista próprio do jogo que incentiva o fator replay para conseguir todos. E quando falamos de Nintendo Switch sabemos como é positivo esse tipo de sistema de conquista in game já que o sistema carece de um.
Além disso no modo foto em si podemos colocar molduras legais e e lindos efeitos que vão desde de transformar em tons frios, dar efeitos envelhecidos até tornar a palheta de cores RGB por exemplo, e em seguida imortalizar uma foto dos cômodos decorados que nos encham de orgulho. E claro, também decorar as fotos com os adesivos que desbloqueamos, mesmo para os jogadores mais casuais, muitos adesivos são providos ao jogador somente de avançar na história.
Desempacotou meu coração
A muito tempo nem um jogo me tocava como Unpacking fez. Não é sobre a gameplay em si, mas sobre todo o carinho nitidamente colocado no jogo. A progressão da história que é simples tem muito impacto da forma que é contada ao mesmo tempo que de maneira muito honrosa se coloca de segundo plano para que o jogador possa se transportar para aquela realidade tenra.
Se o jogo é imersão, é automaticamente uma viagem no tempo, já que se passa durante as mudanças da vida da protagonista, a primeira ocorre em 1997, e o jogo tem um esforço genuíno de representar a estética das casas que representam cada mudança. Eu como cria dos anos 2000 pude ter minha dose de nostalgia com tranquilidade, mesmo que o jogo não tenha sido projetado com as casas brasileiras em mente, ainda dá para garimpar algumas semelhanças não só as casas em que vivemos mas a cultura pop contemporânea da época.
Em suma, Unpacking tem uma atenção ao detalhe, direção de arte e carinho pela obra acima da média, e é com certeza o jogo que eu mais recomendo dentre os que fiz analise esse ano, não em intensidade para públicos específicos, mas sim na universalidade que ele abraça de um sentimento comum a todos, o de ter um lar.
Prós:
- Linda Pixel art
- Grande atenção aos detalhes dos objetos do jogo
- Música muito agradável
Contras:
- O jogo é muito curto e um pouco acima da faixa de preço de jogos indie em geral.
Nota Final:
10
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