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Review | AI: THE SOMNIUM FILES — nirvanA Initiative

Em uma narrativa que desafia a diferença entre real e ficção, AI: THE SOMNIUM FILES — nirvanA Initiative nos convida a vivenciar um mistério dividido entre duas partes. Passado e futuro, resolução e tragédia; uma brilhante visual novel que brilha em sua composição robusta.
Lucas Barreto 24/06/2022

Desenvolvedora: Spike Chunsoft
Publicadora: Spike Chunsoft
Data de lançamento: 24 de Junho, 2022
Preço: R$ 299,00
Formato: Digital/Físico

Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela Spike Chunsoft.

Um dos temas mais antigos nas discussões literárias e representativas é a problemática da mimética. Desde Platão, o pensamento humano busca, de alguma forma, relacionar o real com o representado, chegando a inúmeras e diversas conclusões. Se, para o filósofo grego, o homem vive aprisionado em uma caverna, tendo ciência da realidade apenas pelas sombras projetadas nas paredes, podemos traçar paralelos interessantes com ideias modernas que absorveram a percepção metafísica, como a intrigante teoria dos cérebros numa cuba.

Ora, diz o filósofo norte-americano Hilary Putnam, se a compreensão da realidade se dá por meio de nossos sentidos e impulsos mentais, o que nos garante que não passamos de cérebros mantidos em cubículos, sendo alimentados por impulsos que nos fazem acreditar que vivenciamos aquilo que sentimos? O leitor já pode ter se deparado com o tema de outras formas, seja na simulação de Matrix ou até mesmo nas provocações morais realizadas em jogos como Doki Doki Literature Club: o que é real e o que é simulado? O que vivemos é apenas real? Será que não podemos estar apenas inseridos em uma simulação?

AI: THE SOMNIUM FILES — nirvanA Initiative não apenas se alimenta desse curioso debate como também discursa longamente sobre ele a partir de uma trama de mistério, intrigas e morte. Uma narrativa que não poupa o jogador em seus desafios, e não teme desafiar, a todos os instantes, suas estruturas. Mas não há necessidade de nos apressarmos; Temos muito o que discorrer sobre o título em mãos.

Passado, Presente, Futuro

A série AI: THE SOMNIUM FILES já foi inaugurada em grande estilo, em 2019. Com um jogo protagonizado por Date, um agente da ABIS, uma organização de inteligência japonesa, recebemos um título profundo e carismático, com mortes dolorosas e soluções inteligentes a partir de um engenhoso sistema de escolhas e pela inovadora forma de investigação a partir dos “Somniuns”. Neles, os agentes são capazes de, a partir de inteligências artificiais armazenadas em seus olhos esquerdos, navegar pela mente de suspeitos, interagindo com seus sonhos e percepções para desvendar segredos ocultos no inconsciente. Agora, com a aguardada continuação do título, vemos a fórmula renovada em uma narrativa ainda mais engenhosa e emaranhada em múltiplos personagens; novos e antigos.

Apesar de ser um excelente jogo por si só, não é necessário jogar o primeiro título para compreender a narrativa de sua sequência. No início de nirvanA Initiative, na verdade, acordamos não como Date, mas como Ryuki, um recruta da ABIS que sonha com um quiz recheado de siluetas, tendo ao seu lado apenas a figura reconhecível de Boss, sua superiora.

Nesse momento inicial, o título nos pergunta se estamos familiarizados com os acontecimentos do primeiro AI: THE SOMNIUM FILES e com as mecânicas da franquia. Em um prólogo provocante e intrigante, vamos do sonho de Ryuki há um anúncio da tragédia, quando vemos todas siluetas partindo-se ao meio, em uma divisão seca e regular, fazendo-nos saltar ao tempo para seis anos no futuro. Lá, assumimos o papel da carismática Mizuki, filha adotiva de Date, reminescente do primeiro título mas que, aqui, já está crescida e integra as forças da Abis. Após receber uma chamada estranha, dirige-se a um estádio vazio, onde é recebida por tiros. Ao reagir à emboscada, contudo, perde de vista seu agressor, encontrando posteriormente um corpo pela metade. A parte esquerda do cadáver de um indivíduo a espera no meio do campo aterrado pela noite. Ao aproximar-se, não precisa de esforço para reconhecer o corpo. Trata-se dos restos mortais do mesmo homem que Mizuki viu morto, ou ao menos, é a parte complementar, já que há seis anos atrás vira a parte direita surgir à sua frente.

Ao voltarmos no passado, na perspectiva de Ryuki, vemo-lô acordar em um reality show. De fato, ao seu lado, encontra Boss, com quem faz par em um programa de perguntas e respostas, competindo contra Mizuki com seus doze anos de idade e sua amiga, Iris. O anfitrião prepara a plateia, mas assim que faz a pergunta, as luzes se apagam subitamente. Um leve temor surge em meio aos participantes, ganhando força quando, ao ligarem a energia uma vez mais, vêem subitamente a metade direita de um homem em meio ao auditório, com uma placa transpassada em seu tronco, com um código QR e os dizeres “Frey to Free”.

Bifurcações

O prólogo dividido entre passado e futuro, a parte esquerda e direita, Ryuki e Mizuki, já nos aponta para uma das principais diretrizes da série: o sistema de bifurcações. Ao longo de nossas investigações, nos deparamos com certas situações que demandam tomadas de decisões: dentro de um somnium, por exemplo, podemos sugerir ao inconsciente que é necessário valorizar um aspecto ao invés do outro, fazendo-nos escolher se queremos respostas narrativas ou se queremos ver uma relação entre personagens se desenvolver.

Em AI: THE SOMNIUM FILES anterior, o final verdadeiro era apenas possível caso o jogador passasse por todos (ou ao menos grande parte) dos finais possíveis, porque apenas dessa forma podemos entender o crime como inteiro, sendo possível evitar mortes desnecessárias e a aprrensão do assassino. Aqui, contudo, o sistema surge como uma provocação ao sistema anterior.

Seis anos após o caso ser aberto, Mizuki busca Ryuki para descobrir as informações colhidas no período. Mergulhado em um profundo cinismo no fundo de garrafas, devemos levá-lo a uma sessão de Somnium onde já nos deparamos com uma bifurcação: qual o verdadeiro nome do assassino, o serial killer conhecido como “o assassino dos corpos divididos”? Nos deparamos com uma singela escolha. Nós sabemos sua identidade? No lugar de jogador, é evidente que não, e essa resposta nos leva de volta aos acontecimentos de seis anos atrás, agora nos tornando protagonistas da primeira parte da investigação. Passamos a vivenciar a perspectiva do novato, à frente de uma perigosa investigação, que logo no início já se revela intensa e grotesca. Nosso primeiro impulso, enquanto espectadores, é verificar o código QR, revelando um vídeo há tempos descoberto por um grupo de fãs envolvidos em um desafio proposto pelos desenvolvedores ainda antes do anúncio do título: uma criação surrealista envolvendo sons macabros e figuras distorcidas. Para nós, apenas uma sugestão temática. Quando Ryuki o experimenta, por outro lado, sua realidade se fragmenta, os arredores somem e sua própria existência enquanto personagem-pessoa se colide.

A partir desse ponto, acredito que qualquer outro esclarecimento à narrativa possa ser considerado como spoiler, então privo-me de meu contentamento para sintetizar minha opinião. A investigação de Ryuki não é dividida de imediato com Mizuki, ocupando boa parte da primeira metade do jogo, sendo acompanhado de Tama, sua AI acomodada em seu olho esquerdo. A dupla apresenta uma adorável química, empurrando a trama com elegância pelos personagens complexos que encontram, sendo real a dor que encenam e a perplexidade que experimentamos. Toda a narrativa inicial tem apenas um propósito: descobrir a identidade do assassino para, no futuro, podermos enquanto Mizuki compreendermos seu nome para desvendarmos o mistério que se desdobra em anos vindouros. Não é uma posição fácil a que ocupamos: a do fracasso anunciado, uma perdição certa e inescapável. Quanto mais tomamos as dores do protagonista, mais árdua se prova a tarefa, sempre o fazendo se questionar sobre si, e consequentemente nos provocando a pensar sobre o que experimentamos, sem nos fazer consumir uma história de forma passiva.

Carisma e ferramentas de navegação

Em uma parte um pouco mais objetiva do texto, proponho-me a discutir as diferentes formas de se navegar a obra. Sendo um point-and-click / visual novel de mistério, AI: THE SOMNIUM FILES — nirvanA Initiative nos apresenta certas mecânicas que o faz único e o destaca em meio a seu gênero. De grosso modo, diálogos não fogem ao esteriótipo de “aperte A até os créditos”, mas com uma boa escrita e uma excepcional direção de dublagem não acredito que alguém poderia reclamar dessa majoritária parte da obra. Caso o destaque não tenha feito justiça, reitero-o: aqui encontramos uma das melhores combinações de performance e direção de voz que já experienciei (atente-se que joguei apenas com a dublagem em inglês), e aqui encontramos um caso onde a mera voz já destaca o carisma presente nos personagens. Até as figuras sinistras e suspeitas despertam um curioso interesse, e mesmo alívios cômicos navegam entre o humor e o drama com maestria.

A parte mais interativa do jogo se dá nos Somniums, como comentei anteriormente, quando nossas AIs (Tama no caso de Ryuki e Aiba no caso de Mizuki) são usadas para interagir com os produtos do inconsciente, gerando uma série de possibilidades a serem utilizadas para desvendar os mistérios. Essa é a parte mais “point-and-click” do jogo, com um limite de tempo que nos faz refletir antes de agir, já que cada ação nos custa uma quantidade de tempo. Para driblarmos essa dificuldade, podemos buscar itens dentro de Somniums que diminuem o custo de tempo, criando um quebra-cabeça diferente, mas não impossível. Nesses trechos, como somos apresentados a realidades oníricas de diversos personagens, a direção de arte se esbanja, misturando estilos com ideologias e percepções individuais, caracterizando melhor os vários personagens aqui encontrados.

Uma crítica, no entanto, deve ser feita nesses momentos. Ao menos no Nintendo Switch, a resolução de tais cenários decai de uma forma impressionante, com texturas mal carregadas e com diálogos travados. De forma geral, não obtive graves problemas por exceção de um crash no jogo devido à função de “Fast Forward”. Já tendo experimentado um trecho da narrativa, pude utilizar a ferramenta para acelerar os diálogos, mas dentro de um Somnium a ferramenta acabou fazendo meu jogo fechar. Graças ao sistema de auto-save, contudo, nada foi perdido, e pude continuar a jogar sem maiores dificuldades.

Há um último elemento utilizado no jogo: os quick time events. Durante certos momentos do jogo, precisamos agir conforme as instruções na tela, fazendo nossos personagens desviarem de balas e sobreviver a emboscadas feitas por malfeitores. O nome é autoexplicativo, mas fica a menção a um dos elementos que mais faz rir em momentos de tensão do jogo.

Conclusão

É com certo pesar que encerro minha análise. De certa forma, temo não ter sido capaz de fazer justiça a uma obra tão intensa e emocionante quanto essa. Por outro, não encontro palavras para apontar o elemento narrativo que mais me encantou sem ser capaz de estragar surpresas. Faço apenas um meio-termo: Ryuki, aqui, depara-se com um questionamento a respeito de sua realidade. Envolvendo o crime e as ligações ao redor do vídeo de introdução, vemos um personagem ganhar vida ao mesmo tempo em que ratifica sua existência dentro de uma criação artificial. Assim, deparamo-nos com um distinto olhar sobre o tema da mimésis: de que forma o real se entrelaça com a ficção? De que formas podemos nos identificar com os acontecimentos? Como a distinção entre jogador e personagem se restitui após um abalo existencial de uma das partes?

Não sou capaz de responder nenhum desses questionamentos. Mas uma coisa posso afirmar, sem dúvidas: enquanto um todo, AI: THE SOMNIUM FILES — nirvanA Initiative é uma obra-prima.

Prós

  • Narrativa intensa e fluída;
  • Personagens carismáticos e complexos;
  • Sistemas de jogo únicos e inovadores.

Contras

  • Alguns problemas de performance no Nintendo Switch podem incomodar.

Nota:

10

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Lucas Barreto
Lucas Barreto
Nintendista e escritor nas horas vagas. Estudante de Letras e fã de visual novel e jogos calminhos.
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Tags: Spike Chunsoft

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