Desenvolvedora: Hyde
Publicadora: Bandai Namco
Data de lançamento: 22 de Fevereiro, 2023
Preço: R$ 229,90
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia gentilmente cedida pela Bandai Namco.
Revisão: Paulo Cézar
O sexto jogo da série principal de Digimon World – Digimon World: Next Order – finalmente chegou ao Nintendo Switch, mas engana-se quem pensa que é um jogo novo. Na verdade, ele foi originalmente lançado em 2016 para PS Vita, para PS4 mundialmente em 2017, e só agora em 2023 para PC e na plataforma da Nintendo. Em compensação, essa versão traz algumas melhorias, especialmente para nós, brasileiros, pois as legendas em PT-BR estão muito bem feitas, e na maior parte do tempo não senti nenhuma falha de tradução. Ou seja, foi bem feita, além de ser uma adesão bem interessante para o híbrido, fazendo par com o Digimon Survive, mas com um foco completamente diferente.
Leia tamém:
Pra quem viveu a época do PS1, onde Digimon World foi lançando (e sente alguma saudade), o jogo era bem maneiro na época, era diferente etc. O que mais me marcou no entanto foi o Digimon World 3, de 2002; lembro dos 3 monstrinhos te seguindo, enquanto ao mesmo tempo eu comparava com o anime e não entendia muito por quê da diferença.
Vale ressaltar que, essa estratégia de abordagens meio “aleatórias” têm sido utilizada em outras frentes da franquia Digimon. O anime aborda um ponto, os jogos costumam puxar pra outro, têm o V-PET (o famoso tamagotchi), e até uma light novel parece estar sendo produzida [via Dual Shockers], para consumirmos Digimon por texto, uma mídia muito mais estática do que estamos acostumados. Bom, vamos acompanhar o que vai rolar, e voltemos ao Next Order agora.
Por onde começar?
Então, pessoal, o Next Order é tão absurdamente extenso, e têm tantas coisas a tratar que sinceramente eu realmente não sei por onde começar a review. Da mesma forma, é difícil saber por onde começar o jogo, já que logo de cara somos apresentados a muitas informações de uma vez. Vamos então começar pela história, que não é muito complicada.
Em Digimon World: Next Order podemos escolher entre 2 protagonistas – o masculino Takuo ou feminino Shiki – cujo plot seria um antigo jogador de “Monstros Digitais”, participando de campeonatos com os outros personagens secundários, e que depois de muitos anos longe do game, acaba encontrando seu Digivice, e é transportado para o Digimundo.
Imediatamente, encontramos nossos 2 parceiros digimon, um Wargreymon e um Metalgarurumon (bem nostálgico, não é mesmo?), para enfrentar um Machinedramon que está descontrolado. Além do protagonista, outros humanos também chegaram ao Digimundo batalhando com o mesmo monstro, e temos contato com eles ainda no início do jogo, são nossos colegas de campeonato!
Agora, ter 2 parceiros é raro no mundo Digimon, então vamos ter que descobrir isso no meio da história também, mas tudo vai girar em volta dos Machinedramons sendo como uma evolução meio torta de alguns digimon que não deveriam se tornar um. Basicamente é isso, e na verdade tudo bem, o foco não é mesmo a narrativa, mas sim sua vivência e experiências no mundo virtual, como domador Digimon, assistente e vamos dizer “bom samaritano”.
Regra nº 1: não tente demais
Galerinha, a regra que dá nome ao tópico é a mais importante. Vamos lembrar que é um jogo e o objetivo vai ser te divertir e entreter. Aviso logo, ele não é fácil de entender pois são diversas mecânicas que interagem entre si, existem regras e sub regras, árvores de escolhas, etc e tal. Por exemplo, eu fiz a primeira fase 3 vezes: a primeira normal, a segunda porque eu esqueci de salvar (fica o alerta, não têm auto-save, e eu sou mal acostumado), e a terceira foi tentando resolver os erros que fiz nas duas primeiras vezes. E deu certo? Não exatamente (hahaha), na verdade foi um resultado melhor, mas aí que eu entendi o que estava acontecendo.
Explico: quando você inicia, pode escolher entre 10 digimons, e claro que você vai querer evoluir pros seus favoritos, né? O que acontece é que para evoluir seu monstrinho, uma série de requisitos devem ser atendidos, variando entre cada espécie. Se as condições estiverem corretas, quando chegar o momento de evoluir, aquela linha será seguida, e inicia novamente para o próximo nível. Então você sempre tem que estar atento ao quanto seu digimon está progredindo em cada stat dentre os 11 que afetam sua evolução, e em quanto tempo já passou.
Legal, e como a gente altera esses stats? Tudo altera o stat, gente. Comida, atenção e interações que você dá ao bicho, batalhas etc. Existe ainda um salão de treinamento que acelera um pouco os pontos que você ganha, mas o tempo ainda está contando, e aí?
Basicamente o que estou tentando dizer é que, é quase impossível conseguir um Guilmon na sua primeira geração. Geração? Pois é, mais uma coisa que você precisa entender…
Meu ponto é: relaxa. Se você tentar controlar tudo do início, você simplesmente não vai jogar, então apenas deixe o jogo seguir seu fluxo, que aos poucos você vai entender as mecânicas e consertar sua build, ou mesmo seguir com algo inusitado que talvez não usaria normalmente, que pode ser bom. De toda forma, depois que estiver ambientado, pesquise um pouquinho, o YouTube está lotado de conteúdo excelente para você aprender. Mais pra frente você vai desbloquear uma maneira mais fácil de acertar a digievolução que você quer.
Battoru!
A mecânica de batalha de DIgimon World Next Order foi bem interessante, funcionando em tempo real, com os digimons no modo automático, de acordo com 3 estratégias (agressivo, econômico e moderado), podendo dar comandos adicionais consumindo “pontos de ordem”, que é a parte do domador. O comando de apertar A é como torcer pelos seus parceiros, acumulando esses pontos. Ao segurar L ou R, a depender de quem você quer comandar, podemos escolher um ataque simples ou especial, que será executado imediatamente na sequência.
Não só isso, você ativamente precisa interagir dando itens de recuperação durante a batalha, pois as batalhas são sim bem difíceis (falo disso mais tarde). Itens de vida, mana e os de reviver são os que você mais usa, mas não se preocupe tanto com isso pois são relativamente simples de se obter, tanto dados de presente quanto ” dropados” pelos adversários.
Não se preocupe quanto a perder, vai acontecer muitas vezes da forma que você menos esperar. Um inimigo lv 6 pode ser tanto um verme insolente quanto um titã na sua frente, varia muito de espécie e região, e do estágio evolutivo dele. Nem sempre fugir é uma opção, mas saiba as batalhas que você consegue lutar.
O Digimundo
Digimon World Next Order traz muito do primeiro Digimon World, inclusive as aplicações de cidade, treinamento, comer, beber e usar o banheiro. Isso tudo existe e não como como correr disso, embora seja meio sacal e desnecessário na minha opinião, não é o maior incômodo do mundo também.
Ao longo da história, vamos recrutando mais digimons para a cidade, ajudando-a a se recuperar, cada um com sua especialidade (ou não, alguns são figurantes mesmo). Então têm uma lojinha, um armazém, uma plantação de carne etc. Quanto mais gente, e mais a frente na história, a cidade também cresce e fica mais bonita. O que começa como uma vila de terra batida e 3 casas de tábuas realmente se desenvolve em um distritozinho pavimentado, com uma série de comodidades de cidade grande.
Além de encontrar moradores, deve-se também encontrar materiais para construir, madeira, pedra, metal etc, e isso você vai coletando por aí, espalhados pelo mundo.
Para recrutar moradores, eles normalmente te pedem algo, uma sidequest, nem que seja uma batalha, encontrar um item ou mesmo apresentar outro digimon pra ele. Não é tão complicado, mas têm certos intertravamentos.
É para todos?
Digimon World: Next Order é para poucos, necessita ter um gosto mais exótico para de fato aproveitar o game. Não é exatamente sobre batalhas, ou mesmo completar a “digidex”, embora isso seja possível. É um jogo sobre disciplina e ordem, ter uma rotina e explorar o mundo um pouco de cada vez, tendo muita paciência para progredir. Se vocês estão esperando algo diferente, nem tentem. Reforço, porém, que não é um jogo ruim, ele têm seu próprio estilo e funciona dentro dele mesmo.
No fim das contas tudo é muito confuso, e você perde o controle das coisas, e mesmo noção do que fazer. Por exemplo, acessar informações complementares é muito difícil, especialmente as de digievolução. Comparar com o estágio anterior também é muito difícil, então pra entender o que você fez de errado pra chegar nessa forma é terrível.
Além disso, seu Digimon vai evoluir em determinado momento aleatório dentro de uma janela de tempo, e se eventualmente ele atingir certa idade, só vai morrer e voltar à forma base. Claro que ele herda algumas coisas, mas basicamente volta pro zero. É cansativo e frustrante. Inclusive, eu tive que procurar o manual do jogo online pra entender o que diabos eram alguns símbolos.
Se mesmo assim você quiser tentar, recomendo jogar um pouco, pegar um pouco da ideia de como funciona, e depois pesquisar guias e montar sua estratégia. Esse depois pode ser até numa segunda run. Em suma, eu gostei, mas é lento pra mim. Então é um jogo que vou jogar por anos até completar, um pouco de cada vez. E definitivamente esse jogo é Digimon.
Pros:
- Funciona dentro de si mesmo;
- Revive a franquia Digimon World de certa forma;
- Por ser um RPG com simulação, sua natureza rende horas de jogo;
- Chances de corrigir erros;
- Legendas em português do Brasil.
Contras:
- Difícil de entender;
- Falta de controle do jogador e de transparência;
- Completamente não homogêneo, tudo é confuso e misturado desde quests, batalhas e níveis nas áreas iniciais ou não.
Nota Final:
6,5